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“Temos a expectativa de o ano 2015 marcar o equilíbrio operacional”

Um ano após a entrada em funções da nova administração, José Carlos Lourenço, chief operating officer do Global Media Group, faz o balanço deste período e traça os objectivos para o futuro.

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“Temos a expectativa de o ano 2015 marcar o equilíbrio operacional”

Um ano após a entrada em funções da nova administração, José Carlos Lourenço, chief operating officer do Global Media Group, faz o balanço deste período e traça os objectivos para o futuro.

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José Carlos Lourenço, chief operating officer do Global Media Group

Em Março do ano passado, indigitada pelos novos accionistas, entrou em funções a nova administração da então Controlinveste Media, desde esse momento propriedade de António Mosquito (27,5 por cento), Luís Montez, BCP e BES (15 por cento cada), ficando Joaquim Oliveira, anterior proprietário, com os restantes 27,5 por cento. Um despedimento colectivo e um conjunto de rescisões que levaram à saída de cerca de 200 colaboradores, mudanças na direcção do Diário de Notícias (DN), Jornal de Notícias (JN), Volta ao Mundo e Evasões marcaram este período, no qual também se assistiu a alterações na direcção de marketing, diminuição do tamanho dos jornais ou encerramento da Notícias TV em papel. O grupo prepara-se agora para dar início à segunda fase do mandato da nova administração.

Meios&Publicidade (M&P): Assumiram a administração da agora Global Media em Março de 2014. A casa já está arrumada?
José Carlos Lourenço (JCL): A casa vai estando arrumada. Isto é um processo que nunca tem fim, até porque a dinâmica do nosso negócio a isso obriga, mas podemos considerar que este primeiro ano era uma etapa difícil, com objectivos muito focados na reorganização e reestruturação do negócio e da sua sustentabilidade.. Essa parte está no essencial concluída. Tivemos que tomar medidas que não são simpáticas e que nenhum gestor gosta de tomar, mas que são essenciais para a etapa que agora estamos a começar. No ano passado estivemos muito focados na reorganização das empresas do grupo, tivemos que começar a fazer com menos recursos aquilo que anteriormente se fazia com mais, mas ainda assim fomos fazendo muitas coisas no sentido de antecipar esta etapa. Arrancámos no essencial em Abril, poucas semanas depois lançámos um novo standard do ponto de vista de dimensão dos jornais, praticamente hoje todos os jornais têm essas dimensões, o que obrigou desde logo a um exercício importante no sentido dos leitores não terem a sensação de que apenas tínhamos encolhido o produto e tivemos que o adaptar do ponto de vista gráfico. Em Maio houve alterações importantes na Evasões e na Volta ao Mundo.

M&P: Que também mudaram de direcção.
JCL: Que também mudaram de direcção e o produto teve algumas alterações interessantes. Os resultados foram muito animadores, a circulação paga ou aumentou ou ficou em linha com o ano anterior, inverteu a tendência de queda. Em Agosto lançámos o novo O Jogo e os resultados também foram muito animadores no sentido em que fomos o único jornal desportivo que não caiu em circulação relativamente ao ano anterior. Em Setembro fizemos uma apresentação ao mercado de uma nova grelha da TSF, algo que não acontecia há três anos, e , sem descaracterizar o produto, conseguimos introduzir dinâmicas adicionais e o resultado imediato, no Bareme seguinte, foi conseguirmos atingir níveis de audiências que não eram atingidos há três anos. Houve alterações ao nível das pessoas, é verdade, temos uma nova direcção no Diário de Notícias desde Setembro, a nova direcção do JN arrancou em Novembro, ficou completa em Dezembro. Houve também nas áreas funcionais, nomeadamente nas áreas do marketing, novos negócios e digital, reforços que chegaram em Dezembro. Quase como corolário deste caminho de infraestruturação do negócio, em Dezembro alterámos a nossa imagem corporativa. Deixamos a designação Controlinveste Conteúdos, que era desde o arranque temporária, e passámos para a designação Global Media Group, que tem uma definição gráfica que aporta muito esta ideia multimédia e multiplataforma que queremos trazer para o negócio e a referência global porque queremos, manifestamente, ir além do espaço que actualmente ocupamos, desde logo geográfico. Acreditamos que, para um grupo de media de conteúdos em português, a língua é verdadeiramente a fronteira definitiva. Já este ano, em Fevereiro, lançámos uma plataforma de descontos que envolvem as marcas DN, JN e O Jogo, uma parceria com a Goodlife que é manifestamente um dos operadores de referência do mercado neste tipo de actividade. As parcerias vão marcar muito o nosso futuro, acreditamos muito que juntando competências e juntando vontades seremos sempre muito mais fortes do que tendo que internamente resolver todas as questões e todos os desafios que viermos a enfrentar. Agora estamos na fase de partilhar com o mercado aquilo que vamos fazer. Desde logo com o JN, será uma evolução na continuidade, mas acreditamos que há factores de melhoria muito significativos e que vão atrair a atenção das pessoas. Estamos também a reinventar a fórmula da Evasões, que é uma marca muito reputada, com 18 anos de existência, a assinatura é “especialistas em Portugal”. Vamos continuar a ser especialistas em Portugal, mas é uma reinvenção do modelo de negócio e do produtos que tem tido um feedback muito positivo. Foi um ano muito intenso, com muitas mudanças e muitas coisas a acontecer.

M&P: Antes de irmos ao pormenor nas diferentes marcas, quanto é que pouparam com a reformulação do grupo? Julgo que na altura se tinha falado em 5,5 milhões com pessoas e depois mais 5,5 milhões com outros custos.
JCL: O grupo não é cotado em bolsa, não tem contas publicadas.

M&P: Assim está mais à vontade para falar de números…
JCL: A referência que posso dar, e acho que é muito importante para o mercado, que precisamos que confie em nós e no caminho que estamos a fazer. Numa situação de desequilíbrio, os esforços que foram concentrados no ano de 2014 permitem encarar já o ano de 2015, eventualmente antecipando até em um ano aquilo que eram os nossos planos, com uma situação de contas equilibradas. Este esforço foi disseminado por diferentes áreas. A parte dos recursos humanos é aquela que tem uma visibilidade mais significativa, mas tivemos que aplicar o nosso melhor esforço e criatividade em reinventar a totalidade do negócio. Na estrutura de custos os recursos humanos representarão pouco mais de um terço e tivemos que fazer face a um desafio que era grande, mas com o envolvimento e a motivação de toda a equipa fomos bem-sucedidos.

M&P: Mas hoje a operação já é equilibrada?
JCL: O ano de 2015 ainda está no início, os primeiros sinais têm alguma preocupação associada, para nós e para os restantes operadores do mercado, mas temos a expectativa do ano 2015 marcar um ano de equilíbrio operacional. Isso para nós é absolutamente definitivo. Para um grupo como o nosso, que está na comunicação social, enquanto grupo independente, profissional, que se rege pelos objectivos específicos de um grupo de comunicação social e não por outros, a sustentabilidade económica é absolutamente definitiva. A nossa independência está muito associada a este equilíbrio, portanto é um objectivo não só para os gestores da empresa mas também para os cerca de 750 colaboradores.

M&P: Tem-se falado na venda do edifício do DN e do JN, no Porto, que permitiria um encaixe de cerca de 40 milhões. Já há decisão?
JCL: Relativamente aos activos do grupo, fazemos a gestão mais adequada a cada momento. Tendo o grupo um endividamento que é razoável, mas ainda assim tem um valor significativo, devemos fazer a gestão mais adequada dos activos que temos no nosso portfólio e a oportunidade de vir a alienar edifícios ou qualquer outro activo pode fazer sentido desde que estejam cumpridos um conjunto de requisitos que lhe dêem esse sentido. Nada aconteceu até ao momento, acontecerá no momento oportuno o que tiver que acontecer.

