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“Está a faltar-nos aquela dose de loucura e de atrevimento para romper”

Esta sexta-feira serão conhecidos os vencedores da primeira edição do festival do CCP desde que o Clube assumiu uma nova designação. Numa entrevista publicada na edição impressa do M&P, Susana Albuquerque, presidente do agora Clube da Criatividade de Portugal, faz um balanço e analisa o estado da arte na publicidade nacional

Pedro Durães
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“Está a faltar-nos aquela dose de loucura e de atrevimento para romper”

Esta sexta-feira serão conhecidos os vencedores da primeira edição do festival do CCP desde que o Clube assumiu uma nova designação. Numa entrevista publicada na edição impressa do M&P, Susana Albuquerque, presidente do agora Clube da Criatividade de Portugal, faz um balanço e analisa o estado da arte na publicidade nacional

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Esta sexta-feira serão conhecidos os vencedores da primeira edição do festival do CCP desde que o Clube assumiu uma nova designação. Numa entrevista publicada na edição impressa do M&P, Susana Albuquerque, presidente do agora Clube da Criatividade de Portugal, faz um balanço e analisa o estado da arte na publicidade nacional

“Temos conseguido atrair estruturas mais pequenas, sobretudo ao nível do design, onde o mercado está muito mais fragmentado, mais disperso pelo território, enquanto a publicidade está mais concentrada em Lisboa. Isso é das coisas que nos deixa mais contentes, conseguirmos ser representativos daquilo que se está a fazer no mercado”, afirmava Susana Albuquerque, presidente do CCP, em entrevista ao M&P no início deste mês, onde sublinhava “o recorde absoluto de participação”. Naquela que será a primeira edição desde que foi assumida a nova designação Clube da Criatividade, o festival somou 1.030 inscrições, por 147 entidades.

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Após uma mudança, que teve como objetivo promover a aproximação a outras áreas da criatividade, a responsável não tem dúvidas de que o Clube tem sido capaz de aumentar a representatividade do trabalho produzido a nível nacional. “Se isso não existir, não vale a pena existir o Clube. Ou, pelo menos, não vale a pena existir o festival, que continua a ser uma parte muito importante do Clube”, remata a responsável, defendendo que “ninguém quer ganhar prémios num festival onde tenha pouca concorrência”. À shortlist, de onde sairão os vencedores que subirão a palco esta sexta-feira, chegaram 389 trabalhos.

Meios & Publicidade (M&P): A mudança de designação do Clube foi uma das bandeiras da recandidatura da atual direção. Quase seis meses depois, e numa altura em que estão em contacto permanente com o mercado com vista à organização do festival e da Semana Criativa, que balanço fazem desta decisão?
Susana Albuquerque (SA): Foi um momento muito interessante porque gerou muita discussão, muitos ângulos diferentes, e até contraditórios, que é aquilo que se pretende numa coisa destas: pôr as pessoas a pensar. Da parte dos fundadores e de quem está mais ligado à história inicial do Clube, se calhar houve uma interpretação menos positiva da mudança, muita gente não concordou porque sentia que, de alguma forma, se estava a desvirtuar uma coisa que tinha sido feita para valorizar os criativos. Da parte de todos os outros que estão ligados à atividade, desde estrategas a accounts, pessoas ligadas à produção e até os marketeers, houve uma recetividade muito positiva, de entender que é um Clube que defende a atividade e o valor da criatividade e não apenas aquilo que é a função do criativo dentro desta cadeia de valor. Obviamente, há sempre coisas boas e más. Por exemplo, perdeu-se um naming mais simples, Clube de Criativos é bastante mais fácil de dizer do que Clube da Criatividade. Mas, pesando todos os prós e contras, o balanço é positivo. Há muitos anos, e não é só da nossa direção, que há uma intenção de aproximar o Clube a todas as funções, a todas as disciplinas, a todas as pessoas envolvidas na cadeia de valor. Tem sido feito um esforço nesse sentido mas, de facto, tínhamos um naming que vai contra isso. Esse atalho foi conseguido com a mudança de nome, há uma grande quantidade de gente que vem ter connosco e diz ‘agora sinto que o Clube já é para mim’. Com isso ganhamos todos. Para conseguirmos ter bom trabalho na rua, para conseguirmos valorizar e puxar pela fasquia da criatividade, temos de ter do nosso lado todas as pessoas que estão envolvidas no processo. Obviamente que isso passa por quem trabalha num departamento criativo, mas depois é muito importante ter clientes que tenham coragem, vontade e a mesma ambição para pôr bom trabalho na rua. É preciso que o briefing venha bem, que a estratégia esteja bem pensada, a produção, os meios… todas estas pessoas têm um papel fundamental na valorização e na produção de boa criatividade.

M&P: Referiu a importância de ter clientes com coragem para pôr bom trabalho na rua, com capacidade de risco. Os clientes estão a arriscar?
SA: Estamos num momento de retração. Nos últimos anos, assistiu-se a uma subida do nível médio, a fasquia subiu. Há um corpo maior de agências nacionais e clientes a produzir um nível criativo médio-bom. Há campanhas que partem de insights, que têm a preocupação de surpreender, de fazer algo que seja diferenciador, relevante para as pessoas. O que me parece é que, nos últimos meses, houve alguma retração da coragem. Há sempre trabalho que às vezes nos passa ao lado e que depois surge no festival, mas, se isto fosse uma escola, diria que nos últimos meses temos muitos trabalhos nível quatro, mas depois aquele cinco, aquele que é fora de série porque é atrevido, porque rompe com códigos, faz o que ninguém fez, tem ambição mais elevada, isso tem havido menos. Se calhar fruto de alguma contração no consumo, nos orçamentos, de algum medo de arriscar. Já nos habituámos a andar sempre em crise, mas com a inflação, com a perda de poder de compra, imagino que muitas marcas estejam a fazer ainda mais contas à vida do que é costume. Talvez haja menos capacidade de arriscar.

M&P: Ainda que arriscar e investir sejam coisas diferentes.
SA: Não tenho a certeza de que haja um desinvestimento, até porque as marcas têm a noção de que não investir, neste momento, teria uma fatura mais elevada. Agora que a carteira diminuiu, é preciso lutar mais pelas quotas e não perder o valor da marca, para que não fique esquecida na cabeça das pessoas. Acho é que se pensa duas, três ou 15 vezes antes de arriscar. E este é um mercado que vive do atrevimento. Há mais agências, criativos e clientes a produzir um nível de qualidade do trabalho em que dizemos “está correto, está bem feito, bem produzido, está ali uma ideia”. Agora, está a faltar-nos aquela dose de loucura e de atrevimento para romper.

M&P: Os marketeers estarão também mais pressionados a apresentar resultados nesta fase.
SA: Os marketeers estão muito pressionados para apresentar resultados, para medir, para não fazer nada sem ter a certeza de que irá trazer retorno.

M&P: Sentem isso no dia a dia, no trabalho que vos é pedido?
SA: Depende muito dos clientes e dos mercados. Se olharmos para a distribuição, obviamente. É um mercado muito concorrencial, há uma necessidade constante de perceber se a comunicação está a funcionar, se estamos a vender, se estamos a ganhar quota, se as pessoas voltam. É provavelmente o mercado mais concorrencial que temos neste momento em Portugal, é um dos que mais investe e é um mercado muito ativo e competitivo. Há uma pressão muito grande para apresentar resultados. Depois, há mercados onde isso se sente um bocadinho menos, mas hoje em dia existe, de uma forma geral, esta tendência para querer medir tudo. Mesmo que haja uma noção de que a construção de marca é uma estratégia mais de longo prazo, acaba por também se querer ter resultados imediatos, sobretudo quando há investimentos grandes em mass media.

