A Inteligência Artificial na orquestração do crescimento das marcas
Por ocasião do 35º aniversário do Público, tive a oportunidade de conversar com a Margarida Silva da FNAC, e descobrimos que o primeiro trabalho da Margarida havia sido na Publicis, e o meu primeiro trabalho havia sido na FNAC, mais propriamente na FNAC Online, uma daquelas coincidências que dificilmente a Inteligência Artificial iria entender.

Brand SHARE
Dio Rods é o ‘gamer’ nacional com mais interações no Instagram
Doja Cat dá a cara pela Marc Jacobs
APR exige retoma de programa de aquisição de geradores para rádios locais
João Maia Abreu assume direção executiva da SPi
Hub Media reforça portefólio com quatro novas contas
Nuno Markl é a personalidade nacional que gera mais empatia
Coca-Cola é alvo de boicote e tenta distanciar-se de Trump
SA365 lança primeira produtora de vídeo 100% inteligência artificial
Agência Trema Creative com identidade renovada
Grupo Gate adquire participação maioritária na Naughty Boys
Trabalhar num retalhista online no longínquo ano 2000 foi uma experiência que com o passar dos anos se vai tornando cada vez mais divertida, agora que falamos em conceitos tão interessantes como Analytics, Mobile, Programático ou claro, Inteligência Artificial. Com a segurança que o assunto já prescreveu, posso agora revelar que nesse Natal de 2000, enviei o respetivo postal das festividades para a base de dados de registos, com todos os utilizadores no campo do “To” do email, algo que se bem me lembro me valeu uma reprimenda ligeira, e no máximo 2 reclamações dos clientes, por oposição a um expectável período de cadeia nos tempos que correm.
Também coloquei online uma série de artigos e produtos do Janita Salomé, assumindo que era uma mulher, mas eu estava cansado, ok? Aproveito para lhe pedir desculpa, na eventualidade de ser assinante desta publicação.
Deixando para trás os tempos em que o Mar Morto ainda se encontrava só doente, o presente do marketing está a ser marcado pela disrupção introduzida pela Inteligência Artificial, provocando uma revolução irreversível e uma necessidade de combater a ilusão do Hype.
Muitas marcas ainda olham a IA como uma ferramenta futurista, mas o verdadeiro jogo do marketing moderno acontece nos bastidores, onde algoritmos analisam volumes colossais de dados para prever comportamentos, personalizar mensagens e otimizar investimentos publicitários em tempo real.
O consumidor moderno é um enigma em constante mudança à espera de ser decifrado, e a única forma de compreendê-lo de verdade é com a ajuda das máquinas. A Epsilon, adquirida pela Publicis em 2019, é um divisor de águas nesse sentido, permitindo que as marcas atinjam os consumidores com precisão, no momento certo e com a mensagem exata. Isso não é apenas marketing eficiente, mas uma mudança na relação entre marcas e pessoas, integrando interações online e offline, e eliminando os silos dos walled gardens que historicamente fragmentaram as experiências do consumidor.
Mas a IA não se resume apenas à abordagem das Agências ao Data Marketing. As principais Holdings da indústria estão a desenvolver plataformas que combinam IA, automação e dados para otimizar decisões de marketing em tempo real. Diferente dos modelos tradicionais, que exigem ciclos demorados de análise e execução, estas novas respostas a briefings e desenvolvimento de estratégias, antecipam oportunidades e ajustam caminhos continuamente para maximizar o impacto e a eficiência. Ao conectar fontes de dados fragmentados e transformar insights em ações automatizadas, estas plataformas permitem
campanhas dinâmicas que aprendem e evoluem sozinhas. No novo cenário do marketing, não basta reagir – é preciso prever. E esse poder deve e pode ser entregue às marcas, tornando as agências mais relevantes que nunca no seu papel de consultoras e de parceiras estratégicas.
Com grandes poderes aparecem também maiores responsabilidades. Transparência, privacidade e ética são elementos essenciais para a sobrevivência das marcas no longo prazo. O uso irresponsável da IA pode levar a desastres de reputação e a crises de confiança com o público. É necessário garantir conformidade com regulamentos como o GDPR, construindo modelos que respeitam a diversidade e eliminam vieses.
Concluindo, usar tecnologia avançada para gerar conteúdos dinâmicos que se ajustam em tempo real ao comportamento do consumidor, deixará de ser responsabilidade exclusiva do meio digital como o conhecemos. Campanhas programáticas que aprendem e evoluem sozinhas, anúncios que se ajustam ao humor e ao momento do consumidor, e mensagens que parecem feitas sob medida, farão parte desta nova realidade. A IA generativa será o próximo grande salto, permitindo a criação de conteúdos originais de forma quase instantânea. Vivemos tempos extraordiniários nesta indústria, e a atração de talento continuará a ser um dos principais campos de batalha no curto prazo.
Sérgio Oliveira
Head of Business Transformation
Publicis Groupe Portugal