M&P: À partida será ainda este ano?
JCL: Criadas as condições para haver uma evolução, essa evolução concretizar-se-á.

M&P: Acabaram por não vender nem encerrar nenhum título. É uma opção definitiva? Todas as marcas fazem sentido neste momento?
JCL: Encaramos os nossos activos da mesma forma com que fazia referência ao resto do negócio. A percepção que criámos após o início das funções desta comissão executiva é que cada um dos projectos necessitava de continuar a fazer a sua evolução normal, mas continuava a fazer muito sentido no nosso portfólio. Cada um deles pode a determinada altura, do ponto de vista mais táctico ou mais estrutural, assumir diferentes tipos de configurações e ter uma utilidade diversa – como vai acontecer com a Evasões – mas não sentimos necessidade de encerrar nenhum dos projectos editoriais. Estamos muito apostados em retirar de cada um deles o seu máximo potencial, seja do ponto de vista do contributo económico para o grupo, seja para acrescentar soluções no mercado aos anunciantes e aos nossos parceiros de negócio.

M&P: E a compra do Económico? Julgo que terão pedido para ver os números e que a decisão estava do vosso lado… Há decisão?
JCL: Não. De facto, não só não há decisão como não vimos números. Existem rumores de mercado, notícias contraditórias, mas não estamos na posse de nenhuma notícia privilegiada.

M&P: Não analisaram a compra?
JCL: O grupo Global Media tem objectivos muito bem determinados no seu plano de acção. A primeira prioridade é termos a estabilidade adequada para olharmos para o futuro com outra confiança e com uma ambição reforçada. Olharemos sempre com muita atenção para todas as oportunidades de consolidação que se apresentarem no mercado e estamos sistematicamente a fazer o nosso trabalho de casa, no sentido de perspectivar movimentos que possam acontecer. Portanto, não analisámos nenhuma operação em concreto, não obstante todos os rumores que possam circular, e não fecharemos a porta à possibilidade de analisar operações em concreto ou a estar envolvidos em operações de consolidação.

M&P: Então, hipoteticamente, porque é que um título como o Económico faria sentido no Global Media?
JCL: Na área económica temos o Dinheiro Vivo. Completou o seu terceiro aniversário, este ano perspectiva-se que seja o melhor de sempre e temos planos para continuar a fortalecer esta marca. Na área económica, ou em outra área, em devido tempo poderemos fazer as análises que são adequadas. Não faria sentido estar a antecipar que tipo de prós e contras um determinado projecto podia ter, com o que isso significaria de estar a partilhar informação com os nossos concorrentes.

M&P: Vamos então aos projectos que podem ser públicos. Começando pelo Jornal de Notícias, o que podemos esperar no novo JN?
JCL: O Jornal de Notícias vai celebrar este ano 127 anos. Uma data extraordinária para um projecto que vive muito da sua tradição mas que tem que permanentemente redescobrir-se e reinventar-se para continuar sobretudo a ter futuro. O JN é um realidade ímpar em Portugal. Tem uma penetração junto de uma área geográfica que é extraordinária e nessa área de influência compete não com outros órgãos de comunicação mas com o prime time das televisões, é deste nível de influência que estamos a falar. Sentimos em todo o caso que havia uma oportunidade para melhorar o projecto, desde logo na plataforma papel na qual continuamos a acredita muito. As alterações vão no sentido de ficarmos ainda mais próximos das características de audiência muito especificas do JN, que é provavelmente o título mais transversal em todos os eixos, quer do ponto de vista etário, quer social.

M&P: Está é geograficamente muito localizado.
JCL: É um jornal que tem cobertura nacional mas como é evidente tem uma maior concentração numa zona do pais. A oportunidade que identificamos foi tornar o jornal mais próximo e mais acessível a esta riqueza de audiências que o caracterizam, desde classes A/B até C1 e mesmo D. A nova formulação é suposto dar resposta a essa necessidade de cobertura. Associado àquilo que se vai ver no papel, tem por trás algo que do ponto de vista estratégico é ainda mais relevante para o percurso que estamos a fazer. A organização do jornal fica mais simples e isso tem associada uma reorganização da redacção, que tem em vista não só o desafio do produto em papel como o desafio multimédia e multiplataforma que deve caracterizar cada um dos projectos da Global Media. As consequências expectáveis passam por termos uma maior assertividade no jornalismo que produzimos, dentro do rigor e seriedade que caracteriza a marca. Mas acreditamos que ficaremos ainda mais úteis para os leitores actuais e para aqueles que iremos ganhar aos concorrentes ou àqueles que não estão a ler neste momento jornais em papel. Em simultâneo, e cruzando o JN e o DN, vamos lançar à sexta-feira um reforço importante da nossa proposta editorial com a nova Evasões. A Evasões era uma revista mensal, de nicho, e de repente transforma-se num produto com mais de 100 mil exemplares. É pensado para o fim-de-semana dos nossos leitores, em todas as suas vertentes em todos os tempos do lazer e tempos livres.

M&P: Então a Evasões, que hoje está em banca, vai passar a ser o suplemento que substitui a Notícias TV?
JCL: Isso. A nossa ambição é que por oposição a distribuirmos um suplemento com cada jornal vamos distribuir uma revista.

M&P: E vão conseguir manter a Evasões como uma revista? O grupo já teve essa experiência com a Grande Reportagem, que acabou por morrer.
JCL: Esta reformulação não passa por agarrar a revista tal como existe e passar a disponibiliza-la com os jornais. Há uma transformação muito significativa a todos os níveis. A Evasões era especialista no turismo interno e vai passar a ter muito mais. Vai ser mais compacta, terá menos páginas e será mais portátil. A nossa proposta de valor e a nossa grande ambição é ter o melhor que a revista foi produzindo ao longo do tempo, com esta adaptação e este fortalecimento da comunicação. Penso que estaremos a fornecer ao mercado uma plataforma de comunicação em áreas muito especificas onde julgo que vamos acrescentar valor, como temos a forte convicção que vamos fortalecer os nossos jornais à sexta-feira. No JN vamos ter ao sábado uma aposta forte no desporto, com um novo suplemento que acresce ao Dinheiro Vivo, e ao domingo continuamos com a Notícias Magazine. No segundo semestre é nossa intenção que quer o Dinheiro Vivo quer a Notícias Magazine venham a ser reforçados de modo a no final no semestre termos toda a nossa proposta editorial revitalizada em linha com os objectivos.

M&P: Quais serão as alterações no Dinheiro Vivo (DV)?
JCL: O DV pretende alavancar as vendas do DN e JN ao sábado, tem um posicionamento estratégico que vamos continuar a perseguir: está onde está a inovação, as startups, as boas ideias de marketing, mas queremos que reflicta melhor o tecido empresarial a norte, que tem tanto para partilhar com o país. Há também algumas novidades do ponto de vista gráfico, mas não gostava de antecipar excessivamente o que aí virá.

M&P: Voltando ao JN. Vai continuar a ser um jornal focado no Norte e em particular no Porto?
JCL: Não, vai continuar a ser um jornal centrado no país mas produzido, de forma assumida, a partir do Porto. Por simplificação, podemos falar de uma interpretação da realidade do país de quem está a Norte.

