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‘Gostaríamos de desafiar a Igreja para a constituição de um bom grupo de comunicação’

No terceiro mandato à frente do agora grupo R/com, João Aguiar de Campos não hesita em colocar alto a fasquia.

Ana Marcela
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‘Gostaríamos de desafiar a Igreja para a constituição de um bom grupo de comunicação’

No terceiro mandato à frente do agora grupo R/com, João Aguiar de Campos não hesita em colocar alto a fasquia.

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No terceiro mandato à frente do agora grupo R/com, João Aguiar de Campos não hesita em colocar alto a fasquia. Este ano o grupo, admite em entrevista ao M&P, vai “desafiar” a Igreja portuguesa “para a constituição de um bom grupo de comunicação da Igreja Católica em Portugal”. A reestruturação do grupo, que reduziu recentemente os seus quadros, os novos projectos na área digital e a mudança para as novas instalações, atrasadas “dois anos”, foram outros dos temas abordados na primeira entrevista que concedeu depois de ser reconduzido na liderança dos destinos do maior grupo privado radiofónico nacional.

Meios & Publicidade (M&P): Anunciaram uma nova designação para o grupo e na mesma altura foi conhecido um processo de reestruturação que passou pela redução de 41 quadros da empresa, ficando a estrutura com cerca de 280 pessoas. É a ideal?

João Aguiar de Campos (JAC): Não há estruturas ideais, mas ao lançarmos este processo de reestruturação tínhamos dois objectivos em mente. Por um lado, ajustarmo-nos minimamente às condições do mercado, porque a crise afecta todo o país, aliás é internacional, e também afecta os grupos de comunicação e a Renascença não está livre por obra e graça do Espírito Santo. Além disso, é uma reestruturação que decorre da necessidade de inovar e de diversificar. Temos de ter os quadros necessários e fundamentais para aquilo que estamos a fazer, para os actos de inovação que queremos levar por diante e adequados às próprias condições económicas, de maneira a que o grupo possa viver e sonhar, não numa perspectiva de lucro, mas de uma manutenção tranquila.

M&P: A crise do ano passado precipitou ou consolidou a ideia de reduzir a estrutura?

JAC: Consolidou. Quando entrei há cinco ou seis anos, uma das ideias que tinha, e que realmente circulava, é que estávamos sobredimensionados. Também havia a perspectiva de que a rádio hoje tem de estar em multiplataforma, tem de se modernizar. Essa ideia acompanhava-me, mas tinha de estar no terreno para perceber se era razoável. Fui constatando que era razoável, e colocámos logo no primeiro mandato este objectivo de estudar e pôr no terreno uma eventual reestruturação do grupo que, à medida que fomos alicerçando a ideia, foi ajudada por esta circunstância.

M&P: Quanto custou este processo?

JAC: O justificável para a medida que importava tomar.

M&P: António Sala foi um dos que saiu, era director-geral da Génius & Meios. Foi substituído?

JAC: A figura de director-geral foi extinta. Há um director da empresa que, aliás, já estava na função de director-executivo, o Luís Salgueiro, um homem muito adequado ao terreno e às próprias iniciativas que a Génius & Meios tem desenvolvido e vai desenvolver. O Sala é uma das pessoas a quem este grupo deve, é um comunicador ímpar no meio português, durante anos manteve a liderança do canal, a Renascença durante anos acordou milhões de portugueses. Fez a sua opção, felizmente poderemos continuar a contar com uma colaboração voluntária do António Sala gerindo os afectos não só dos trabalhadores, mas de todos os amigos da Renascença, através do Clube Renascença.

M&P: Além da saída do António Sala a reestruturação vai ter mais algum impacto na Génius & Meios?

JAC: A reestruturação da Génius & Meios está a acontecer e vai acontecer, como noutros sectores da casa, com respostas internas ao nível da comunicação e de todos os apoios que a formação e os espectáculos da Génius & Meios comportam.

M&P: Ricardo Clemente entrou na administração da Intervoz, o braço comercial do grupo, vindo da Ogilvy. Esta contratação integra-se na estratégia de reestruturação?

JAC: Integra-se nessa estratégia de inovação porque na Intervoz precisamos de encontrar outras oportunidades comerciais provocadas pelos novos meios, onde detectámos que precisávamos de um novo sangue e visão.

M&P: Olhando para os dados Mediamonitor, que têm a fragilidade de serem referentes a preços de tabela, em 2009 o investimento em rádio subiu 9,77 por cento, para os 196,2 milhões de euros. No período tanto a MCR como a TSF subiram três posições no ranking, mantendo-se o grupo no 11º lugar, embora reforce o seu investimento de 62,5 para 64,3 milhões. Dado que os outros grupos subiram e a holding manteve-se, significa que está a perder a sua atractividade junto dos anunciantes face aos seus concorrentes?

