André Ventura é, a longa distância, o candidato às próximas eleições legislativas que tem mais envolvimento com as comunidades no Instagram, com uma média de 8130 interações por publicação. Mariana Mortágua (2602 interações) e Luís Montenegro (2112 interações), em segundo e terceiro, respetivamente, completam as três primeiras posições do ranking da Snack Content.
Com 505 mil seguidores no Instagram, André Ventura é, entre todos os políticos nacionais, o mais seguido e o que gera mais conversas. “Acumulou até agora, nestes primeiros meses do ano, mais de três milhões de interações, no total” aponta Inês Ramada Curto, sócia e codiretora executiva da Snack Content Portugal, que em vésperas de eleições legislativas analisa os cinco candidatos com melhor desempenho no Instagram.

A análise, porém, não abrange Paulo Raimundo, candidato da CDU, que não tem conta no Instagram e cuja campanha eleitoral é focada no perfil do Partido Comunista Português (PCP), do qual é secretário-geral. “Caso considerássemos a página do partido como a do seu perfil, ele seria o candidato com menos atividade, entre todos, com cerca de 728 interações por ‘post’”, revela Inês Ramada Curto.
Este estudo da Snack Content Portugal é feito entre 1 de janeiro e 6 de maio, através do programa de dados Tubular, considerando os comentários e gostos em publicações em formato estático, carrossel e ‘reels’.
A aposta de Ventura em conteúdos POV
André Ventura é também o político nacional que mais investe na quantidade de conteúdos no Instagram, com uma média de 65 publicações por mês, no período em análise.
“É de notar que há uma adaptação da linguagem política de André Ventura, para com a sua comunidade digital, e o tipo de conteúdo que tem mais comentários e gostos é o que chamamos de POV [point of view]/meme”, explica Inês Ramada Curto
Com 81,3 mil interações, o conteúdo de André Ventura com mais ‘engagement’ é um vídeo que mostra o candidato do Chega a trabalhar no seu gabinete, acompanhado pela legenda “quando estou stressado com o trabalho, mas lembro-me que tenho duas pessoas para sustentar”.
De seguida, o candidato do Chega olha para o telemóvel, que tem no visor as fotografias de Luís Montenegro e Marcelo Rebelo de Sousa. A segunda e terceira publicações com mais envolvimento não chegam às 30 mil interações (27,9 mil e 27,3 mil).

Mariana Mortágua, que tem 84,6 mil seguidores no Instagram, surge na segunda posição do ranking, com uma média de 2602 interações por publicação e um total de 500 mil interações no período em análise.
“Tem também, como o candidato do Chega, um grande volume de publicações, aproximadamente 31 por mês. Grande parte dos conteúdos são cortes e imagens da sua atividade política, agenda do partido, participações em debates, entrevistas e ações de campanha”, revela Inês Ramada Curto.
A publicação da candidata do Bloco de Esquerda com mais interações (25,7 mil) diz respeito a um corte do debate com André Ventura, em que Mariana Mortágua explica o volume das importações com blocos de Lego. As duas publicações seguintes mais populares têm 20,5 mil e 19,5 mil interações.
Luís Montenegro com linha de comunicação tradicional
Com cerca de 500 interações por publicação a menos do que Mariana Mortágua, para um total de 2112, Luís Montenegro segue uma linha de comunicação mais clássica e tradicional, em que “o conteúdo das publicações é, em grande parte, de imagens de campanhas e de grandes momentos do candidato”, salienta a sócia e codiretora executiva da Snack Content Portugal.
A publicação com mais interações (9,4 mil) diz respeito, curiosamente, a uma nota de pesar sobre a morte de Jorge Nuno Pinto da Costa, acompanhada por uma foto do antigo presidente do Futebol Clube do Porto.
Na segunda publicação com mais envolvimento (9 mil), o primeiro-ministro, líder e candidato da AD, que tem 54,1 seguidores no Instagram, incentiva e agradece à seleção nacional de andebol a participação no campeonanto do mundo, com uma foto onde Marcelo Rebelo de Sousa surge em destaque.
O terceiro melhor conteúdo tem 7,8 mil interações e mostra Luís Montenegro com o Papa Francisco. Em termos dos contéudos publicados “tem uma volumetria mais baixa em relação a André Ventura e Mariana Mortágua, com apenas uma média de 18 publicações por mês”, refere Inês Ramada Curto.

Com 41,9 mil seguidores no Instagram, Rui Tavares, por seu lado, foca os conteúdos em cortes de vídeos da sua vida política ou relacionados com a agenda do Partido Livre. Tem uma média de 2028 interações por publicação, destacando-se com mais envolvimento o vídeo da intervenção na Assembleia da República do candidato do Partido Livre, sobre o caso do cineasta David Amado, em que defende uma cultura sem fronteiras e que soma 14,3 mil interações.
“Rui Tavares tem feito publicações com o suporte de colaborações com o Partido Livre, em que os conteúdos são mostrados nos perfis de ambos, e isso tem ajudado muito na performance, demonstrando que esta ferramenta é muito útil para alcançar uma maior visibilidade das suas publicações, ampliar o alcance e fortalecer a marca”, argumenta Inês Ramada Curto. Os restantes ‘posts’ no top 3 somam 13,6 mil interações e 9,9 mil interações.
Pedro Nuno Santos ganha com o filho
Com 37,9 mil seguidores no Instagram, Pedro Nuno Santos ocupa a quinta posição do ranking da Snack Content Portugal, com 1091 interações em média por publicação, entre 1 de janeiro e 6 de maio.
O conteúdo com melhor desempenho soma 13,1 mil interações e é uma publicação referente ao Dia do Pai, que mostra uma fotografia do secretário-geral do PS e candidato a primeiro-ministro com o filho, numa esplanada de praia.
A segunda publicação com melhor desempenho surge bastante distanciada, com 5,3 mil interações, e é uma fotografia de Pinto da Costa, acompanhada por um texto de condolências. Uma fotografia de Pedro Nuno Santos com o filho, no desfile do 25 de Abril, é a terceira publicação com mais envolvimento (5,1 mil interações).
“Quando a vida pessoal e a vida política de Pedro Nuno Santos se misturam no Instagram, há mais interações nas publicações”, destaca Inês Ramada Curto, avançando que “as publicações mais frequentes são à base de cortes das suas entrevistas e de pequenas adaptações de ‘trends’ aos seus conteúdos, quase sempre alinhados graficamente com a imagem da campanha”.