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Lourenço Thomaz é jurado no Cannes Lions 2025

Indicado por Espanha, o diretor criativo da Dentsu Creative Iberia, que também é diretor criativo da Dentsu EMEA, avalia as campanhas na categoria Direct. “Espero que saiam dali ideias disruptivas”, diz ao M&P

Luis Batista Gonçalves
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Lourenço Thomaz é jurado no Cannes Lions 2025

Indicado por Espanha, o diretor criativo da Dentsu Creative Iberia, que também é diretor criativo da Dentsu EMEA, avalia as campanhas na categoria Direct. “Espero que saiam dali ideias disruptivas”, diz ao M&P

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Lourenço Thomaz (na foto) integra o júri do festival internacional de criatividade Cannes Lions 2025, que se realiza de 16 a 20 de junho, em França. Indicado por Espanha, o diretor criativo da Dentsu Creative Iberia e da Dentsu EMEA, que abrange Europa, Médio Oriente e África, é jurado na categoria Direct.

“Tenho uma expetativa altíssima em relação ao que vou encontrar em Cannes. Já sei que a Direct é a segunda categoria com mais inscrições, e, nos últimos anos, tem sido uma das categorias que tem tido melhores trabalhos, já que abrange muitas ideias. Espero que saiam dali ideias disruptivas, que mostrem ao júri e ao mercado as tendências que vão marcar o futuro da nossa profissão”, refere Lourenço Thomaz ao M&P.

Apesar de passar a maior parte do tempo em Espanha, o diretor criativo continua a desenvolver campanhas para o mercado português. “Estou um pouco mais em Madrid do que Lisboa, mas trabalho igualmente nos dois mercados. Enquanto diretor criativo da EMEA, acabo por estar em vários países, mas estou mais ligado a Espanha e Portugal”, esclarece.

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Quando a genialidade reside na simplicidade da ideia

‘Heartstrings’, da TBWA\Media Arts Lab de Los Angeles, é a campanha que Luan Castilhos mais gostaria de ter feito. ‘Guarde Os Fatos, Mude Os Factos’, para a 5àsec, é a que mais concretiza o diretor criativo da Euro M, revela na rubrica do M&P Como É Que Não Me Lembrei Disto?

Luan Castilhos, diretor criativo da Euro M, considera que os criativos têm o dever de sensibilizar a sociedade. É por isso que elege a campanha ‘Heartstrings’ para a Apple como a que gostaria de ter feito. A simplicidade da ideia é o que mais o impressiona, revela ao M&P.

‘Guarde Os Fatos, Mude Os Factos’, para a 5àsec, é o projeto que mais se orgulha de ter criado e liderado. Com o objetivo de sensibilizar para os problemas ambientais, a campanha expande-se pelas redes sociais e transforma-se num movimento sustentável de limpeza da costa portuguesa.

Quando está perante um bloqueio criativo, Luan Castilhos tenta mudar o foco. Pensa em outro projeto, ou desenha no canto do caderno para arejar as ideias e acalmar o brainstorming. “Perceber o que não funciona é meio caminho andado na procura pela melhor ideia”, conclui.

Qual é a campanha que gostaria de ter feito?

A campanha que eu mais gostaria de ter feito é a ‘Heartstrings’ da TBWA\Media Arts Lab de Los Angeles para a Apple, lançada no Natal de 2024, e que promove os novos AirPods Pro 2, com uma funcionalidade que amplifica os sons para pessoas com perda auditiva.

Quais são as razões dessa escolha?

Esta campanha não demonstra apenas uma solução criativa impressionante para os AirPods da Apple, mas também revela o propósito da criatividade e do design. Acredito que o nosso objetivo, enquanto criativos, é melhorar as conexões humanas, mobilizar a sociedade para questões esquecidas ou, simplesmente, entreter e fazer alguém rir ou chorar. Neste caso, tive de conter uma lágrima.

O que é que lhe chamou mais a atenção, o texto, a imagem, o protagonista ou outro aspeto da campanha?

O que mais me chama a atenção nesta campanha é a forma subtil e, simultaneamente, agressiva como a história é contada. O contraste entre os momentos de carinho das noites de Natal e a preocupação silenciosa de quem sofre, imerso num turbilhão de incertezas, quase sem conseguir ouvir.

O modo como o tratamento sonoro transmite de maneira simples e direta os benefícios do produto confere à campanha um impacto emocional mais forte, transmitindo a mensagem de forma clara e impactante.

Esta campanha inspirou-o a nível criativo? 

A genialidade desta campanha reside na simplicidade da ideia e na forma como transmite a mensagem pretendida. É uma excelente fonte de inspiração para criativos que procuram casos de sucesso e projetos relevantes para acrescentarem ao seu portefólio.

Qual a campanha que mais o concretizou profissionalmente?

‘Guarde Os Fatos, Mude Os Factos’, criada pela Euro M para a 5àsec Portugal, é um dos projetos de que mais me orgulho de ter criado e liderado. Ao aceitar o desafio de dar voz ao programa Plástico Zero da 5àsec, que promove a substituição de porta-fatos de plástico por modelos reutilizáveis, deparámo-nos com dados alarmantes.

De acordo com um estudo da World Wildlife Fund (WWF), 72% do lixo nas praias portuguesas é plástico e, segundo indica a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2023, o plástico é responsável pela morte de um milhão de aves marinhas por ano. Estes dados não podiam ser ignorados e deram origem a uma campanha que, para além de alertar, convida à mudança. Como diz o ditado: contra factos, não há argumentos.

Como é que chegou a esta ideia e depois avançou para a execução?

Com o objetivo de sensibilizar para os problemas ambientais, começámos a procurar uma forma impactante de comunicar estes dados, ligando-os diretamente à solução da 5àsec e aos porta-fatos reutilizáveis.

Ao brincar com o trocadilho entre as palavras ‘factos’ e ‘fatos’, surgiu a ideia: e se reescrevêssemos a história da sustentabilidade, colocando os porta-fatos reais como protagonistas? A estética dramática e a linguagem visual forte intensificam a mensagem, sublinhando a gravidade da situação e a urgência de agir.

Assim, nasce uma campanha que se transformou num movimento de limpeza da costa portuguesa. O que começou no ponto de venda, expandiu-se pelas redes sociais e culminou num site imersivo, onde os utilizadores podiam explorar e experienciar as dificuldades da vida marinha, mergulhando nas profundezas de um oceano repleto de plástico e resíduos humanos.

Simultaneamente, os influenciadores partilhavam a sua contribuição para a limpeza das praias e incentivavam outros a juntarem-se ao movimento.

O que é que faz quando não tem ideias?

Quando me sinto bloqueado criativamente, tento mudar o foco. Penso em outro projeto, faço uma atividade diferente, desenho algo no canto do caderno ou vejo algumas referências aleatórias para arejar as ideias e acalmar o brainstorming interno.

Outra técnica mais pragmática que também utilizo é procurar associações verbais ou visuais, por semelhança ou oposição, ao conceito em que estou a trabalhar. Perceber o que não funciona é meio caminho andado na procura pela melhor ideia.

