Plataformas de venda online perdem força. Marcas próprias ganham terreno
Segundo as conclusões de um estudo de mercado realizado pela consultora Kantar analisado pela Centromarca – Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca, a conjuntura atual está a mudar […]
Luis Batista Gonçalves
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Segundo as conclusões de um estudo de mercado realizado pela consultora Kantar analisado pela Centromarca – Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca, a conjuntura atual está a mudar os hábitos de consumo. “Assiste-se a um decréscimo na atratividade dos canais online. No período pós‑pandemia, com a possibilidade de regressarem às lojas, os portugueses passaram a apostar menos nas compras pela internet”, refere o documento.
“A penetração [do comércio eletrónico] sofreu uma queda de 2,7% face a 2019. Ainda assim, um em cada quatro portugueses, 25,1%, fez pelo menos uma compra neste canal em 2023”, sublinha a Centromarca. Além de terem voltado a apostar mais nas compras físicas, os consumidores lusos também estão a olhar mais para as etiquetas dos produtos.
“44% dos portugueses considera o preço o fator mais importante no momento de compra e praticamente nove em cada dez pessoas, 89%, comparam preços para aproveitar promoções. Para promover a poupança, os inquiridos pensam ainda nas receitas que vão cozinhar antes de irem às compras, com 64% a confirmar este tipo de comportamento”, sublinha a associação.
“Em simultâneo, mantém-se a tendência de otimizar o gasto em cada ato de compra. Os consumidores portugueses continuam a ir às compras mais vezes, comprando menos de cada vez”, aponta, contudo. “Sem deixar de poupar, 67% dos consumidores continua a encontrar espaço para mimos nas idas às compras, recorrendo, para isso, a produtos de segmentos mais indulgentes”, alega.
“Sumos de fruta, frutos secos, pão e tostas, sobremesas prontas e comida étnica são as principais opções a crescer para satisfazer caprichos”, refere o estudo. A escolha das insígnias afigura-se determinante. “As dificuldades económicas podem convidar à compra de marcas de distribuição (MDD), mas estas marcas próprias geram menor diversidade na prateleira, menor rentabilidade para os retalhistas e menor fidelização nos clientes”, critica todavia a Centromarca.
Marcas de distribuição e de insígnias de fabricante com maior procura
O preços é determinante no momento da escolha. “Os consumidores que optam por mais MDD são menos fiéis aos hipermercados e supermercados. Mais ainda, são as insígnias de sortido curto que mais beneficiam com os portugueses que apreciam as MDD. As marcas de fabricante (MDF) representam 60,1% das compras dos compradores de sortido curto em hipermercados e supermercados”, sublinha a Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca.
“As MDF continuam a ser necessárias em todos os tipos de locais de compra”, conclui o estudo. “Enquanto os compradores de MDF representam 46,5% do total de consumidores, o valor comprado por estes é de 50,3%. Já os adoradores de MDD representam 53% do universo total, mas os seus gastos em compras representam somente 49,7%”, refere ainda o documento.
“As insígnias que têm reduzido o sortido e o número de opções de compra, para apostarem mais nas MDD, têm sentido o impacto dessa escolha. Estas marcas próprias não têm ajudado a fidelizar clientes, a aumentar o tráfego ou o valor das cestas”, assegura Pedro Pimentel, diretor-geral da Centromarca. “Nota‑se, até, uma tendência de transferência de consumidores de uma tipologia de retalhistas para outra”, adverte.
“Completar o sortido com MDF pode representar uma maior taxa de retenção do gasto dentro da loja para os retalhistas de sortido curto. Estes retalhistas têm visto os consumidores saírem das suas lojas para irem à concorrência à procura das MDF que querem comprar”, garante Marta Santos, clients and analytics director da Kantar. Num futuro imediato, este paradigma não deverá sofrer qualquer alteração.