M&P: Numa entrevista recente ao M&P, a Inês Fonseca, da Diageo Espanha, dizia sentir alguma falta de valentia na publicidade em Portugal. Esteve também vários anos no mercado espanhol. Este medo de arriscar sente-se mais deste lado da fronteira?
SA: É uma diferença que se sente, de facto. Somos um país de brandos costumes, com uma democracia recente. Aquilo que vivemos enquanto povo, antes da revolução, o medo, o não se poder falar, duas pessoas na rua já era um ajuntamento, é algo que deixa mazelas. Não há tanto esta coisa de levantarmos a voz, de querermos ser notados, de sermos atrevidos. Em Portugal, está entranhado o querer ser discreto, sóbrio, passar meio despercebido. Mas em publicidade isso é terrível. Quando não sobressaímos, somos invisíveis.

M&P: O medo de falhar também não ajuda no processo criativo.
SA: Exatamente. A originalidade e a inovação vêm da tentativa e erro. Em publicidade, sobretudo quando falamos de mass media, há grandes investimentos e a maior parte dos clientes quer partir para o processo só com certezas. Isso faz com que se vá para fórmulas seguras, com que não se arrisque. Mas os projetos mais inovadores têm sempre uma certa dose de risco. Se estamos a fazer algo que nunca foi feito, precisamos de partir com mais perguntas do que respostas, com a convicção de que as vamos resolvendo ao longo do processo. Acho que esse nível de confiança, essa valentia, a maior parte dos clientes não tem.

M&P: Na apresentação do tema do festival, apontavam um contexto de “orçamentos minguados, media fragmentada, um consumidor que escolhe o que quer ver e o pessimismo a mudar o mundo”. Neste cenário, quais são principais desafios que enfrentam hoje agências e anunciantes?
SA: Esses são, de facto, os grandes desafios face a quem viveu uma realidade diferente. Para quem estava habituado a campanhas de publicidade que iam para televisão/outdoor e toda a gente via, toda a gente sabia a frase, reproduzia a canção, tudo mudou com a digitalização do mundo e com o facto de as pessoas passarem a andar com um computador no bolso, com serviços de streaming e de entretenimento. Apesar de a televisão continuar a ser o meio mais consumido, a verdade é que o comportamento do consumidor em relação à publicidade mudou completamente. Está tudo muito mais fragmentado, temos de fazer mais para ter menos resultados. O grande desafio é como, com tanto instrumento na orquestra, e com recursos que não aumentaram, pelo contrário se calhar até diminuíram, conseguimos ter impacto junto das pessoas. Também por isso, vemos que uma das tendências é que a publicidade tem hoje a ambição de ser, ela própria, um conteúdo que as pessoas querem ver. A publicidade tem hoje esse grande desafio de valer por si.

M&P: E as marcas estão despertas para a necessidade de evoluir a forma de comunicar? Em Portugal, a televisão continua a ficar com mais de metade do investimento publicitário…
SA: Estamos numa fase de transição. Já vemos algumas marcas que arriscam, com este pensamento, noutro tipo de formatos e formas de fazer publicidade que resultam em conteúdos que as pessoas querem ver. Depois, ainda temos resquícios daquilo que tem sido o comportamento até agora dominante: há canais com muita audiência, há blocos publicitários e a segurança de que se colocar o meu anúncio ali durante 20 segundos – hoje em dia já ninguém faz mais do que isso porque é muito caro – vou conseguir chegar a muita gente. E esta ainda é a forma mais rápida de chegar a muitas pessoas. Pago muito mas consigo um alcance grande, ou seja, tenho um custo por contacto que ainda vale a pena. Estamos a viver uma grande transição, mesmo a nível global, do mundo antigo para um mundo novo que ainda não sabemos muito bem como vai ser. Já temos coisas novas a acontecer, mas continuamos a conviver com o que vinha de trás, que não irá desaparecer de um dia para o outro.

M&P: As agências e o tecido criativo nacional, ao nível dos métodos e soluções que oferecem, estão a dar resposta a esta evolução?
SA: Para as agências há uma pressão muito grande. Esta convivência dos dois mundos obriga a que tenham pessoas que são capazes de dominar a tradicional arte da publicidade, de conseguir seduzir as pessoas, mas ao mesmo tempo uma multidisciplinaridade que os novos modelos de comunicação exigem. Antes, havia uma dupla que tinha uma ideia, passava a uma produtora e estava produzido. Hoje, continuamos a ter uma dupla, mas depois aquela campanha tem de ter uma expressão digital, tem de ter um community manager, tem de ter motion, tem de ter diferentes formatos, elementos de interação, etc. Tudo se tornou muito mais complexo. As agências têm a pressão de, muitas vezes com os mesmos orçamentos, com os mesmos fees, precisarem de uma folha de empregados muito maior. Há uma necessidade de reequação, um repensar, de como têm de estar preparadas estas novas estruturas, quais são estas formas de trabalhar, que têm de ser mais fluídas e mais ágeis, e como é que se remunera.

M&P: Os modelos de remuneração praticados até aqui ainda fazem sentido ou já não refletem essa evolução?
SA: Estão a ser repensados. Têm vindo a ser. Há muitos anos, no tempo das vacas gordas, havia comissões sobre a media, comissões sobre a produção, declaradas ou não declaradas, ganhava-se muito dinheiro. Mas isso morreu. Já não há comissões na media e, se houver, são para as agências de meios e não para as agências criativas. Já não há praticamente comissões na produção e, quando há, são perfeitamente transparentes e declaradas. Aquilo que se cobra, e que se calhar é o que sempre se deveria ter cobrado, é o trabalho criativo. Agora, como é que se orçamenta uma ideia? Aquilo que muitas vezes fazemos é a definição de perfis, número de horas que vão estar alocadas a cada projeto, e depois tem de haver honestidade, e boa vontade, de parte a parte, de perceber que, se aquilo descambar e estiver a sair das horas programadas, se for preciso fazer e refazer propostas, tem de ser reorçamentado. Porque este trabalho tem valor, custa dinheiro, demora muito tempo e é preciso talento. Isso tem de ser pago. Ainda há alguma ingenuidade no mercado, que é muito perniciosa para a nossa atividade, de achar que as coisas se fazem de um dia para o outro e sem dinheiro. É muito importante as agências unirem-se e defenderem uma posição, que beneficia a todos: nem se faz de um dia para o outro nem custa zero, tem valor e demora tempo.

M&P: E há essa união?
SA: Acho que tem havido. Não conheço toda a gente, mas vejo cada vez mais agências a defenderem essa posição, que só fará bem a todos.

M&P: Não continuam a surgir casos de agências cujas práticas desvalorizam o mercado. Por exemplo, entrando em concursos com propostas que puxam todo o mercado para baixo?
SA: Há de certeza, mas também acho que o cliente que decide por aí também rapidamente vai perceber a fatura que isso traz. Não há milagres. Ou se tem uma estrutura super júnior a entregar um trabalho que é superficial, e o cliente está no direito de querer isso, ou, se quer ter mais senioridade e trabalho com mais profundidade e cabeça, isso custa dinheiro. Mas garantidamente trará outro tipo de retorno.

M&P: Os modelos baseados na performance ou os modelos hora/homem, como rerefiu, mais próximos daqueles que são adotados, por exemplo, pelas consultoras, são o melhor caminho para remunerar aquilo que é o trabalho desenvolvido hoje pelas agências?
SA: Não conheço outro. Também se começa a ouvir falar de experiências em que, por exemplo, a agência tem uma participação no negócio, ou um success fee em função dos resultados da campanha, ou royalties sobre a ideia se a coisa correr bem. Há outros modelos que se pode experimentar, mas diria que o modelo que se pode aplicar de uma forma mais massiva e generalizada é esse.