JAC: Continuamos no mercado rádio, e não temos 51 por cento das audiências, nos 51 por cento do bolo de agências no mercado publicitário. Encontramos-nos perante grupos que têm outros meios, ao passo que nós temos só rádio, embora tenhamos uma presença não apenas na distribuição tradicional, mas também online com os nossos sites. Onde temos de prestar uma atenção mais profunda é à exploração comercial de novos suportes, porque quando falamos de diversificação falamos não só da necessidade de um grupo atingir através de outros veículos públicos, que não se esgotam na rádio, mas também de oferecer aos próprios anunciantes outros suportes para as suas mensagens. Na internet, como nas rádios online, temos necessariamente um caminho a fazer, mas não estamos desconfortáveis, apesar de sentirmos que a crise não é uma teoria proibida de passar pelo largo do Chiado, pela rua Ivens ou pela do Capelo.

M&P: Foram efectuadas no ano passado alterações às regras de publicidade sobre produtos financeiros. O próprio grupo queixou-se que teriam tido impacto…

JAC: Naturalmente os grupos têm de fazer sentir as dificuldades que decorrem da implementação de algumas regras, mas essas são as tais coisas que têm de ser permanentemente dialogadas através da Confederação de Meios, das associações de rádios, de todos os meios que os grupos têm ao seu alcance, sensibilizando o ministro da tutela para esta e outras situações. Os grupos de meios em Portugal têm hoje em torno deles um garrote, um edifício jurídico/legislativo de alguma forma anárquico que era preciso repensar. Têm sido feitas e revistas leis de forma avulsa: apareceu a Lei da Televisão, a Lei da Rádio vem não vem, anda aí o ante-projecto, a chamada Lei da Defesa do Pluralismo Contra a Concentração, o problema das quotas de música renovadas em 2009 que interferem claramente na liberdade de programação das rádios, houve o problemas das taxas do ICP – Anacom, decisão que está pendente, mas que significava um largo aumento… Além da crise do mercado há outras situações legislativas que afectam os meios. Vivemos de uma forma muito viva os problemas que causava à Renascença a própria lei da Concentração.

M&P: Que foi chumbada. Uma boa novidade, portanto.

JAC: Foi uma boa novidade. Na minha opinião não havia outra hipótese que não ser chumbada, apesar de na especialidade ter sofrido algumas alterações que a tornaram menos agressiva, porque de outra forma seria aquilo que na devida oportunidade dissemos ser o maior ataque ao grupo Renascença desde o Verão Quente de 75.

M&P: Houve deputados que concordaram. No PSD afirmaram que era uma lei dirigida ao grupo.

JAC: Continuo convencido disso. Parecia uma lei feita à medida, só atingia directa e imediatamente este grupo.

M&P: A Lei da Rádio ficou de fora da ‘fúria legislativa’ do anterior governo. Vai ser este o ano da Lei da Rádio?

JAC: Não sei se as condições políticas vão permitir que se avance para alguns diplomas ou se haverá outras prioridades. Há tanto fogo hoje a apagar que não sei se o governo vai ou não ocupar-se dessa matéria. Penso que poderá ter essa noção, não digo tentação, essa vontade [quarta-feira o ministro com a tutela da comunicação social anunciou que vai apresentar a proposta de lei na próxima semana]. Se houver uma discussão e um debate sereno em torno do que é fundamental mudar irá acontecer no momento próprio e já temos dado alguns contributos. Tanto no seio da ARIC, como na Confederação de Meios, como no diálogo como a APR temos ‘dado para esse peditório’.

M&P: Aquando da reestruturação anunciaram para Abril e Maio o lançamento de uma web TV de entretenimento e outra de informação. São marcas autónomas ou sob a chancela das estações do grupo?

JAC: Abril será um mês importante para a primeira fase destes dois projectos. Primeiro uma web TV RFM, com duas áreas, uma de informação e outra de programação, que terá programas específicos mas que viverá das múltiplas acções de antena que através da imagem adquirem uma nova dimensão e potencialidade, e que admite, também na área da programação, directos a partir do auditório. Será a primeira a avançar, depois avança a Web TV Renascença, vivendo exclusivamente de conteúdos informativos e que terá a sua primeira fase entre os meses de Abril a Outubro, uma segunda fase de desenvolvimento de conteúdos, em Outubro/Dezembro, e a sua última fase em Janeiro de 2011. Dentro de pouco tempo será lançado um novo layout do Página 1. Continua a ser um jornal em PDF mas terá a capacidade de estar acessível noutras aplicações de modo a que se torne mais amigável. Em Abril estará feito o novo site da RFM também para comportar estas possibilidades.

M&P: Não referiu uma web rádio de informação cujo lançamento chegou a ser apontado para o primeiro semestre. O projecto foi abandonado?