Ficha técnica

Campanha ‘Heartstrings’
Cliente Apple
Agência TBWA\Media Arts Lab
Realizador Henry-Alex Rubin
Diretor de fotografia James Laxton
Produtora Smuggler
Pós-produção Trafik
Edição Cabin
Design de som Paul N. J. Ottosson
País Estados Unidos
Ano 2024

Ficha técnica

Campanha ‘Guarde Os Fatos, Mude Os Factos’
Agência Euro M
Cliente 5àsec Portugal
Diretores criativos Luan Castilhos e Afonso Azevedo
Diretor de arte Igor Monteiro
Redator Marcelo Dolabella
‘Motion designer’ Francisca Empis
Designer de UX/UI Inês Morgado
‘Front-end developer’ Erick Silva
‘Backend developer’ Pedro Correia
Gestão de projeto Sónia Ferreira
País Portugal
Ano 2023

Sobre o autorDaniel Monteiro Rahman

Daniel Monteiro Rahman

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Marketing

Estudantes do IPAM Porto criam 38 marcas alimentares

O desafio lançado aos estudantes do quarto semestre da licenciatura em gestão de marketing (na foto) abrangeu a criação, desenvolvimento e lançamento de um produto alimentar em 14 semanas

Um grupo de 220 estudantes do Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM) do Porto criou 38 marcas alimentares que refletem a portugalidade contemporânea, no âmbito da 2.ª edição da IPAM EXPO 2025, evento que torna o ‘campus’ da universidade numa verdadeira montra de produtos.

O desafio lançado aos estudantes do quarto semestre da licenciatura em gestão de marketing abrangeu a criação, desenvolvimento e lançamento de um produto alimentar em 14 semanas.  Integrado no trabalho interdisciplinar das unidades curriculares de gestão de preço, publicidade e laboratório de marketing e consumo B, o projeto envolveu diretamente oito docentes e a colaboração indireta de dez professores e 300 estudantes de outros anos letivos, além dos 220 estudantes participantes.

“Mais do que lançar marcas, este projeto permitiu aos estudantes viver os desafios reais do marketing, desde a pesquisa de mercado à relação com ‘stakeholders’ exigentes, passando pela gestão de conflitos e pela tomada de decisão em cenários críticos”, refere Marcelo Augusto Linardi, docente no IPAM Porto, citado em comunicado de imprensa.

Durante mais de cinco horas de exposição, os estudantes apresentaram os projetos no IPAM Porto a cerca de 500 visitantes, entre colegas, docentes, famílias, comunidade local e outros interessados no tema. Os produtos, desenvolvidos com orçamentos limitados e totalmente autofinanciados, evidenciaram a capacidade de transformar restrições em soluções criativas e autênticas.

Snacks de tremoço e charcutaria vegetal destacam-se

No total, foram lançadas 38 marcas com forte ligação à gastronomia e tradição portuguesa, mas alinhadas com tendências globais e preocupações contemporâneas como a saúde, sustentabilidade, conveniência e inovação. Entre as marcas com melhores avaliações destacam-se a JellyGo (gomas naturais funcionais), Tremocitos (snacks crocantes de tremoço), DisFruta (bebidas frutadas sem adição de açúcar), Corttesia (alternativas vegetais a produtos de charcutaria), Saboro (refeições prontas de base tradicional com toque moderno), LusoBites (snacks salgados com sabores portugueses), Doce D’Ouro (sobremesas com ingredientes nobres), Casa d’Avó (receitas tradicionais reinventadas) e Bagas (misturas energéticas de frutos secos e bagas).

As avaliações foram realizadas por cerca de 15 docentes de diferentes áreas e 150 estudantes avaliadores, com base em critérios técnicos como originalidade, embalagem, portugalidade, sustentabilidade e posicionamento estratégico.

“Este projeto é uma experiência transformadora que alia conhecimento técnico a um robusto desenvolvimento de ‘soft skills’ essenciais no mercado atual: liderança, resiliência, gestão do tempo, trabalho em equipa, pensamento crítico, ética e responsabilidade social”, acrescenta Marcelo Augusto Linardi.

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Cristiano Ronaldo apresenta nova app Erakulis PRO

A plataforma digital quer transformar a forma como profissionais de saúde e bem-estar acompanham os clientes. Projeto tem como fundador e investidor o internacional português Cristiano Ronaldo

O Lisboa Racket Centre é o palco do lançamento oficial da Erakulis PRO, nova plataforma digital que quer transformar a forma como os profissionais de saúde e bem-estar acompanham os clientes. O projeto, que tem como fundador e investidor Cristiano Ronaldo, nasce em Portugal com ambições globais.

Segundo o comunicado de imprensa, a Erakulis PRO é a concretização de uma paixão antiga de Ronaldo, “que passa pela nutrição, o treino personalizado e o desempenho físico de excelência, traduzida numa solução digital intuitiva e abrangente”.

“O Cristiano sempre levou a nutrição e o treino a sério, não apenas como atleta, mas como estilo de vida. A Erakulis PRO liga profissionais e clientes, de forma contínua e personalizada”, explica Francisco Portugal, diretor de marketing da Erakulis.

A plataforma propõe um novo paradigma no acompanhamento personalizado, “promovendo a integração entre corpo, mente e alimentação com base em dados, mas com um olhar humano e relacional”, segundo o comunicado.

Francisco Portugal, diretor de marketing da Erakulis realça que o compromisso do jogador do Al Nassr com o projeto vai além do investimento. “É uma missão de vida. E queremos que esta ferramenta leve esse espírito a milhares de pessoas, em Portugal e no mundo”, conclui.

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Marketing

Boss aposta em ícone do K-pop para rejuvenescer imagem

S.Coups, que tem nove milhões de seguidores no Instagram, é o novo embaixador global da marca de moda. O cantor da banda de K-pop Seventeen protagoniza as próximas campanhas

S.Coups (na foto) é o novo embaixador global da Boss. A marca de moda alemã procura rejuvenescer a imagem e atrair uma nova geração de consumidores com a contratação do cantor da banda de K-pop Seventeen. Com nove milhões de seguidores no Instagram, o artista sul-coreano protagoniza as próximas campanhas da Boss, dando também a cara pela marca em eventos promocionais.

“Conhecido pela sua liderança excecional e pelo estilo sofisticado, S. Coups tem uma presença ousada dentro e fora do palco”, refere a Boss em comunicado de imprensa.

Anunciado em julho de 2024 como embaixador da Loewe, o cantor tem colaborado com várias marcas de moda desde que os Seventeen, que têm 15,9 milhões de seguidores no Instagram e 15,2 milhões no TikTok, começaram a ter sucesso internacionalmente.

“A Boss representa estilo, elegância e autodeterminação. Estes são valores com os quais me identifico profundamente e que me ajudam a impulsionar o a minha carreira musical. Estou ansioso por trazer a minha energia e amor pela moda para esta colaboração emocionante”, revela S. Coups, citado no documento.

Além de rejuvenescer a imagem, a Boss procura recuperar vendas, após um ano de quebra. “2024 foi um ano difícil para quase todas as marcas, e para os nossos clientes também”, sublinha Daniel Greider, CEO da Hugo Boss, citado no WWD.

Para além de S. Coups, a marca também conta com o ex-futebolista David Beckham, as modelos Naomi Campbell e Gisele Bündchen, o ator e modelo Lee Jong Suk, o cantor e compositor Burna Boy e o tenista Matteo Berrettini como embaixadores internacionais.

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Marketing

“Não sei a idade de praticamente ninguém, nem o que fizeram no passado”

A viver em Ontário desde setembro, Bernardo Caupers, diretor de marketing de ‘sweet baked goods and snacks’ da Bimbo Canadá, tem o desafio de alavancar o negócio num país muito regionalizado, revela na rubrica De Portugal Para O Mundo

É num curso de formação em liderança que faz no México que Bernardo Caupers, então diretor de marketing da Bimbo Portugal, ouve falar do concurso internacional que o leva até Ontário, para assumir a direção de marketing da área de ‘pantry, buns & rolls and private label’ da Bimbo Canadá, trocando Algueirão por Ontário.

Em seis meses, é promovido a diretor de marketing de ‘sweet baked goods and snacks’, cargo que assume em fevereiro e que implica um maior conhecimento do mercado canadiano. Em entrevista ao M&P, fala das diferenças que sente e dos desafios que tem em mãos.