M&P: E os modelos de pitch? Este mês tivemos o caso da Lusíadas Saúde, que escolheu a agência na sequência de uma consulta, com assessoria da Scopen, assente num modelo que foge ao habitual método de chamar uma lista de agências a responder a um briefing. A responsável de marketing referia mesmo que “o processo tradicional já está desalinhado das atuais dinâmicas de mercado”. Concorda?
SA: A Uzina ganhou o Ikea num modelo muito parecido, moderado também pela Scopen. Acredito muito mais nesses modelos. Para já, acredito que os clientes, quando escolhem agências para pitch, até já têm ali uma inclinação. O que não invalida que queiram ver propostas. Mas também acredito que a quantidade de new business que se faz, gratuito, prejudica bastante as agências porque desvaloriza o trabalho que fazemos. Deveria começar por haver uma avaliação de portfólio, porque o que fizemos para outros clientes é o melhor cartão de visita sobre a forma como pensamos e trabalhamos, e deveria haver essa capacidade de avaliar o perfil e perceber que há agências diferentes, que servem clientes com realidades distintas. Depois tem de haver uma orçamentação, porque os clientes têm de poder pagar à agência que escolherem. Depois, há um processo longo de produção estratégica e criativa, que tem a ver com conhecimento do cliente, que não devia ser feito às cegas. Nos concursos, esse processo é, muitas vezes, feito às cegas e com prazos que são completamente irrealistas e vão até contra o próprio cliente. O cliente dar uma semana para trabalhar, num mercado em que a agência até pode estar a entrar de novo, em que é preciso perceber como funciona a marca, como o consumidor pensa naquele mercado, qual o problema que é preciso resolver do ponto de vista da comunicação, que muitas vezes o briefing do cliente não indica, para depois pensar numa proposta criativa que seja boa e diferenciadora, o que exige passar por muitos caminhos e deitar muita coisa fora… Achar que isto se faz numa semana é só uma falta de noção total e absurda daquilo que significa a nossa profissão. A maior parte dos concursos vai um bocado contra os próprios clientes e vai muito contra a nossa atividade. Acabamos por aceitar trabalhar em condições que não são as ideais, não estamos a fazer o melhor trabalho, muitas vezes a custo zero, o que não nos valoriza e é feito à custa dos outros clientes.

M&P: Qual seria então o modelo ideal?
SA: Num mundo ideal, os concursos deveriam ser remunerados. Primeiro, os clientes deviam fazer uma seleção com base no seu critério, olhar para os portfólios e ver quais representam o tipo de trabalho que querem para a sua marca. Depois, fazer um processo de orçamentação para ver se conseguem pagar. Por fim, fazer um projeto piloto para ver se cliente e agência se entendem. Se já for um trabalho de comunicação, devia ser pago, porque são muitas horas de trabalho. Ou então faz-se uma coisa mais curta e mais simples, à semelhança desse modelo da Scopen, para pôr as pessoas a trabalhar juntas e perceber se aquilo vai funcionar, se existe a mesma linguagem, se há uma boa relação interpessoal, se há comunhão de critérios e de afinidades, se os problemas são resolvidos da forma como o cliente quer. O que a Scopen faz é um dia de workshop que permite fazer isto e custa às agências apenas um dia de trabalho. É muito diferente de três semanas. Pôr as agências a trabalhar uma semana é irrealista, pô-las a trabalhar três semanas ou um mês à borla é um custo gigantesco. O modelo de new business deveria evoluir tendencialmente para o fim do briefing e para mais próximo destes modelos. Todos ganharíamos.

M&P: Falámos em modelos de remuneração mais próximos dos adotados pelas consultoras e também numa cada vez maior abrangência do trabalho desenvolvido pelas agências. Há hoje um posicionamento, junto dos clientes, mais próximo da consultoria de negócio?
SA: Há dois modelos muito diferentes e ambos são bastante válidos. Há marcas que precisam de um acompanhamento estratégico-criativo constante, precisam de um interlocutor permanente porque têm uma presença constante junto do consumidor, seja através de campanhas de mass media seja através de comunicação digital ou redes sociais, o que faz com que vejam na agência um parceiro de comunicação e onde o facto de trabalharem em conjunto, ao longo do tempo, traz benefícios para a consistência de marca. Há uma visão de marca, há valores bem definidos, há objetivos, targets, mensagens que têm de ser alimentadas e desenvolvidas num plano de comunicação com alguma continuidade. Para isso, procuram agências com as quais se identificam, têm um fee e há ali um acompanhamento mais estratégico e contínuo. Mas também há marcas que não precisam disso, precisam só de um projeto, de uma agência para resolver um problema específico e pontual. Trabalhar por projeto também é bastante saudável e pode trazer bons resultados. É um modelo que também funciona. Agora, não cobre todas as necessidades dos clientes. São duas realidades que existem nas agências e nenhuma é melhor do que a outra, depende muito das necessidades e do perfil do cliente.

M&P: Mas no modelo de fee, que não é novo, o acompanhamento é hoje mais abrangente? Ou seja, mesmo ao nível dos interlocutores do lado do cliente, em vez de apenas os departamentos de marketing, acabam por ter outros, inclusivamente ao nível do board?
SA: Muitas vezes, sobretudo quando são campanhas de grande investimento, o board está envolvido. E é bom que esteja, às vezes até pensamos que se calhar era bom trazê-los mais cedo para o processo, porque têm uma visão muito mais holística da marca e do negócio e podem ter insights muito bons para quando se começa a trabalhar. Nesse tipo de marcas, para as quais a comunicação é absolutamente crítica no negócio, o board costuma estar envolvido nas grandes decisões, como campanhas de marca e grandes investimentos em mass media.

M&P: É fácil passar para esse tipo de interlocutores, mais focados no negócio, a noção da publicidade enquanto investimento ou tende a ser vista ainda como um custo?
SA: Esse foi um dos temas interessantes que foram abordados numa tertúlia com a APAP, sobre a necessidade, ou não, de haver que fizesse essa tradução. E é engraçado porque os diretores de marketing dizem fazer tradução e sentem até que têm esse papel de tradutor. A agência tem a grande vantagem de não fazer parte do mundo da empresa. Há agências que fazem implantes dentro dos clientes. Isso é muito útil quando estamos a falar, por exemplo, de desenvolvimento de produto digital, onde as estruturas quase se misturam. Mas quando falamos de publicidade, temos uma enorme vantagem em estar de fora, em não estarmos metidos no pequenino problema que surge na empresa. Claro que é bom termos um conhecimento profundo da empresa, mas nunca nos podemos esquecer de que estamos do lado do consumidor. Queremos é pensar como o consumidor e perceber como chegamos até ele. Se a agência pode fazer essa tradução para o board? Pode. Se muitos marketeers sentem que esse é o papel deles? Também é verdade, e não há mal nenhum nisso. Se o fazem da melhor maneira? Depende. Há casos de pessoas que têm essa sensibilidade e se calhar até o fazem melhor do que a agência, porque entendem tanto o mundo da agência como o do board e fazem essa simbiose.

M&P: A tentativa de ter o board como interlocutor direto não terá mais a ver com uma ambição das próprias agências em estarem mais próximas dos decisores do negócio e darem uma resposta à entrada das consultoras na publicidade.
SA: Sim, isso é verdade. Mas até acho que o modelo que se calhar seria o ideal é estarmos lá junto com o marketeer. Porque podemos perfeitamente fazer essa parceria, exatamente como na consultoria. A grande vantagem da consultoria é que eles lidam diretamente com os boards e nós, muitas vezes, paramos ali no diretor de comunicação ou no diretor de marketing. Quando os CEO, os membros do board, perceberem que a marca é um dos principais ativos que têm na empresa, se calhar vão querer ouvir os especialistas em marca de viva voz. Acho que podemos reclamar esse papel, mas sempre de mão dada com o marketeer. Tem de ser o nosso principal aliado, mas nós podemos ajudar a mostrar por que determinado caminho faz mais sentido do que outro. As agências podem e devem reclamar para si esse lugar. Não temos menos valor do que uma consultora.

