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Marketing :: Artigos de Fundo

Os homens dos candidatos

  O último congresso do PS, realizado em Espinho, apresentou algumas novidades que mostram como mudou o relacionamento entre o partido, a comunicação social e os eleitores. Os bloguers puderam […]

Rui Oliveira Marques
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Os homens dos candidatos

  O último congresso do PS, realizado em Espinho, apresentou algumas novidades que mostram como mudou o relacionamento entre o partido, a comunicação social e os eleitores. Os bloguers puderam […]

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Rui Oliveira Marques
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O último congresso do PS, realizado em Espinho, apresentou algumas novidades que mostram como mudou o relacionamento entre o partido, a comunicação social e os eleitores. Os bloguers puderam acreditar-se, os jornalistas não tinham acesso às mesas dos congressistas, o palco alternou de cores e de disposição ao longo dos três dias de congresso e o site Socrates2009.com ficou online no preciso momento em que era anunciado perante os congressistas e os espectadores dos canais de informação por cabo, que o transmitiram em directo. Encabeçado pela mesma fotografia de campanha utilizada nas eleições de 2005, o Socrates2009.com apresenta informações e vídeos sobre a actividade política de Sócrates no governo e na direcção-geral do PS, ou a sua participação na Meia Maratona de Lisboa. A Euro RSCG esteve envolvida na organização do congresso, mas recusa prestar mais informações sobre o assunto. Já a LPM, que apresenta o PS na lista de clientes, um mês depois da realização do congresso, continua sem responder ao M&P sobre qual o papel que a consultora irá desempenhar nas legislativas.

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O congresso do PS é apenas um exemplo que mostra como os momentos de comunicação dos partidos são estudados ao pormenor. As agências de comunicação que nos últimos meses têm trabalhado para o governo e para o PS, a LPM de Paixão Martins e a First Five Consulting de João Tocha, são apontadas como as principais beneficiadas por este novo ciclo eleitoral. No entanto, o M&P não conseguiu obter um comentário dos seus responsáveis.

Com 2009 a incluir três actos eleitorais, haverá várias movimentações na área da comunicação. Eleições significam a contratação de consultoras de comunicação, de agências de publicidade, de empresas de publicidade exterior, empresas de brindes, de estudos de mercado, de aluguer de espaços e estruturas para comícios e de gráficas. Será, por isso, um bom ano para as agências de comunicação, que costumam ser a face mais visível na estratégia dos candidatos? Na YoungNetwork, as campanhas políticas poderão representar 10 a 15 por cento da facturação da agência. É apoiado nestes números que João Duarte, CEO da agência de comunicação, sustenta que “quem diz que não vai participar nas eleições porque não é rentável, pensa assim porque não de se deu bem no passado. Se calhar, há um ano diziam o contrário”. A YoungNetwork está a trabalhar a área política há dois anos e meio, tendo já tido experiências com o CDS, o PSD e o PS, para além de ter implementado uma campanha legislativa vencedora em Guiné-Bissau. Se numa primeira fase a agência investiu em desenvolver uma rede de contactos e melhorar o know how, o objectivo para este ano é participar em 10 eleições.

“Estamos em contactos avançados com um partido do arco do poder para as legislativas e, para as europeias, com um partido fora da esfera do poder”, adianta João Duarte.

Esta área é dirigida por Rui Calafate, que chefiou a área de imprensa de Santana Lopes, na Câmara de Lisboa e depois no Governo. Calafate é apoiado por mais duas pessoas, mas “em situação de campanha terá o apoio de toda a área de consultoria que são 30 pessoas”, detalha João Duarte. Quanto a preços, uma campanha poderá orçar entre 75 a 100 mil euros. “Depende da campanha e se é para ganhar. Se for para ganhar, gasta-se mais”, considera.

Também a Ipsis de Tiago Franco refere que a sua equipa “está atenta, porque (a política) é uma área de negócio da agência”. O responsável põe de lado a conotação que o mercado costuma fazer entre a Ipsis e o PSD e que, nesta fase, poderiam significar menos projectos em mãos. “A marca Ipsis é laranja. Esses comentários só podem ser baseados nisso”, ironiza Tiago Franco. A agência chegou a colaborar com o governo de Durão Barroso, mas esse trabalho, sustenta, “não tem comparação com o que faz o governo Sócrates”. A título de exemplo, a agência desenvolveu o projecto Abril é Evolução, aquando dos 30 anos do 25 de Abril.

No portfólio do grupo Brandia Central, que incorporou empresas como a MKT ou Mais Design que desenvolveram trabalhos na área política, estão a campanha autárquica de 2001 Eu Fico e a das legislativas de 2002 Braço Direito para o CDS/PP. Para as mesmas legislativas, a empresa desenvolveu a campanha distrital para o PS de Castelo Branco, numa lista encabeçada por José Sócrates.

A agência esteve ainda nas regionais de 2004 com o PS da Madeira e com o PSD dos Açores. “Trabalhamos com todos os partidos. Não somos tendenciosos, somos profissionais”, sublinha o responsável da Ipsis, agência que integra o grupo Brandia Central. Para 2009, “ainda é cedo” saber quais as campanhas em que a Ipsis estará envolvida. “Mais para o fim de Abril é que começará a haver movimentações.

A única excepção são as europeias, que deverão ser trabalhadas mais cedo”. Para este ciclo eleitoral, em que a Ipsis prevê que a área política represente 10 por cento da facturação, a agência pretende posicionar-se na parte “científica” das eleições, isto é, na recolha e análise de informação e criação de conceitos. E já que se fala de planos, Tiago Franco não hesita em apontar o político que gostaria de trabalhar: Jerónimo de Sousa. As razões são claras: “Com o crescimento do Bloco de Esquerda, o PCP tem tido dificuldade em posicionar-se. Seria um bastante interessante trabalhar Jerónimo de Sousa”.

Já a Agenda Setting está concentrada nas eleições autárquicas. A agência colocou online o site www.autarquicas2009.net, onde apresenta os serviços para as eleições, e realizou um seminário de dois dias no Porto, que vai replicar no início de Maio em Lisboa, sobre marketing político. É também com este trabalho para dar visibilidade à empresa, que José-Manuel Diogo diz que pode gerir até 15 campanhas autárquicas. Neste momento tem três confirmadas. O consultor explica o seu método de trabalho: “O meu foco é avaliar no terreno onde é que a comunicação funcionou, onde é que não funcionou, onde é que se podem explorar as debilidades do adversário e gerar awareness. Esse trabalho faz-se estudando o público. Tive há pouco uma experiência de um candidato que não avançou depois dos estudos”. A eleição de Alberto Santos (PSD) para Penafiel ou a segunda eleição de Carlos Encarnação (PSD) para Coimbra constam no portfólio da Agenda Setting. E preços? “Custa exactamente aquilo que a lei permite. Tenho avenças de 1.800 euros e outras de quatro mil, de acordo com a forma como eu e a minha equipa gastamos mais ou menos tempo”. Depois existem produtos agregados que fazem crescer a factura.

Para as autárquicas, José-Manuel Diogo acredita que vão existir “o triplo de candidatos independentes que houve nas últimas eleições. E neste caso ganhar pode não significar ficar com a Câmara, mas sim ser eleito”. O consultor ajuda a definir os passos de um trabalho político: “Estuda-se, definem-se os instrumentos de comunicação e adequa-se ao orçamento e ao que é necessário para comunicar com aquele público. A tecnologia e a estatística ajudam a perceber se vai acontecer ou não um desastre. Eu garanto que dou aos meus candidatos o que as sondagens dizem. Eles depois podem pedir para não dizer à equipa para não desmoralizar ou embandeirar em arco os resultados. Mas sei que há gente que não dá aos candidatos o que dizem as sondagens”, declara o responsável da Agenda Setting.

A Inforpress está também a desenvolver contactos para as eleições. Paralelamente, a agência está a assessorar um projecto paneuropeu para sensibilizar para a votação nas eleições europeias, e a nível nacional, conta Ana Margarida Ximenes, “estamos a desenvolver um trabalho continuado para a Câmara Municipal de Estremoz, que contempla um conjunto de acções de comunicação e marketing relacional, potenciando a comunicação desta autarquia com os munícipes”. Em ano de autárquicas, continua a country manager da Inforpress, “temos sentido um interesse e uma aposta cada vez maior pela área da comunicação, em especial na web 2.0”. Para os eventuais candidatos autárquicos, a Inforpress apresenta um portfólio de serviços que vai desde a “realização de serviços tradicionais de comunicação até à criação e implementação de projectos web”, resume.