Trabalhar fora de Portugal era uma ambição ou houve alguma circunstância a determinar a saída?
Era um misto entre ambição e curiosidade. Estive duas semanas no México num curso de liderança, onde conheci alguns colegas da Bimbo Canadá, que me falaram da oportunidade que existia lá, uma vez que estava a decorrer um concurso. Decidi concorrer.

Em termos profissionais, quais são as diferenças entre trabalhar em Portugal e no Canada?
A experiência ainda é curta, mas as diferenças iniciais, principalmente para quem trabalha na área do marketing, são o quase total desconhecimento dos canais de media, dos clientes de retalho e do próprio ambiente competitivo.
Temos de investir algum tempo para aprender muito. Em relação ao dia a dia, é muito semelhante, com inúmeras reuniões, emails e muitos procedimentos.
A grande diferença que sinto aqui é a pontualidade nas reuniões, seja para começar seja para acabar. Se está marcada para as 9h, a reunião começa as 9h em ponto e não há conversa fiada. Vai-se logo direto ao assunto.

O ‘marketer’ português ainda se está a familiarizar com o mercado local FOTO DR

Quais são as mais-valias e os obstáculos que o facto de ser português tem no seu trabalho?
Em Portugal, normalmente, fazemos um pouco de tudo, porque as organizações são, por norma, mais pequenas. Isso é claramente uma mais-valia aqui, onde existe uma equipa de ‘insights’, uma equipa de digital ou uma equipa de gestão do crescimento e por aí fora.
Em Portugal, enquanto ‘marketers’, fazemos tudo isso, o que nos dá uma flexibilidade mental para desafiar outras equipas quando lidamos com organizações desta dimensão, porque temos uma experiência que os outros ‘marketers’ que aqui trabalham não têm.
O maior obstáculo está relacionado com a dimensão do país e do próprio negócio. Os clientes têm ‘banners’ regionais e compradores regionais. A própria estratégia de meios pode ser regional, enquanto que em Portugal, na maior parte dos casos, é tudo nacional.

Quais são as particularidades do marketing e comunicação na sua área, em termos de desafios e de diferenças em relação a Portugal?
A maior diferença é a dimensão do país e a regionalização de algumas marcas. Não podemos estar a planear uma campanha a nível nacional se a marca estiver apenas numa região. Em Portugal, em termos de bens de consumo rápido, isso raramente acontece, dada a capilaridade dos retalhistas e da dimensão do país.
A nível pessoal, o maior desafio foi (e está a ser) o de conhecer os meios, as agências, de saber que programas é que têm boas audiências. A agência de meios passa-me essa informação, mas é diferente quando estamos familiarizados com todos esses temas.
Em Portugal, por exemplo, quando uma agência nos propõe patrocinar um podcast como o do Bruno Nogueira, tenho uma baliza para me guiar. Aqui, vou precisar de mais algumas semanas para conseguir dominar os assuntos.

Qual é o momento que o mercado atravessa em termos de consumo, comunicação e pontos de venda?
O ‘hot topic’, neste momento, são as tarifas norte-americanas. Assistimos a um protecionismo brutal para tudo o que seja ‘made in’ Canadá.
Independentemente de as tarifas terem sido adiadas numa fase inicial, todos os ‘players’ e retalhistas estão a querer-se distanciar dos Estados Unidos, procurando investir em materiais de visibilidade e ações de ‘social media’.
O ponto de venda é outro tema onde vejo algumas diferenças em relação a Portugal. Não há tanta liberdade para colocar materiais de visibilidade seja no linear, seja em espaços extra, além de que todas as ações com clientes têm de ser combinadas com três a quatro meses de antecedência. Em Portugal, há muita coisa que é decidida em cima da hora. Aqui, nem pensar.

Que funções desempenha atualmente e que projetos tem em mãos?
Sou diretor de marketing de ‘sweet baked goods and snacks’ da Bimbo Canadá, área que abrange todo o negócio de bolos, bolachas e snacks da Bimbo Canada.
O projeto mais ambicioso que tenho é pôr a categoria a crescer a duplo dígito, renovando o negócio atual, entrando em novas categorias e procurando detetar oportunidades noutros mercados/países, seja para importar seja para replicar e produzir localmente.
É um projeto onde precisamos de ter um ‘mindset’ de startup muito forte e uma enorme vontade de desafiar o ‘status quo’. Lidamos com marcas antigas, com muita história local e que são especiais para muitas pessoas.

Bernardo Caupers tem a ambição de fazer a marca crescer a duplo dígito FOTO DR

Qual é o caminho que faz até ser promovido?
Além do mérito, que acredito que tenho, estava no lugar certo à hora certa. O facto de estar constantemente a desafiar o ‘status quo’, a repetir a pergunta ‘Então, e agora?’, aliada à minha vontade de fazer acontecer, fazem o ‘match’ perfeito com o desafio que tenho em mãos.
Em comparação com Portugal, a grande diferença que sinto, a nível de promoções profissionais, é que a idade e a experiência nunca são temas de discussão.
Na verdade, aqui, não sei a idade de praticamente ninguém, nem o que fizeram no passado. Olha-se mais para o trabalho desenvolvido, o discurso, a liderança e para o que se pode trazer de novo. Em Portugal, olha-se mais para a idade e para o currículo.

Qual foi a experiência profissional que teve no Canadá que mais o marcou?
Estou aqui há apenas cerca de seis meses, mas, juntando um pouco a experiência pessoal à profissional, diria que o facto de sair do escritório com 15 graus negativos, chegar a casa e ter de tirar a neve com uma pá para conseguir entrar é a diferença mais substancial. No início, até tem uma certa piada, mas ao fim de alguns dias deixa de ter.

Em termos profissionais, do que é que tem mais saudades, em relação ao mercado português?
Do calor das pessoas, ou não fossemos nós latinos. Sinto que, em Portugal, pomos mais amor e paixão naquilo que fazemos. A experiência que tive até agora tem sido mais robotizada do que apaixonada, e isso é algo que quero tentar mudar aqui.

Pensa regressar?
Penso sempre em regressar um dia, claro. A família vai ficando cada vez mais velha e os avós merecem aproveitar todo o tempo do mundo com os netos.
A verdade é que, infelizmente, tirando a família e os amigos, Portugal não é um país apetecível, neste momento. Não vou entrar por temas quentes nem políticos mas aqui no Canadá, vê-se as coisas a funcionarem, os impostos a serem utilizados para benefício da população e uma sociedade mais organizada e tolerante do que em Portugal.
Nem tudo está bem, também tenho noção disso. Mas penso um dia regressar a Portugal. Não sei é quando será.

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Digital

Cofundador do Instagram diz que Meta negou recursos à rede social e a considerou uma ameaça

Kevin Systrom foi chamado a depor pela Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos no julgamento em que a Meta está a ser acusada de abuso de posição dominante no domínio das redes sociais

O cofundador do Instagram, Kevin Systrom, testemunhou em tribunal que a rede social poderia ter sido facilmente bem-sucedido mesmo que não tivesse sido adquirido pela Meta, por mil milhões de dólares (€877,9 milhões), em 2012, acrescentando que Mark Zuckerberg, CEO da Meta, considerou o crescimento do Instagram uma “ameaça” e negou recursos à rede social após a ter adquirido.

Kevin Systrom foi chamado a depor pela Comissão Federal de Comércio (FTC) dos Estados Unidos num julgamento que começou a 14 de abril, no qual a Meta está a ser acusada de abuso de posição dominante no domínio das redes sociais.

Durante cerca de dois meses, vão ser ouvidos os argumentos a favor e contra a alegação de que a Meta terá monopolizado ilegalmente o setor das redes sociais através das aquisições do Instagram e do WhatsApp.

