Agências norte-americanas repensam Cannes devido às políticas de Trump
Há publicitários nascidos fora dos Estados Unidos que decidiram não ir ao festival Cannes Lions, por receio de serem detidos no aeroporto e de lhes ser negada a reentrada no país

Daniel Monteiro Rahman
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As agências de publicidade norte-americanas estão a reavaliar os planos de viagem para o Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions, que se realiza no próximo mês em França, devido aos receios quanto à reentrada de residentes permanentes, portadores de vistos H-1B e até de cidadãos naturalizados, noticia a Ad Age.
Vários publicitários estão a evitar viajar para o estrangeiro por receio de serem detidos no aeroporto e de lhes ser negada a reentrada nos Estados Unidos, no contexto da política de vistos e de imigração da Administração Trump.
Segundo revelações de uma agência internacional à Ad Age, os executivos nascidos no estrangeiro, que já estiveram várias vezes em Cannes, decidiram não participar no evento. Outros membros da agência e colegas do setor que tencionam viajar para Cannes estão apreensivos em relação à viagem, segundo a mesma fonte.
Inúmeras agências já emitiram diretrizes para os empregados que se deslocam a Cannes para o festival, que decorrerá entre 16 e 20 de junho, segundo avança a Ad Age.
No que se refere às ‘holdings’, um porta-voz do WPP revela à Ad Age que o grupo “fornece orientações de viagem abrangentes para os funcionários, incluindo recursos específicos para os membros da equipa que são titulares de vistos ou autorizações de residência estabelecidas nos Estados Unidos”.
Em algumas agências, os diretores dizem abertamente aos empregados que não têm de viajar se não quiserem, não só para Cannes, mas também para outros eventos ou reuniões com clientes. A agência criativa independente Mischief @ No Fixed Address, por exemplo, informa os funcionários de que, se não quiserem viajar, não haverá problema, segundo Kerry McKibbin, presidente e sócia da agência.
“Compreendemos que as viagens podem ser stressantes para muitas pessoas neste momento, especialmente para as que estão nos Estados Unidos com autorização de residência permanente ou com vistos”, afirma Kerry McKibbin, acrescentando que a agência está “a trabalhar com o conselho de administração para se antecipar às mudanças e aos riscos previstos”.
Por seu lado, a organização do festival não emite diretrizes próprias de viagem, tendo um representante do festival confirmado à Ad Age que “todos os delegados com preocupações de viagem devem contactar as autoridades competentes para obter informações”.