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Efeito Obama a caminho?

As eleições vão marcar o explodir de ferramentas digitais, à semelhança do que aconteceu recentemente nos EUA com a campanha de Barack Obama? João Duarte acredita que não, até porque em Portugal, diz, “têm pouca audiência, mas é uma audiência que influencia bastante.

Estamos agora a assistir muito a bloguers que passam para comentadores de jornais e televisões. Vai ser uma ferramenta importante, mas nada que se compare a Obama.

Não será o principal eixo de comunicação”. O consultor apresenta um caso. Num meio pequeno, em que a idade média da população ronda os 50 anos, um comício será sempre mais importante que uma rede social. “É preciso estar onde está a audiência, ou neste caso, os eleitores”, refere João Duarte. José-Manuel Diogo destaca que as últimas décadas clivaram um fosso cultural entre Lisboa e Porto e o resto do país. Por isso, o uso de ferramentas deverá estar adequado à realidade do meio. “Se calhar em Viana do Castelo ainda se pode pensar em televisão, mas em Vila Nova de Cerveira é possível que baste rádio e um comício”, aponta.

Quem não vai

Salvador da Cunha, que dirige a Lift, é peremptório quanto à decisão de não prestar serviços na área de consultoria política: “Não quero ser conotado com política. Quero que a Lift seja conotada com uma boa consultora de comunicação.” No passado, o CEO da Lift acompanhou Paulo Portas nas legislativas de 2005, cujo resultado levou a que o líder do CDS PP deixasse à época a liderança do partido.

A remuneração é determinante para esta opção: “A actividade não é rentável para um consultor”. Salvador da Cunha faz as contas: “Eu cobro 200 euros à hora, se se multiplicar por oito horas por dia e depois por 30 dias, veja lá quanto é que o político tem de pagar por mês. Não há estrutura política em Portugal que pague 48 mil euros.

Se calhar, pagam esse valor a outras pessoas, mas a mim não pagam. E mesmo que me pagassem 48 mil euros, não sei se não seria mais rentável aqui na agência.” Daí que este profissional acredite que os líderes das agências “ou têm uma estrutura grande por detrás e mantêm a rentabilidade por estarem ao mesmo tempo nos clientes empresariais, ou então distraem-se com um ano inteiro de eleições. É preciso ter uma organização muito bem oleada para sair da organização para fazer consultoria política. É que estar totalmente focado na comunicação política consome 24 horas por dia. É absolutamente avassalador”. Mesmo assim, a Lift deverá começar a comercializar um produto chave na mão dirigido a autarcas e deputados. “Explicarei o que é na altura certa”, remata Salvador da Cunha.

Também Cunha Vaz optou por este ano não se envolver em eleições. A consultora que dirige ainda teve uma experiência recente em Cabo Verde onde conseguiu ganhar algumas das principais cidades para o MpD. Ao M&P Cunha Vaz referiu que “a CV&A decidiu que só em democracia se devem fazer campanhas políticas, sob pena de não se poder perder. A CV&A orgulha-se de ter ‘ganho’ duas das três eleições em que participou em Portugal, sempre em circunstâncias adversas, nomeadamente na ‘vitória’ que foi o segundo lugar de Carmona Rodrigues na eleição como independente para a Câmara Municipal de Lisboa. Nunca fará campanhas que ‘já ganharam’. Por essa razão, não terão relevância as suas acções políticas em Portugal.

Depois da vitória em que fomos intervenientes em Cabo Verde nas autárquicas e em nome do MpD, decidimos apenas fazer campanhas onde a democracia é real.” Cunha Vaz voltou a referir esta semana, a fechar a conferência com Plouffe em Lisboa, que não iria participar em consultoria política, referindo que os candidatos “terão de escolher segundas hipóteses” na hora de contratar uma agência.

Atenção ao Norte

No Norte, que concentra o maior número de concelhos do país, deverá assistir-se às principais movimentações na área da comunicação política. Mesmo assim, o protagonismo das agências do Porto não deverá igualar o registado na última década. A extinta McCann Porto, então dirigida pelo agora deputado do PSD e responsável pelo Canal Parlamento Luís Campos Ferreira, foi responsável nos 90 e no início da actual década por campanhas autárquicas de Norte a Sul do país. A multinacional acabou por fechar o escritório a Norte, com alguns dos seus profissionais a criaram depois a Cineponto. Também a NTM, então com Agostinho Branquinho à frente dos seus destinos, chegou a ser outra das referências nesta área. Recorde-se que o agora deputado do PSD e responsável pela primeira eleição de Rui Rio para a Câmara do Porto, está a coordenar as campanhas do PSD (ver caixa Ferreira Leite).
Rui Rio ainda não apresentou a recandidatura à Câmara do Porto, mas a B+ de Sara Balonas, que trabalha a comunicação da Câmara Municipal do Porto, teve a teve a seu cargo o marketing político do candidato nas últimas autárquicas. Para estas eleições, a agência volta a ser apontada como a empresa que irá ficar com essa tarefa. Contactada pelo M&P, Sara Balonas preferiu não comentar o assunto. Já a candidatura de Elisa Ferreira à edilidade está a ser trabalhada pela Aedis. Este empresa é detida por Domingos Ferreira, que foi funcionário do PS durante 30 anos e que está neste momento a trabalhar, entre outras, as candidaturas socialistas a Valongo, Gaia, Gondomar, Trofa, Maia, Gouveia, Mangualde, Angra do Heroismo e Vila Velha de Ródão. Ao todo, a empresa espera estar em 12 a 14 candidaturas. “Não há tempo para mais”, refere Domingos Ferreira. Para os candidatos, a empresa de consultoria política desenvolve um estudo de opinião “que nos dá os indicadores, que depois nos ajudam a alimentar um briefing e as etapas que se seguem”. Domingos Ferreira é também sócio da Longo Alcance, da Sino e da Grande Evento, que também estão envolvidas na concepção, execução e produção das campanhas. A empresa colabora ainda na organização dos congressos e encontros Novas Fronteiras do PS, e tem um pé nas europeias. Será a Aedis a responsável pelo evento que vai levar este fim-de-semana Vital Moreira e Mário Soares ao Porto, no âmbito da campanha para as europeias. O ciclo político deste ano, refere Domingos Ferreira, deverá representar uma facturação de 700 a 800 mil euros.
A aversão de Ferreira Leite às agências de comunicação

Pouco tempo depois de ser eleita presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite fez saber que não iria trabalhar com qualquer agência de comunicação. Esta decisão representava um corte com a liderança de Luís Filipe Menezes que chegou a contar com a assessoria de António Cunha Vaz. Recorde-se que o então líder do PSD chegou a propor que a Cunha Vaz apoiasse, ao nível da comunicação, o grupo parlamentar, um plano que não chegou a concretizar-se, depois de ter criado uma crise política entre Menezes e o seu grupo parlamentar, então dirigido por Santana Lopes. Luís Paixão Martins escreveu no seu blogue e a propósito de Cunha Vaz que se estava a assistir a uma “novela mexicana” e que os associados da APECOM (Associação Portuguesa das Empresas de Conselho em Comunicação e Relações Públicas) deveriam reflectir “se a coabitação com a protagonista da ‘novela mexicana’ não é prejudicial para as suas empresas”.

A presidente do PSD voltou a colocar na ordem do dia o alegado protagonismo das agências de comunicação no processo político e encontrou em Pacheco Pereira o porta-voz dessa posição. “É interessante ver a sanha com que Manuela Ferreira Leite é atacada pelos donos e empregados das agências de comunicação que pululam nos blogues, muitas vezes sem se identificarem como tal.

Compreende-se bem: para eles seria insuportável que um político obtivesse resultados sem a ajuda dos ‘profissionais’ de comunicação”, escreveu Pacheco Pereira no Abrupto. O historiador e apoiante de Ferreira Leite considerou também que a relação entre políticos e agências de comunicação “é um dos sintomas da degradação da política contemporânea”.

O papel de Cunha Vaz e das agências de comunicação na vida política culminou numa entrevista do responsável máximo da Cunha Vaz & Associados ao Público, que recebeu um destaque significativo na primeira página do jornal, numa visibilidade até aqui inédita para um consultor.