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GirodMédias compra APS Media

“Pretendemos fundir as redes das duas empresas para oferecer uma cobertura nacional completa ao mercado”, revela ao M&P Jérémy Teixeira (na foto), gestor nacional da francesa GirodMédias

Luis Batista Gonçalves

A empresa francesa de publicidade exterior GirodMédias comprou a APS Media, empresa de meios portuguesa especializada em serviços publicitários, gestão de múpis em centros comerciais e consultoria estratégica. A intenção é reforçar presença no setor do ‘retail media’, acrescentando três mil novas faces publicitárias ao portefólio.

“A aquisição reforça a tendência de concentração no mercado de ‘out-of-home (OOH) advertising’, resultando em empresas mais fortes e estruturadas, sendo que esta consolidação permite às marcas obterem uma cobertura nacional de forma mais simples e eficiente, uma vez que passam a lidar com uma única empresa para campanhas de grande escala, dentro e fora do ponto de venda. Isso não só facilita o processo de compra, como também garante uma maior consistência nas campanhas publicitárias em todo o país”, explica ao M&P Jérémy Teixeira, gestor nacional da GirodMédias.

Além de permitir à empresa assegurar um serviço mais integrado, com presença em 150 centros comerciais espalhados pelo país, a GirodMédias passa também a disponibilizar uma rede de 13 mil faces ativas, abrangendo uma diversidade de formatos OOH, de soluções de comunicação exterior, de media de retalho, de ativação de marca e de experiências ao consumidor, no exterior e no interior das superfícies comerciais.

“Pretendemos fundir as redes das duas empresas para oferecer uma cobertura nacional completa. A estratégia passa por disponibilizar um portefólio integrado que abrange desde a comunicação em autoestradas (monopostes) até campanhas em outdoors, múpis, sinaléticas direcionais e espaços comerciais e ativações, sublinha Jérémy Teixeira.

Antigos sócios da APS Media ficam como consultores

Concluído o processo de aquisição, a APS Media é integrada na estrutura nacional da GirodMédias, operando, nesta fase inicial, sob a insígnia da empresa francesa. Com uma abordagem centrada na inovação e na proximidade com o consumidor, a GirodMédias prepara-se ainda para anunciar em breve a criação de novas redes, na sequência desta operação.

“Os antigos sócios da APS Media entraram no capital social da GirodMédias e vão passar a colaborar como consultores estratégicos, contribuindo com a sua experiência para impulsionar o crescimento da empresa. Mantêm-se ligados ao projeto, mas com um foco mais direcionado para o aconselhamento e desenvolvimento estratégico. A direção executiva da GirodMédias permanece inalterada, continuando sob a minha liderança”, esclarece Jérémy Teixeira.

Em Portugal desde 2013, a GirodMédias tem vindo a adotar uma abordagem omnicanal, apostando em soluções de publicidade contextualizada e em aquisições estratégicas, como a da Shine Media em 2021, as da Espaço Exterior e da Publimpacto em 2022 e a da Mosaico Publicidade em 2024.

“Todos os colaboradores operacionais da APS Media permanecem na estrutura. A continuidade da equipa operacional da empresa garante a manutenção da experiência e do ‘know-how’ no terreno, assegurando que a transição ocorra de forma suave e eficiente”, refere o gestor nacional da empresa, que está a reforçar a aposta na sustentabilidade, através da adoção de painéis fotovoltaicos para iluminação dos suportes publicitários e da utilização de veículos 100% elétricos nas campanhas de ativação de marca.

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

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O jornalismo enfrenta uma crise de confiança. A desinformação, a manipulação política e o declínio dos media independentes ameaçam um dos direitos fundamentais da cidadania, o acesso à informação de qualidade. Este é o ponto de partida do autor Pedro Jerónimo, investigador do laboratório de comunicação da Universidade da Beira Interior, e Inês Amaral, investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.

O livro apresenta estudos de casos na Europa, América Latina, América do Norte e África, e traça caminhos para a reconstrução de um sistema mediático mais fiável, incluindo propostas que vão desde a promoção de um maior envolvimento da comunidade com os media locais até ao impacto da regulamentação no jornalismo. A obra pode ser descarregada gratuitamente no site do Laboratório de Comunicação (LabCom).

Autores Pedro Jerónimo & Inês Amaral
Editora Livros LabCom
Lançamento Março de 2025
Páginas 276
Preço Gratuito

Marcas que Fazem Portugal

A autora e jornalista Margarida Vaqueiro Lopes, atualmente editora executiva do Dinheiro Vivo, conta as histórias das onze marcas nacionais com melhor desempenho ao longo dos anos.

Num mundo globalizado e cada vez mais homogéneo, o livro realça a importância da autenticidade das marcas portuguesas. Algumas nunca enfrentaram dificuldades, outras, mesmo quando o fim parecia próximo, conseguiram reinventar-se. Hoje, são incontornáveis quando se fala de sucesso nacional.

É o caso da Vista Alegre ou da Ramirez, marcas que partiram à conquista do mundo, ou do vinho Mateus Rosé, que Elton John tanto apreciava, e o homenageou numa canção.

Autora Margarida Vaqueiro Lopes
Editora Fundação Francisco Manuel dos Santos
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The New Look

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“Esta aposta mistura os elementos tradicionais como fotografia, vídeo e podcasts com um laboratório de IA e de experiência aumentada. A intenção é permitir aos clientes a aceleração do seu próprio alinhamento com os fenómenos vividos pelas suas audiências”, explica ao M&P Pedro Barbosa, CEO da Wise Pirates.

O investimento acontece numa altura em que a agência está atenta à evolução das ‘trends’ que marcam a comunicação digital global.

“Na Wise Pirates, trabalhamos a identificação de tendências com base em sistemas de ‘crowdsourcing’ e com base em ‘predictive analytics’, usando computação e ‘algoritmização’ para prever potenciais movimentos de comportamento das sociedades (pessoas, empresas, mercados e indústrias particulares) com determinadas probabilidades, de forma a potenciar estratégias com maior assertividade, eficácia e sucesso”, salienta o responsável.

A análise desenvolvida nas últimas semanas mostra que a tecnologia vai continuar a ter um peso crescente na comunicação e na promoção das marcas.

“A incorporação massiva de IA nas nossas vidas, uma nova vaga de automação de processos nas empresas, um crescimento do foco em saúde e bem-estar das pessoas, investimentos em segurança e cibersegurança por parte de pessoas, famílias, empresas e estados, a hiperpersonalização, a ascensão da biotecnologia e o uso de ‘partners’ digitais híbridos e com soluções holísticas entre tecnologia e negócios marcam algumas das tendências”, afirma Pedro Barbosa.

Nas redes sociais, as ‘trends’ acompanham a evolução. “Os fenómenos de ‘AI shorts’ serão muito relevantes, à semelhança dos movimentos ao estilo BeReal [aplicação de partilha de fotografias muito usada pela geração Z], que promove uma autenticidade sem filtros, a par do comércio social, da ‘mix reality’, dos espaços sociais híbridos e dos desafios interativos entre pessoas e IA”, avança o CEO da Wise Pirates.

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Portugal traz 20 prémios dos Eventex Awards 2025

A Desafio Global conquista seis troféus e é a grande vencedora nacional do concurso que distingue empresas de eventos e ativações de marcas. GR8 Events e Filosofia Event são as segundas maiores vencedoras, com quatro prémios cada uma

Portugal conquista 20 prémios no Eventex Awards 2025, evento anual que distingue empresas de organização de eventos e ativações de marcas. Na 15a edição do concurso, que recebeu 1.239 candidaturas, oriundas de 59 países, o país consegue “oito Ouros, sete Pratas e cinco Bronzes”, avança ao M&P fonte oficial da Eventex.

