As novas produtoras
Durante o último ano têm surgido novos projectos. Embora com posicionamentos diferentes, a Albiñana, a Miss Dolores e a Chocolote pretendem trazer novas ideias para a produção A diminuição dos […]

Filipe Pacheco
Effies arrancam com nova categoria e patrocinadores
O que pode ler na edição 981 do M&P
TV: Os programas que dominam as audiências, gravações e redes sociais em abril
M&P 981: Playce tem impacto de €12 milhões + Ventura vence no Instagram + Opinião de Luís Mergulhão, João Paulo Luz e Paula Cosme Pinto
Primor investe em experiência imersiva para promover manteiga
Kika Cerqueira Gomes protagoniza campanha da Women’secret
Conheça os cantores que dão voz a novas campanhas
Aumento da desinformação põe em risco reputação das marcas
JC Decaux assina com Strada Outlet e instala rede 100% digital
Judas cria a primeira campanha da Amigo
Durante o último ano têm surgido novos projectos. Embora com posicionamentos diferentes, a Albiñana, a Miss Dolores e a Chocolote pretendem trazer novas ideias para a produção
A diminuição dos orçamentos e da rentabilidade das produtoras não têm impendido o lançamento de novas produtoras. O caso mais recente é o da espanhola Albiñana. Embora os seus filmes sejam conhecidos das agências de publicidade portuguesas, por via da representação da Ministério dos Filmes, da Diamantino Filmes e da Tangerina Azul, a produtora espanhola resolveu abrir agora um escritório em Lisboa. A estrutura local conta com Paola Maluf no cargo de produtora executiva, estando esta ainda a ultimar as negociações com um realizador e director de produção locais. Contudo, o escritório lisboeta poderá vir a contar com a carteira de realizadores da produtora presente em Madrid e Barcelona. Ramses Albiñana, Ricardo Jr. Albiñana, Irene Arzuaga, Uri Cardús e Christian Molina sãos os nomes que estarão disponíveis para virem filmar a Portugal consoante as necessidades e as características dos filmes adjudicados à produtora.
Um dos trunfos apresentados para o projecto é, de acordo com Paola Maluf, o facto do “mercado já conhecer a produtora quando esta era representada em Portugal e ter uma boa imagem do seu trabalho”. Mesmo em fase de arranque, a Albiñana já está a trabalhar para um filme de uma agência nacional e, como acrescenta a produtora executiva, tem como meta inicial a produção de um filme por mês. O trabalho desenvolvido para marcas como a Audi, a Telefónica, a Vodafone, a Toyota, a Danone, a Danone ou a Repsol é um dos cartões de visita da Albiñana.
Em fase mais adiantada está a Miss Dolores, empresa que abriu portas pela mão de Carlos Amaral, ainda sócio da Sync, Albert Grass, ex-realizador da mesma produtora, e Mário Viães, que também esteve na produtora de Esequiel Viegas e mais recentemente na Garage, de Miguel Varela. A produtora arrancou com uma estrutura física em Março e, desde essa altura, já esteve envolvida em filmes para a Ikea e para a Pleno. A juntar ao leque de fundadores, fazem também parte da equipa o realizador espanhol David Alcalde.
O que diferencia o projecto é a filosofia que Carlos Amaral, produtor executivo da Miss Dolores, pretende ver implementada na empresa. E explica o porquê: “Estou no mercado há seis anos e aprendi bastante durante esse período. Logo resolvi implementar um projecto super-profissional e que não cometesse as coisas que considero estarem erradas.” O exemplo mais flagrante e que, na sua opinião, conduz a um ciclo vicioso é o do alinhamento da produção musical com os filmes. “Normalmente só se pensa na música no final do processo de produção o que, do meu ponto de vista, está errado. A música tem de estar alinhada com todo o projecto” defende.