M&P: Normalmente dividimos os jornais entre populares, de referência ou tablóides. Como é que se caracteriza o JN nesta nova fase?
JCL: É um jornal muito interclassista, e nesse sentido não é um tablóide e não concorremos nesse mercado, e também não queremos classifica-lo como um jornal de elite, porque continua a ser um jornal de grande dimensão e circulação e é nessa faixa que o queremos manter.

M&P: Durante muito tempo o JN esteve taco-a-taco com o Correio da Manhã. As vossas ambições passam por voltar a disputar a liderança?
JCL: O JN lidera inequivocamente em 55 por cento do território nacional. As nossas, referências, mais do que a nossa concorrência, são o potencial que temos por explorar. O Jornal de Notícias é um projecto diferente do Correio da Manhã e é aí que vamos continuar a fazer o nosso caminho.

M&P: Vamos então ao Diário de Notícias. Vai ter um novo site ainda no primeiro semestre e estará a ser feita, pelo Javier Errea, uma reformulação gráfica…
JCL: Ao contrário do que está a acontecer no JN, no Diário de Notícias começámos a fazer um caminho diferente, uma evolução na continuidade. Quem tem memória do que era o DN, há diferenças significativas. Está a fazer um caminho no sentido do que estrategicamente definimos como poder vir a ser um jornal da capital. Não se confunde com um jornal de Lisboa, mas queremos dizer com isto um jornal focado naquilo que de essencial acontece no plano político, no plano económico, no plano cultural. Para o melhor e para o pior, o essencial do processo de decisão do país passa muitas vezes por aquilo que acontece no governo, nas grandes empresas, nas infraestruturas culturais e tudo o mais. O DN dirige-se ao país mas está muito ficado nessa dinâmica. Acresce a nossa ambição, tanto no DN como no JN, de chegarmos mais longe do que apenas Portugal e existem planos, sobretudo para o segundo semestre, para irmos mais adiante nessas frentes. O produto em papel tem vindo a conhecer alterações importantes, achámos mais prudente que fossem feitas de forma gradual. O bom resultado dessa caminhada é que protegemos audiência e circulação que existia e agora no segundo semestre vamos preparar outro tipo de alterações, se calhar mais assertivas. Uma aposta muito importante, seja no DN como em outras marcas, é a frente digital. Temos um programa muito preenchido e ambicioso de transformação das nossas plataformas digitais e uma das mais prioritárias é do DN, onde também existe um esforço grande do ponto de vista do design, mas como disse em relação ao JN, tem existido sobretudo um esforço de preparação da redacção para os desafios que entretanto se avizinham. Estar no mundo digital implica, para além do texto e da fotografia, ter uma abordagem verdadeiramente multimédia, com cada vez mais vídeo e capacidade de resposta. Queremos fazer promessas e queremos fazê-las de forma ambiciosa. Mas queremos cumprir as promessas. A nossa convicção é que no segundo semestre o DN vai ter muitas coisas para dizer ao mercado.

M&P: O André Macedo, director do DN, dizia recentemente que havia uma aposta grande no áudio e vídeo, “uma narrativa nova que temos que financiar”. Como?
JCL: Existem caminhos de natureza vária, desde logo as extensões comerciais que beneficiam cada vez mais quem tem este tipo de conteúdos. Estamos absolutamente convencidos que as boas ideias terão sempre cabimento, porque o financiamento normalmente é atraído pelas boas ideias. Não vemos limitações por aí.

M&P: O Notícias TV foi descontinuado em papel…
JCL: Na tal gestão dinâmica de plataformas, vai deixar de existir uma revista em papel que se chama Notícias TV e vamos ter um canal digital que se chama Notícias TV. O conjunto das competências dessa equipa vão continuar a trabalhar para os nossos títulos, esta equipa para além da Notícias TV produzia conteúdos específicos nessas áreas para o DN e JN e vai continuar a fazer esse caminho.

M&P: Em outsourcing. A questão é as páginas dos jornais serem feitas em outsourcing…
JCL: Outsourcing pode ser uma forma menos positiva de olhar para esta questão. A propósito da área dos descontos referia o nosso propósito de firmarmos parcerias para sermos mais eficazes e eficientes. Do que estamos a falar é de um verdadeiro centro de competências, não é uma operação apenas de redução de headcount. Há um contrato de longo prazo estabelecido com uma empresa…

M&P: Palavras Ditas, de Nuno Azinheira, director do título.
JL: Exactamente. Nuno Azinheira que conhecemos muito hem e que queremos que continue a fazer parte do nosso universo. Do ponto de vista cooperativo há um desenho diferente, mas naquilo que é o essencial, disponibilizar conteúdos de qualidade, o propósito mantém-se.

M&P: Ainda no DN, olhando apenas para as percentagens, as assinaturas em papel cairam 79 por cento no último ano, mas deixaram de existir aquelas oscilações que aumentavam ou diminuíam mensalmente as assinaturas em alguns milhares de exemplares. Tem a ver com a alteração na politica de assinaturas, imagino.
JCL: Diria que mudamos sobretudo a abordagem e a politica. Houve acções muito especificas e pontuais, que foram úteis para deixar um lastro muito  interessante no contexto da circulação total do DN. Ultrapassada essa fase, estamos muito mais orientados para um crescimento mais sustentável. Vamos apostar muito nas assinaturas em papel, mas sobretudo nas assinaturas em formato digital.

M&P: Passando do DN para o mercado. Como é que estão a ser estes primeiros três meses em termos de publicidade?
JCL: Os dados do arranque do ano não permitem ter certezas muito fechadas. A nossa expectativa é que com as notícias que existem sobre a recuperação económica e a conclusão de processos em vários sectores de actividade, como na área das telecomunicações ou da banca, o caminho da normalização irá também traduzir-se numa normalidade no mercado publicitário. A nosso expectativa continua a ser de um ano de crescimento, eventualmente menor do que o que ocorreu em 2014, mas um ano de crescimento. No nosso caso em concreto, esperamos algum crescimento. Conservador, mas crescimento.

M&P: Como é que define hoje, versus há um ano, o grupo?
JCL: Acho que temos razões acrescidas, internamente e junto do mercado, para se acreditar no futuro de cada uma das marcas e deste grupo como um todo.

“Admito que no topo das nossas prioridades estejam mais os países africanos do que o Brasil”

M&P: Em Março de 2014, Daniel Proença de Carvalho, presidente do grupo, afirmava que o objectivo passava por “crescer nos mercados em que [a empresa]está inserida” e “conquistar novos mercados nos espaços da lusofonia”, ideia que voltou a ser sublinhada quando alteraram o nome do grupo.  Como é que este crescimento ou conquista de novos mercados pode ser concretizada?
JCL: Das mais diferentes formas. Desde logo as plataformas digitais permitem ultrapassar barreiras que o mundo offline não permitia. Essa é a forma mais fácil de chegar mais longe.

M&P: Mas é preciso também o interesse de quem está lá fora…
JCL: Claro, claro. Mas isso já conseguimos contabilizar através da proveniência dos acessos, nomeadamente aos produtos editoriais e nas redes sociais. Conseguimos captar uma atenção muito significativa, quer do Brasil, quer em particular dos PALOP, com Angola e Moçambique à cabeça.