O cofundador do Instagram declarou ainda que, antes da proposta de aquisição de Mark Zuckerberg, o número de utilizadores da rede social estava a crescer de forma exponencial e estava confiante de que a aplicação acabaria por lançar funcionalidades como o vídeo, as mensagens privadas e os anúncios, sem a ajuda do Facebook.

O testemunho sustenta o argumento central da FTC de que a Meta empregou uma estratégia de “comprar ou enterrar” para evitar que redes sociais emergentes, como o Instagram e o WhatsApp, constituíssem uma ameaça direta ao seu império. A FTC está a pressionar para que o Instagram e o WhatsApp sejam alienados.

Meta pode perder 7 mil milhões de dólares em receitas publicitárias

A Meta pode perder até 7 mil milhões de dólares (€6,1 mil milhões) em receitas publicitárias este ano devido às tarifas impostas por Donald Trump, de acordo com uma nova estimativa da empresa norte-americana de análises financeiras MoffettNathanson, noticia o The Wall Street Journal. Embora a Meta não opere na China, as redes sociais da empresa são usadas por anunciantes chineses, incluindo a Temu e a Shein, com o objetivo de alcançar os consumidores norte-americanos.

No entanto, as novas tarifas de 145% sobre as importações chinesas tornam praticamente impossível para as empresas chinesas venderem os produtos nos Estados Unidos, o que vai levar estas empresas a reduzirem os investimentos publicitários nas plataformas da Meta.

As receitas da Meta provenientes da China ascendem a 18,4 mil milhões de dólares (€16,2 mil milhões) em 2024, o que representa cerca de 10% das receitas totais da empresa, no valor de 165 mil milhões de dólares (€145,3 mil milhões), de acordo com os resultados financeiros da tecnológica.

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ERC e LabCom-UBI colaboram para identificar desinformação nas legislativas

A análise incide sobre conteúdos associados às candidaturas partidárias publicados nas plataformas Facebook, X, Instagram, TikTok e Youtube. Monitorização decorre até ao dia das eleições, 18 de maio

Com o objetivo de analisar e identificar conteúdos de desinformação publicados nas redes sociais no contexto das eleições legislativas 2025, a ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social, assina um protocolo de cooperação com o LabCom – Unidade de Investigação em Ciências da Comunicação da Universidade da Beira Interior.

A análise incide sobre conteúdos associados às candidaturas partidárias publicados nas plataformas Facebook, X, Instagram, TikTok e Youtube.

“A parceria que estabelecemos com o LabCom-UBI para a monitorização das redes sociais em contextos eleitorais reafirma o nosso compromisso com a defesa do direito à informação dos cidadãos e da liberdade de imprensa, valores nucleares e essenciais à proteção da integridade dos processos democráticos», sublinha Helena Sousa, presidente da ERC, citada em comunicado de imprensa.

O trabalho de monitorização realizado pela equipa do LabCom-UBI arrancou a 18 de abril e irá decorrer até ao dia das eleições, 18 de maio.

João Canavilhas, investigador do LabCom-UBI, também destaca a importância de combater a desinformação: “Este protocolo surge na sequência de uma primeira colaboração com a ERC nas eleições Europeias de 2024 e espera-se que permita aperfeiçoar o processo de identificação de conteúdos desinformativos. O objetivo do LabCom é contribuir para uma sociedade melhor usando a sua investigação”, conclui.

 

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Produtor do programa da CBS ’60 minutes’ demite-se

Bill Owens (na foto), principal responsável pelo programa de investigação norte-americano, justifica a decisão com a perda da independência jornalística. “Estou a afastar-me para que o programa possa seguir em frente”

Bill Owens, produtor e principal responsável pelo programa de investigação norte-americano ’60 Minutes’, anuncia a demissão, numa altura em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lança uma batalha legal contra o programa.

“Nos últimos meses, tornou-se claro que não me será permitido continuar a dirigir o programa como sempre fiz. Tomar decisões independentes com base no que é correto para o ’60 Minutes’ e para o público”, escreve Bill Owens, numa mensagem interna dirigida à equipa, a que o New York Times teve acesso. “É por isso que, depois de ter defendido o programa e aquilo por que lutamos, de todos os ângulos, ao longo do tempo e com todas as minhas forças, me demito para que o programa possa continuar”, conclui o produtor executivo.

O programa semanal, que atrai cerca de dez milhões de telespetadores todos os domingos para assistir a reportagens marcantes sobre a sociedade americana ou de zonas de guerra, é um dos mais visados por Trump, contra os meios de comunicação social.

O litígio tem como pano de fundo o projeto de fusão entre a Paramount, empresa-mãe da CBS News, e a Skydance, que tem de ser aprovado pela Autoridade Reguladora das Telecomunicações, presidida por Brendan Carr, aliado de Donald Trump.

Com Donald Trump a reclamar 20 mil milhões de dólares (€17,5 mil milhões) de indemnização à CBS, a possibilidade de uma mediação entre a Paramount e o republicano é frequentemente evocada.

No início de fevereiro, Bill Owens tinha assegurado à equipa que não pediria desculpas em tal eventualidade, como revela o New York Times. No final de 2024, a ABC News aceitou pagar 15 milhões de dólares (€13 milhões) para um fundo destinado a financiar “uma fundação e um museu” dedicados a Donald Trump, a fim de evitar um processo por difamação contra o republicano, uma concessão vista como uma vitória para o presidente norte-americano.

 

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Cândido Costa é o novo embaixador do Banco Montepio

A parceria será visível em várias iniciativas que a instituição bancária planeia lançar ainda durante 2025. A escolha do ex-futebolista, acrescenta a marca, resulta da sua participação numa iniciativa interna do banco

O Banco Montepio anuncia a nomeação de Cândido Costa como o novo embaixador da marca. A colaboração tem como objetivo reforçar a presença do banco na comunidade e estreitar a ligação com os portugueses, “promovendo uma comunicação mais próxima, autêntica e humana”, segundo o comunicado de imprensa.

A parceria será visível em várias iniciativas que a instituição bancária planeia lançar ainda durante 2025, acrescenta o Montepio.

Pedro Leitão, CEO do Banco Montepio, acredita que esta colaboração não só irá reforçar a imagem da instituição bancária, mas também fortalecer a relação com os clientes. “O Cândido traz consigo uma abordagem genuína que se alinha com os nossos objetivos e valores. A sua capacidade de se conectar com as pessoas faz dele o embaixador ideal para a nossa marca”.

A marca explica ainda que a escolha de Cândido Costa como embaixador resultou da sua participação numa iniciativa interna, “onde se evidenciou a sua simplicidade e autenticidade”.

Sobre esta parceria, Cândido Costa, cliente do Montepio há mais de duas décadas refere que “é fundamental estarmos lado a lado com as pessoas, partilhando momentos significativos e experiências que possam melhorar as suas vidas, porque todos sabemos que o Montepio é o Banco de Causas”, conclui o novo embaixador da marca.

 

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Pedro Castro, CEO da Multilem: “vislumbrei que seria possível crescer, mas nunca vislumbrei uma multinacional nos quatro continentes”

Com uma faturação de €70 milhões em 2024, metade no Médio Oriente, a Multilem prepara-se para abrir, na China, o nono escritório fora de Portugal

Catarina Nunes

Pedro Castro e o irmão, José Castro, começam a Multilem em 1986, com os stands de apresentação no Palácio de Cristal, no Porto, das empresas nacionais com relações comerciais com o Reino Unido e vice-versa, por ocasião da visita a Portugal dos Príncipes de Gales. Nenhum dos dois tinha experiência nem conhecimento da área.