A Desafio Global, conquista seis prémios, vence três Ouros, nas categorias Brand Experience — Automotive, Brand Engagement Event e European Event, pelo projeto NRM@HUB – Charged to Lead, desenvolvido para a Toyota Motor Europe, tendo também recebido dois Ouros, nas categorias B2B Event e Use of AI, com um evento da Deloitte. ‘Time to ReThink’, tema das Conferências do Estoril 2024, promovidas pela Nova School of Business & Economics e pela Nova Medical School, ganhou uma Prata, na categoria Conference.

A agência GR8 Events regressa da cerimónia com quatro distinções. A XXVII ANOC General Assembly e os ANOC Awards, organizados para a Association of National Olympic Committees (ANOC), vencem Prata na categoria Association Meeting, sendo que a assembleia-geral também ganha um Bronze na categoria Conference.

O evento NTT Data Emojination, organizado pela GR8 Events para a NTT Data, arrecada um Bronze na categoria Celebration Event, enquanto que o Linha Amarela, encontro de colaboradores do Banco Montepio, é recompensado com um Bronze, na categoria de Event Concept.

O Filosofia Event Group, com delegações em Portugal e na Ucrânia, também consegue quatro galardões. Além de um Ouro na categoria B2B Event pela Cyber Beast Party, ganha uma Prata na categoria Networking Event com um evento para a Growe Partners, uma Prata na categoria Consumer Engagement Event com a Cyber Beast Party e um Bronze na categoria People’s Choice Team.

A Tox’Inn, entretanto rebatizada Bloomer, conquista dois prémios, uma Prata na categoria People’s Choice Supplier e um Bronze na categoria Staffing Company.

A Vanilla Project também é distinguida com dois. Além de um Ouro na categoria Rising Star Agency, vê também a iniciativa Lisboa – Portugal vencer Prata na categoria People’s Choice Destination.

A lista de vencedores nacionais inclui ainda a New Sheet Brand Activation, que arrecada um Ouro com o projeto Noitada Portimão, para a Câmara Municipal de Portimão, na categoria Municipal Event, bem como a Ocubo, que vê a iniciativa Serralves in Light ser recompensada com um Bronze, na categoria Cultural Event.

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Nuno Riça é jurado de ‘shortlist’ de Films em Cannes

“Vai ser uma injeção em dose industrial das melhores ideias do mundo, um privilégio. Pede-se exigência, sentido de responsabilidade e justiça na avaliação, mas conto divertir-me muito pelo caminho”, refere Nuno Riça (na foto), em declarações ao M&P

Catarina Nunes

Nuno Riça, diretor criativo da Bar Ogilvy, é jurado de seleção da ‘shortlist’ na categoria Films do Cannes Lions Festival Internacional de Criatividade. É também o único criativo em representação de agências nacionais a integrar um júri da edição deste ano do festival, que decorre em Cannes de 16 a 20 de junho.

“Espero ver muitos exemplos de excelência daquilo a que a indústria criativa já nos habituou ser capaz, com muita frescura, ‘craft’ imaculado, relevância e impacto. Mas confesso que estou mais ansioso por ver o que nunca pensámos ser possível, o supostamente inconcebível mas que afinal bate certo, ideias que criam um novo padrão”, refere Nuno Riça em declarações ao M&P.

O diretor criativo da Bar Ogilvy, desde 2020, considera que a seleção dos trabalhos a concurso, que posteriormente serão votados para prémio por outro grupo de jurados, “vai ser uma injeção em dose industrial das melhores ideias do mundo, um privilégio. Pede-se exigência, sentido de responsabilidade e justiça na avaliação, mas conto divertir-me muito pelo caminho”.

O trabalho de Nuno Riça é reconhecido nos principais festivais de criatividade e eficácia, em Portugal e no Cannes Lions, incluindo um Leão de Ouro em 2022, ao longo do percurso profissional em que trabalha marcas como Galp, TAP, Millennium, Nestlé, Frize, Olá e Jogos Santa Casa. Nascido em Lisboa, é licenciado em relações públicas e publicidade e começa a estagiar na BBDO, em 2006, como redator. Seguem-se a Strat e a Havas Worldwide, até 2013. Posteriormente, passa cinco anos na Bar Lisboa e transita para a Bar Ogilvy.

Em relação ao desempenho das agências portuguesas, Nuno Riça defende que “precisamos de ganhar consistência em Cannes, temos potencial para isso e acredito que as agências portuguesas podem dar mais um passo nesse sentido este ano”.

O júri de seleção de ‘shorlist’ abrange especialistas globais de todas as indústrias criativas, de 79 mercados e divididos pelas várias categorias do festival, em que o Azerbaijão, Bósnia e Herzegovina, Islândia e Mongólia estão representados este ano pela primeira vez. Marian Brannelly, diretora global de prémios do Cannes Lions, considera que “o júri de seleção de 2025 é um verdadeiro reflexo da natureza global da criatividade hoje. A adição de novos mercados como Azerbaijão, Bósnia e Herzegovina, Islândia e Mongólia é uma prova da crescente influência criativa e das economias dessas regiões”.

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SaTG amplifica campanha espanhola da Uber Eats com lançamento de restaurantes virtuais

Os ex-futebolistas Gerard Piqué (na foto, à esq.) e Iker Casillas (à dta.) retomam picardias antigas, num projeto que “requereu muita coordenação e resiliência”, revela ao M&P João Ribeiro, sócio-gerente da agência Stream and Tough Guy

O jogo do campeonato espanhol que opõe o FC Barcelona ao Real Madrid CF, no próximo dia 11, está na origem da nova fase da campanha que a Stream and Tough Guy (SaTG) desenvolveu para a Uber Eats.

Entre os dias 9 e 11, a plataforma digital de restauração recupera a rivalidade entre os dois clubes através de três anúncios que mostram os ex-futebolistas Gerard Piqué e Iker Casillas a retomar picardias antigas para promover as bolachas Manitas de Piqué e os palmiers Orejonas de Casillas.

“O maior desafio neste projeto foi conseguir ‘cozinhar’ a opinião de todos os intervenientes nesta receita (SaTG, Uber Eats, La Liga, Gerard Piqué e Iker Casillas) acerca de todos os ingredientes da campanha, a tempo de sair do forno antes do jogo, que é já no próximo domingo. Foi um projeto que requereu muita coordenação e resiliência”, assume ao M&P João Ribeiro, cofundador e sócio-gerente da agência.

As Manitas de Piqué e as Orejonas de Casillas, as duas especialidades gastronómicas comercializadas nos dois restaurantes virtuais que os ex-futebolistas anunciam nos filmes publicitários, criados para televisão e digital, são comercializadas pela Uber Eats em exclusivo, em Madrid e Barcelona.

“Isto reforça a nossa estratégia de querer fazer trabalho a partir de Portugal para qualquer parte do mundo. Além de Espanha, já fizemos trabalhos para países como o Paquistão e os Estados Unidos, entre outros. Temos mais ideias no forno à espera de saírem para outros mercados muito em breve”, desvenda João Ribeiro.

Depois de reacenderem as picardias futebolísticas na última campanha publicitária conjunta, na qual o antigo defesa catalão e o ex-guarda-redes madrileno trocavam piadas sobre ‘manitas’ e ‘orejonas’, a Uber Eats transforma esses símbolos do futebol em produtos reais que os adeptos poderão encomendar em exclusivo, para saborearem nos dias que antecedem o clássico.