M&P: O Público anunciou recentemente que o Brasil seria uma das suas prioridades, precisamente devido ao número de acessos.
JCL: Admito que no topo das nossas prioridades estejam mais os países africanos do que o Brasil. Acho que ai podemos acrescentar mais valor e é um caminho mais relevante para fazer no imediato do que o Brasil. O Brasil fala português mas é um português diferente, tem uma organização empresarial e corporativa que tem particularidades muito próprias e, não pondo de lado essa geografia, diria que não é a nossa primeira prioridade. Relativamente a outros países, existem as mais variáveis fórmulas para podermos concretizar esta nossa ambição. Aquela que provavelmente privilegiaremos é a forma da parceria, que poderá ter desenhos corporativos dos mais diversos. Não temos nenhuma fixação em criar empresas locais ou o que seja. O nosso objectivo é, relativamente ao nosso potencial de produção de conteúdos e activação de marca, podermos ir o mais longe possível. A forma de o concretizar será aquilo que em cada circunstância,  até em cada país, se revelar a solução mais adequada.

M&P: Estava na administração da Impresa Publishing quando lançaram em parceria, precisamente em Angola, a Rumo. Ao que se sabe o projecto estava a correr bastante bem, mas terá havido um problema que não teria a ver com o desempenho da revista no mercado e acabou por ser descontinuada. Estaremos a falar de parcerias semelhantes?
JCL: Não comentaria episódios de outras etapas da minha vida profissional, mas seja eu pessoalmente, seja o grupo, temos experiência e competências muito específicas para a abordagem a estes mercados. Acho que podemos acrescentar muito valor, de uma forma humilde, mas temos a noção de que há um campo de progressão significativa a fazer nesses mercados e que nós podemos emprestar a nossa experiência, vontade e ambição para que esse caminho possa ser feito. Como digo, o recorte final de como essas parcerias se irão concretizar não é para nós uma questão estratégica, é muito mais uma questão táctica de saber depois como é que se concretiza. Posso-lhe adiantar que existem várias conversas. Não tenho a certeza se em 2015 pode ser já visível o resultado desse  caminho, mas faz parte do nosso road map essas geografias serem cada vez mais relevantes no nosso negócio.

M&P: Já existem portanto conversas.
JCL: Existem muitas conversas, até porque, dada a singularidade e a complexidade destes mercados, a cautela não é demais. Temos essa ambição,  estamos a evoluir no sentido certo, com a velocidade que é normal e que é possível nestas circunstâncias.

“Gostaríamos que em 2015 o digital entrasse na fasquia dos dois dígitos”

M&P: A monetização de conteúdos digitais é uma prioridade do Global Media Group?
JCL: Sim. Uma parte muito significativa das nossas receitas vem exactamente da venda dos conteúdos, mais nas plataformas offline do que digitais, mas temos planos a partir do segundo semestre para fazer um caminho por ai. Não temos opções dogmáticas do género ‘tudo aberto’ ou ‘tudo fechado’, cada um dos projectos terá abordagens distintas porque se dirige a audiências distintas e tem uma natureza diferenciada, mas queremos fazer um caminho no sentido da monetização dos nossos conteúdos, seja daqueles que têm actualidade seja com recurso a conteúdos que já foram produzidos com um determinado objectivo e que depois podem ser reformatados.

M&P: Como é que vê as experiências que tem sido feitas em Portugal?
JCL: Há experiências interessantes e há caminhos que têm vindo a ser desbravados que não nos parecem ser a resposta completa para estes desafios. Não vamos copiar nenhuma dessas soluções, mas tudo aquilo que passe por criar no mercado apetência para a aquisição de conteúdos ou para as pessoas poderem pagar por algo que vão consumir, atribuindo a esse conteúdo um factor premium na sua apreciação, são passos no sentido correcto.

M&P: Três jornais norte-americanos começaram a disponibilizar a venda de artigos por 20 cêntimos. Pode fazer sentido num mercado tão pequeno como Portugal? Ou pode fazer quando o vosso mercado for o da língua portuguesa, como pretendem?
JCL: Admito, em determinadas circunstâncias, que a venda isolada de conteúdos pode fazer sentido. Noutros casos far-me-á menos sentido na perspectiva de se perder o conceito de produto editorial mais elaborado. Mas, como digo, a avaliação concreta de cada marca fará uma solução mais orientada.

M&P: Quanto é que o digital representa na facturação do grupo?
JCL: Gostaríamos que em 2015 esse valor entrasse na fasquia dos dois dígitos.

“Está na hora de as empresas assumirem a responsabilidade social no domínio do investimento em comunicação”

M&P: Com excepção da TSF e do Dinheiro Vivo, os títulos do Global Media Group são todos de imprensa, aquele sector para o qual ninguém tem perspectivas muito optimistas. Vocês têm? Como é que se dá a volta a um sector que vive uma crise estrutural?
JCL: Temos o optimismo de quem tem vindo a enfrentar desafios grandes e tem resultados que dão um ânimo reforçado. Dividiria a questão em dois planos. Por um lado, os nossos activos, independentemente das suas origens, são tratados como marcas de informação mais do que como um produto especifico e portanto há um longo caminho para fazer. Existem cada vez mais soluções de produção, empacotamento e distribuição de conteúdos e estamos nesse campeonato. Ainda estamos em menos plataformas, mas temos todo um universo à frente.

M&P: Quais são as prioridades no digital?
JCL: O digital é uma prioridade muito imediata, que passa tanto pelo reforço significativo da capacidade dos nossos sites, como por produtos mais híbridos que nos poderão permitir resultados mais imediatos. Os pontos de contactos em que as pessoas consomem conteúdos são cada vez mais diversos. Há uns anos podíamos ver aquelas imagens futuristas de pessoas na cozinha com um computador a consumir conteúdos. Hoje isso já não é futurismo, faz parte da nossa vida. Os ecrãs com que as pessoas são impactas são dos mais diversos e, com essa complexidade, existem também várias oportunidades que marcas como as nossas poderão perseguir. Acreditamos firmemente que num mundo cada vez mais complexo, em que as pessoas são bombardeadas com muita informação não editada, quem tem a credibilidade de editar informação tem um papel muito relevante na sociedade. Isso permite-nos ter a expectativa de continuar dentro do negócio. Há uma outra dimensão desta questão que nos últimos tempos temos vindo a discutir com os nossos parceiros de negócio e julgo que há um caminho aqui a fazer e que passa muito pela dificuldade em contabilizar o intangível que os órgãos de comunicação social, em particular a imprensa, acrescentam à sociedade. É uma verdade que todos aceitam com naturalidade que não há democracia sem uma imprensa livre, actuante e a cumprir o seu papel. Mas depois há a necessidade de as pessoas que aceitam esta circunstância sejam consistentes.

M&P: Monetizar também essa importância?
JCL: Poria a questão no domínio da responsabilidade social. As empresas hoje em dia sentem obrigação de terem responsabilidade social no domínio ambiental. Não muitas vezes porque poupem dinheiro mas porque é certo fazê-lo. Há muitas empresas que têm códigos de conduta no sentido de não transigir com países ou empresas que utilizam mão de obra infantil ou outras práticas condenáveis. Julgo que está na hora de as empresas assumirem a responsabilidade social no domínio do investimento em comunicação. A questão não passa por subsídios ou porque uns são ‘coitadinhos’ e outros muito grandes. Não tem nada a ver com isto. Tem a ver com assumir, de forma muito clara, que não é a mesma coisa investir um euro numa empresa que está sedeada num paraíso fiscal e a criar postos de trabalho em qualquer outro país, versus uma empresa que está sedeada em Portugal, paga os seus impostos em Portugal e cria postos de trabalho e contribui para a democracia portuguesa. Esta dimensão de responsabilidade deve estar presente em quem toma decisões de investimento.

M&P: Estamos a falar em investimento em Google vs media tradicionais. Deve estar presente mas tem estado? Pode vir a estar?
JCL: Não tem estado.