Em entrevista exclusiva ao M&P, Pedro Castro, CEO da Multilem, explica como é que faz evoluir o negócio dos stands para a atual abordagem centrada na experiência de marca, incluindo eventos e ativações para marcas. Fala ainda sobre a internacionalização, com o reforço da aposta nos Estados Unidos, iniciada em 2024, e a abertura de um escritório na China.

Aponta ainda o maior desafio e oportunidade no setor das experiências de marca – a falta de espaços para eventos em Lisboa – e assume os valores pelos quais se rege: o cumprimento de prazos, a qualidade dos acabamentos e a felicidade e bem-estar dos funcionários da Multilem.

Recentemente, a Mutilem ganha dois prémios na China, com o Festival Lai Ba Saudi Travel, e outro em Los Angeles, com o expositor da Embratur na Travel & Adventure Show. São prémios aos quais vocês se candidatam?

Não, são prémios atribuídos, raramente nos candidatamos. Os prémios na China [Promoção Anual de Turismo no Estrangeiro, atribuído pela Jiemian News; e Melhor Caso de Marketing Transfronteiriço (2023-2024), pela Advertising Billboard] foram com o maior evento de sempre que já fizemos, em Pequim, no Temple of Heaven, que é um símbolo da cidade. Já tínhamos feito vários stands e trabalhos na China, mas não da relevância deste.

Foi para que cliente e o que é que fizeram?

O cliente era o turismo da Arábia Saudita, para apresentar o país como destino turístico na China. Houve várias atuações de bandas de música local e da Arábia Saudita, e stands de apresentação de cerca de 30 destinos na Arábia Saudita.

São destinos turísticos que estão em construção, com ‘resorts’ de ultra-luxo construídos do zero, com todas as comodidades possíveis e imaginárias, cidades inteiras, hotéis e spas. O evento principal teve 500 mil pessoas e incluiu discursos do ministro do turismo da Arábia Saudita e do ministro do governo chinês.

A Multilem existe desde 1986. A cadência de prémios tem sido constante ao longo destes 39 anos ou o reconhecimento demorou a chegar?

Demorou. Começámos de uma forma engraçada: com um anúncio que vimos num jornal. Vinham a Portugal os príncipes de Gales, o príncipe Carlos e a princesa Diana, para celebrar os 500 anos da Aliança Portugal-Inglaterra.

Ia ser feita uma exposição com empresas portuguesas que trabalhavam com a Inglaterra e empresas inglesas que trabalhavam com Portugal. O anúncio pedia uma empresa que pudesse concorrer a isso. A Multilem é criada para concorrer a esse evento no Palácio de Cristal, que ganhámos.

Qual é a origem da denominação Multilem?

Na altura, a maneira melhor e mais comum de fazer stands era com perfis de alumínio e havia um muito revolucionário, o LEM System, que permitia fazer múltiplos ângulos.

Como é que evolui para uma agência de experiência de marca e ativações?

A atividade de stands de alumínio não é muito criativa, mas rapidamente percebemos que a nossa praia era criar, fazer projetos personalizados. Ganhámos um primeiro cliente muito bom, a Revigrés, e passámos a fazer-lhes os eventos e os stands para as feiras internacionais. O crescimento da Multilem foi muito mais com empresas do norte e centro do que de Lisboa.

Da Rank Xerox para as feiras

Funda a Multilem com o seu irmão. O que é que faziam antes?

Comecei na Rank Xerox a vender fotocopiadoras e o meu irmão tinha outra empresa, que hoje em dia é a holding das nossas empresas, e dedicava-se à construção e obras de renovação de interiores, que continuamos a fazer, mas só para escritórios de empresas que sejam nossos clientes.

Qual é o aspeto mais distintivo da Multilem?

A qualidade de acabamentos e o cumprimento de prazos. Por exemplo, se a feira abre a uma quarta-feira, na terça-feira de manhã temos tudo pronto.

Em todas as atividades, em princípio, o prazo não é decisivo. A obra de uma loja ou de um escritório se não fica pronta numa semana, fica na semana seguinte. Num evento não podemos dizer ao Presidente da República “se não se importa, venha antes amanhã porque houve aqui um problema com a alcatifa”.

“Eu e o meu irmão estamos a começar a desligar, porque é preciso juventude e frescura em todas as áreas da empresa”, avança Pedro Castro, CEO da Multilem

Quando viu o anúncio no jornal largou a Rank Xerox e qual foi a ideia que teve?

Depois da Rank Xerox, ainda trabalhei numa empresa de móveis de escritório e depois é que mudei realmente para a Multilem. Depois do evento dos príncipes de Gales, não sabíamos se íamos continuar, porque era um mercado que desconhecíamos em absoluto.

Mas, com o dinheiro que ganhámos, dava para iniciar a atividade e abrimos um escritório no Porto, que era mais forte em feiras do que Lisboa. Na altura ganhámos clientes no Porto e no centro, da zona da Anadia, como a Sanitana e a Revigrés, e o mercado de feiras no Porto mais rapidamente se tornou apetecível para fazer ‘stands’ personalizados do que Lisboa. Até que ganhámos a Renault França, que foi um cliente decisivo e aprendemos imenso com eles.

O que é que aprenderam com a Renault?

Na altura, levávamos as madeiras e os materiais e construíamos os stands na própria feira. Os franceses disseram: “não pode ser assim, não é como nós construímos. É preciso levar as coisas já feitas e o ideal é terem sido pré-montadas”.

Isto era completamente revolucionário, ninguém fazia isso. A primeira vez com a Renault não correu bem, porque nos atrasámos. Foi com eles que aprendemos o que é o último dia do prazo: eles diziam, na brincadeira, que o último dia é para comer camarão tigre.

Como é que se dá o início da expansão com escritórios fora de Portugal?

Sempre fizemos stands para empresas portuguesas em feiras no estrangeiro. A internacionalização começa em 2009, quando ganhamos um trabalho para o AICEP: o pavilhão de Portugal na FILDA, uma feira multissetorial em Angola. Quando a FILDA acaba, ganhamos o prémio de melhor stand e o diretor da feira disse que não íamos sair de Angola e que íamos criar a Multilem Angola.

Angola continua a ser um mercado relevante?

Temos um escritório com 35 pessoas, mas o mercado já não é o que era. Trabalhamos muito com a Teixeira Duarte, fazemos os ‘showrooms’ da Toyota e stands em feiras para empresas petrolíferas, por exemplo.

O início no Dubai com a Visa

A Multilem está com projetos e escritórios no Dubai e na Arábia Saudita. É uma opção deliberada ou é resultado de uma circunstância?

Foi uma circunstância. Um amigo disse-nos que a sobrinha dele, que tinha trabalhado com stands na Líbia, ia viver para o Dubai com o marido e sugeriu-nos abrir a Multilem no Dubai. Fomos lá conhecer a sobrinha dele e um potencial sócio, um alemão que vivia no Dubai. Não gostámos nada do alemão, mas gostámos imenso dela e abrimos a Multilem com ela. Tínhamos zero clientes.

Qual foi o vosso primeiro cliente?

A Visa, o cartão de crédito, que ainda hoje é um dos nossos melhores clientes. Fazemos para eles grande parte dos eventos no Médio Oriente, que é onde a Visa investe mais dinheiro, mas também na EMEA, que inclui a Europa e África, além do Médio Oriente. Continuamos a fazer eventos em África, onde a Visa é patrocinadora do campeonato de futebol Taça das Nações Africanas (CAN).

Como é que evolui dos stands para as experiências de marca e eventos?

