Incerteza persiste para as marcas com novas tarifas de Trump
“A questão é saber o que significa ter uma organização otimizada para o marketing de desempenho quando não há produtos nas prateleiras”, diz Patti Williams, professora de marketing da Universidade da Pensilvânia,

Daniel Monteiro Rahman
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Embora as marcas estejam a tentar navegar pela incerteza contínua da guerra comercial incitada por Donald Trump, o anúncio de uma redução das tarifas chinesas cria um novo cenário para os anunciantes, noticia a Ad Age. No âmbito de um novo entendimento de 90 dias, enquanto os dois países negoceiam um acordo, as tarifas dos Estados Unidos sobre os produtos chineses serão reduzidas de 145% para 30%.
A notícia surge após retalhistas chineses, como a Shein e a Temu, terem aumentado os preços e reduzido o investimento publicitário, e marcas como a Adidas também terem alertado para a iminência de aumentos de custos. Embora a taxa mais reduzida possa proporcionar algum alívio, especialistas contactados pela Ad Age consideram que a incerteza vai persistir para as marcas, que se debatem com cortes orçamentais enquanto preparam as estratégias de marketing.
Entre receios crescentes de verem as prateleiras vazias à medida que as importações nos Estados Unidos diminuem, os consumidores também hesitam sobre quando devem comprar. De acordo com a consultora de análise do consumidor CivicScience, apenas 20% dos consumidores afirmam que não pretendem reduzir as compras este mês, o que representa uma descida em relação aos 28% registados em março.
“O consumidor está a lidar com uma enorme incerteza – não tenho a certeza de que as alterações sobre as tarifas tenham mudado muito a situação dos consumidores”, argumenta John Dick, CEO e fundador da CivicScience, citado na Ad Age , acrescentando que “independentemente do que acontecer com os altos e baixos das tarifas, há razões para considerar que a relação com o consumidor poderá ser mais difícil”.
Outra área de preocupação para as marcas continua a ser o inventário, à medida que surgem problemas na cadeia de abastecimento. Os especialistas afirmam que os profissionais de marketing podem precisar de reorientar as estratégias, apostando na construção da marca a longo prazo em vez do marketing de desempenho, que apenas impulsiona as vendas a curto prazo. Isto porque as marcas não vão querer direcionar os clientes para as prateleiras vazias das lojas.
“A verdadeira questão é saber o que significa ter uma organização otimizada para o marketing de desempenho quando não há produtos nas prateleiras. Como podem os marketers atribuir recursos e construir ações de marketing que apoiem uma marca a longo prazo, em vez de impulsionarem as vendas a curto prazo neste cenário?”, questiona Patti Williams, professora de marketing da Universidade da Pensilvânia, salientando que o que as marcas precisam é de pensar no planeamento orçamental à medida que os objetivos mudam.