Quase um ano depois deste episódio, o M&P pediu a Cunha Vaz para analisar o desempenho, ao nível da comunicação, de Manuela Ferreira Leite. O consultor é directo: “Avalio menos bem. O PSD tem sempre um comportamento autofágico.

Elegeu o dr. Luis Filipe Menezes com o maior número de votos de sempre e alguns dos que pensam ter pedigree assassinaram-no no dia seguinte à eleição. Muitos desses estão com Manuela Ferreira Leite, mas mordem pela calada – à espera da sua vez – e em nada contribuem para criar um partido forte que ajude a dar saúde à nossa democracia. Dizia-se que Carter tinha sido o melhor presidente da URSS que os EUA tinham tido até então. Espero que não possa dizer-se que Manuela Ferreira Leite é o melhor presidente do PS que o PSD teve até hoje. Não que eu seja do PSD ou do PS. O que eu desejo é uma democracia forte com dois partidos igualmente fortes.”

Nas legislativas e europeias, o PSD não deverá contar com os serviços de qualquer agência de comunicação. O trabalho eleitoral, que nos sociais-democratas costumava estar nas mãos do secretário-geral, conta com dois homens no terreno. Castro Almeida, presidente da Câmara Municipal de São João da Madeira, é o coordenador autárquico, enquanto Agostinho Branquinho, deputado com experiência na área da publicidade, coordena as campanhas. Matos Rosa, Emídio Guerreiro e Luís Rodrigues são ainda apontados como elementos-chave para as disputas que se avizinham. Francisco Azevedo e Silva, ex-director-adjunto do DN, enquanto chefe de gabinete de Ferreira Leite, irá também ser uma peça activa no planeamento das eleições. O PSD conta também com um gabinete interno organizado para as áreas das novas tecnologias, design e audiovisuais. A título de exemplo, o rebranding do logotipo do partido, que Menezes chegou a apresentar e entretanto foi abandonado, foi desenhado internamente por Júlio Pisa. O Bloco de Esquerda e o PCP, segundo informações recolhidas pelo M&P, vão continuar a privilegiar o envolvimento dos militantes nas estratégias eleitorais.
Seis lições da campanha de Obama

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David Plouffe, estratega da campanha de Barack Obama, esteve esta segunda-feira em Lisboa a explicar os eixos diferenciadores que marcaram a corrida eleitoral. Conheça as ideias principais.

1. Um plano de meios inovador. Uma campanha tradicional nos EUA baseava-se em televisão, em mailing e sound bites dos candidatos. Obama veio mudar estes pressupostos. O plano de meios alocou à televisão 50 por cento do orçamento, quando os candidatos costumam destinar-lhe 75 por cento. Ao mesmo tempo, a candidatura privilegiou a publicidade na internet e o investimento em tecnologia.

“Gastámos mais dinheiro em tecnologia do que qualquer outro candidato”, referiu David Plouffe. As redes sociais também foram privilegiadas. “Utilizámos uma comunicação de igual para igual, valorizando as pessoas”. No entanto, o consultor sublinha que não se pode ser “escravo de uma ferramenta” e é preciso estar preparado para actualizar constantemente os meios envolvidos. A título de exemplo, quando a campanha de Obama começou a ser planeada, ainda não existia o Twitter. No entanto, sublinha, “é um erro ficar apoiado na tecnologia. É preciso é pô-la ao serviço da campanha”.

2. Recolher o máximo de informação e medir tudo. “Quanto melhor for a informação e os dados, melhores serão as decisões”, considera David Plouffe, que destaca a necessidade de conhecer bem os vários grupos de eleitores e das diferentes regiões.

3. A rua e a internet são mais importantes que os meios tradicionais. Para o staff eleitoral de Obama, a opinião das pessoas comuns era mais valorizada que a da imprensa. “Enquanto Hillary Clinton e McCain viam se tinham tido ou não um bom dia através das notícias que passavam na CNN, para nós, mais importante do que diziam os media, era o que diziam as pessoas”, relembrou Plouffe. Os voluntários da campanha “eram os nossos olhos e ouvidos”. A campanha partiu também do princípio de que os jovens, que foram decisivos para os resultados, possuem um modelo para construir a sua opinião diferente das gerações mais velhas. “Já não estão atentos aos noticiários nacionais da noite ou aos jornais. Procuram por sua conta informação online para partilhar com as pessoas”.

4. Informar os apoiantes. A campanha chegou a ser constituída por uma rede de 30 milhões de e-mails de apoiantes, que eram alimentados com conteúdos renovados, ao mesmo tempo que contornavam as interpretações de jornalistas e comentadores. Cada voluntário de campanha dedicou em média 20 horas semanais à candidatura e era informado por e-mail sobre o estado em que se encontrava a disputa eleitoral e qual o seu papel para contribuírem para a vitória do candidato. A agenda era programada para que quando Obama estivesse com determinado tema na ordem do dia, os seus apoiantes tivessem já informação básica que os ajudasse a consolidá-lo junto de outros cidadãos.

Recorde-se que entre as acções de campanha a cargo dos voluntários, à boa maneira dos EUA, estavam o contacto porta-a-porta e chamadas telefónicas. “Não teríamos vencido sem o apoio destas pessoas”, declarou Plouffe.

5. Preparar momentos memoráveis. O discurso na convenção democrática em Denver ou o de Berlim foram momentos que permitiram criar imagens fortes junto do eleitorado. No caso do de Berlim e perante o risco que representava, “nove em cada dez pessoas diziam que não o devíamos fazer”, recordou Plouffe. “Não era fácil, um movimento em falso e podia ser um grande problema”. Por ser um candidato às presidenciais não contou com apoio logístico das autoridades dos EUA para a realização do comício na capital alemã.

6. O candidato outsider. Obama “era um outsider. Há candidatos que passam anos e décadas a planear a sua campanha. Obama não tinha apoio fora do Illionis”, conta o estratega. “Nós só podíamos conquistar a presidência com um movimento popular. Era David contra Golias”. Por ser desconhecido, a candidatura teve de antecipar ataques de desinformação de várias frentes. A titulo de exemplo, a candidatura preparou um site onde respondia a apenas uma questão: Obama é muçulmano? “Gastámos muito dinheiro a educar as pessoas, até para explicar como e onde podiam votar”, sublinha o estratega.

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News Now, novo canal 9 do cabo, arranca no início do verão. Concorre diretamente com CMTV, também da Medialivre

Início das emissões está dependente da conclusão das obras de remodelação dos novos estúdios. Os 59 jornalistas contratados já iniciaram a formação. António Costa, Fernando Medina, Pedro Santana Lopes, Rui Rio e Américo Aguiar estão confirmados como comentadores

O News Now, novo canal informativo da Medialivre, que vai ocupar a posição 9 na grelha dos serviços de subscrição televisiva da Meo, da Nos e da Vodafone, explorará sinergias com outros títulos do grupo, como o Negócios, a Sábado, a Máxima e a Record. Irá rivalizar com a CMTV, o primeiro canal de televisão lançado pela Cofina, antes da venda da empresa aos novos donos. “Vão ser concorrentes. São destinados a públicos distintos e diferenciados”, assume ao M&P Carlos Rodrigues, diretor-geral editorial da Medialivre à margem da apresentação do News Now, a 3 de maio.

“Vamos ter uma proposta diferenciadora ao nível das notícias, com jornalismo de investigação, e juntar as redações dos vários títulos da Medialivre. Vamos ter uma proposta diferenciadora também ao nível da opinião, apostando em protagonistas e especialistas. Vamos fugir aos ‘tudólogos’, comentadores que falam sobre tudo, um conceito que está cada vez mais degradado nas televisões”, revela Carlos Rodrigues, avançando que o News Now pretende recuperar também o conceito da hora certa, com informação exata e noticiários à hora certa. “É raro isto acontecer hoje em televisão”, lamenta.

O arranque das emissões está dependente da conclusão das obras de transformação da antiga área de design em estúdios tecnologicamente avançados. “Tão depressa quanto possível arrancaremos”, afirma Carlos Rodrigues, sem todavia se comprometer com uma data. “Espero que avance antes do verão”, assume durante a intervenção na apresentação do canal. Paulo Oliveira Lima, diretor executivo do News Now, também não arrisca uma previsão. “Nas próximas semanas vamos implementar revoluções tecnológicas, que vão fazer a diferença ao nível da operação e da imagem”, anuncia.