JAC: Neste momento não está na lista de prioridade. Num momento de crise querermos com um extintor apagar todos os fogos não é viável.

M&P: Porquê só agora estes projectos? As web TV foram anunciadas como aposta do grupo em Outubro de 2007.

JAC: A crise não chegou aqui num dia qualquer, ‘anunciou sou a crise’ e entrou. Ia-se tendo sinais de alguma instabilidade do mercado. Depois, havia projectos que tínhamos alguma dificuldade em desenvolver dentro das actuais instalações. Há efectivamente projectos sonhados como fazendo de parte do outro edifício que foram sendo adiados pelo facto das futuras instalações viverem um atraso para ai de dois anos.

M&P: Em que ponto está esse processo, então?

JAC: Nos próprios Olivais tem havido alguma demora, no diálogo e nas burocracias que sempre comporta entre o dono da obra, que vai ser o Patriarcado de Lisboa, e as entidades municipais. Tenho previsto um encontro com o colega que administra o Patriarcado para vermos o ponto de situação e refazermos os calendários.

M&P: A mudança implicaria uma série de poupanças…

JAC: O modelo para estas instalações é conveniente para o grupo porque o dono da obra será o Patriarcado de Lisboa e nós teremos um aluguer e opção de compra. Não é obrigatório da nossa parte, tal como seria se tivéssemos que comprar noutro sítio, arranjar o dinheiro para comprar.

M&P: Lançaram em 2008 a SIM dirigida a um target acima dos 55 anos ‘orfão’ do reposicionamento da RR. No último trimestre de 2009, a estação tinha 1 por cento de AAV. São números que o satisfazem?

JAC: Temos obrigação de nunca estar satisfeitos, agora são números que efectivamente acompanham as dificuldades de um projecto como a SIM se alicerçar. A SIM apoia-se na rede de onda média da Renascença, com tudo o que isso significa de dificuldades, nalgumas frequências dos estúdios regionais que tinham FM e em parcerias com rádios locais. Hoje na região de Lisboa temos uma cobertura aceitável, em onda média e FM, na região Centro (Rio Maior e Coimbra) uma cobertura decorrente de uma parceria com uma rádio local, mas temos uma lacuna de cobertura na área metropolitana do Porto, e nas cidades Porto e Gaia temos onda média. E a SIM tem também as suas emissões online. A onda média em Portugal sofreu um processo de degradação da qual os próprios grupos também são culpados porque tendo o mesmo produto em FM e onda média só iria à onda média quem não tinha a FM. É preciso fazer renascer a onda média pondo lá um produto diferente, onde a música já não seja o elemento essencial, e seria importante que se debatesse isso dentro deste quadro da digitalização, que se percebesse afinal qual vai ser o futuro da onda média. Vamos ter uma onda média com a qualidade que tem o FM, mas vai ser o DRM (Digital Radio Mondiale)? Vai ser outro modelo? Há alguns investimentos em onda média que têm estado parados e que podem levar ainda à degradação do suporte. Ninguém vai investir num emissor de onda média que não tenha estas potencialidades digitais, nenhum grupo vai avançar sozinho para isso porque além do emissor é preciso receptores e que estes sejam colocados no mercado a um preço acessível. São as tais coisas que deveriam ser olhadas não só numa lógica de um grupo, mas também na relação com o governo. Toda a gente sabe quando vai ser o switch-off das televisões, o futuro da rádio digital neste país está por debater.

M&P: Referiu que a estação tem um ‘buraco’ em termos de cobertura na zona do grande Porto. Pensam fazer alguma parceria para completar a cobertura?

JAC: Se encontramos disponibilidade local para isso.

M&P: Uma rádio dirigida a um target com 55 anos ou mais tem sido difícil do ponto de vista comercial?

JAC: Tem sido difícil. Já se começa a olhar para o mercado sénior, vê-se esse mercado na saúde, no turismo, no lazer e vai ter de ser levado cada vez mais a sério. Hoje com 55 ou mais de 64 anos não se está no declínio da vida, está-se muito activo e essas pessoas são consumidoras. Portanto, há mercado, o que na minha perspectiva tem de mudar mais depressa é a cabeça das pessoas, tem de se estar mais atento a este público que é activo.

M&P: A perspectiva do grupo era que em dois, três anos o projecto seria rentável. Ainda mantêm esse objectivo?

JAC: Ainda mantemos essa perspectiva da rentabilidade dos nossos projectos.

M&P: Nestes timings?

JAC: Quando se olha para as perspectivas de 2010, ano em que o PEC é debatido com os parceiros sociais, como vai ser para as pessoas, para as empresas, para o país, não sei. Há um conjunto de neblinas que podem retrair, adiar muitas coisas. 2010 é também um ano com outros desafios potencialmente interessantes, há o Rock in Rio, o Mundial, acontecimentos motivadores de investimento. Não me atrevo a dizer que esse timing apontado vá ser cumprido, mas não podemos desistir.