Chegámos à conclusão que tínhamos de ter uma equipa permanente, que respondesse aos desafios das montagens dos eventos. Começámos a ter uma equipa grande – porque não só desenhamos, como concebemos, produzimos, montamos e acompanhamos –, o que nos trouxe outro problema: não há praticamente feiras em julho, agosto e setembro, e tínhamos de dar trabalho às pessoas.

A sazonalidade das feiras fez com que começássemos a fazer eventos, que é uma extensão do que já estávamos a fazer. Sobretudo porque tínhamos o mais importante: o rigor com os prazos e a confiança dos clientes.

Nessa época, a Multilem tinha um perfil mais discreto, comunicava menos o que fazia?

Comunicávamos pouco, porque andávamos sempre atrás do próximo evento e não havia tempo. Ainda hoje é muito difícil. Começámos há muito pouco tempo com uma equipa de marketing.

Antes da LLYC, já tinham trabalhado com outra agência de comunicação?

Tivemos antes uma agência de comunicação, mas eles ligavam e nós não tínhamos tempo. Durante muitos anos, era eu, o meu irmão e um ‘account’. Hoje temos dez ou 12 ‘accounts’. Tinha coisas boas e más. Tínhamos menos clientes, mas com um maior volume de faturação, o que é perigoso quando se perde um cliente.

Nunca investimos nem tivemos muito tempo para a comunicação, o que é pena, porque as pessoas não fazem ideia de uma empresa sediada na Azambuja, que tem oito escritórios no mundo.

O que é que muda para sentir essa necessidade de comunicar? Há mais concorrência?

Não é bem isso. Há mais concorrência, mas para o nicho e serviços que prestamos não há muita concorrência. Não quero ser arrogante, mas estamos num nicho de mercado de grande qualidade de acabamentos e preocupação com o impacto que as coisas têm. Ou seja, temos a concorrência de uma agência que cria, mas depois não constrói. Isto dá-nos algum benefício.

A Multilem também faz a parte estratégica?

Exatamente, que os clientes pedem cada vez mais. Mesmo que uma empresa tenha uma equipa própria, acaba por se viciar no mesmo olhar. Temos 20 e tal designers e existe sempre uma frescura diferente. Mesmo assim, às vezes, o trabalho pode ser repetitivo.

Mudámos completamente o paradigma. Quando começámos, as empresas que havia construíam stands, nem sequer criavam. Começámos a criar, fomos os primeiros a contratar designers, que fomos buscar às agências. Depois fomos sendo conhecidos ou reconhecidos pelo público, mas nunca ligámos muito à comunicação.

Por que razão instalou a Multilem na Azambuja?

Precisávamos de um lote grande e não tínhamos dinheiro, porque o que fazemos é com o dinheiro que vamos ganhando. Nem o meu irmão nem eu estamos ricos, nem é esse o objetivo. Temos estado sempre a investir.

No ano passado, abrimos nos Estados Unidos, agora vamos abrir na China. O dinheiro que vem e sobra é sempre reinvestido, para tentar gerar mais riqueza e dar melhores condições aos funcionários.

Quem é que são os acionistas da Multilem?

Eu, o meu irmão e o Luís Matos Chaves, que trabalhava no BPI, depois foi para o Deutsche Bank e mais recentemente estava em Nova Iorque, também a trabalhar na banca. Eu e o meu irmão estamos a começar a desligar, porque é preciso juventude e frescura em todas as áreas da empresa.

Dividimos a empresa em unidades de negócio independentes, com um CEO, e temos uma holding, onde o Luís é o CEO do negócio de Portugal. Na holding, sou o CEO, o meu irmão é o presidente e o Luís é o CFO.

Não tenho preconceitos com a idade, mas a maneira de trabalhar e de comunicar, e a idade e a cabeça dos nossos clientes, não são a minha cabeça. Faz muito mais sentido que haja uma abordagem de juventude.

Expansão no pós-pandemia

Como é que atravessam a pandemia com as feiras e os eventos cancelados a nível mundial?

A pandemia foi decisiva. Ninguém fazia eventos e tínhamos cento e tal funcionários. Parámos a 100% e falámos com as pessoas: “despedimos parte das pessoas ou ficamos todos, baixamos um bocadinho os ordenados e esperamos para ver o que é que acontece?”. Toda a gente disse que não se despede ninguém e ficámos todos, mesmo as pessoas que estavam a prazo.

O que é que acontece a seguir?

O Estado ajudou com o lay-off simplificado, mas mesmo assim tínhamos de pagar uma parte e assumir uma data de custos terríveis, porque queremos ter bons profissionais e a maioria das pessoas não quer viver na Zambuja – porque têm os maridos, as mulheres ou os filhos que trabalham ou estudam em Lisboa. Portanto temos uma frota de carros enorme, um custo que tivemos de assumir.

Começámos a fazer eventos online, meio a brincar, nunca tínhamos feito nem deu muito dinheiro. Mas deu para as pessoas trabalharem e depois a pandemia passou, estávamos ávidos por trabalhar e a faturação mais do que dobrou no primeiro ano a seguir.

Este período também permitiu, a mim e ao meu irmão – que tem 68 anos e é um pouco mais velho do que eu, que tenho 65 anos –, pensarmos que, mais tarde ou mais cedo, a empresa não pode ser nossa e precisamos de sangue novo.

Qual é a razão da abertura de um escritório na China, o nono país da Multilem?

Fizemos o evento na China com um sucesso enorme e fomos desafiados por um parceiro local, que é sempre o nosso modelo: ter alguém local que puxe a carroça e que se saiba mexer. Não vamos à louca para um sítio, tirando os Estados Unidos, onde não temos um sócio local, mas há uma pessoa que é nossa sócia que se vai mudar para lá.

Já estamos em Miami com um armazém, oficina e escritório, e temos algum negócio. Em 2024, faturámos €3 milhões, só nos Estados Unidos. Mas no ano passado sofremos imenso. Foi de cá um ‘stand’ com mil metros quadrados para uma feira de petróleos no Brasil – um dos nossos grandes clientes é o Governo do Brasil – e os contentores atrasaram. À última da hora, tivemos que adjudicar e fazer lá um ‘stand’ de raiz, com um prejuízo de €600 mil.

Nos Estados Unidos, com a guerra comercial e de tarifas, a Multilem vai fazer os ‘stands’ lá, em vez de os enviar feitos em Portugal?

Já estamos a fazer isso. Ainda agora fizemos, em Boston, a Seafood, que é uma feira grande de marisco.

Que outros clientes têm nos Estados Unidos?

São muitas empresas brasileiras da APEX [Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos], que é o equivalente ao nosso AICEP e fazemos todos os ‘stands’ e visitas de chefes de Estado do Brasil e ministros à América do Norte – inclui Canadá, Estados Unidos e México –, na Europa e em África.

Fazemos coisas como a Casa Brasil, em que nos pedem, por exemplo, para arranjar um espaço em Nova Iorque, onde durante uma semana ou dez dias se promovem produtos de marcas brasileiras. Já fizemos também em Londres e em Lisboa, em 2024.

Metade da faturação é no Médio Oriente

Qual é o peso dos mercados externos na faturação e quanto é que representa cada geografia?

A maior de todas, em 2024, foi o Médio Oriente, que é um ‘hub’ que inclui o Dubai e a Arábia Saudita. No ano passado, a Multilem consolidada faturou à volta de €70 milhões e o Médio Oriente, onde começámos há dez anos, representou 50%.

Portugal representa cerca de 40% e depois os restantes 10% divide-se entre Angola, Espanha, Inglaterra, Estados Unidos – que é o maior nestes 10% – e Brasil. No ano passado, grande parte da faturação dos Estados Unidos foi faturada em Portugal, porque estávamos a constituir a empresa, só tínhamos o escritório e o armazém, e não estávamos prontos a faturar. Em Espanha ainda não conseguimos crescer ao ritmo que queríamos.