“Depois disso, serão necessários os respetivos ensaios para levar até ao espetador um produto diferenciador, de qualidade, bem feito, que acrescenta valor. Há sempre uma forma diferente de fazer as coisas. O segredo é a alma do negócio, mas podem ter a certeza que não vamos fazer como os outros”, assegura o responsável ao M&P. Os 59 jornalistas contratados iniciaram a formação a 2 de maio, véspera da apresentação do novo canal. Os políticos António Costa, Fernando Medina, Pedro Santana Lopes, Rui Rio e o bispo Américo Aguiar estão confirmados como comentadores do novo canal informativo.

O logotipo do News Now, uma opção sóbria em branco e azul, foi desenvolvido internamente pelo departamento gráfico do grupo. “Desenganem-se os que acham que vamos ser um canal cinzento e institucional. Seremos o contrário disso”, garante Carlos Rodrigues. “Temos muita vocação para fazer televisão e já o provámos com a CMTV”, sublinha Luís Santana, CEO da Medialivre. “Este projeto foi pensado para um público que não se revê na atual oferta televisiva e para uma larga faixa, que há muito abandonou esta forma de se manter informado”, refere ainda o gestor do grupo de media.

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

Luis Batista Gonçalves

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Criatividade ao serviço de um alfabeto em extinção

Sendo um criativo que questiona a relevância e o impacto social da publicidade, Levi Olivares destaca o trabalho da McCann NY, para a Microsoft, que digitaliza o alfabeto do idioma pulaar, como o projeto que gostaria de ter feito. A Casa Vigor é o que mais gostou de fazer

Levi Olivares – Diretor digital da McCann Lisboa

Qual é a campanha que gostaria de ter feito?

Tendo as minhas bases no design e no digital, e sendo também um daqueles criativos que por vezes questiona a relevância e o impacto social da nossa área, um trabalho que me chamou a atenção recentemente não foi bem uma campanha, mas sim um projeto da McCann NY, para a Microsoft, chamado ADLaM – An Alphabet to Preserve a Culture. O projeto, que ganhou dois Grand Prix no Cannes Lions em 2023, digitalizou o alfabeto do idioma pulaar, desenhado à mão pelos irmãos Ibrahima and Abdoulaye Barry com o objetivo de preservar a cultura do povo Fulani.

Qual é a razão dessa escolha?

São 40 milhões de pessoas, o maior grupo nómada do mundo, que por não terem um alfabeto oficial, usavam outros alfabetos para comunicar e, por isso, as nuances das palavras e dos seus significados na sua língua nativa estavam a desaparecer.

O que é que lhe chamou mais a atenção: o texto, a imagem, o protagonista ou outro aspeto do projeto e porquê?

O que me captou a atenção foi o resultado imediato e o impacto a longo prazo que o projeto tem. Não falo apenas de resultados ao nível de um caso publicitário, falo de resultados práticos para a vida das pessoas. Aprimorar e disponibilizar a fonte ADLam no mundo digital contribui para preservar as canções, a arte, as histórias, os poemas, as receitas e as piadas da cultura Fulani. Ao mesmo tempo, promove a alfabetização na África Ocidental. Na Guiné, as crianças Fulani já podem estudar na sua língua nativa pela primeira vez, e o Governo do Mali está em processo para incluir na sua Constituição a ADLam como alfabeto oficial.

O alfabeto foi desenhado à mão pelos irmãos guineenses Ibrahima e Abdoulaye Barry

Este projeto deu-lhe ideias para outras campanhas?

Não me deu uma ideia concreta, mas sim uma visão criativa aliada à tecnologia e dados, que no digital pode contribuir muito, não só para uma campanha sólida, mas também para um impacto social positivo.

Qual é a campanha que mais se orgulha de ter feito e gostou de fazer? Porquê?

Como diretor criativo digital da McCann, é difícil de escolher apenas um, mas orgulho-me justamente do primeiro projeto do departamento digital da agência, ainda recém-criado na época. No seguimento do rebranding da Vigor, o cliente pediu-nos um website institucional, que refletisse o novo universo gráfico e a proximidade que a marca tem com os consumidores.

Foi assim que surgiu a Casa Vigor, mais do que um site de leite convencional, criámos uma experiência interativa, dinâmica e única para quem visita leitevigor.pt. A ideia de UX/UI do website está assente na premissa de percorrer, através de uma single homepage, diferentes áreas de uma casa.

Para cada divisão, foram realizadas animações 3D, que foi um trabalho minucioso que permitiu incorporar todas as dimensões da marca em elementos clicáveis, como a cozinha (produtos e receitas), a sala (história da marca, ativações e campanhas) e a varanda (ações de sustentabilidade), entre outros. Um trabalho que realizámos em parceria com a Studio Nuts, que fez o 3D, e a Minshaker, que fez a programação.

Casa Vigor é um site institucional com uma experiência interativa, dinâmica e fora do comum

O que mais o inspira no dia a dia?

Inspira-me, enquanto profissional, um bom briefing. Inspira me como criativo, o barulho, o silêncio, ver coisas novas, revisitar coisas velhas, ir ali e acolá de vez em quando, futebol, cerveja, museu e teto de igreja, memórias afetivas, brutalismo e rococó e mais um monte de coisas que estão por vir.

O que faz quando está sem ideias?

Quando estou sem ideias, costumo trabalhar das 9h às 18h.

Ficha técnica
–––

Campanha: ADLaM – An Alphabet to Preserve a Culture
www.mccannny.com/work/adlam
Cliente: Microsoft
Agência: McCann NY
Diretores criativos: Pierre Lipton, Shayne Millington, Sean Bryan
Diretores criativos executivos: Cristina Reina, Pete Johnson
Diretores criativos de grupo: Christiano Abrahao, Luke Flynn, Guilherme Rácz, Lucas Casão
Diretores criativos associados: Kazuo Kubo, Lucas Ribeiro
Diretor de arte: Mikey Bready
Redatora: Sarah Wagner
Diretor de design: Mook Phoungbut
Designers: Chocho Han, Malik Dupree
Tecnóloga criativa: Alicia Foor
Diretora de estratégia: Erica Yahr
Diretor de planeamento: Amadeo Plaza
Planeadora: Kayla Jackson
País: EUA
Ano: 2023
Vídeo case:
www.youtube.com/watch?v=1GRTS2sFqhY
www.youtube.com/watch?v=4b0szldMYrI

 

Ficha técnica
–––

Campanha: Casa Vigor
https://leitevigor.pt
Cliente: Lactogal/Vigor
Agência: McCann Lisbon
Diretor criativo: Levi Olivares
Diretor de arte: Luís Catarino
Redator: Luís Perdigão
Diretor de conta: Miguel Gonçalves
Atendimento: Rita Penelas
Gestão de projeto: Marta Abreu
Motion & 3D: Studio Nuts
Desenvolvimento: MindShaker
Ano: 2023
Vídeo case:
https://vimeo.com/ 933717865

Sobre o autorDaniel Monteiro Rahman

Daniel Monteiro Rahman

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RTP transmite jogos do UEFA Euro Feminino Sub-17 em direto

As provas do Campeonato da Europa de Futebol Sub-17 Feminino da UEFA, competição desportiva em que a seleção portuguesa participa, são exibidas entre 5 a 18 de maio na RTP1, na RTP2 e na RTP Play. A final do torneio acontece a 18 de maio, na Suécia

De 5 a 18 de maio, os jogos do UEFA Euro Feminino Sub-17 podem ser visto em direto nos canais RTP1 e na RTP2 e na plataforma digital na RTP Play. “O pontapé de saída da seleção nacional acontece na segunda, dia 6, frente à seleção de Espanha. O jogo tem início às 17h30, em direto na RTP2. No dia 9, a equipa das quinas volta a entrar em campo para defrontar a seleção da Bélgica num jogo que poderá ser seguido a partir das 12h00, na RTP2”, informa a RTP em comunicado.

“No dia 12, Portugal tem pela frente o jogo com a seleção da Polónia, exibido às 14h30, na RTP1”, refere ainda o documento. Se a equipa portuguesa transitar para a fase seguinte, volta a jogar numa das meias-finais do Campeonato da Europa de Futebol Sub-17 Feminino, agendadas para 15 de maio, às 14h30 e às 17h30. A final da prova, que também será transmitida em direto, acontece a 18 de maio, às 16h, quatro horas depois da penúltima partida do torneio, que se realiza na Suécia.