M&P: Em Novembro a Mega FM reposicionou-se, passou a Mega Hits e expandiu para Braga. No último trimestre do ano passado tinha 1,8 de AAV, quebrando face ao período homólogo do ano anterior. Dada a já alguma maturidade do projecto, são números que o satisfazem? Até onde pode ir a Mega?

JAC: Quando olhamos para a Mega temos de ver que no fundo estamos a falar de uma rádio local que se foi expandindo de Lisboa, entrou em Aveiro, está em Coimbra e no Porto com uma frequência urbana. É uma rádio que tem tido ao longo do tempo estas limitações de hoje dar um passo e amanhã outro. Chegou agora a Braga e tenho esperança que isso signifique encher com mais ar os pulmões da Mega. Quando se olha para o público-alvo da Mega vê-se que há bastante competição dentro desse target e também que às vezes este tem reacções inesperadas, há uma grande instabilidade, nunca se sabe se saíram da rádio ou foram passar a noite fora. Vou parar de ser impertinente quando chegar aos 3 por cento [de AAV]. São passos absolutamente realistas, embora também gostasse de ver, o que ainda não dá nas últimas audiências, os resultados do reposicionamento e da expansão em Braga, que nos vai permitir olhar para isto com outros olhos. Até pela equipa acho que vale a pena teimar.

M&P: Quando é que esse objectivo dos 3 por cento de AAV poderá ser alcançado? Coloca já a fasquia em 2010.

JAC: Não coloco já em 2010, mas vamos continuar a fazer um grande esforço. Este é um público difícil.

M&P: Pensa dar novos passos na expansão da rádio para regiões onde não esteja a ser tão assertiva?

JAC: Neste momento as boas frequências estão ocupadas e não são tantas quanto isso. E para jovens ter cobertura em Coimbra, Porto (se pudéssemos melhorar era óptimo), Aveiro, Lisboa e Braga… Talvez ainda haja a Universidade da Beira Interior ou a de Trás-os-Montes e Alto Douro, mas não são zonas onde neste momento haja nem frequências, nem porventura investimentos perfeitamente justificáveis. O dinheiro não é elástico e temos de ver as mudanças de hábito destas pessoas. Vão continuar a ouvir rádio nos meios tradicionais? Vão estar mais no online? Onde vão estar? Estamos a olhar para as opções que a Mega pode tomar neste campo.

“A Renascença não pode, para os media da Igreja em Portugal, ser vista como um tubarão”

M&P: No mandato anterior a tónica foi colocada na diversificação de áreas de negócio. Quais são as linhas estratégicas deste novo mandato?

JAC: Em 2009 dissemos que avançaríamos com a reestruturação, avançou em final de 2009 e continua este ano. A reestruturação não quer dizer única e simplesmente ficar com menos pessoas, significa mudar mentalidades, reorganizarmo-nos internamente. Queremos aprofundar a identidade do grupo e a liderança das rádios e gostaríamos de desafiar a Igreja em Portugal para a constituição de um bom grupo de comunicação da Igreja Católica. Está nos nossos propósitos em 2010 perguntar se com a presença e com os meios de que a Igreja dispõe não é possível fazer, de uma forma mais coordenada, um melhor serviço à própria comunidade. Não vejo a comunicação social da Igreja numa lógica de poder, vejo numa lógica de serviço, de ponte, de diálogo. Temos o grupo Renascença, uma agência de comunicação da Igreja, a Ecclesia, uma produtora de conteúdos, a Logomedia, há uma presença nas rádios locais e na imprensa regional, tudo isto precisava era de alguma coordenação, de uma alma nova, como costumo dizer, não ir cada um à caça com o seu galgo. A Igreja, se quiser a Confederação Episcopal, como alguém que tem a obrigação de olhar para isto tudo, prestava um bom serviço, não só à evangelização mas à sociedade, com um grupo de comunicação social, coerente e marcado pelo optimismo. Antes de sermos emissora católica temos de ser emissor, e depois profissionais com um olhar evangélico sobre as situações. O mundo precisa de profissionais que sejam verdadeiramente optimistas. A Igreja tem esta obrigação de olhar para o coração do homem e dos acontecimentos e dizer que a História não está num beco sem saída e se não dermos nós esse olhar sobre a situações seremos como os fetos com as mãos atadas na cabeça e não nasceremos nem cresceremos de braços abertos.

O agilizar o grupo nas estruturas e meios é outro objectivo dos quatro para 2010, sendo que o último seria iniciar impreterivelmente a edificação da nova sede.

M&P: O R/com seria o eixo central desse grupo da Igreja?

