“A Opto será um complemento de luxo às plataformas internacionais”
“A Opto será um complemento de luxo às plataformas internacionais. Com um preço mais baixo, mas com uma experiência de utilização e de navegação ao mesmo nível daquelas, estamos convictos de que será um sucesso, porque teremos milhares de horas de portugalidade de alta qualidade que falta aos outros”. A convicção é de Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa, que em entrevista ao M&P explica a nova aposta do grupo. O lançamento é no dia 24.

Carla Borges Ferreira
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Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa
“A Opto será um complemento de luxo às plataformas internacionais. Com um preço mais baixo, mas com uma experiência de utilização e de navegação ao mesmo nível daquelas, estamos convictos de que será um sucesso, porque teremos milhares de horas de portugalidade de alta qualidade que falta aos outros”. A convicção é de Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa, que em entrevista ao M&P explica a nova aposta do grupo. O lançamento é no dia 24.
Meios & Publicidade (M&P): Em Portugal já temos acesso a vários serviços de streaming. Porquê subscrever a Opto SIC? Qual é o potencial da plataforma?
Francisco Pedro Balsemão (FPB): Os diversos serviços de streaming em Portugal têm em comum o facto de serem internacionais e, até certo ponto, indiferenciados. Haverá certamente produtos com qualidade em todos, mas o consumidor terá alguma dificuldade em saber se a série X está na plataforma A ou na B. Ou seja, como há muitos produtos dispersos por várias plataformas internacionais caras, o consumidor dificilmente terá o incentivo ou a capacidade financeira para subscrever todas, ou mesmo mais do que uma. A Opto prima pela diferença porque é única, é a primeira plataforma com conteúdos de qualidade falados em português e produzidos em Portugal. Não há como enganar. A Opto será um complemento de luxo às plataformas internacionais. Com um preço mais baixo, mas com uma experiência de utilização e de navegação ao mesmo nível daquelas, estamos convictos de que será um sucesso, porque teremos milhares de horas de portugalidade de alta qualidade que falta aos outros.
Temos também a vantagem de já contarmos com muito talento que será canalizado para este projecto, como jornalistas, pivots, actores, apresentadores, guionistas, produtores, etc. E ainda a vantagem de podermos usar a SIC generalista, líder de audiências, como montra para o que se poderá ver na Opto, estando planeados vários momentos de cross-promotion. Por exemplo, uma das funcionalidades em que vamos apostar, e que será um dos pilares do êxito da plataforma, será a possibilidade de se poder ver, na Opto, o episódio das novelas que estarão no ar na SIC com 24 horas de antecedência. Com isto, contamos que o nosso público da generalista e fã do género novelas venha a ter curiosidade de explorar outros formatos presentes na plataforma. O mesmo se aplica aos noticiários curtos, de 10, 15 ou 20 minutos, apresentados pelos habituais pivots da SIC, que estarão exclusivamente disponíveis na Opto.
M&P: Vão arrancar com uma versão base e uma premium. Como é que pretendem alimentar/enriquecer cada uma delas a curto/ médio prazo?
FPB: A gestão do portfólio far-se-á de forma dinâmica, com uma equipa alocada a fazer diária e semanalmente as alterações necessárias com base nas preferências dos utilizadores, aferidas através da recolha e processamento de dados. Trabalharemos também com um sistema de data analytics próprio para serviços de streaming, que alimentará o modelo de recomendações típico destas plataformas, e contamos com uma equipa de data scientists, gestores de produto e engagement managers para melhorar constantemente o produto e a customer experience.
M&P: As fontes de receita serão só a subscrição? Haverá publicidade em ambas as versões?
FPB: O primeiro ano da versão premium da Opto custará€29,99 euros, se se fizer a subscrição até à data de lançamento da plataforma, a 24 de Novembro. Quem subscrever a partir dessa data pagará o valor de 39,99 euros por ano. Quem preferir a versão mensal poderá subscrever o serviço por 3,99 euros/mês. No estrangeiro, apenas existe a versão com subscrição anual, com um valor de€69,99 euros/ano, já que acrescentamos, no bundle, a SIC Notícias. Na versão premium da Opto não serão inseridos pre-rolls nem mid-rolls, ao contrário do que acontece na versão gratuita da plataforma. Poderá, em qualquer caso, haver publicidade na versão premium, embora em formato não intrusivo, além de branded content.
