Opinião de José Luís Ramos Pinheiro, gerente do grupo R/Com
Até à próxima segunda-feira, dia 10, publicaremos diariamente artigos de opinião assinados pelos responsáveis dos maiores grupos de media do país. “Crise. E agora?”, foi o mote para os artigos. Hoje a palavra é de José Luís Ramos Pinheiro, gerente do grupo R/Com.

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A propósito dos media em Portugal, apetece-me retomar uma frase que fez história: Deixem-nos trabalhar. Não bloqueiem a nossa actividade, não lhe introduzam ruído, não avolumem obstáculos.
Para os anos 2011 / 2012, sinalizo dois desafios principais e espero que seja possível evitar um terceiro.
A conjuntura económica é o primeiro deles. Os media devem ser parceiros da solução e não (mais uma) parte do problema. Sabendo que o público (investidores e consumidores) precisa de meios de comunicação responsáveis e úteis, os media devem recriar soluções que acrescentem valor aos projectos dos anunciantes e satisfaçam as necessidades dos consumidores.
No caso do Grupo r/com renascença comunicação multimédia, essa atitude tem sido determinante.
A RFM lançou uma webtv – a RFMVi – no site e nas aplicações para iPad, iPhone e Android. Agora, numa parceira com o Grupo PT, a RFMVi pode ser vista no Meo, oferecendo nova plataforma de comunicação das marcas, com o vasto público que frequenta e consome os servicos do universo RFM. Já a Renascença acaba de lançar uma web tv informativa – Renascença V+ – bem como um novo site, ambos disponíveis, dentro de dias, também nas versões para ipad, iphone e android.
Outra solução diferenciadora lançada pelo Grupo r/com passa pela activação nas redes sociais de milhares de contactos com as marcas, em eventos por elas promovidos, através de uma tecnologia, até agora nunca usada em Portugal.
De resto, esta atitude do Grupo r/com visa enfrentar o segundo desafio – a transformação das plataformas tecnológicas.
O investigador americano Henry Jenkins garante que “old media never die”, mas aconselha os meios de comunicação a renegociarem a sua relação com os públicos, cruzando a sua actividade pelas diferentes plataformas, complementares na comunicação e na receita.
Claro que a rádio, portátil e userfriendly como sempre, tem maior facilidade de adaptação, permitindo que o público comute de plataforma (FM, AM, computador, telemóvel, iPad, smartphones, televisão) consoante a sua situação específica, em cada dia ou em cada momento, mas…mantendo relação e interação com a sua rádio favorita.
Corresponder aos desafios da conjuntura económica e da evolução tecnológica implica, porém, uma atitude global, positiva e proactiva. Os media têm que saber ajudar a sociedade a enfrentar o momento actual. A identidade do Grupo r/com conduz, de forma natural e não forçada, a este modo de intervenção e a um natural compromisso social. Mas, sem plágios e com ideias próprias, cada um encontrará o modo mais adequado de se envolver com os seus públicos – razão e justificação da actividade mediática. Sem utilidade social, os media perderão relevância.
Para além do económico e do tecnológico, espero ser possível evitar um terceiro desafio.
Se nesta conjuntura viessem a ser colocados no mercado canais de rádio e / ou de televisão nacionais, em resultado da privatização da RTP, os media seriam confrontados com o dramático desafio da sobrevivência.
Ninguém pode ignorar que o mercado publicitário apresenta nos últimos quatro anos, forte quebra de resultados, no valor de muitos milhões de euros.
Face à redução de investimento e quando os media se confrontam com os desafios económico e tecnológico, privatizar canais de rádio e / ou televisão significaria empobrecer dolorosamente esta indústria. Menos dinheiro e mais players significa (ainda) piores resultados para todos, menos recursos para conteúdos, redução da qualidade dos serviços prestados ao público e maior dependência económica dos media.
Para quem acredita em comunicação socialmente construtiva, mas económica e editorialmente independentes, a privatização dos media do Estado, nesta conjuntura, seria uma péssima noticia. Positivas quando vêm dinamizar, as privatizações devem ser evitadas quando vêm dinamitar.
Porém, acredito na vitória do bom senso.
De resto, na História, os portugueses remaram sempre melhor quando a maré não era de feição. Não há razão para supor que agora seja diferente.
Até à próxima segunda-feira, dia 10, publicaremos diariamente artigos de opinião assinados pelos responsáveis dos maiores grupos de media do país. “Crise. E agora?”, foi o mote para os textos de José Carlos Lourenço (Impresa Publishing), José Eduardo Moniz (Ongoing Media), José Luís Ramos Pinheiro (R/Com), Luís Santana (Cofina Media) e Miguel Gil (Media Capital). Hoje é a vez do gerente do grupo R/Com. Estes artigos fazem parte do especial Grandes Grupos de Comunicação Social, publicado na última edição do M&P.