JAC: Não podemos esquecer nem a capacidade, nem a representatividade do próprio grupo Renascença nos meios de comunicação social em Portugal, se lidera as rádios em Portugal tem essa enorme responsabilidade. Se será a Renascença a liderar? Não é obrigatório que sejamos nós.

M&P: A nova identidade, R/com, já dava espaço para isso…

JAC: Não é inocente a nova identidade. A nova identidade diz precisamente que sendo nós rádio, somos mais do que rádio. A Renascença nasceu precisamente já a ser mais do que rádio. Com o Monsenhor Lopes da Cruz estava no projecto ser mais do que rádio. Quem vai liderar? Estou pouco preocupado com isso, estou mais preocupado que a ideia seja assumida, seja sentida, nos sentemos e digamos: Esta ideia faz sentido? Então como a vamos concretizar?

M&P: Sente que essa ideia tem receptividade junto dos seus parceiros?

JAC: No diálogo que tive com o senhor Cardeal e com o presidente da Conferência Episcopal, como se sabe 60 por cento do grupo pertence ao Patriarcado de Lisboa e os restantes 40 são da Conferência Episcopal, ambos me disseram que isto faz muito sentido. Se não houver outra reacção antes de terminar o mandato, partirei para o terreno porta-a-porta para ver se encontro ou não sentido nisto, dentro da Igreja preferencialmente, sem fechar a porta eventualmente a parcerias externas, desde que não entrem em conflito as identidades editoriais.

M&P: Grupos privados, imagino. Com a Impresa têm boas relações.

JAC: Temos boas relações com o grupo Impresa, através de uma abertura, que é mútua, com o próprio Dr. Pinto Balsemão que é sempre um cavalheiro no trato e na reflexão sobre as coisas. São relações que podem ser aprofundadas mas que não escravizam nem a uns, nem a outros.

M&P: Mas acha que seria fácil encontrar parceiros privados para esse projecto de grupo de comunicação social da Igreja? Surge inevitavelmente a questão de quem manda.

JAC: Por isso é que temos de ser prudentes nem alienamos, nem esperamos que os outros o façam. A partilha de algumas situações pode acontecer. Mas preferencialmente procuramos parceiros eclesiais e complementares, o que significa alguém que faça o que não estamos a fazer e que é preciso que se faça na Igreja em Portugal. Ou começamos a fazer ou nos associamos, com regras muito claras logo à partida, a quem o faça. Não estamos no campo das manias, sequer é uma mania minha, é uma obrigação da Igreja em Portugal no serviço à comunidade onde está presente. São horas de fazer isso. Na Igreja em Portugal temos de pensar de uma forma mais coordenada, muito mais luminosa de olhos uns para os outros, por isso nem quero dominar, nem ser dominado por ninguém. A Renascença não pode, para os media da Igreja em Portugal, ser vista como um tubarão.

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Feeders reforça aposta na internacionalização

A empresa portuguesa, com um portefólio na execução de stands corporativos e ‘major events’, está presente no maior evento de iGaming dos Estados Unidos com a criação de um projeto de ativação para a Betano

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A Feeders, estúdio criativo de arquitetura especializado na criação de espaços para marcas, vai estar presente no maior evento de iGaming dos Estados Unidos (SBC Summit Americas), a decorrer entre 13 e 15 de maio na Flórida.

A empresa portuguesa, com um portefólio na execução de stands corporativos, ‘major events’, bem como ‘fit-out’ em retalho e escritórios, consolida presença internacional com a criação e conceção de um projeto de ativação para a Betano.

O espaço da marca de apostas desportivas online contará com 81 m2 e servirá como espaço de ‘network’ entre a marca, parceiros e clientes. A Feeders, segundo o comunicado de imprensa, “criou um ambiente que fortalece a conexão tanto dos membros da marca como dos utilizadores, transmitindo através da arquitetura a identidade única da marca”.

Este projeto conta ainda com a intervenção da Digital Decor, empresa portuguesa especializada em produção gráfica e implementação de imagem, parceira da Feeders para este projeto.

“Este passo marca o início do nosso processo de internacionalização e contribuirá para concretizar contatos já estabelecidos neste mercado, que agora necessitam de personalização através da presença física da nossa equipa. Trata-se também de uma forma de demonstrar o impacto que geramos para as marcas, uma vez que teremos um espaço desenhado e imaginado por nós na conferência, visível a todos os potenciais clientes”, afirma Joaquim Silva, ‘partner’ da Feeders.

A SBC Summit Americas reúne mais de 10 mil profissionais do setor e acolhe mais de 400 expositores e patrocinadores, afirmando-se como uma das maiores conferências de negócios para as indústrias de apostas desportivas e iGaming dos Estados Unidos.