M&P: A distribuição é um facto crítico nas OTT. Como é que se vai processar? Vão estar presentes também nos operadores de televisão?
FPB: A reacção do mercado à Opto tem sido muito positiva, tanto de anunciantes e agências como dos distribuidores, que vêem a plataforma como uma oportunidade para acrescentar valor ao seu portfólio, que complementará o leque de canais temáticos da SIC de que dispõem. Estamos em conversas com estes nossos parceiros e esperamos que em breve possamos anunciar a integração da Opto nos principais serviços de distribuição nacionais e internacionais.
M&P: A Opto no exterior terá um custo anual de 69,99 euros. O objectivo é conquistar o mercado da saudade? Qual é o potencial da plataforma no exterior? A TVI Player Internacional diz ter conquistado em cerca de seis meses 15 mil subscritores…
FPB: A OPTO não será uma SIC Memória nem pretendemos atingir o mercado da saudade no estrangeiro. É claro que vamos ter best sellers na plataforma, como Gato Fedorento, Médico de Família ou Floribella, porque sabemos que, à semelhança do que aconteceu com títulos em serviços de streaming internacionais (como Friends ou The Office), é muito importante termos conteúdos com a curadoria SIC que continuam a ter uma ressonância forte junto dos nossos púbicos. Mas a Opto será sobretudo inovadora, um espaço para se dar asas à criatividade e a novas estéticas e técnicas narrativas, sem medo de diversificar e arriscar, e daí apostarmos inicialmente na produção de conteúdos originais em géneros tão distintos como o drama histórico (A Generala), o humor na vertente sátira social (Esperança), uma série arrojada (O Clube), sketches (de Ricardo Araújo Pereira), documentários (de Bruno Nogueira e Ljubomir Stanisic) e Grandes Reportagens (Mercado Negro, de Sofia Pinto Coelho). É apenas o começo, já que estes programas serão previsivelmente todos lançados até ao final do ano. Acreditamos que com esta qualidade, diversidade e diferenciação, apelaremos tanto ao público nacional como aos portugueses espalhados pelo mundo. E, porque não, tendo em conta o sucesso da nossa ficção além-fronteiras, a audiências estrangeiras, já que muitos dos nossos conteúdos serão legendados?
M&P: A plataforma representa um investimento de que ordem?
FPB: O investimento em conteúdos, tecnologia e talento foi o adequado para a ambição que temos para este projecto, tendo sido também suportado nas sinergias internas que podíamos potenciar.
M&P: Quantos subscritores esperam no primeiro ano?
FPB: Os nossos objectivos estão traçados, são ambiciosos, mas são um tema do foro interno da empresa. Acima de tudo, temos como meta criar, a médio prazo, um novo paradigma na criação, distribuição e monetização no ecossistema audiovisual em Portugal.
M&P: Lançaram em Outubro uma primeira campanha de subscrição, com um valor promocional de 29,99 euros/ano. Qual a adesão?
FPB: A taxa de adesão está dentro do plano traçado.
M&P: Com o lançamento de uma OTT própria fica excluída a hipótese de virem a produzir para plataformas internacionais?
FPB: A SIC tem uma história de parcerias internacionais, quer pelo facto de ser a estação em Portugal que mais canais emite para o estrangeiro, quer por ter sido o primeiro operador em Portugal a distribuir para plataformas de streaming estrangeiras. Ao lançarmos a Opto, a nossa estratégia passa, nesta fase, por sermos concorrentes, no sentido em que competiremos, através da proposta de valor que apresentaremos, pela atenção dos consumidores de conteúdos audiovisuais, complementando a oferta internacional que existe com a portugalidade com qualidade da nossa plataforma. Não descartamos trabalhar com outras plataformas, mais à frente, caso isso nos seja benéfico e se enquadre na nossa estratégia.
* A entrevista faz parte da última edição do M&P.