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Crescer sozinha e em parceria não é uma contradição

Ao fim de um ano a operar sozinha com a Strategic Time, Sofia Jardim junta-se a Gonçalo Freitas e João Silva, que operam a partir do Dubai, para fundarem a Partners 4 Communication. Nova empresa integra os serviços de assessoria de imprensa e de relações públicas da Strategic Time e as valências de comunicação e marketing digital da Digital Connection, detida pelos outros dois sócios. As estruturas das duas empresas-mãe mantêm-se autónomas

Catarina Nunes

A parceria com uma empresa de comunicação e marketing digital é o próximo caminho a seguir por Sofia Jardim, que desde abril de 2023 trabalha a solo, através da Strategic Time. Esta é a agência de relações públicas e assessoria de imprensa que cria, quando sai dos hotéis Sublime, ao perceber a procura por profissionais nesta área que entreguem um serviço personalizado e com um único interlocutor, em detrimento das agências de comunicação clássicas, em que o cliente interage menos com o líder da empresa.

O objetivo imediato da união da Strategic Time com a Digital Conection não é abandonar este posicionamento. É antes disponibilizar aos clientes de cada uma delas os serviços uma da outra numa perspetiva integrada de partilha de clientes, através da Partners 4 Communication.

Esta nova empresa é detida por Sofia Jardim e dois sócios no Dubai, Gonçalo Freitas e João Silva, licenciados em engenharia multimédia e em relações públicas e comunicação empresarial, respetivamente, e proprietários da Digital Connection, que tem clientes em Portugal, nos Emirados Árabes Unidos e em África.

Diana Abecassis, gestora de clientes, integra também a estrutura da nova empresa, que exigiu um investimento mínimo, uma vez que é suportada pelas estruturas da Strategic Time e da Digital Connection.

Um dos primeiros projetos em comum é o Hotel Baía, em Cascais, que a Digital Connection trabalha em termos da nova identidade corporativa, imagem e site, passando para a Strategic Time as áreas de comunicação, assessoria de imprensa e relações públicas. A Swimrun Portugal Series, uma espécie de Iron Man sem a prova em bicicleta, é outro dos clientes.

Para já, a Partners 4 agrega a comunicação e o marketing digital da Digital Connection, e a assessoria de imprensa e relações públicas da Strategic Time e estas duas empresas-mãe mantêm-se no mercado de forma autónoma e com clientes próprios, partilhados na nova empresa quando necessário.

Até chegar a esta parceria, Sofia Jardim faz um caminho longo. Primeiro como gestora de marketing em meios de comunicação, na antiga editora de revistas Abril Controjornal, entretanto integrada no Grupo Impresa, e no grupo hoteleiro CS (atualmente Nau).

Transita para a área da assessoria de imprensa e relações públicas, no regresso de um MBA em marketing, na National University, em San Diego, nos Estados Unidos, entrando ao serviço da Tempus (distribuição de relógios e lojas Boutique dos Relógios), de onde passa, 11 anos depois, para a comunicação e relações públicas dos hotéis Sublime, em Lisboa e na Comporta, onde trabalha durante cerca de um ano.

“Quando saí da Tempus, percebi que havia espaço no mercado para trabalhar individualmente em outsourcing, não fazendo parte dos quadros das empresas dos clientes, mas como uma extensão externa e fazendo um trabalho personalizado, à imagem do cliente”, explica Sofia Jardim, proprietária da Strategic Time e sócia da Partners 4.

É nesta lógica que fica responsável pela assessoria de imprensa e relações públicas do Club7, em Lisboa, desenvolvendo também parcerias entre o clube de fitness, bem-estar e lazer no Parque Eduardo VII e marcas, nomeadamente na área da beleza, como a iS Clinical e a Foreo, por exemplo.

O grupo Tempus e alguns clientes pontuais, como a Meo, são outros dos projetos da Strategic Time, aos quais se soma agora o lançamento da marca Bolky Swimwear. Dirigidos a um segmento mais alto e a mulheres com mais de 40 anos, os biquinis e fatos de banho Bolky são produzidos em Portugal com licras do Brasil e de Itália, destacando-se pelos acessórios e aplicações com pedras nos acabamentos.

Com a apresentadora Pimpinha Jardim como embaixadora, a marca está à venda online e, numa primeira fase e em exclusivo, nas lojas Ali-Jo (Príncipe Real, em Lisboa, e na Foz, no Porto), com um preço médio acima dos €150.

“Tenho trabalhado no segmento alto, sigo um estilo de vida saudável e faço desporto. As marcas com as quais trabalho têm de se identificar com os meus valores, para que haja um alinhamento, como acontece com o Club7 e com a Bolky, por exemplo”, salienta Sofia Jardim, referindo-se aos mercados para os quais aponta.

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Clube da Criatividade apresenta programa do 26º Festival CCP 2024 e da Semana Criativa de Lisboa

Ao longo da semana criativa que arranca a 17 de maio, o CCP apresenta uma programação com exposições, conferências, iniciativas e tertúlias, terminando com a gala da entrega de prémios e a festa de encerramento, a 24 de maio

O Festival CCP 2024 está de regresso à Fábrica do Pão do Bento Innovation District para a 26ª edição, de 17 a 24 de maio, para destacar a criatividade da comunicação comercial nacional nas categorias de Publicidade, Design, Digital, Criatividade em Meios, Craft em Publicidade, Experiências de Marca e Integração & Inovação.

O arranque da semana criativa é dado a 17 de maio com as conferências ‘Presidentes ao Palco’, com os presidentes de júri do festival a falar sobre design e publicidade. No mesmo dia é inaugurada a exposição dos trabalhos finalistas do Festival CCP, a exibição dos vencedores de ouro da 32ª edição dos ADCE Awards e a ‘Julgar um mercado pela capa’, que assinala a 20ª edição da Superbrands em Portugal.

O Dia Aberto CCP Empresas acontece a 21 de maio, com 12 empresas ligadas à criatividade a abrirem as portas a estudantes, profissionais e curiosos. No mesmo dia acontece a Tertúlia APAP Trabalho e Conhaque, para debater ‘O custo da invisibilidade’, seguida por um jantar no restaurante Praça. O dia 22 de maio é dedicado aos jovens criativos, com o regresso das iniciativas Ilustra 33, Portfolio Doctor, Alta Voz e Hora Feliz. Já o dia 23 de maio é dedicado às Conferências CCP “Crias ou Queres?”, com cinco conferências a decorrerem durante o dia.

A 11ª Semana Criativa de Lisboa termina no dia 24 de maio com a gala de revelação e entrega de prémios aos vencedores do Festival CCP, nas sete categorias, bem como os vencedores do Grande Prémio para o Bem, do Grande Prémio Jornalistas e do Grande Prémio CCP 2024. O programa completo está disponível online na página do Festival.

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Sónia Araújo e Mário Daniel são mecânicos por um dia em campanha da Mercedes (com vídeo)

O vídeo da campanha “Exceder os limites” mostra Sónia Araújo e Mário Daniel a chegarem à oficina e a equiparem-se para iniciar o dia de trabalho, em que fazem o diagnóstico e a intervenção mecânica nos automóveis, com alguns truques de ‘magia’ de Mário Daniel

Enquanto embaixadores da C. Santos, a apresentadora de televisão Sónia Araújo e o mágico Mário Daniel foram mecânicos por um dia da Mercedes-Benz, para protagonizarem uma campanha publicitária que promove o desconto em manutenções programadas em viaturas com mais de quatro anos.

O vídeo da campanha “Exceder os limites” mostra Sónia Araújo e Mário Daniel a chegarem à oficina e a equiparem-se para iniciar o dia de trabalho, em que fazem o diagnóstico e a intervenção mecânica nos automóveis, com alguns truques de ‘magia’ de Mário Daniel. A assinatura da campanha ‘Exceder os limites’ remete para a ideia de superação da C. Santos, em termos do desconto pós-venda de €150 e €180 destinado a viaturas com mais de quatro e oito anos, respetivamente, válido até 31 de julho.

O filme e fotografias desta campanha foram realizadas nas instalações da Sociedade Comercial C. Santos, na Maia, com produção do departamento de marketing e comunicação da empresa. “Esta campanha foi mais um desafio aceite pelos nossos embaixadores, neste caso de atuarem como mecânicos, excedendo os seus limites. Foi estrategicamente criada pelo departamento de marketing da Sociedade Comercial C. Santos, num trabalho de equipa com o departamento de ‘customer services’”, refere a diretora de marketing da empresa, Ana Bolina.