O arranque em pleno está previsto para este mês, mas Carlos Amaral já tem bem definido o plano de funcionamento da produtora. Uma forte componente de visualização, através da contratação de três visualizadores, um gabinete de pesquisa e a presença de Victor Castro na direcção musical da produtora são outros dos pilares a assegurar as metas definidas. “A melhor resposta tem de ser pensada antes da apresentação de cada projecto. Recebemos os scripts das agências e colocamo-los em cima da mesa para serem discutidos pelo director musical, pelos realizadores e pelos visualizadores. Todos eles participam no brainstorm e, durante esse processo, é escolhido o realizador, que passa a ser o líder do projecto”, esclarece.
A estrutura da Miss Dolores “é um formato que não permite fazer dez filmes por mês. Temos estrutura para fazer três filmes por mês, mas pretendemos produzir em média um em cada mês, pois o pretendido é que cada um dê tudo em cada projecto”, defende. Com a intenção de manter a coesão da equipa que constitui a produtora, Carlos Amaral pretende só vir a trabalhar com os realizadores da casa. No entanto, a produtora já tem uma parceria assinada com a Boolab, produtora sedeada em Barcelona, para colocar em prática projectos de animação.
“Estive na Sync e o projecto vingou, mas percebi há dois anos que existia uma oportunidade para uma produtora altamente profissional que não fizesse cem filmes por ano”, confessa Carlos Amaral. Segundo ainda defende estava a fazer falta ao mercado um projecto diferente. Ou seja, uma produtora que “não tenha de prescindir da qualidade quando está apertada para pagar um leasing, realidade que ocorre nas produtoras de todo o mundo”, esclarece. Com dois projectos adjudicados, a Miss Dolores já tem em vista a produção de mais um filme para Outubro.
Já a Chocolate Filmes, lançada em Dezembro de 2007 pela directora executiva Maria João Andrade e pelo produtor executivo Frederico Rosa, este último com passagens pela República das Bananas e pela Shots assenta a sua estratégia numa estrutura flexível que possibilite garantir a rentabilidade ao negócio. “Quisemos criar uma nova estrutura, em que nós dois somos os pilares base da produtora e, a partir daí, contamos com a participação de produtores free lancer”, explica Maria João Andrade.
A produtora de Maria João Andrade e de Frederico Rosa conta com dez realizadores free lancers, seis espanhóis e quatro portugueses, tendo ainda João Moura a realizar em exclusivo para a produtora. “Esta filosofia faz com que os custos fixos baixem, o que nos permite baixar os orçamentos para sermos competitivos. Como não temos tantas despesas fixas temos margem para baixar mais os orçamentos”, acrescenta.
Dois filmes para a Zon e um para a Compal são os trabalhos que até ao momento constituem o portfólio da Chocolate Filmes. No caso da Compal, a produtora contou com a realização de Diamantino Ferreira para o filme Monges, enquanto para a Zon colocou no ar o filme de Ana Free, que teve realização de Salomão Figueiredo, e o Maquilhagem, realizado por João Moura.
Mas, até à adjudicação do primeiro projecto, Maria João Andrade confessa as normais dificuldades sentidas para uma produtora, até aí, desconhecida: “Como não tínhamos referência no mercado tivemos algumas dificuldades. Contudo, em termos de trabalho, estamos ao nível das melhores produtoras do mercado”, ressalva.
Ana O, e os espanhóis Rómulo Aguillaume e Miguel Campaña, são alguns dos realizadores com quem a Chocolate pode contar para um projecto que a responsável não hesita em classificar de diferenciador: “O que nos diferencia é o facto de sermos um projecto novo, com pessoas novas e com uma enorme vontade de trabalhar. Isso faz com que nos dediquemos a 100% em cada filme, pois estamos presentes desde o seu começo até ao fim”, prossegue. E com a recepção que a produtora tem tido no mercado mostra-se, por fim, confiante em relação ao futuro: “Temos sido consultados para grandes projectos que têm envolvido as três ou quatro melhores produtoras do mercado. As pessoas têm recebido bem as propostas orçamentadas. Agora resta esperar que conheçam bem o nosso trabalho, o que fará com que de forma natural sejamos consultados para novos projectos, o que já tem vindo a acontecer.”