M&P: Temos abordado, em algumas das conferências que promovemos, a importância da imprensa e do investimento em imprensa. Os decisores concordam, mas depois na prática julgam que investir em outras acções tem mais retorno…
JCL: As pessoas concordarem é um ponto de partida absolutamente fundamental. Temos que conseguir canalizar esse acordo no essencial para questões muito concretas. É um caminho que no grupo temos vindo a discutir, mas não é um tema da Global Media e nem sequer só da imprensa. É um tema que se coloca ao nível de todos os órgãos de comunicação social e acho que é um tema que nos devia reunir em torno de uma ideia simples mas clara e que seja exequível. Portanto, seja porque existe negócio para as nossa marcas, seja porque acreditamos que há questões culturais que podem e devem ser discutidas e traduzidas em acções concretas que podem reequilibrar as decisões dos anunciantes, estamos optimistas.

M&P: Estão a conversar com outros grupos no sentido em que se passe das intenções aos actos?
JCL: A necessidade de fazermos algo é partilhada por todos. Existe um fórum muito especifico que é a Plataforma dos Meios de Comunicação Privados onde algum esforço tem vindo a ser feito e a nossa expectativa é que através de vários caminhos possamos no futuro dar passos significativos nesta direcção. Não pretendemos nenhum tipo de protagonismo, queremos dar o nosso contributo e estou confiante que em Portugal, pela circunstância das nossas características e do nosso mercado, possamos vir a desenhar uma solução que outros possam vir a copiar. Porque não?

M&P: Já há então algum esboço de  solução?
JCL: Não queria de todo passar a falsa ideia que pretendemos, em torno de uma questão tão sensível e tão decisiva para o futuro de todos nós, termos qualquer protagonismo desajustado. Mas é um ema que tem consumido a nossa atenção e para o qual vamos consolidando algumas ideias de natureza prática.

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O centro comercial, gerido e comercializado pela CBRE, junta-se ao conhecido criador de conteúdos nas redes sociais para consolidar a estratégia digital e de fidelização

O 8ª Avenida, centro comercial gerido e comercializado pela CBRE, dá mais um passo na consolidação da estratégia digital e de fidelização com o lançamento de um sistema de recompensas, a ‘Liga dos Pontos’.

Para dar a conhecer esta novidade, o 8ª Avenida junta-se ao conhecido criador de conteúdos nas redes sociais, Camaleaooo, para uma recriação da Liga dos Campeões.

A campanha do 8ª Avenida pretende transformar o clube de fidelização numa autêntica liga em que cada compra e cada visita ao centro comercial se tornam jogadas decisivas para acumular pontos e chegar ao topo das vantagens.

Esta nova funcionalidade é a materialização da estratégia global da Castellana Properties, que aposta numa transformação digital centrada na experiência do cliente e na criação de valor a longo prazo.

Este novo sistema vem reforçar a ligação entre o 8ª Avenida e os clientes, premiando a interação com benefícios reais e personalizados, através de uma experiência ‘gamificada’ que torna o processo de fidelização mais interativo. Através da APP, os utilizadores podem acumular pontos com ações simples do dia-a-dia — dentro ou fora do centro — e trocá-los por prémios, descontos, vantagens exclusivas ou participação em passatempos.

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Vendas da Temu e Shein caem com tarifas de Trump

As vendas nos Estados Unidos caíram drasticamente com o aumento de tarifas alfandegárias decretadas por Trump, no início de abril. A Shein regista uma queda de 23% e a Temu de 17%

As vendas da Temu e a Shein estão a cair drasticamente após o aumento das tarifas alfandegárias decretadas por Donald Trump. Na semana de 25 de abril a 1 de maio, as vendas da Shein caíram 23% e as da Temu 17%, de acordo com a análise de dados da Bloomberg Second Measure.

As duas gigantes ‘low cost’ da moda optaram por refletir os novos impostos no preço final dos produtos. Como consequência, o preço médio dos produtos da Shein, por exemplo, subiu entre 30% e 50%. Já os itens de beleza e saúde tiveram um aumento superior a 100%.

Recorde-se que Donald Trump assinou uma ordem executiva que eliminou a isenção “de minimis”, a partir de 2 de maio, para produtos oriundos da China e de Hong Kong, pondo fim ao procedimento que permite o envio de encomendas até 800 dólares (€709) sem cobrar taxas. A Europa também tem este modelo, mas aplicado a um teto de até €150.

Tarifas empurram investimento para a Europa

Com o futuro incerto nos Estados Unidos, a Shein e a Temu reduziram o investimento publicitário nos Estados Unidos e redirecionaram-no para a Europa, especialmente para o Reino Unido e França — embora essa estratégia possa durar pouco tempo, visto que os dois países estão a considerar aplicar medidas repressivas contra as importações ‘de minimis’.

Dados da plataforma económica Sensor Tower, divulgados pela agência Reuters, indicam que, em apenas um mês, a Shein reforçou o investimento publicitário em 35% no Reino Unido e França. Já a Temu aumentou as campanhas em França, em 40%, e no Reino Unido, em 20%.

A mesma plataforma indica que o investimento da Shein em redes como Facebook e Instagram nos Estados Unidos caiu 19%, entre 31 de março e 13 de abril, em comparação com dados do mês anterior. Já a Temu fez um corte ainda maior, reduzindo em 31% o investimento publicitário.
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Rebeca Venâncio assume comunicação e ‘public affairs’ do Grupo Brisa

“Era um objetivo profissional integrar uma grande organização nacional já consolidada, mas em contínua expansão, que tivesse uma aposta clara na internacionalização”, revela a nova diretora

Rebeca Venâncio (na foto) é a nova diretora de comunicação e ‘public affairs’ do Grupo Brisa, trocando a Microsoft, onde estava desde 2021, pelo grupo empresarial que gere plataformas e infraestruturas de mobilidade, para liderar uma equipa focada na comunicação e nas relações institucionais.

“Era um objetivo profissional integrar uma grande organização nacional já consolidada, mas em contínua expansão, que tivesse uma aposta clara na internacionalização e cuja atividade se centrasse também em pilares que contribuem para o desenvolvimento económico e social”, afirma Rebeca Venâncio, citada em comunicado de imprensa.

Licenciada em ciências da comunicação pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, a nova líder da comunicação do Grupo Brisa iniciou-se profissionalmente no jornalismo, tendo integrado as redações da SIC, da TVI e do Diário Económico, antes de dirigir o departamento de comunicação e relações Institucionais da Revolut em Portugal, cargo que desempenhava antes de ir para a Microsoft.

Com a contratação de Rebeca Venâncio, Franco Caruso, até aqui diretor de sustentabilidade e comunicação do Grupo Brisa, assume agora o cargo de diretor de sustentabilidade e comunidades, “no âmbito do reforço do compromisso da empresa com a governança ambiental, social e corporativa”, esclarece o documento.

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Feeders reforça aposta na internacionalização

A empresa portuguesa, com um portefólio na execução de stands corporativos e ‘major events’, está presente no maior evento de iGaming dos Estados Unidos com a criação de um projeto de ativação para a Betano

A Feeders, estúdio criativo de arquitetura especializado na criação de espaços para marcas, vai estar presente no maior evento de iGaming dos Estados Unidos (SBC Summit Americas), a decorrer entre 13 e 15 de maio na Flórida.

A empresa portuguesa, com um portefólio na execução de stands corporativos, ‘major events’, bem como ‘fit-out’ em retalho e escritórios, consolida presença internacional com a criação e conceção de um projeto de ativação para a Betano.

O espaço da marca de apostas desportivas online contará com 81 m2 e servirá como espaço de ‘network’ entre a marca, parceiros e clientes. A Feeders, segundo o comunicado de imprensa, “criou um ambiente que fortalece a conexão tanto dos membros da marca como dos utilizadores, transmitindo através da arquitetura a identidade única da marca”.