 

 

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Perfect Storm produz nova campanha internacional da Coca-Cola (com vídeo)

A estrela do filme publicitário, produzido por estúdio português e realizado por André Valenti Gaspar, é o Coke SoundZ, instrumento desenvolvido com IA que reproduz o som de uma carica a ser retirada da garrafa quando surgem as primeiras bolhas de Coca-Cola. A DaHouse Audio e o produtor musical Fred Pinto Ferreira colaboram na campanha

O estúdio de produção criativa português Perfect Storm, sediado em Lisboa e com delegações na Alemanha e nos Estados Unidos, assina a nova campanha publicitária global da Coca-Cola. O filme publicitário que a integra, realizado por André Valenti Gaspar, produtor executivo e sócio da produtora, com direção de arte de Renato Marques, produção executiva de André Valenti Gaspar e Mariana Marques e edição de Sérgio Pedro, explora a experiência sensorial que o som da abertura das garrafas do refrigerante despertam nos consumidores, reproduzindo esse efeito no cérebro.

A partir de um trabalho de investigação da neurocientista norte-americana Katherine Lewis, a Perfect Storm desenvolveu o spot do Coke SoundZ, com direção de fotografia de Ricardo Magalhães, em colaboração com a AKQA, a DaHouse Audio e o produtor musical Fred Pinto Ferreira. O instrumento não só reproduz o som que se ouve quando é retirada a carica e surgem as primeiras bolhas como permite depois usar os fragmentos sonoros identificados para, com recurso a inteligência artificial (IA), fazer misturas musicais.

Psst! Fizz… Clink! Glug… e Ahh! foram os cinco sons identificados pela neurocientista. Depois de isolados, foram reproduzidos com o auxílio da IA e incorporados no sistema de algoritmos usado no Coke SoundZ. O instrumento está a ser distribuído a produtores musicais e DJ, para que incorporem os sons da marca de refrigerantes norte-americana nas misturas musicais que fazem. A versão digital, também já disponível, pode ser descarregada gratuitamente na App Store e no Google Play na Europa e nos Estados Unidos.

 

 

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Carlos Maciel assume direção da Caras e da Caras Decoração. Mariana Correia de Barros convidada a dirigir Activa

O novo diretor da Caras e da Caras Decoração deixa a TV Mais. Rita Santos, até aqui jornalista da revista de televisão, é promovida a diretora-adjunta. Natalina de Almeida, que assumia a direção das três publicações, abandonou a Trust in News no final de março

Carlos Maciel é o novo diretor das revistas Caras e Caras Decoração. Após a saída de Natalina de Almeida, que acumulava a direção dos dois títulos com a direção da revista feminina Activa, no final de março, a direção interina das três publicações foi temporariamente entregue a Ana Oliveira, Teresa Mafalda e Cíntia Sakellarides, enquanto a administração da Trust in News (TIN), dona dos títulos, procurava uma solução interna para a substituição. A escolha recaiu sobre o diretor-adjunto da TV Mais, que vai ter Rita Santos, até aqui jornalista da publicação televisiva, como diretora-adjunta.

“Já serão eles a fazer as revistas a partir da semana que vem”, confirmou ao M&P Luís Delgado, proprietário da empresa. Embora a decisão da administração da TIN tenha sido chumbada pelo conselho de redação das publicações, que levantou reservas quanto à promoção de Rita Santos, a intenção de apostar na dupla foi levada avante, uma vez que o parecer daquele órgão não é vinculativo.

Mariana Correia de Barros, diretora da revista Prima desde o início do ano, foi convidada a assumir a direção da revista Activa, mas ainda não chegou a acordo com a administração da TIN para acumular os dois cargos. “Está em curso um processo de reestruturação interna, que está a andar bem”, garante Luís Delgado. “Estas mudanças vão potenciar uma maior sinergia interna no grupo, em particular nas revistas femininas, em tudo o que tem a ver com as equipas gráficas e os repórteres fotográficos”, refere.

“Não faz sentido irem dois fotógrafos de duas publicações a um evento quando um pode tirar fotografias para essas duas revistas”, exemplifica. “No trabalho de escrita jornalística, não, mas em tudo o que forem trabalhos que se possam usar, essa sinergia será feita e é importante que seja feita”, defende Luís Delgado, que continua expectante em relação à evolução do mercado publicitário em Portugal.

“Em janeiro, fevereiro e março, não sentimos melhoria nenhuma. Tradicionalmente, janeiro e fevereiro são meses péssimos mas, em março, o mercado começava a mexer. Este ano, não mexeu. Só começou a mexer em abril”, desabafa, sem desanimar. “Em breve, entraremos no período da boa sazonalidade, que acontece em julho, agosto e uma parte de setembro, altura em que as pessoas estão de férias e têm mais tempo para ler”, justifica o empresário.

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APECOM continua a crescer em número de associados

No ano em que faz 35 anos, a Associação Portuguesa das Empresas de Comunicação recupera o dinamismo de outrora. O reposicionamento iniciado em 2021 tem vindo a atrair novas agências. A autorregulação setorial é um dos desafios que a APECOM tem em mãos

O GCIMedia Group, que integra as agências de comunicação GCI e Media Consulting, é um dos três novos associados da Associação Portuguesa das Empresas de Comunicação (APECOM), desde os primeiros meses de 2024. É também a 13ª empresa a aderir à organização presidida por Maria Domingas Carvalhosa no espaço de três anos, no âmbito da nova estratégia de abertura e crescimento que tem vindo a ser implementada.

“Quando esta direção foi eleita em 2021, entre os principais objetivos assumidos pelo novo executivo estavam a redefinição e o reposicionamento da APECOM, que deveria ser mais abrangente e incluir entre os seus associados mais empresas, de diferentes dimensões, que integrassem não só os serviços tradicionais de consultoria de comunicação e assessoria de imprensa como outros que, atualmente, também são determinantes para responder às necessidades dos clientes, nomeadamente a representação legítima de interesses, vulgo lobbying, a comunicação digital, o marketing de influência e a ativação de marca. São tudo disciplinas que integram as relações públicas e que deveriam ser chamadas a integrar esta área”, justifica ao M&P Maria Domingas Carvalhosa, presidente da APECOM.

O apelo feito ao setor não demorou tempo a surtir efeito. Entre agosto de 2021 e dezembro de 2022, entraram sete novos associados e, de lá para cá, aderiram mais seis, de dimensões distintas. “Acredito que começámos a ser ouvidos e que a estratégia foi compreendida. Todas estas adesões vieram reforçar a família da APECOM e empoderar ainda mais a associação que defende, em Portugal, os interesses do setor da comunicação e dos public affairs”, refere a responsável.

32 agências representam 60% do mercado

Fundada em 1989, a associação empresarial integra atualmente 32 agências e consultoras, que são responsáveis por cerca de 60% do volume de negócios e 60% da taxa de emprego do setor, segundo um estudo da Informa DB para a APECOM, referente a 2021 e baseado num universo de 121 empresas.

Para beneficiarem das iniciativas de defesa e promoção de interesses, de representação e de apoio ao desenvolvimento sustentado do negócio que a APECOM promove, os associados pagam uma quota anual que não é igual para todos. “É determinada de acordo com a sua dimensão”, esclarece Maria Domingas Carvalhosa, sem adiantar valores médios nem percentagens usadas para o cálculo dos valores que garantem aos associados as vantagens competitivas que a APECOM oferece.

“Temos estabelecido parcerias e protocolos com academias e entidades que os beneficiam, nomeadamente com o Instituto Superior de Gestão (ISG), a Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa e a FLAG, só para referir algumas. A APECOM é igualmente membro ativo da International Communications Consultancy Organisation (ICCO), organização mundial representativa do setor, que agrupa um milhar de consultoras em 30 países. O facto de pertencermos ao conselho de administração dessa estrutura traz vantagens acrescidas aos nossos associados em todas as ações de formação, workshops e eventos que a ICCO organiza anualmente”, esclarece a responsável.

Para além de formação especializada, os associados têm também acesso privilegiado a estudos setoriais, protocolos de estágios com universidades, oportunidades de comunicação em conferências e descontos em eventos de comunicação e nas candidaturas a prémios do setor.

Para satisfazer os interesses de todos os associados, independentemente da dimensão e de necessidades que podem ser distintas, a APECOM desenvolveu uma estratégia que não deixa nenhum de fora.