Qual é o problema em Espanha, que normalmente é mais fácil pela proximidade geográfica?

Não é preguiça nossa. Fomos para Espanha desafiados, mas andávamos sempre a correr. Tínhamos um grande cliente em Espanha, a Vodafone, para quem fizemos dois stands no Mobile World Congress, em Barcelona, e depois eles deixaram de ir.

Tínhamos outro grande cliente, a Google Espanha, que é completamente fora da caixa e com uma relação de confiança total: chegam e dizem “tenho este dinheiro, quero fazer isto e aquilo, faz-me o projeto”.

Mas devíamos ter tempo e meios para explorar mais. A Google no Reino Unido faz imensos trabalhos, mas nunca nos dedicámos especialmente a isso. Há dois anos, abrimos o escritório de Londres, que também entra nos 10% da faturação que referi, e terá faturado cerca de €1,5 milhão.

Como é que chegam à Arábia Saudita e se conseguem distinguir?

A história é engraçada. Ganhámos a Saudi Arabian Military Industries (SAMI) e fizemos vários eventos que correram bem. Na Arábia Saudita existe um ministro único para o turismo e para a defesa – só na Arábia Saudita é que isto pode acontecer.

Propusemos ao ministro que nos consultasse, para fazermos uma feira de turismo, uma vez que eles nunca tinham participado numa feira de turismo.

Com tantas restrições, nomeadamente no que diz respeito às mulheres, fazia sentido promover o turismo?

Já não há assim tantas restrições. A certa altura, o MBS [Mohammed bin Salman], o príncipe que manda, decidiu abrir a Arábia Saudita ao mundo, porque o petróleo vai acabar e eles têm de começar a fazer qualquer coisa. O país é lindo, absolutamente incrível.

Como fazíamos os eventos de defesa, fomos a uma reunião com o CEO da Saudi Tourism Authority mostrar o nosso portefólio e ele disse: “é isto que vocês querem fazer para nós? Acham que alguma uma vez vamos adjudicar-vos alguma coisa? Nunca fomos a uma feira de turismo, acham que é isto que vamos querer? Isto é super ‘boring'”.

Dissemos que fazemos tudo aquilo que os clientes pedem: se eles pedem ‘boring’, fazemos ‘boring’. Mas, se pedirem outra coisa, fazemos. Eles queriam ir à maior feira de turismo do mundo, a ITB em Berlim, mas já não havia espaço. O único espaço que a feira deu era fora dos pavilhões, num parque de estacionamento.

Fizemos um projeto de €4 milhões, todo ‘prá frentex’, completamente diferente. Montámos tudo, mas a feira foi cancelada por causa da pandemia. Pensei que íamos falir porque não nos iam pagar. Nenhum saudita foi lá ver, porque entretanto fecharam as fronteiras, mas pagaram-nos e engraçaram connosco. Daí para a frente já fizemos sete grandes feiras.

O que é que aconteceu ao pavilhão?

Guardámos os móveis, aquilo que dava para aproveitar, e o resto foi para lixo.

O stand do Turismo da Árabia Saudita realizado em 2020 para a feira ITB, em Berlim, que não chega a abrir, por causa da pandemia

As feiras estão em queda. Quais são as oportunidades nos eventos e nas ativações de marca?

As feiras estão em queda em Portugal, lá fora continuam a bombar. Tem a ver com o nosso mercado, que é muito pequeno e os custos são grandes. Há uma feira boa em Portugal, talvez, a BTL – porque dependemos muito de turismo –, e depois há pequenas feiras setoriais, mas não há investimento na criatividade.

É o espaço com uma alcatifa no chão e pouco mais. As feiras estão mais concentradas naquelas que são as mais reconhecidas e é onde as grandes empresas investem. Não fazemos coisas só nas feiras, também fazemos, por exemplo, em museus, como um projeto que fizemos para a APEX. Clientes do Brasil, trabalhamos também a Embratur, que é a parte turística, e fazemos todos os stands do Brasil nos Estados Unidos e na Europa.

O desafio da falta de espaços para eventos

Existem oportunidades para crescer em Portugal?

A grande oportunidade de negócio em Portugal – e nunca nos quisemos meter nisso nem vamos – é arranjar espaços. Se fosse mais jovem, antes de ir para outro país, ia arranjar espaços cá que possam acolher todo o tipo de eventos, sobretudo corporativos, que é a nossa área.

Estamos com um problema com a Google, que quer fazer um evento cá num dia específico em maio, e o único sítio que arranjámos é na antiga Carris, no Arco do Cego, mas não conseguimos encaixar lá 800 pessoas, mesmo montando tendas. Estamos em risco de não fazer este mega evento e há vários eventos que saem de Portugal porque não há espaços.

Se a Multilem não vai apostar em espaços, quais são as apostas?

É consolidar. O objetivo é os Estados Unidos, que abrimos no final de 2024, e consolidar essa aposta. Temos um problema com os vistos, que são muito difíceis e que com o novo presidente Trump mais difíceis ficaram.

Isto pode gerar algum problema porque precisamos de levar para lá alguns portugueses imbuídos do nosso ADN, dos valores da confiança, cumprimento dos prazos, qualidade de acabamentos e melhorar o trabalho sempre até ao fim. Nunca nada está pronto.

Se temos tempo para fazer ainda melhor, temos de o fazer, mas fazê-lo por nós. Muitas vezes digo “isto aqui não está bem, faça não sei o quê” e dizem-me “isso está escondido, ninguém vê” e eu digo “vejo eu”. Temos de ter brio naquilo que fazemos e não sei se o freguês vai ver ou não, mas preciso de estar contente com o resultado. Este ADN é essencial e mais ainda num país novo.

Quais são os outros objetivos?

Abrir na China. Já fizemos o contrato e vamos funcionar nas instalações do nosso sócio local, que é uma empresa destas áreas, porque precisamos de assegurar o conhecimento do mercado. Temos um evento absolutamente megalómano em cima da mesa, que estamos na final, ainda não ganhámos, que há de ser o primeiro grande cliente na China.

Vai deixar Portugal para segundo plano?

Portugal não está em segundo plano, continuamos a querer trabalhar com marcas e já trabalhamos com grandes marcas, como a Fundação Francisco Manuel dos Santos, a Fundação Oceano Azul, a Jerónimo Martins e o grupo José de Mello, por exemplo.

Qual é o cliente mais recente e quando é que entrou na Multilem em Portugal?

Talvez seja o ‘revival’ do Novo Banco no ano passado – já tínhamos trabalhado o Banco Espírito Santo – e a TAP.

Atração de talento, sustentabilidade e IA

Entre os temas na ordem do dia, há a questão da retenção e atração de talento. Na sua área é uma dificuldade?

É um desafio porque a retenção de talento é decisiva, e juro que isto não é conversa, porque a Multilem são as pessoas. Não sou eu nem os outros acionistas quem está em Boston, Xangai, Londres, Azambuja e Lisboa a fazer montagens.

Como é que faz para atrair talento?

É difícil, o mercado de trabalho está esgotado, não há pessoas disponíveis e temos imensa dificuldade em recrutar, sobretudo na área comercial e da criatividade. É uma área muito exigente. Tivemos pessoas fantásticas que davam a vida pela Multilem, mas que são casadas e têm filhos, e não podem estar o tempo todo fora de casa.

Temos pessoas que num ano dormem 250 noites fora de casa, porque andam em montagens ou em eventos. A nível de remuneração tentamos pagar melhor, este ano conseguimos dar um 15º mês de salário. Temos o compromisso de repartir parte do lucro da empresa por todos os trabalhadores.

Faz isso porque também não tem acionistas a exigir dividendos?