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87% das marcas têm aversão ao risco

Estudo do Cannes Lions revela que só 13% dos anunciantes está aberto a campanhas publicitárias que desafiem a criatividade, com 51% a assumirem incapacidade para gerar ‘insights’ fortes

Luis Batista Gonçalves

Os anunciantes estão com mais medo de arriscar. Segundo o estudo ‘State of Creativity 2025: A Call For Confidence’ (na foto), divulgado pelo Cannes Lions, 87% das marcas têm aversão ao risco, sendo que apenas 13% estão abertas a campanhas publicitárias que rompam com os padrões convencionais e desafiem os limites da criatividade.

“Os resultados da pesquisa mostram que, em grande parte devido à falta de ‘insights’ sólidos e de relevância cultural, estamos a ver menos anunciantes a assumir riscos criativos, com muitos a ficarem-se pelos limites tradicionais e a não irem além das convenções, das barreiras que condicionam a confiança criativa e as impedem de gerar melhores resultados comerciais a longo prazo”, revela Patrick Jeffrey, vice-presidente do Lions Advisory, citado no estudo.

De acordo com a análise, que tem por base as respostas de mil ‘marketers’ e criativos de todo o mundo a um inquérito promovido entre novembro de 2024 e janeiro de 2025, 51% das marcas assumem a incapacidade de conseguir gerar ‘insights’ suficientemente fortes para potenciarem a criatividade das campanhas. Apenas 13% consideram que os que apresentam às agências criativas têm força suficiente para originar anúncios que se destaquem pelo lado criativo.

“A investigação mostra que a aversão ao risco está a atrapalhar as empresas, com 29% das marcas a admitirem ser altamente avessas ao risco”, refere o documento. Além da falta de compreensão e clareza sobre o que constitui um ‘insight’ de boa qualidade, o estudo refere que o tempo alocado para o desenvolvimento de ‘briefings’ mais pormenorizados “tende a ser insuficiente”, até porque essa tarefa “não é considerada das mais prioritárias”.

“No entanto, as marcas que assumem riscos geram margens de lucro quatro vezes superiores, de acordo com pesquisas do World Advertising Research Center (WARC) e da Kantar, e, como relata a Deloitte, as que revelam maior propensão para assumir riscos criativos têm 33% mais probabilidades de ver um crescimento de receitas a longo prazo”, salienta o estudo, que já vai na quinta edição anual.

57% das marcas têm dificuldade em acompanhar tendências

A análise do Cannes Lions defende que, quanto mais forte for a relação entre anunciantes e agências criativas, maior será a capacidade das marcas de desenvolverem ‘insights’ com uma qualidade superior. “Tanto as equipas como os métodos devem ser pluralistas para evitarem preferências pessoais em detrimento da compreensão do consumidor, sendo que o uso de inteligência artificial (IA) e de dados sintéticos pode aumentar a eficiência e reduzir enviesamentos e limitações”, recomenda o estudo.

O inquérito internacional revela ainda que 57% das marcas têm dificuldade em acompanhar tendências e adaptar-se à conjuntura cultural. “O relatório mostra uma correlação positiva entre a capacidade e a perceção dos anunciantes para reagirem a mudanças culturais face à aversão ao risco, com apenas 12% a considerarem que o fazem de uma forma que pode ser considerada excelente”, refere a análise.

“Os desafios que limitam uma maior agilidade cultural prendem-se com as muitas fases que costumam marcar os processos de aprovação, além dos recursos e investimentos limitados e das dificuldades em conseguir alinhar os ‘insights’ das marcas com as tendências culturais. As empresas são aconselhadas a construir estruturas que permitam ações rápidas e estratégicas. As marcas que assumem riscos e que se distinguem criativamente são mais bem sucedidas”, garante o relatório.

“O inquérito deste ano mostra também que os anunciantes estão a migrar cada vez mais para planeamentos de curto prazo, com a percentagem dos que o fazem a aumentar de 53% em 2023 para 63% em 2025”, revela o estudo.

O relatório recomenda aos anunciantes o reforço do investimento na formação. “À medida que as equipas melhoram as suas capacidades, aumenta também o apetite por trabalhos maiores e mais ousados”, assegura Patrick Jeffrey.

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

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Justiça quer venda forçada de produtos de tecnologia publicitária da Google

“A Google deve ser obrigada a vender a bolsa de anúncios, a AdX, seguida de uma alienação faseada do serviço que ajuda as páginas web a vender anúncios publicitários”, escreve o Departamento de Justiça, num processo judicial

Daniel Monteiro Rahman

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos exige que a Google venda duas das plataformas que ajudam os anunciantes e as páginas web a comprar e vender publicidade online, após a justiça americana ter considerado que a gigante tecnológica violou as leis da concorrência ao construir um império no mercado da tecnologia de publicidade online.

“A Google deve ser obrigada a vender imediatamente a bolsa de anúncios, a AdX, seguida de uma alienação faseada do serviço que ajuda as páginas web a vender anúncios publicitários, conhecido como servidor de anúncios para editores”, escreve o Departamento de Justiça, num processo judicial apresentado a 5 de maio.