Este projeto conta ainda com a intervenção da Digital Decor, empresa portuguesa especializada em produção gráfica e implementação de imagem, parceira da Feeders para este projeto.

“Este passo marca o início do nosso processo de internacionalização e contribuirá para concretizar contatos já estabelecidos neste mercado, que agora necessitam de personalização através da presença física da nossa equipa. Trata-se também de uma forma de demonstrar o impacto que geramos para as marcas, uma vez que teremos um espaço desenhado e imaginado por nós na conferência, visível a todos os potenciais clientes”, afirma Joaquim Silva, ‘partner’ da Feeders.

A SBC Summit Americas reúne mais de 10 mil profissionais do setor e acolhe mais de 400 expositores e patrocinadores, afirmando-se como uma das maiores conferências de negócios para as indústrias de apostas desportivas e iGaming dos Estados Unidos.

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87% das marcas têm aversão ao risco

Estudo do Cannes Lions revela que só 13% dos anunciantes está aberto a campanhas publicitárias que desafiem a criatividade, com 51% a assumirem incapacidade para gerar ‘insights’ fortes

Os anunciantes estão com mais medo de arriscar. Segundo o estudo ‘State of Creativity 2025: A Call For Confidence’ (na foto), divulgado pelo Cannes Lions, 87% das marcas têm aversão ao risco, sendo que apenas 13% estão abertas a campanhas publicitárias que rompam com os padrões convencionais e desafiem os limites da criatividade.

“Os resultados da pesquisa mostram que, em grande parte devido à falta de ‘insights’ sólidos e de relevância cultural, estamos a ver menos anunciantes a assumir riscos criativos, com muitos a ficarem-se pelos limites tradicionais e a não irem além das convenções, das barreiras que condicionam a confiança criativa e as impedem de gerar melhores resultados comerciais a longo prazo”, revela Patrick Jeffrey, vice-presidente do Lions Advisory, citado no estudo.

De acordo com a análise, que tem por base as respostas de mil ‘marketers’ e criativos de todo o mundo a um inquérito promovido entre novembro de 2024 e janeiro de 2025, 51% das marcas assumem a incapacidade de conseguir gerar ‘insights’ suficientemente fortes para potenciarem a criatividade das campanhas. Apenas 13% consideram que os que apresentam às agências criativas têm força suficiente para originar anúncios que se destaquem pelo lado criativo.

“A investigação mostra que a aversão ao risco está a atrapalhar as empresas, com 29% das marcas a admitirem ser altamente avessas ao risco”, refere o documento. Além da falta de compreensão e clareza sobre o que constitui um ‘insight’ de boa qualidade, o estudo refere que o tempo alocado para o desenvolvimento de ‘briefings’ mais pormenorizados “tende a ser insuficiente”, até porque essa tarefa “não é considerada das mais prioritárias”.

“No entanto, as marcas que assumem riscos geram margens de lucro quatro vezes superiores, de acordo com pesquisas do World Advertising Research Center (WARC) e da Kantar, e, como relata a Deloitte, as que revelam maior propensão para assumir riscos criativos têm 33% mais probabilidades de ver um crescimento de receitas a longo prazo”, salienta o estudo, que já vai na quinta edição anual.

57% das marcas têm dificuldade em acompanhar tendências

A análise do Cannes Lions defende que, quanto mais forte for a relação entre anunciantes e agências criativas, maior será a capacidade das marcas de desenvolverem ‘insights’ com uma qualidade superior. “Tanto as equipas como os métodos devem ser pluralistas para evitarem preferências pessoais em detrimento da compreensão do consumidor, sendo que o uso de inteligência artificial (IA) e de dados sintéticos pode aumentar a eficiência e reduzir enviesamentos e limitações”, recomenda o estudo.

O inquérito internacional revela ainda que 57% das marcas têm dificuldade em acompanhar tendências e adaptar-se à conjuntura cultural. “O relatório mostra uma correlação positiva entre a capacidade e a perceção dos anunciantes para reagirem a mudanças culturais face à aversão ao risco, com apenas 12% a considerarem que o fazem de uma forma que pode ser considerada excelente”, refere a análise.

“Os desafios que limitam uma maior agilidade cultural prendem-se com as muitas fases que costumam marcar os processos de aprovação, além dos recursos e investimentos limitados e das dificuldades em conseguir alinhar os ‘insights’ das marcas com as tendências culturais. As empresas são aconselhadas a construir estruturas que permitam ações rápidas e estratégicas. As marcas que assumem riscos e que se distinguem criativamente são mais bem sucedidas”, garante o relatório.

“O inquérito deste ano mostra também que os anunciantes estão a migrar cada vez mais para planeamentos de curto prazo, com a percentagem dos que o fazem a aumentar de 53% em 2023 para 63% em 2025”, revela o estudo.

O relatório recomenda aos anunciantes o reforço do investimento na formação. “À medida que as equipas melhoram as suas capacidades, aumenta também o apetite por trabalhos maiores e mais ousados”, assegura Patrick Jeffrey.

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Justiça quer venda forçada de produtos de tecnologia publicitária da Google

“A Google deve ser obrigada a vender a bolsa de anúncios, a AdX, seguida de uma alienação faseada do serviço que ajuda as páginas web a vender anúncios publicitários”, escreve o Departamento de Justiça, num processo judicial

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos exige que a Google venda duas das plataformas que ajudam os anunciantes e as páginas web a comprar e vender publicidade online, após a justiça americana ter considerado que a gigante tecnológica violou as leis da concorrência ao construir um império no mercado da tecnologia de publicidade online.

“A Google deve ser obrigada a vender imediatamente a bolsa de anúncios, a AdX, seguida de uma alienação faseada do serviço que ajuda as páginas web a vender anúncios publicitários, conhecido como servidor de anúncios para editores”, escreve o Departamento de Justiça, num processo judicial apresentado a 5 de maio.

“É necessário um conjunto abrangente de soluções, incluindo a alienação dos monopólios obtidos ilegalmente pela Google e dos produtos que foram os principais instrumentos do esquema ilegal da empresa”, acrescenta ainda o Departamento de Justiça no processo.

A Google, por seu lado, propõe o funcionamento da bolsa de anúncios com a tecnologia rival e a instalação de um sistema de monitorização para garantir a conformidade durante os próximos três anos. A empresa afirma que a proposta atenuaria qualquer alegado dano e que uma alienação como a proposta pelo governo não deve estar disponível como solução neste tipo de caso.

Leonie Brinkema, juíza federal do distrito da Virgínia, marca uma audiência para setembro, para ouvir os argumentos do Departamento de Justiça e da Google sobre o plano de sanções proposto. Em abril, a juíza determina que a Google monopolizou ilegalmente os mercados de servidores de anúncios de editores e o mercado de bolsas de anúncios que intermedeiam compradores e vendedores.

Sobre o autorDaniel Monteiro Rahman

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Hollywood em choque com tarifas de Trump sobre o cinema

Apesar da Casa Branca não ter explicado como pretende executar a cobrança fiscal sobre os filmes produzidos fora do país, o anúncio leva à queda nas ações de estúdios como Netflix, Disney e Paramount

Hollywood reage com ceticismo ao anúncio do presidente Donald Trump de impor tarifas de 100% a filmes produzidos fora dos Estados Unidos, uma medida que especialistas da indústria consideram contraproducente.