Não exigimos e gostávamos, mas há coisas mais importantes, como gerar algum bem-estar e alegria às pessoas que trabalham na Multilem, em vez de tirarmos dividendos. Tiramos no ano seguinte ou a meio do ano.

Na Multilem no Médio Oriente, por exemplo, recebemos os dividendos de 2023 esta semana, que vão ser para investir nos Estados Unidos e na China, ou para pagar alguns empréstimos que íamos fazendo, para financiar a atividade.

O Festival Lai Ba Saudi Travel, no Temple of Heaven, em Pequim, é um dos projetos da Multilem que Pedro Castro coloca entre os mais marcantes

Os stands têm muito desperdício e impacto ambiental. O que é que fazem a nível da sustentabilidade?

Temos uma grande preocupação com a reciclagem. Os bons clientes nunca querem ficar com nada. Tudo o que é audiovisuais, que é uma grande componente, são reutilizáveis e tentamos reutilizar os materiais de construção, as estruturas metálicas e as madeiras, em outros trabalhos.

Às vezes até sai mais caro reutilizar do que fazer de novo, mas temos essa consciência da sustentabilidade. Cada vez mais usamos materiais sustentáveis e com o menos possível de plástico e de pegada. Os clientes também já pedem propostas sustentáveis.

Não ser sustentável já não é aceitável?

Sim, para o tipo de clientes que temos. Se for num nicho de mercado mais baixo, em que a única coisa que interessa ao cliente é pagar menos, é completamente indiferente. Para as grandes empresas portuguesas e internacionais é absolutamente decisivo que digamos o que é que vamos fazer com o stand.

Estamos a tratar das certificações de que somos sustentáveis, para mostrar aos clientes que os restos dos stands não são lixo, não deixam uma pegada. Isso faz parte da consciência enquanto cidadão.

De que formas a inteligência artificial está a contribuir para a criatividade e crescimento do negócio da Multilem?

A inteligência artificial (IA) está a transformar profundamente a criatividade e o crescimento da Multilem, acelerando processos e ampliando as capacidades da equipa criativa. No design 3D e na construção de ‘storytelling’, por exemplo, a IA permite experimentar ideias rapidamente, explorar novos estilos e criar narrativas visuais mais coesas.

Por outro lado, a IA está a revolucionar as experiências de marca, tornando-as mais interativas e personalizadas. Mas na Multilem, a IA não substitui a criatividade humana, acelera a sua aplicação, possibilitando resultados mais rápidos e eficientes.

Com a integração da tecnologia no processo criativo, a empresa consegue oferecer experiências mais inovadoras, imersivas e significativas, elevando a relação das marcas com os públicos. Na parte da estratégia e da apresentação da proposta, do texto a explicar o projeto, também utilizamos.

O altar do Papa Bento XVI, no Terreiro do Paço, em Lisboa, é um dos projetos da Multilem de que Pedro Castro mais se orgulha

Quando começa a Multilem, projetava transformá-la no que é hoje?

Não. Quando fizemos os primeiros stands personalizados, ou seja, sem serem em perfis de alumínio, e começámos a perceber que os clientes confiavam em nós, vislumbrei que seria possível crescer, mas nunca vislumbrei uma multinacional nos quatro continentes – quer dizer, já fizemos umas coisas pequenas na Austrália.

Até gostava de poder dizer que estamos nos cinco continentes, mas ainda não fomos porque não temos meios, é preciso tempo para formar as pessoas. Sem ter esse ADN, é dar um passo em falso. Para os Estados Unidos, por exemplo, vai uma pessoa que trabalha connosco há dez anos, que é a Ana Fontes, que vai ser nossa sócia.

Não tenho estes recursos todos para ir abrir em mais sítios. Também queria abrir em França, que é um mercado fortíssimo em eventos. O nosso ‘calcanhar de Aquiles’ é Espanha. E não é só por não ter lá recursos, os espanhóis também são muito bairristas, adjudicam às empresas espanholas.

De que formas é que o seu percurso pessoal e profissional o moldaram e à Multilem?

Sou aquilo que as pessoas com quem tenho trabalhado me ensinaram a ser e me pediram que fosse. Não fui só eu que fiz a Multilem, foi tudo o que fizemos juntos, os desafios que vivemos e ultrapassámos. Este espírito de família tornou-me na pessoa que sou, com defeitos e qualidades, e uma enorme gratidão por todas as pessoas que trabalharam na Multilem, que é um bocadinho a minha vida.

Onde é que é imagina a Multilem no futuro?

Imagino uma empresa mesmo global, uma multinacional, que onde quer que o cliente esteja e precise, possamos responder-lhe. Já acontece em quatro continentes e gostava que isso pudesse acontecer no mundo inteiro, de uma forma suave, e que as pessoas tivessem melhor qualidade de vida. Quando há um de nós que vai embora porque a vida que tem põe em causa a sua vida familiar, para mim é uma grande tristeza.

Gostava muito de conseguir resolver esse problema, de repartir melhor esse esforço. Porque, às vezes, quanto melhor é a pessoa, mais confiança temos e mais pedimos. Gostava que as pessoas tivessem orgulho, fossem felizes e tivessem uma boa qualidade de vida  é a regra número um -, que é mais importante do que distribuir os dividendos.

“Mercado de eventos é muito mais forte do que as ativações de marca”

De todos os projetos que a Multilem já fez, qual é o mais emblemático?

O que teve mais impacto, para mim e para muitas das pessoas que trabalharam na Multilem, foi o altar do Papa Bento XVI no Terreiro do Paço, porque foi arrasador. Fora de Portugal são os stands da Saudi Tourism e o evento na China.

Trabalham eventos, expositores e ativações de marca. Qual destas áreas está com mais procura?

As ativações têm muita procura, mas não têm o mesmo volume. Temos feito o Super Bock Super Rock, a parte da decoração do espaço, imagem e estratégia, mas é um volume muito mais pequeno. Fizemos o Novo Banco no Nos Alive no ano passado e vamos fazer este ano.

É mais ativações na área da música, mas para o Banco Espírito Santo já fazíamos os balcões e sobretudo eventos, como o BES Photo, o Estoril Open, os encontros de quadros e a assembleia geral.

Quais são as tendências nos eventos, stands e ativações, que considera relevantes ou que os clientes procuram mais?

Sobretudo no Médio Oriente, existe muito a guerra pelos audiovisuais, em que o metro quadrado de ecrã é o mais importante. Gostam porque tem mais luz, é mais brilhante, tem movimento e vida, que para eles é importante. Temos milhares de metros quadrados de ecrãs LED no stand do Turismo da Arábia Saudita.

O mercado de feiras tem vindo a baixar e tem subido muito o mercado de eventos e de ativação de marca. Não sei se foi da pandemia, mas cada vez há mais eventos. Em Lisboa, é impossível arranjar uma sala. Estamos a fechar espaços para 2026 e há uma data de espaços que já não estão disponíveis.

Qual é a área mais forte, os eventos ou as ativações de marca?

O mercado de eventos é muito mais forte do que as ativações de marca, porque muitas vezes as ativações de marca têm sítios específicos que acontecem num lugar, onde já há um evento principal. É mais fácil fazer porque já existe o espaço e já está marcado para o evento principal. Por isso, os eventos são de longe a área que cresce mais e que tem mais tendência para crescer.

Na Multilem, quanto é que os eventos cresceram em 2024 face a 2023?

Cresceram 40%. No ano passado fizemos um evento para a Teleperformance com 15 mil pessoas, só de Portugal. Antigamente, isto era impensável, não existia este tipo de eventos, é um mercado novo.

Sobre o autorCatarina Nunes

Catarina Nunes

Diretora do Meios&Publicidade
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