“É necessário um conjunto abrangente de soluções, incluindo a alienação dos monopólios obtidos ilegalmente pela Google e dos produtos que foram os principais instrumentos do esquema ilegal da empresa”, acrescenta ainda o Departamento de Justiça no processo.

A Google, por seu lado, propõe o funcionamento da bolsa de anúncios com a tecnologia rival e a instalação de um sistema de monitorização para garantir a conformidade durante os próximos três anos. A empresa afirma que a proposta atenuaria qualquer alegado dano e que uma alienação como a proposta pelo governo não deve estar disponível como solução neste tipo de caso.

Leonie Brinkema, juíza federal do distrito da Virgínia, marca uma audiência para setembro, para ouvir os argumentos do Departamento de Justiça e da Google sobre o plano de sanções proposto. Em abril, a juíza determina que a Google monopolizou ilegalmente os mercados de servidores de anúncios de editores e o mercado de bolsas de anúncios que intermedeiam compradores e vendedores.

Sobre o autorDaniel Monteiro Rahman

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Hollywood em choque com tarifas de Trump sobre o cinema

Apesar da Casa Branca não ter explicado como pretende executar a cobrança fiscal sobre os filmes produzidos fora do país, o anúncio leva à queda nas ações de estúdios como Netflix, Disney e Paramount

Hollywood reage com ceticismo ao anúncio do presidente Donald Trump de impor tarifas de 100% a filmes produzidos fora dos Estados Unidos, uma medida que especialistas da indústria consideram contraproducente.

“Não faz nenhum sentido”, diz Jonathan Handel, advogado do setor de entretenimento, à agência France-Presse. “Se uma cena de ação envolve o Tom Cruise a subir à Torre Eiffel, o que deveríamos fazer? Filmar na réplica da Torre Eiffel em Las Vegas?”, questiona Handel, que explica que filmes como a “Missão Impossível” são rodados fora dos Estados Unidos por razões artísticas.

Numa mensagem na rede Truth Social, Trump pediu ao Departamento de Comércio para “iniciar o processo de instituir uma tarifa de 100% a qualquer filme que chegue ao nosso país e que tenha sido produzido no exterior”. O objetivo, segundo o porta-voz da Casa Branca, Kush Desai, é “salvaguardar a segurança nacional e económica do país”, visando “tornar Hollywood grande novamente”.

Apesar da Casa Branca não ter explicado como pretende executar a cobrança fiscal sobre produções que muitas vezes são filmadas digitalmente e transferidas online ou por unidades de memória, a intenção leva à queda nas ações de estúdios como Netflix, Disney e Paramount.

Trump culpa o governador da Califórnia, o democrata Gavin Newsom, por permitir que outros países atraiam produções de Hollywood. “Outras nações estão a oferecer todo o tipo de incentivos para atrair os nossos cineastas e estúdios para longe dos Estados Unidos”, acrescenta. Trump disse que este é um “esforço concertado” que representa “uma ameaça para a segurança nacional” norte-americana.

Netflix anuncia investimento no México

A verdade é que a indústria foi afetada pela pandemia e, depois, pelas greves de argumentistas e atores que, em 2023, paralisaram todas as produções. Atraídas por incentivos fiscais, ofertas económicas e razões criativas, muitas produções migraram para outros países.

Em 2024, as receitas do ‘box office doméstico’ (que incluem Estados Unidos e Canadá) atingiram os 8,5 mil milhões de dólares (€ 7,48 milhões) uma quebra face aos 8,9 mil milhões de dólares (€7,83 milhões) do ano anterior.

Contudo, estes valores ficam longe dos 11,3 mil milhões de dólares (€9,94 milhões) atingidos em 2019 e também dos 11,8 mil milhões de dólares (€10,38 milhões) de 2018, e que representam um máximo para o box office norte-americano e canadiano, conforme indicam os dados da Statisca.

Dados que explicam a intenção do presidente norte-americano, Donald Trump, de avançar com as tarifas. Este ano, também a Netflix anuncia no México um investimento de mil milhões de dólares (€880 milhões) para desenvolver filmes e programas de televisão ao longo de quatro anos.

A Casa Branca afirma que está a tomar “decisões definitivas relativamente às tarifas sobre filmes estrangeiros”, mas que procura um consenso enquadrado nas orientações de Donald Trump. O Presidente norte-americano também manifesta a intenção de se reunir com representantes da indústria como parte dos esforços para restaurar a atratividade de Hollywood para a produção cinematográfica e impedir a migração de empresas de produção.

“É chocante e não é uma boa situação. Por isso, vamos reunir-nos com o setor. Quero ter a certeza de que estão satisfeitos, porque nos preocupamos com o emprego. É muito importante. É uma grande indústria, mas está a ser muito negligenciada agora”, disse Trump.