“Como todos temos a aprender com todos, vamos criando grupos de trabalho por temas consoante a atualidade. Temos atualmente em funcionamento um de lobbying, estamos a criar um de sustentabilidade e vamos criar um de marketing de influência”, anuncia Maria Domingas Carvalhosa.

“Acho que o grupo de trabalho de lobbying fez um belíssimo trabalho na dinamização da discussão pública do tema e, depois, ao avançar para a autorregulação, que está disponível, desde 1 de março, no site que criámos para o efeito. A boa notícia é que já aderiram 34 consultoras de comunicação”, informa a dirigente.

Necessidade de regulação une setor

A Team Lewis Portugal é uma das três empresas a adeir à APECOM nos primeiros meses de 2024. “Sendo a maior e mais relevante associação de empresas de comunicação em Portugal, fazia todo o sentido integrá-la. Esta adesão permite-nos colaborar em diversas frentes e enfrentarmos juntos as questões que têm importância para nós e que nos impactam enquanto setor”, justifica Inês Barbosa, diretora da agência de comunicação.

Quando assumiu a direção da Team Lewis Portugal, o ano passado, aderir à APECOM tornou-se logo ponto assente. “Um dos meus objetivos passa por fazer crescer a nossa presença em eventos e por colaborar mais com os nossos pares”, refere ainda.

Apesar de estar no mercado há mais de três décadas, só no início deste ano é que a UPPartner tomou a decisão de integrar a associação empresarial. “Consideramos crucial que exista uma união do setor em torno de questões que são transversais a todas as agências de comunicação e profissionais da área. Há temas, como o lobbying, em que é de extrema importância que falemos todos a uma só voz”, defende Hélio Soares, diretor-executivo da agência de comunicação.

Essa é também a visão do GCIMedia Group, que a 11 de abril também adere à APECOM e ao Código de Conduta de Assuntos Públicos para a Representação Legítima de Interesses, um documento que materializa a missão da organização.

“Reconhecemos que a criação de sinergias é crucial para o nosso futuro enquanto grupo e para a própria resiliência do setor da consultoria de comunicação. A representatividade através da APECOM espelha o sentido de cooperação entre as empresas e a riqueza que daí advém é crucial ao progresso”, considera André Gerson, diretor-geral do GCIMedia Group desde o início do ano.

Para a BloomCast Consulting, uma das três agências que se juntaram à APECOM em 2023, a possibilidade de ter uma voz mais ativa no setor foi um dos argumentos decisivos. “A divulgação do papel fulcral dos órgãos de comunicação social é essencial para a criação de uma democracia saudável e de uma sociedade melhor e informada”, defende Rodolfo Oliveira, sócio-gerente da consultora de comunicação. “A APECOM tem também pugnado por princípios de transparência e regulação, com os quais nos identificamos, que são pilares fundamentais do setor”, justifica ainda o responsável.

Após um afastamento de vários anos, a Porto de Ideias, liderada por Carlos Furtado em parceria com Isabel Côrte-Real, voltou a preencher a ficha de inscrição, regressando à APECOM em 2023.

“Acreditamos que a nossa atividade deve ser defendida e o nosso trabalho reconhecido perante todos os intervenientes profissionais do ecossistema em que atuamos. Essa defesa é mais bem conseguida debaixo de um chapéu associativo e a uma só voz. Por outro lado, tem havido uma proliferação de agências e, por isso, sermos associados desta organização é um fator distintivo que nos favorece enquanto profissionais de referência”, realça Carlos Furtado, diretor executivo da consultora de comunicação.

“No passado, já tínhamos sido associados, mas como sentíamos que estavam a ser cumpridos os desígnios que pressupunha a nossa participação, resolvemos sair”, justifica Carlos Furtado. A estratégia adotada por Maria Domingas Carvalhosa fê-lo mudar de ideias.

“Uma das vantagens de sermos associados é poder beneficiar da partilha de conhecimento e da participação em projetos comuns, como tem sido a criação do código de conduta do lobbying. Também é uma mais-valia podermos apresentar-nos aos nossos clientes e ao mercado com uma imagem de qualidade e confiança que se rege por códigos de ética internacionais”, refere ainda o responsável.

Novas adesões em perspetiva

Apesar de a APECOM estar a atrair mais associados, são muitas as agências que ainda não aderiram à associação empresarial. “Não tenho uma resposta concreta para isso. Como dizia a Mafalda do Quino, o que é urgente não deixa espaço para o que é importante, mas tenho de me debruçar sobre o assunto”, assume Liana Pinto, fundadora da YOLO.

“É algo a considerar seriamente num futuro próximo”, afirma também Pedro Salazar, sócio-gerente da Pedro Salazar PR. Beatriz Almeida, diretora da 17.Com, também não exclui a hipótese de vir a aderir à APECOM.

Os requisitos exigidos pela APECOM

Para poderem ser aceites na APECOM, as empresas interessadas têm de ter, além da consultoria em comunicação e relações públicas como atividade principal, “pelo menos três anos de atividade permanente efetiva, um volume mínimo de negócios anual igual ou superior a €200 mil, um número mínimo de colaboradores com funções executivas a tempo inteiro (no quadro) de quatro”, estabelece a associação.

“Serão também admitidas as empresas candidatas com menos de três anos de atividade permanente efetiva, mas com sócios de reconhecida e comprovada experiência no setor, incluindo empresas internacionais membros de associações filiadas na ICCO quando proposta por dois sócios efetivos”, esclarece a APECOM. Terem sido constituídas no quadro da legislação portuguesa em vigor e com instalações permanentes em território português é outro dos requisitos.

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Microagências de comunicação estão a mudar paradigma

Há cada vez mais marcas nacionais e internacionais a trocar agências de comunicação de média e grande dimensão por estruturas mais pequenas, que já representam 86% do mercado. São também responsáveis por 45% do volume de negócios do setor e empregam 53% dos consultores. Ainda faturam menos de €2 milhões, mas o negócio não para de crescer

Carlota Morais Pires iniciou a carreira como jornalista. Em 2017, sai da Vogue Portugal para trabalhar numa agência de comunicação. É nessa altura que começa a equacionar a possibilidade de se lançar sozinha num setor, até aí, dominado por agências de média e grande dimensão.

“Ser freelancer foi um passo natural. Tinha aprendido na revista a ser exigente com o texto e com a imagem, a compreender a relevância dos temas e a fazer uma curadoria. Sabia também como é que a imprensa precisava de receber a informação e também já tinha alguns contactos interessantes”, explica a fundadora e diretora de comunicações da The Communication Studio, uma das pequenas agências de comunicação que, nos últimos anos, surgem no mercado, disponibilizando serviços mais personalizados.

Numa fase inicial, Carlota Morais Pires trabalha com marcas portuguesas, que a vão recomendando a outras. “De um momento para o outro, já fazia sentido criar uma empresa e uma identidade e ter uma estratégia e uma carteira de clientes mais sólida”, recorda a empresária, que criou a The Communication Studio, sozinha, em 2021.

A maioria das microagências que hoje opera no mercado arrancou com uma ou duas pessoas. Pedro Salazar, sócio-gerente da Pedro Salazar PR, foi um dos primeiros a antecipar a tendência. “Quando fundei a agência em 2010, após passar pelo jornalismo e por três agências de comunicação e relações públicas, duas delas líderes de mercado na época, pareceu-me que havia espaço e oportunidade para desenvolver um modelo de negócio mais próximo, exclusivo e focado nos clientes e no potencial mediático das suas histórias. O modelo de agência boutique era, na altura, uma novidade”, recorda o empreendedor.

Bang & Olufsen, Volvo, Breitling, Lego, Air France, Toys ‘R’ Us, KLM, Lazartigue, Jack & Jones e Logitech são apenas algumas das muitas marcas internacionais que, em Portugal, em vez de recrutarem uma grande agência, preferem entregar a comunicação a organizações com estruturas mais reduzidas. “A opção por uma empresa muito pequena garante um serviço quase exclusivo e quase totalmente dedicado”, reconhece Maria Domingas Carvalhosa, presidente da Associação Portuguesa das Empresas de Comunicação (APECOM).

“Parece-me difícil que, no geral, clientes muito grandes possam ter toda a sua comunicação assegurada apenas pelos recursos de uma empresa muito pequena. No entanto, isso tem de ser visto caso a caso, de acordo com as necessidades dos clientes”, opina a também diretora-geral da Wisdom, consultora especializada em comunicação e public affairs.

