“Deteriorações de 77 milhões” no acordo de venda da Media Capital prejudicam resultados da Prisa
O acordo de venda da Media Capital é apontado pela espanhola Prisa, a par dos efeitos da pandemia covid-19 sobre o sector dos media, como um dos factores responsáveis por perdas de 209 milhões de euros no resultado líquido dos primeiros nove meses de 2020.
Pedro Durães
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O acordo de venda da Media Capital é apontado pela espanhola Prisa, a par dos efeitos da pandemia covid-19 sobre o sector dos media, como um dos factores responsáveis por perdas de 209 milhões de euros no resultado líquido dos primeiros nove meses de 2020. No período, a empresa espanhola, que no passado mês de Setembro anunciou a venda da sua participação na Media Capital por 36,8 milhões de euros, registou um EBITDA de 82 milhões de euros, valor que representa uma quebra na ordem dos 50% face aos 165 milhões de euros alcançados no período homólogo em 2019.
“Os resultados entre Janeiro e Setembro, em conformidade com o esperado, viram-se afectados pela covid-19, especialmente no negócio dos media”, começa por justificar a Prisa em comunicado, onde refere que “a pandemia teve um efeito negativo de 166 milhões nas receitas e de 119,4 milhões no EBITDA”.
“O grupo realizou um grande esforço na contenção de custos, atingindo, em Setembro, 80% do cumprimento total do plano de contingência implementado em todas as unidades de negócio para atenuar os efeitos negativos da covid-19. Prevê-se que, no final do ano, este plano de poupança supere os 40 milhões comprometidos”, informa ainda a empresa espanhola, chamando ainda atenção para o facto de que “o tipo de câmbio também teve um efeito negativo de 44 milhões nas receitas e de 5,4 milhões no EBITDA, devido às desvalorizações no México, Argentina e Brasil”.
“Por outro lado, o resultado líquido lança perdas de 209 milhões como consequência do impacto da covid-19, das deteriorações de 77 milhões procedentes do acordo de venda da Media Capital, da deterioração da totalidade dos créditos fiscais pendentes em Espanha, avaliados em 64,55 milhões, e das deteriorações de 21,9 milhões dos activos da rádio no México e no Chile”, justifica o grupo espanhol.
No processo de venda da dona da TVI, recorde-se, a CMVM considera ter havido, entre a Pluris de Mário Ferreira e a Prisa, o “exercício concertado de influência sobre a Media Capital”. Em causa está o acordo sobre direitos de preferência na venda de acções da empresa espanhola anunciado por Mário Ferreira no passado dia 15 de Maio aquando da comunicação ao mercado de que tinha concretizado a aquisição de cerca de 30% das acções da Media Capital.
Entretanto, também a ERC decidiu abrir um processo de contraordenação contra a Vertix/Prisa e a Pluris/Mário Ferreira pela “existência de fortes indícios da ocorrência de uma alteração não autorizada de domínio sobre os operadores de rádio e de televisão a operar sob licença que compõem o universo da Media Capital”.