“As Manitas de Piqué são bolachas em forma de mão, inspiradas no mítico gesto do catalão após a vitória por 5-0 do FC Barcelona frente ao Real Madrid CF, em 2010. Já as Orejonas de Casillas são comercializadas numa caixa com 15 palmiers, um por cada troféu da Liga dos Campeões conquistado pelo Real Madrid CF”, explica a SaTG em comunicado de imprensa.

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87% das marcas têm aversão ao risco

Estudo do Cannes Lions revela que só 13% dos anunciantes está aberto a campanhas publicitárias que desafiem a criatividade, com 51% a assumirem incapacidade para gerar ‘insights’ fortes

Os anunciantes estão com mais medo de arriscar. Segundo o estudo ‘State of Creativity 2025: A Call For Confidence’ (na foto), divulgado pelo Cannes Lions, 87% das marcas têm aversão ao risco, sendo que apenas 13% estão abertas a campanhas publicitárias que rompam com os padrões convencionais e desafiem os limites da criatividade.

“Os resultados da pesquisa mostram que, em grande parte devido à falta de ‘insights’ sólidos e de relevância cultural, estamos a ver menos anunciantes a assumir riscos criativos, com muitos a ficarem-se pelos limites tradicionais e a não irem além das convenções, das barreiras que condicionam a confiança criativa e as impedem de gerar melhores resultados comerciais a longo prazo”, revela Patrick Jeffrey, vice-presidente do Lions Advisory, citado no estudo.

De acordo com a análise, que tem por base as respostas de mil ‘marketers’ e criativos de todo o mundo a um inquérito promovido entre novembro de 2024 e janeiro de 2025, 51% das marcas assumem a incapacidade de conseguir gerar ‘insights’ suficientemente fortes para potenciarem a criatividade das campanhas. Apenas 13% consideram que os que apresentam às agências criativas têm força suficiente para originar anúncios que se destaquem pelo lado criativo.

“A investigação mostra que a aversão ao risco está a atrapalhar as empresas, com 29% das marcas a admitirem ser altamente avessas ao risco”, refere o documento. Além da falta de compreensão e clareza sobre o que constitui um ‘insight’ de boa qualidade, o estudo refere que o tempo alocado para o desenvolvimento de ‘briefings’ mais pormenorizados “tende a ser insuficiente”, até porque essa tarefa “não é considerada das mais prioritárias”.

“No entanto, as marcas que assumem riscos geram margens de lucro quatro vezes superiores, de acordo com pesquisas do World Advertising Research Center (WARC) e da Kantar, e, como relata a Deloitte, as que revelam maior propensão para assumir riscos criativos têm 33% mais probabilidades de ver um crescimento de receitas a longo prazo”, salienta o estudo, que já vai na quinta edição anual.

57% das marcas têm dificuldade em acompanhar tendências

A análise do Cannes Lions defende que, quanto mais forte for a relação entre anunciantes e agências criativas, maior será a capacidade das marcas de desenvolverem ‘insights’ com uma qualidade superior. “Tanto as equipas como os métodos devem ser pluralistas para evitarem preferências pessoais em detrimento da compreensão do consumidor, sendo que o uso de inteligência artificial (IA) e de dados sintéticos pode aumentar a eficiência e reduzir enviesamentos e limitações”, recomenda o estudo.

O inquérito internacional revela ainda que 57% das marcas têm dificuldade em acompanhar tendências e adaptar-se à conjuntura cultural. “O relatório mostra uma correlação positiva entre a capacidade e a perceção dos anunciantes para reagirem a mudanças culturais face à aversão ao risco, com apenas 12% a considerarem que o fazem de uma forma que pode ser considerada excelente”, refere a análise.

“Os desafios que limitam uma maior agilidade cultural prendem-se com as muitas fases que costumam marcar os processos de aprovação, além dos recursos e investimentos limitados e das dificuldades em conseguir alinhar os ‘insights’ das marcas com as tendências culturais. As empresas são aconselhadas a construir estruturas que permitam ações rápidas e estratégicas. As marcas que assumem riscos e que se distinguem criativamente são mais bem sucedidas”, garante o relatório.

“O inquérito deste ano mostra também que os anunciantes estão a migrar cada vez mais para planeamentos de curto prazo, com a percentagem dos que o fazem a aumentar de 53% em 2023 para 63% em 2025”, revela o estudo.

O relatório recomenda aos anunciantes o reforço do investimento na formação. “À medida que as equipas melhoram as suas capacidades, aumenta também o apetite por trabalhos maiores e mais ousados”, assegura Patrick Jeffrey.

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Francisco Faria revela que em Madrid há mais trabalho e concorrência, o que gera também mais pressão e síndrome do impostor FOTO MARJORIE LE GALL
Digital

“Sinto-me perdido quando tenho um trabalho e a criatividade não aparece”

Apesar de trabalhar como modelo e ator, é na criação de conteúdos para redes sociais que está o foco de Francisco Faria (na foto), que muda-se para Madrid para estar num ponto central na Europa, revela na rubrica do M&P De Portugal Para o Mundo

Catarina Nunes

A solidificar a carreira como criador de conteúdos digitais para marcas de luxo, Francisco Faria encontra em Madrid a base ideal para se instalar, por estar a uma hora de Portugal e de outros países onde trabalha, também como modelo.

O vencedor do concurso Model Tour 2013 tem no portefólio desfiles para a Dolce&Gabbana, na ModaLisboa e no Portugal Fashion, de par com editoriais, ‘lookbooks’ e campanhas publicitárias para marcas como Dsquared2, Barbour, Farfetch e Browns Fashion, entre outras.
Em 2024 estreia-se no cinema como ator, no filme ‘Chuva de Verão’, realizado por António Mantas Moura.

É com perfecionismo que agarra as oportunidades que a vida lhe dá e que o levam a ser também o fundador de duas marcas: a Blue Avenue (calções de banho para homem) e a Hurricane Lab (chapéus de ‘cowboy’ feitos em Portugal), que está à venda em cerca de 20 lojas a nível mundial.

Com 154 mil seguidores no Instagram e 240,7 mil seguidores no Tik Tok, Francisco Faria cria conteúdos para marcas de luxo FOTO ORLANDO GONÇALVES

Na rubrica De Portugal Para o Mundo, dedicada a profissionais expatriados, Francisco Faria revela que em Madrid há mais trabalho e concorrência, o que gera também mais pressão e síndrome do impostor. “Muitas vezes sinto-me perdido quando tenho um trabalho e a criatividade, simplesmente, não aparece no momento em que preciso”, explica, acrescentando que “no fim, dá sempre certo”.
Com 154 mil seguidores no Instagram e 240,7 mil seguidores no TikTok, diz que “hoje em dia é muito difícil crescer nas redes sociais”.

Trabalhar fora de Portugal é uma ambição concretizada ou há alguma circunstância que determina a saída?
Sempre tive um pé dentro e outro pé fora do país: nos últimos anos estive a viajar todas as semanas, maioritariamente para Milão, Paris ou Madrid, e surgiu a necessidade de me mudar para um ponto mais central na Europa. Madrid é perfeita para isso. Estou a uma hora de voo de Portugal e de outros mercados onde trabalho.
Além disso, sou muito feliz em Madrid e esta mudança está a fazer todo o sentido. Primeiramente, porque tenho a sorte de ter grandes
amigos cá, que me fazem sentir em casa. A cidade é muito confortável e a cultura é parecida com a nossa, não estranho nada e, profissionalmente, há mais oportunidades na minha área. É uma mudança leve, muito normal.

Quais são as diferenças entre trabalhar em Lisboa e em Madrid?
Em Madrid há mais oportunidades, o mercado é maior. Há mais concorrência também, mas sinto que há espaço para todos. Trabalho nesta área há uns anos e em Lisboa, na área da moda principalmente, não havia muito mais que pudesse conquistar.