“Não faz nenhum sentido”, diz Jonathan Handel, advogado do setor de entretenimento, à agência France-Presse. “Se uma cena de ação envolve o Tom Cruise a subir à Torre Eiffel, o que deveríamos fazer? Filmar na réplica da Torre Eiffel em Las Vegas?”, questiona Handel, que explica que filmes como a “Missão Impossível” são rodados fora dos Estados Unidos por razões artísticas.

Numa mensagem na rede Truth Social, Trump pediu ao Departamento de Comércio para “iniciar o processo de instituir uma tarifa de 100% a qualquer filme que chegue ao nosso país e que tenha sido produzido no exterior”. O objetivo, segundo o porta-voz da Casa Branca, Kush Desai, é “salvaguardar a segurança nacional e económica do país”, visando “tornar Hollywood grande novamente”.

Apesar da Casa Branca não ter explicado como pretende executar a cobrança fiscal sobre produções que muitas vezes são filmadas digitalmente e transferidas online ou por unidades de memória, a intenção leva à queda nas ações de estúdios como Netflix, Disney e Paramount.

Trump culpa o governador da Califórnia, o democrata Gavin Newsom, por permitir que outros países atraiam produções de Hollywood. “Outras nações estão a oferecer todo o tipo de incentivos para atrair os nossos cineastas e estúdios para longe dos Estados Unidos”, acrescenta. Trump disse que este é um “esforço concertado” que representa “uma ameaça para a segurança nacional” norte-americana.

Netflix anuncia investimento no México

A verdade é que a indústria foi afetada pela pandemia e, depois, pelas greves de argumentistas e atores que, em 2023, paralisaram todas as produções. Atraídas por incentivos fiscais, ofertas económicas e razões criativas, muitas produções migraram para outros países.

Em 2024, as receitas do ‘box office doméstico’ (que incluem Estados Unidos e Canadá) atingiram os 8,5 mil milhões de dólares (€ 7,48 milhões) uma quebra face aos 8,9 mil milhões de dólares (€7,83 milhões) do ano anterior.

Contudo, estes valores ficam longe dos 11,3 mil milhões de dólares (€9,94 milhões) atingidos em 2019 e também dos 11,8 mil milhões de dólares (€10,38 milhões) de 2018, e que representam um máximo para o box office norte-americano e canadiano, conforme indicam os dados da Statisca.

Dados que explicam a intenção do presidente norte-americano, Donald Trump, de avançar com as tarifas. Este ano, também a Netflix anuncia no México um investimento de mil milhões de dólares (€880 milhões) para desenvolver filmes e programas de televisão ao longo de quatro anos.

A Casa Branca afirma que está a tomar “decisões definitivas relativamente às tarifas sobre filmes estrangeiros”, mas que procura um consenso enquadrado nas orientações de Donald Trump. O Presidente norte-americano também manifesta a intenção de se reunir com representantes da indústria como parte dos esforços para restaurar a atratividade de Hollywood para a produção cinematográfica e impedir a migração de empresas de produção.

“É chocante e não é uma boa situação. Por isso, vamos reunir-nos com o setor. Quero ter a certeza de que estão satisfeitos, porque nos preocupamos com o emprego. É muito importante. É uma grande indústria, mas está a ser muito negligenciada agora”, disse Trump.

A China anuncia no início de abril que vai reduzir “de forma moderada” o número de filmes dos Estados Unidos exibidos oficialmente em território chinês, como uma das respostas às tarifas impostas pelos Estados Unidos.

Como Pequim utiliza um sistema de quotas para limitar o número de filmes estrangeiros exibidos oficialmente nas salas de cinema, uma redução do acesso a este mercado, o segundo maior do mundo a seguir aos Estados Unidos para o cinema, pode afetar as receitas dos estúdios de Hollywood.

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Trump admite nova extensão de prazo para venda do TikTok

Em entrevista ao programa ‘Meet the Press with Kristen Welker’, Donald Trump revela que está aberto à possibilidade de conceder um terceiro adiamento, caso o acordo não seja fechado até 19 de junho

O futuro do TikTok nos Estados Unidos continua envolto em incerteza. Depois de adiar, por duas vezes, o prazo para a chinesa ByteDance alienar os ativos norte-americanos do TikTok, Donald Trump revela que está aberto à possibilidade de conceder um terceiro adiamento, caso o acordo não seja fechado até 19 de junho.

Durante uma entrevista ao programa ‘Meet the Press with Kristen Welker’, da NBC News, Donald Trump mostra-se disposto a conceder uma nova extensão à empresa para que a plataforma de vídeos curtos, utilizada por 170 milhões de norte-americanos, continue ativa no país.

“Eu gostaria de ver isso feito”, afirma o presidente dos Estados Unidos, assumindo nutrir “um certo carinho” pela rede social, até porque reconhece que esta o ajudou a conquistar eleitores mais jovens nas presidenciais de 2024. “O TikTok é muito interessante, mas será protegido”, conclui.

Segundo os media americanos, a corrida para adquirir a aplicação está a ser liderada pela Amazon, Oracle e pelo fundador da OnlyFans, Tim Stokely.

A continuidade das operações do TikTok nos Estados Unidos depende, assim, da concretização de um acordo de venda que satisfaça as exigências da legislação americana, nomeadamente a transferência do controlo para as entidades norte-americanas. A declaração de Trump sugere flexibilidade quanto ao prazo, mas a necessidade de encontrar uma solução definitiva permanece.

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Francisco Faria revela que em Madrid há mais trabalho e concorrência, o que gera também mais pressão e síndrome do impostor FOTO MARJORIE LE GALL
Digital

“Sinto-me perdido quando tenho um trabalho e a criatividade não aparece”

Apesar de trabalhar como modelo e ator, é na criação de conteúdos para redes sociais que está o foco de Francisco Faria (na foto), que muda-se para Madrid para estar num ponto central na Europa, revela na rubrica do M&P De Portugal Para o Mundo

Catarina Nunes

A solidificar a carreira como criador de conteúdos digitais para marcas de luxo, Francisco Faria encontra em Madrid a base ideal para se instalar, por estar a uma hora de Portugal e de outros países onde trabalha, também como modelo.

O vencedor do concurso Model Tour 2013 tem no portefólio desfiles para a Dolce&Gabbana, na ModaLisboa e no Portugal Fashion, de par com editoriais, ‘lookbooks’ e campanhas publicitárias para marcas como Dsquared2, Barbour, Farfetch e Browns Fashion, entre outras.
Em 2024 estreia-se no cinema como ator, no filme ‘Chuva de Verão’, realizado por António Mantas Moura.

É com perfecionismo que agarra as oportunidades que a vida lhe dá e que o levam a ser também o fundador de duas marcas: a Blue Avenue (calções de banho para homem) e a Hurricane Lab (chapéus de ‘cowboy’ feitos em Portugal), que está à venda em cerca de 20 lojas a nível mundial.

Com 154 mil seguidores no Instagram e 240,7 mil seguidores no Tik Tok, Francisco Faria cria conteúdos para marcas de luxo FOTO ORLANDO GONÇALVES

Na rubrica De Portugal Para o Mundo, dedicada a profissionais expatriados, Francisco Faria revela que em Madrid há mais trabalho e concorrência, o que gera também mais pressão e síndrome do impostor. “Muitas vezes sinto-me perdido quando tenho um trabalho e a criatividade, simplesmente, não aparece no momento em que preciso”, explica, acrescentando que “no fim, dá sempre certo”.
Com 154 mil seguidores no Instagram e 240,7 mil seguidores no TikTok, diz que “hoje em dia é muito difícil crescer nas redes sociais”.

