Em que ponto está o mercado publicitário de Angola?
“Saímos de quase 350 milhões de dólares em 2014 para cerca de 43 milhões em 2021. O nosso setor, envolvendo as produções, eventos, media exterior, salários, impostos, etc., registava números em 2014 próximos dos mil milhões de dólares”, diz Nuno Fernandes

Rui Oliveira Marques
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Nuno Fernandes (Executive)
A Executive, considerada uma das mais antigas agências de Angola, tem sido uma das impulsionadoras da indústria de publicidade em Angola. Fundada por Nuno Fernandes, que é também presidente da Associação Angolana das Empresas de Publicidade e Marketing, assinalou a 4 de novembro os 30 anos da sua fundação. Um pretexto para perceber o impacto que a crise financeira e económica dos anos mais recentes de Angola teve no setor, mas também as perspetivas que se abrem, agora que existem sinais de retoma.
“O investimento não seguirá, de certo, o paradigma anterior, onde as empresas angolanas foram pouco ganhadoras. Eram compradoras. Vivemos do exterior e dos esquemas financeiros criados à volta. As novas leis obrigam, cada vez mais, ao investimento local e à penalização da produção feita no exterior”, alerta Nuno Fernandes, em entrevista publicada na última edição do Meios & Publicidade.
“A publicidade em Angola, no geral, sofreu as consequências da degradação económico-financeira vivida nos últimos cinco anos. O investimento médio, em dólares, dá-nos uma ideia desse percurso. Saímos de quase 350 milhões de dólares em 2014 para cerca de 43 milhões em 2021. O nosso setor, envolvendo as produções, eventos, media exterior, salários, impostos, etc., registava números em 2014 próximos dos mil milhões de dólares”, refere Nuno Fernandes, relembrando que “foi também, em resultado da situação vivida, que assistimos à saída de força de trabalho qualificada originária, quer de Portugal quer do Brasil, muito por dificuldade nas transferências dos salários. Mas houve quem permanecesse, adequando-se aos novos tempos, até em termos salariais. Será muito difícil voltar aos figurinos antigos onde, de certa maneira, se praticavam salários muito acima da capacidade das empresas e da realidade do país”, aponta.
Angola é, nos dias de hoje, um bom país para investir na área da comunicação e do marketing ou continua a ser necessária muita resiliência? “O investimento não seguirá, de certo, o paradigma anterior, onde as empresas angolanas foram pouco ganhadoras. Eram compradoras. Vivemos do exterior e dos esquemas financeiros criados à volta. As novas leis obrigam, cada vez mais, ao investimento local e à penalização da produção feita no exterior”, enquadra na mesma entrevista o responsável máximo do grupo Executive. “O país tem de ser ganhador e não um exportador de divisas como o modelo anterior ditava. Há espaço para os investidores estrangeiros mas num figurino em que criem localmente estrutura, emprego, formação, deixem aqui os seus impostos e não sejam meros fornecedores de serviços para o país através das suas estruturas no estrangeiro. Devem ser investidores e não apenas fornecedores de serviços. É um modelo de que já não necessitamos nem queremos”, remata o presidente da Associação Angolana das Empresas de Publicidade e Marketing.