Quais são os projetos mais recentes que tem entre mãos?
Divido-me em projetos distintos, mas todos interligados. Tenho duas marcas, das quais orgulho-me muito, a Hurricane, que é uma marca de chapéus feitos à mão em Portugal, com lã natural e biodegradável. E a Blue Avenue, com fatos de banho para homem, também fabricados em Portugal. Enquanto ‘talent’, trabalho como modelo, ator e criador de conteúdos digitais, sendo que as redes sociais são neste momento o meu maior foco, pelo retorno e experiências que me têm trazido.

A trabalhar a partir de Madrid, quais são as mais-valias e os obstáculos de ser português?
Em comparação com outras pessoas que também vêm de fora para Madrid, o ser português aproxima-me mais das pessoas, quer pela cultura como pela língua. Falamos alto como os espanhóis – temos a mesma energia – e mais facilmente entendemos e falamos espanhol do que alguém do Norte da Europa, por exemplo. Senti-me sempre muito bem recebido.

Quais são os desafios, enquanto criador de conteúdos digitais num mercado muito maior do que Portugal?
O facto de haver mais trabalho, concorrência e fluxo gera também mais pressão. Às vezes tenho síndrome do impostor e sinto que o grau de exigência nos conteúdos subiu muito. Muitas vezes sinto-me perdido quando tenho um trabalho e a criatividade simplesmente não aparece, no momento em que preciso. Sou um perfeccionista e tento fazer sempre o mais premium possível, o que nem sempre ajuda. Mas a verdade é que, no fim, dá sempre certo.

As redes sociais são o maior foco de Francisco Faria, pelo retorno e experiências que lhe têm trazido FOTO RENATA LESSA

Qual é o momento que o mercado espanhol atravessa, em termos da procura de marcas internacionais?
Madrid neste momento é um ‘hot spot’ na Europa. Está muito ‘trendy’ e nos últimos anos cresceu muito. Creio que com as complicações que houve em Barcelona, as coisas começaram a acontecer mais aqui. As empresas investiram mais em Madrid e estão a abrir constantemente novos restaurantes, hotéis e ‘cool spots’ como o Soho House.

É um fenómeno semelhante a Lisboa. Quando saio à rua, vejo sempre algo novo, seja uma ‘coffee shop’, uma galeria de arte ou uma loja, o que é refrescante e um reflexo do crescimento da cidade. As marcas internacionais também sentem este movimento aqui, por isso há mais investimento, eventos e ativações todas as semanas, mais até do que em Milão, por exemplo.

Como é que está a evoluir o número de seguidores e de interações que tem nas redes sociais?
Hoje em dia é muito difícil crescer nas redes sociais, mas felizmente os meus números estão a aumentar de forma orgânica e esta mudança ajuda muito.

Madrid funciona também como rampa de lançamento enquanto ator, depois da estreia no cinema em 2024, com o filme ‘Chuva de Verão’?
Acredito que sim, se houver oportunidade para isso. Tenho tido aulas, de representação e de sotaque, e em fevereiro comecei a ter aulas de espanhol. Preciso de evoluir mais, para poder ter projetos de representação em Espanha, mas estou a trabalhar para isso.

Qual é a experiência profissional em Madrid mais marcante, negativa ou positiva?
Estando neste mercado há mais de dez anos consigo tirar sempre alguma coisa de positivo das experiências que acontecem, seja a nível profissional ou até pessoal. Se dermos tempo e – como se costuma dizer – virmos a situação de fora, conseguimos sempre tirar uma aprendizagem. ‘In the end, this is all about the people’. Fora isso, há coisas positivas e negativas em ambos os mercados, há sempre o outro lado da moeda.

Os aspetos positivos e negativos em Espanha e Portugal são os mesmos?
O mercado espanhol é maior, por isso tem a seu favor uma quantidade de atrativos como os orçamentos, a internacionalização e uma economia que ecoa mais, mas a concorrência é enorme.
Em Portugal, sendo mais pequeno, ficamos um pouco mais condicionados, mas reconheço um potencial gigante, nomeadamente em termos de manufatura. A minha marca de chapéus, a Hurricane Lab, por exemplo, é feita 100% em Portugal, pois os nossos materiais são dos melhores. Os outros países reconhecem essa qualidade e já não somos um país tão desconhecido como podemos achar.

Pensa regressar a Portugal?
Sim, o bom filho a casa regressa. Amo Portugal, é o melhor país do mundo, e sou muito ligado à família e aos amigos. Mas neste momento faz mais sentido, profissionalmente e estrategicamente, estar por cá, porque estou focado na minha carreira.
Tenho de aproveitar as oportunidades que a vida me está a dar e voar. Quem sabe se essas oportunidades não irão passar por Portugal. Se surgir um projeto, não descarto a ideia de voltar.

Sobre o autorCatarina Nunes

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Dio Rods destaca-se pelos vídeos sobre o jogo Minecraft; Pedro Timóteo foca-se no universo dos videojogos de futebol; e Wuant publica vídeos com tom humorístico, vlogs e situações do quotidiano FOTO DR
Digital

Dio Rods é o ‘gamer’ nacional com mais interações no Instagram

Pedro Timóteo ocupa a segunda posição, com 31,2 mil interações por vídeo publicado, cerca de um quarto do ‘engagement’ do líder do ranking da Snack Content Portugal, Dio Rods

Catarina Nunes

Dio Rods, criador de conteúdos com tutoriais de construção no Minecraft (na foto, à esq.), é o jogador nacional de videojogos com mais ‘engagement’ no Instagram, com quatro vezes mais interações (129 mil) por ‘reel’ do que o segundo classificado no ranking da Snack Content Portugal.

Com 32,1 mil seguidores no Instagram, Dio Rods (@dio.rods) destaca-se na comunidade digital não só pelos vídeos sobre o jogo Minecraft mas pelas transmissões que faz ao vivo enquanto joga, as partilhas do seu dia a dia e as interações com outros influenciadores.

“Esta mistura de entretenimento com autenticidade faz com que os seguidores se sintam mais próximos, se interessem pelos temas partilhados e interajam bastante”, diz Inês Ramada Curto, codiretora executiva e sócia da Snack Content Portugal, estúdio especializado na criação de vídeo social e de linhas editoriais para marcas nas redes sociais.

A análise, elaborada em exclusivo para o M&P, é feita a partir do programa de dados Tubular para o Instagram, no período entre 1 de janeiro e 7 de abril, considerando a média do somatório de gostos, comentários e partilhas por publicação no formato ‘reels’, de ‘gamers’ nacionais.

De salientar que o Instagram tem vindo a evoluir para uma montra digital, em que os ‘gamers’ partilham os ‘gameplays’, onde aparecem a jogar videojogos, em emissões gravadas ou em direto.

No ranking da Snack Content, Pedro Timóteo (na foto, ao centro) ocupa a segunda posição, com 31,2 mil interações por vídeo publicado, cerca de um quarto do ‘engagement’ do líder da tabela e apesar de ter mais 17 mil seguidores do que Dio Rods, num total de 49,2 mil. Focado no universo dos vídeojogos de futebol, como o FIFA e o PES, Pedro Timóteo (@pedrotim23) é um dos ‘streamers’ mais reconhecidos da comunidade ‘gamer’ em Portugal.

O também embaixador da Adidas “tem uma habilidade natural para criar conteúdo envolvente e interativo no Instagram onde faz transmissões de jogos, dá dicas e conversa com os fãs. Pela consistência e pelo alto nível de capacidade de gerar interações com a sua comunidade tem mantido uma base fiel de seguidores no Instagram”, destaca Inês Ramada Curto.

Começar no YouTube e expandir-se no Instagram

O top 3 da tabela é fechado com Wuant (na foto, à dir.), que começa por ser um dos primeiros ‘gamers’ com mais notoriedade em Portugal, enquanto jogador no YouTube, mas que nos útimos anos tem-se expandido no Instagram.