Trabalhar fora de Portugal é uma ambição concretizada ou há alguma circunstância que determina a saída?
Sempre tive um pé dentro e outro pé fora do país: nos últimos anos estive a viajar todas as semanas, maioritariamente para Milão, Paris ou Madrid, e surgiu a necessidade de me mudar para um ponto mais central na Europa. Madrid é perfeita para isso. Estou a uma hora de voo de Portugal e de outros mercados onde trabalho.
Além disso, sou muito feliz em Madrid e esta mudança está a fazer todo o sentido. Primeiramente, porque tenho a sorte de ter grandes
amigos cá, que me fazem sentir em casa. A cidade é muito confortável e a cultura é parecida com a nossa, não estranho nada e, profissionalmente, há mais oportunidades na minha área. É uma mudança leve, muito normal.

Quais são as diferenças entre trabalhar em Lisboa e em Madrid?
Em Madrid há mais oportunidades, o mercado é maior. Há mais concorrência também, mas sinto que há espaço para todos. Trabalho nesta área há uns anos e em Lisboa, na área da moda principalmente, não havia muito mais que pudesse conquistar.

Quais são os projetos mais recentes que tem entre mãos?
Divido-me em projetos distintos, mas todos interligados. Tenho duas marcas, das quais orgulho-me muito, a Hurricane, que é uma marca de chapéus feitos à mão em Portugal, com lã natural e biodegradável. E a Blue Avenue, com fatos de banho para homem, também fabricados em Portugal. Enquanto ‘talent’, trabalho como modelo, ator e criador de conteúdos digitais, sendo que as redes sociais são neste momento o meu maior foco, pelo retorno e experiências que me têm trazido.

A trabalhar a partir de Madrid, quais são as mais-valias e os obstáculos de ser português?
Em comparação com outras pessoas que também vêm de fora para Madrid, o ser português aproxima-me mais das pessoas, quer pela cultura como pela língua. Falamos alto como os espanhóis – temos a mesma energia – e mais facilmente entendemos e falamos espanhol do que alguém do Norte da Europa, por exemplo. Senti-me sempre muito bem recebido.

Quais são os desafios, enquanto criador de conteúdos digitais num mercado muito maior do que Portugal?
O facto de haver mais trabalho, concorrência e fluxo gera também mais pressão. Às vezes tenho síndrome do impostor e sinto que o grau de exigência nos conteúdos subiu muito. Muitas vezes sinto-me perdido quando tenho um trabalho e a criatividade simplesmente não aparece, no momento em que preciso. Sou um perfeccionista e tento fazer sempre o mais premium possível, o que nem sempre ajuda. Mas a verdade é que, no fim, dá sempre certo.

As redes sociais são o maior foco de Francisco Faria, pelo retorno e experiências que lhe têm trazido FOTO RENATA LESSA

Qual é o momento que o mercado espanhol atravessa, em termos da procura de marcas internacionais?
Madrid neste momento é um ‘hot spot’ na Europa. Está muito ‘trendy’ e nos últimos anos cresceu muito. Creio que com as complicações que houve em Barcelona, as coisas começaram a acontecer mais aqui. As empresas investiram mais em Madrid e estão a abrir constantemente novos restaurantes, hotéis e ‘cool spots’ como o Soho House.

É um fenómeno semelhante a Lisboa. Quando saio à rua, vejo sempre algo novo, seja uma ‘coffee shop’, uma galeria de arte ou uma loja, o que é refrescante e um reflexo do crescimento da cidade. As marcas internacionais também sentem este movimento aqui, por isso há mais investimento, eventos e ativações todas as semanas, mais até do que em Milão, por exemplo.

Como é que está a evoluir o número de seguidores e de interações que tem nas redes sociais?
Hoje em dia é muito difícil crescer nas redes sociais, mas felizmente os meus números estão a aumentar de forma orgânica e esta mudança ajuda muito.

Madrid funciona também como rampa de lançamento enquanto ator, depois da estreia no cinema em 2024, com o filme ‘Chuva de Verão’?
Acredito que sim, se houver oportunidade para isso. Tenho tido aulas, de representação e de sotaque, e em fevereiro comecei a ter aulas de espanhol. Preciso de evoluir mais, para poder ter projetos de representação em Espanha, mas estou a trabalhar para isso.

Qual é a experiência profissional em Madrid mais marcante, negativa ou positiva?
Estando neste mercado há mais de dez anos consigo tirar sempre alguma coisa de positivo das experiências que acontecem, seja a nível profissional ou até pessoal. Se dermos tempo e – como se costuma dizer – virmos a situação de fora, conseguimos sempre tirar uma aprendizagem. ‘In the end, this is all about the people’. Fora isso, há coisas positivas e negativas em ambos os mercados, há sempre o outro lado da moeda.

Os aspetos positivos e negativos em Espanha e Portugal são os mesmos?
O mercado espanhol é maior, por isso tem a seu favor uma quantidade de atrativos como os orçamentos, a internacionalização e uma economia que ecoa mais, mas a concorrência é enorme.
Em Portugal, sendo mais pequeno, ficamos um pouco mais condicionados, mas reconheço um potencial gigante, nomeadamente em termos de manufatura. A minha marca de chapéus, a Hurricane Lab, por exemplo, é feita 100% em Portugal, pois os nossos materiais são dos melhores. Os outros países reconhecem essa qualidade e já não somos um país tão desconhecido como podemos achar.

Pensa regressar a Portugal?
Sim, o bom filho a casa regressa. Amo Portugal, é o melhor país do mundo, e sou muito ligado à família e aos amigos. Mas neste momento faz mais sentido, profissionalmente e estrategicamente, estar por cá, porque estou focado na minha carreira.
Tenho de aproveitar as oportunidades que a vida me está a dar e voar. Quem sabe se essas oportunidades não irão passar por Portugal. Se surgir um projeto, não descarto a ideia de voltar.

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Grupo Rodilla adquire 100% da A Padaria Portuguesa

“O grupo Rodilla irá implementar um plano de crescimento para a cadeia portuguesa, com o objetivo de reforçar o seu caráter português e impulsionar a sua expansão internacional”, refere o comunicado sobre a aquisição, que marca a estreia em Portugal do grupo espanhol

O grupo de restauração espanhol Rodilla é o novo dono de 100% do capital da cadeia A Padaria Portuguesa, que tem 84 lojas e duas fábricas, avança o comunicado enviado à Lusa e citado na imprensa nacional.

Este negócio, que ainda está sujeito à aprovação da Autoridade da Concorrência (AdC), marca a estreia em Portugal do grupo espanhol, que inicia a internacionalização em 2019, com a entrada em Miami.

“O grupo Rodilla irá implementar um plano de crescimento para a cadeia portuguesa, com o objetivo de reforçar o seu caráter português e impulsionar a sua expansão internacional”, refere o comunicado que anuncia o negócio e a entrada em Portugal do grupo espanhol, que tem cerca de 300 pontos de venda com as marcas Rodilla, Hamburguesa Nostra, Vaca Nostra, Café de Indias e Jamaica.

Depois da aprovação da AdC, o grupo pretende concentrar-se em assegurar um período de transição cuidado, mantendo o foco na gestão das equipas e nas operações diárias da empresa. O grupo Rodilla é criado em 1939, quando Antonio Rodilla abre uma confeitaria em Madrid. Desde 2015, é detido a 100% pelo grupo cervejeiro Damm, que tem a marca Estrella Damm.

A cadeia de pastelarias A Padaria Portuguesa é fundada há 15 anos por Nuno Carvalho, emprega cerca de mil trabalhadores e conta com 84 lojas na Grande Lisboa e no Grande Porto e duas fábricas, em Lisboa e no Porto.

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