De acordo com um estudo realizado pela Informa DB para a APECOM em 2023, análise que tem por base dados financeiros referentes a 2021, em Portugal só 14% das agências de comunicação fatura entre €2 milhões e €10 milhões. As restantes 86% faturam menos de €2 milhões, apesar de serem responsáveis por 45% do volume de negócios do setor e empregarem 53% dos consultores.

Empatia favorece escolha

Num país onde 55% do volume de negócios do setor está nas mãos de agências de média e grande dimensão, com mais meios e recursos, investir numa microagência de comunicação é uma decisão arriscada. Apesar de estarem cientes desse facto, os que o fazem nunca duvidaram da recetividade do mercado.

“Há uma enorme vantagem em trabalhar com as agências mais pequenas no que respeita o serviço ao cliente. Posso afirmá-lo por ter trabalhado vários anos numa das maiores agências de comunicação do país. Era normal termos muitos clientes e não conseguirmos dispensar tempo de qualidade para eles e para nós. Agora, procuramos dar a mesma atenção a todos os clientes, com uma oferta de serviços idêntica às das grandes agências”, assegura Beatriz Almeida, diretora da 17.Com, agência que funda, em 2016, após deixar a GCI, onde trabalhou durante 15 anos. Arranca sozinha com três clientes. Hoje, tem sete avençados permanentes e já emprega cinco pessoas.

Inicialmente, a intenção de Beatriz Almeida ao investir numa estrutura pequena era ter mais tempo para dedicar aos filhos pequenos. Mas há quem se aventure neste negócio pela vontade de explorar outras áreas. “O meu intuito não era propriamente criar uma agência, queria abraçar outro tipo de projetos, nomeadamente na área da comunicação e produção de espetáculos, algo que não tinha a possibilidade de fazer na agência onde então trabalhava. A partir daí, fui desenvolvendo o conceito da Suit PR, o de termos tudo à medida de cada cliente como se fossemos alfaiates de comunicação. Sejam marcas grandes ou pequenas, temos esta liberdade de poder apresentar propostas à medida das necessidades, objetivos e orçamentos de cada cliente”, ressalva Paula Carvalho, fundadora e diretora de clientes da Suit PR.

Abre a empresa, sozinha, em 2013 com três clientes. Hoje, tem 18 e está a recrutar o sexto colaborador. “Acima de tudo, penso que as grandes marcas internacionais investem em agências mais pequenas por uma questão de empatia. Por detrás das insígnias estão pessoas e essas pessoas querem encontrar alguém que compreenda a sua marca e que a comunique com paixão e propósito. Há empresas que preferem a estrutura de uma grande agência, mas outras preferem o conforto que as mais pequenas proporcionam”, assegura a empreendedora.

A cobrança de valores inferiores é, muitas vezes, apontada como uma das causas que tem favorecido o crescimento das microagências. Uma opinião que não é unânime. “Os haters dirão que é uma questão de preço. Acho que já não o é e até me questiono se algum dia o foi”, confidencia Maria Saldanha Daun, fundadora da agência com o mesmo nome, que continua a ter a dona como única colaboradora desde que é criada, em 2015.

“O rácio custo do serviço versus o retorno do investimento é relevante. Porém, especialmente em clientes com grande notoriedade, tanto nacionais como internacionais, os motivos para esta escolha vão desde a perceção entre resultados prometidos e obtidos e a flexibilidade e capacidade de resposta da agência às necessidades do cliente, até à proximidade entre o consultor e o cliente”, considera Pedro Salazar.

O fator humano é crucial. Nisso estão todos de acordo. “A agência, por muito próxima que seja, é sempre uma organização constituída por diferentes pessoas. O cliente confia na identidade de renome, mas nem sempre sabe ao certo com quem vai trabalhar no dia a dia e não escolhe os interlocutores. Com um freelancer ou com as agências pequenas, escolhe uma determinada pessoa, com uma determinada experiência e um determinado perfil. A somar a tudo isto, há também uma disponibilidade diferente e uma relação muito mais próxima. Na grande maioria dos meus clientes, sou parte integrante da estrutura de marketing ou da direção, participando em todas as decisões desde a ideia até à concretização. Isto requer tempo e disponibilidade, que eu atribuo a cada cliente de acordo com as necessidades e não com uma bolsa de horas contratualizada”, revela Maria Saldanha Daun. “Tenho clientes em Espanha há mais de dois anos que nunca vi pessoalmente, mas que considero amigos”, revela ainda.

Decisores procuram identificação

Ter uma boa rede de contactos é sempre imprescindível para o sucesso do negócio, mas na fase de arranque é crucial. Liana Pinto, cofundadora e diretora de comunicação da You Only Live Once, mais conhecida no mercado pela sigla YOLO, sempre o soube.

“Sou de instinto e de impulso, acreditei que conseguia criar a minha própria agência de comunicação e, em 2019, avancei, seguindo o exemplo de outras ex-colegas. Tinha os contactos, a experiência e a vontade e acreditava, como ainda hoje acredito, que há espaço para todos. As marcas não se esgotam e, como tal, a comunicação também não. O que muda é a forma de a fazer”, garante a ex-diretora de contas da GCI.

“Nesta atividade, é preciso ser um bom relações públicas, porque as marcas seguem as pessoas. Se eu saio de uma agência e crio uma, mesmo que pequena, a probabilidade do cliente ir comigo é muito elevada, visto que, na maioria das vezes, eu era o único interlocutor”, refere Liana Pinto.

A ex-colega Paula Carvalho é exemplo disso. Quando decidiu sair da GCI, a Lego, um dos seus primeiros clientes, acompanhou-a, até hoje. “Não sei se o aparecimento destas microagências é uma tendência, acho que tal sucede porque acaba por haver uma maior identificação dos decisores das marcas com a nossa visão da comunicação”, afirma a fundadora e diretora de clientes da Suit PR.

“Temos os mesmos picos de trabalho que as grandes agências, depende dos clientes, da época do ano e da agenda mediática. Temos a vantagem de poder escolher os projetos em que acreditamos e que realmente nos apaixonam. A principal desvantagem, que diria que com o tempo está a desvanecer, é a importância que as marcas atribuem às estruturas das grandes agências. Talvez por isso é que se nota uma maior flutuação de marcas grandes a transitar para agências mais pequenas”, afirma ainda Paula Carvalho. “Com tantas pequenas agências a dar provas de qualidade nos tempos que correm, o mercado começa a reconhecê-las e a dar-lhes espaço”, sublinha a empresária.

Marcas valorizam proximidade e personalização

Nas últimas semanas, a Toys ‘R’ Us trocou a ADBD Communicare, uma agência no mercado há 24 anos, pela 17.Com, a microagência fundada por Beatriz Almeida em 2016. “Fizemo-lo pela relação de proximidade, e até de uma certa intimidade, que se criou e que me permite sentir que conhecem realmente a minha empresa e que estamos a trabalhar verdadeiramente em equipa. Há uma maior rapidez de resposta com modelos e soluções que estão bem enquadrados nos nossos objetivos e com melhores níveis de eficácia”, assegura Susana Setúbal, diretora de marketing da Toys ‘R’ Us Portugal.

As marcas que têm trocado agências de comunicação maiores por microagências justificam a decisão com a maior proximidade e personalização que conseguem ter. “Procurávamos uma pessoa polivalente, capaz de se adaptar às nossas necessidades a cada momento, que tivesse flexibilidade e espírito de serviço ao cliente e que nos garantisse um acompanhamento personalizado e de confiança. Encontrámo-la na Pedro Salazar PR, que é a nossa agência em Portugal desde 2017”, explica ao M&P fonte da Air France-KLM.

A TK Elevators, antiga Thyssenkrupp, é outra das marcas a aperceber-se do potencial das microagências. “Houve uma ligação imediata com a YOLO. Procurávamos um parceiro que pudesse ser a extensão do nosso departamento interno, porém sem uma grande estrutura associada e sem que isso comprometesse a qualidade do trabalho. Confiámos na nossa intuição e estamos muito satisfeitos com a escolha que fizemos, há já quase cinco anos”, assume Helena Calado, diretora de comunicação, de marketing e de ambiente, social e governança corporativa da TK Elevators Portugal.

A transportadora norte-americana UPS também prefere a Suit PR a uma agência maior. “Escolhemo-la pela sua ligação à rede de meios e jornalistas portugueses e comprovada criatividade”, explica Natacha Montenegro, diretora de comunicações sénior da empresa na Europa, Médio Oriente, África e Índia.

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

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