Com 21,4 mil Interações e 891 mil seguidores no Instagram, Wuant (@wuant) comunica não só os jogos, mas também publica vídeos com um tom humorístico, vlogs e situações do quotidiano.

“Um dos vídeos onde partilha uma simples ida ao ginásio é um dos conteúdos com maior destaque no seu perfil. Esta mistura de entretenimento com ‘lifestyle’ faz com que consiga atrair uma audiência jovem, com a qual dialoga bastante”, explica a codiretora executiva da Snack Content Portugal, que destaca “o número médio de interações por ‘post’ muito robusto e mesmo com uma base de seguidores menos focados em ‘gaming’, consegue gerar uma conexão sólida com a audiência, mantendo a relevância na plataforma”.

Inês Ramada Curto argumenta que, nos últimos anos, o panorama dos jogos digitais em Portugal passa por uma revolução, não só no consumo, mas também na forma como os jogadores se conectam com os seguidores.

“O Instagram tornou-se num dos principais pontos de encontro para esse público, onde as comunidades partilham dicas, novos jogos, eventos, tiram dúvidas e interagem bastante, gerando conversas que conferem cada vez mais tempo passado nesta plataforma. Os ‘gamers’ nacionais estão a saber adaptar-se a esta plataforma e não só mostram as suas habilidades em jogos, mas também partilham o dia a dia, pensamentos e vida pessoal”, argumenta.

RicFazeres (@ricfazeres) é um dos mais antigos ‘gamers’ em Portugal e ocupa o quarto lugar, com 7,6 mil Interações por ‘reel’. O vencedor do All Star Challenge – FPF UFL Challenge powered by Cristiano Ronaldo, campeonato virtual de futebol, joga há cerca de 30 anos e tem 476 mil seguidores no Instagram.

“Publica vídeos nos mais diversos formatos, mas é principalmente nos cortes de jogos que se destaca”, salienta Inês Ramada Curto.

Capacidade de gerar conversas e interações

Tiagovski (@tiagovski555), por seu lado, soma 558 mil seguidores e 5,9 mil interações por vídeo, encerrando o ranking da Snack Content dos cinco ‘gamers’ nacionais com mais interações no formato ‘reels’.

“Publica, como quase todos os outros ‘gamers’, situações do dia a dia, ‘posts’ com memes e vídeos onde faz publicações de conteúdo publicitário”, diz a codiretora executiva da Snack Content Portugal, referindo-se ao ‘gamer’ que começa há 13 anos com um canal de YouTube, como jogador de Minecraft.

Inês Ramada Curto considera que os ‘gamers’ do top 5 se destacam “não só pelo notório talento e perícia para jogar jogos online, mas pela capacidade de gerar conversas e interações, fazendo exatamente o que estas plataformas tanto ambicionam: aumentar o tempo de retenção dos utilizadores na plataforma”.

Para a codiretora executiva de Snack Content Portugal, “o mundo dos ‘gamers’ no Instagram tem evoluído de forma impressionante nos últimos anos, e transformou-se num espaço onde os jogadores não mostram apenas as suas habilidades a jogar, mas também onde comunicam e se relacionam com os seguidores de forma mais pessoal e autêntica”.

Este novo paradigma no universo do ‘gaming’ reflete a crescente importância da construção de uma comunidade online sólida, onde as interações vão muito além dos temas publicados, e são basicamente sustentadas pela proximidade e criação de debates. As plataformas de redes sociais são, cada vez mais, sobre a criação de conteúdos envolventes e estratégicos.

“Apesar de cada um destes perfis de Instagram ter a sua linguagem, originalidade e autenticidade todos eles têm uma característica comum e fundamental: a capacidade de gerar conexões reais com os públicos. Tão importante como publicar vídeos sobre o tema que os caracteriza é jogar o jogo da plataforma e criar um impacto significativo, gerando conversas”, remata Inês Ramada Curto.

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Coca-Cola é alvo de boicote e tenta distanciar-se de Trump

Na Dinamarca ou no México, várias marcas americanas têm sido alvo de uma rejeição por parte do consumidor. A Coca-Cola é uma das visadas, e está a tentar dissociar-se das políticas da Administração Trump.

Na Dinamarca, no México e em outros países na mira de Donald Trump, as marcas americanas ou associadas ao milionário Elon Musk têm sido alvos de uma rejeição por parte do consumidor. A Coca-Cola é uma das visadas, e está a tentar dissociar-se do governo norte-americano.

No caso dos consumidores dinamarqueses, segundo declarações da empresa de cerveja Carlsberg, que engarrafa a marca americana no país, o ‘boicote’ à Coca-Cola é uma resposta à política externa dos Estados Unidos, refletindo a indignação dos dinamarqueses com as ameaças de Donald Trump de invadir e tomar o território da Groenlândia.

Jacob Aarup-Andersen, CEO da Carlsberg, revela que as vendas da bebida mais famosa do mundo “estavam ligeiramente em baixa” na Dinamarca, o único mercado onde a empresa observa esse fenómeno em larga escala. Em declarações à Reuters, o CEO da Carlsberg refere que as marcas nacionais, como a Jolly Cola, estão a ganhar espaço no mercado dinamarquês “devido ao boicote dos consumidores em relação às marcas americanas”.

A rede local de supermercados Rema confirma o fenómeno e relata um aumento de 13% nas vendas da Jolly Cola em março, em comparação com o mesmo período de 2024.

Jacob Aarup-Andersen lembra ainda que tanto a Coca-Cola como a Pepsi – marca que a Carlsberg também engarrafa – vendidas na Dinamarca são produzidas em fábricas dinamarquesas por trabalhadores dinamarqueses. “Por isso, na nossa perspetiva, estas são marcas dinamarquesas”, afirma, acrescentando que a Carlsberg não é a favor nem contra boicotes e que respeita as decisões dos consumidores.

No México, o cenário é idêntico. Segundo a Femsa, engarrafadora do produto no país, verifica-se uma quebra de 5,4% no consumo de Coca-Cola. A empresa atribui a desaceleração das vendas às tensões geopolíticas entre os Estados Unidos e o México. Além disso, os clientes hispânicos que vivem nos Estados Unidos também têm consumido menos por conta das deportações em massa da Casa Branca.

Perante estes dados, o CEO da The Coca-Cola Company, James Quincey, fala num sentimento “antiamericano”, mas garante que a empresa está mobilizada para recuperar dos ataques.

Coca-Cola supera estimativas no 1º trimestre

No primeiro trimestre do ano, a Coca-Cola totaliza 3,33 mil milhões de dólares (€2,931 milhões) de lucro, um aumento de 5% relativamente ao ano anterior, segundo dados apresentados no final do mês de abril. A faturação da multinacional cedeu 2%, face ao período homólogo, para 11,12 mil milhões de dólares (€9,781 milhões).

Destaca-se a venda dos refrigerantes com gás, que cresceu 2%, impulsionada pela Europa, Médio Oriente, África e Ásia-Pacífico. Os sumos, produtos lácteos e as bebidas vegetais tiveram um acréscimo de 1%, enquanto a água, bebidas desportivas, café e chá avançaram 2%.

James Quincey, CEO da The Coca-Cola Company, destaca a estratégia da empresa para lidar com qualquer situação, acrescentando que “apesar da pressão nos principais mercados, a força da nossa presença global permitiu-nos navegar com sucesso num ambiente externo complexo. Ao mantermo-nos fiéis ao nosso objetivo e próximos do consumidor, estamos confiantes na nossa capacidade de criar valor duradouro a longo prazo”, conclui. Para 2025, a empresa espera um crescimento das receitas de 5% a 6%.

 

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