A China anuncia no início de abril que vai reduzir “de forma moderada” o número de filmes dos Estados Unidos exibidos oficialmente em território chinês, como uma das respostas às tarifas impostas pelos Estados Unidos.

Como Pequim utiliza um sistema de quotas para limitar o número de filmes estrangeiros exibidos oficialmente nas salas de cinema, uma redução do acesso a este mercado, o segundo maior do mundo a seguir aos Estados Unidos para o cinema, pode afetar as receitas dos estúdios de Hollywood.

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Trump admite nova extensão de prazo para venda do TikTok

Em entrevista ao programa ‘Meet the Press with Kristen Welker’, Donald Trump revela que está aberto à possibilidade de conceder um terceiro adiamento, caso o acordo não seja fechado até 19 de junho

O futuro do TikTok nos Estados Unidos continua envolto em incerteza. Depois de adiar, por duas vezes, o prazo para a chinesa ByteDance alienar os ativos norte-americanos do TikTok, Donald Trump revela que está aberto à possibilidade de conceder um terceiro adiamento, caso o acordo não seja fechado até 19 de junho.

Durante uma entrevista ao programa ‘Meet the Press with Kristen Welker’, da NBC News, Donald Trump mostra-se disposto a conceder uma nova extensão à empresa para que a plataforma de vídeos curtos, utilizada por 170 milhões de norte-americanos, continue ativa no país.

“Eu gostaria de ver isso feito”, afirma o presidente dos Estados Unidos, assumindo nutrir “um certo carinho” pela rede social, até porque reconhece que esta o ajudou a conquistar eleitores mais jovens nas presidenciais de 2024. “O TikTok é muito interessante, mas será protegido”, conclui.

Segundo os media americanos, a corrida para adquirir a aplicação está a ser liderada pela Amazon, Oracle e pelo fundador da OnlyFans, Tim Stokely.

A continuidade das operações do TikTok nos Estados Unidos depende, assim, da concretização de um acordo de venda que satisfaça as exigências da legislação americana, nomeadamente a transferência do controlo para as entidades norte-americanas. A declaração de Trump sugere flexibilidade quanto ao prazo, mas a necessidade de encontrar uma solução definitiva permanece.

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Francisco Faria revela que em Madrid há mais trabalho e concorrência, o que gera também mais pressão e síndrome do impostor FOTO MARJORIE LE GALL
Digital

“Sinto-me perdido quando tenho um trabalho e a criatividade não aparece”

Apesar de trabalhar como modelo e ator, é na criação de conteúdos para redes sociais que está o foco de Francisco Faria (na foto), que muda-se para Madrid para estar num ponto central na Europa, revela na rubrica do M&P De Portugal Para o Mundo

Catarina Nunes

A solidificar a carreira como criador de conteúdos digitais para marcas de luxo, Francisco Faria encontra em Madrid a base ideal para se instalar, por estar a uma hora de Portugal e de outros países onde trabalha, também como modelo.

O vencedor do concurso Model Tour 2013 tem no portefólio desfiles para a Dolce&Gabbana, na ModaLisboa e no Portugal Fashion, de par com editoriais, ‘lookbooks’ e campanhas publicitárias para marcas como Dsquared2, Barbour, Farfetch e Browns Fashion, entre outras.
Em 2024 estreia-se no cinema como ator, no filme ‘Chuva de Verão’, realizado por António Mantas Moura.

É com perfecionismo que agarra as oportunidades que a vida lhe dá e que o levam a ser também o fundador de duas marcas: a Blue Avenue (calções de banho para homem) e a Hurricane Lab (chapéus de ‘cowboy’ feitos em Portugal), que está à venda em cerca de 20 lojas a nível mundial.

Com 154 mil seguidores no Instagram e 240,7 mil seguidores no Tik Tok, Francisco Faria cria conteúdos para marcas de luxo FOTO ORLANDO GONÇALVES

Na rubrica De Portugal Para o Mundo, dedicada a profissionais expatriados, Francisco Faria revela que em Madrid há mais trabalho e concorrência, o que gera também mais pressão e síndrome do impostor. “Muitas vezes sinto-me perdido quando tenho um trabalho e a criatividade, simplesmente, não aparece no momento em que preciso”, explica, acrescentando que “no fim, dá sempre certo”.
Com 154 mil seguidores no Instagram e 240,7 mil seguidores no TikTok, diz que “hoje em dia é muito difícil crescer nas redes sociais”.

Trabalhar fora de Portugal é uma ambição concretizada ou há alguma circunstância que determina a saída?
Sempre tive um pé dentro e outro pé fora do país: nos últimos anos estive a viajar todas as semanas, maioritariamente para Milão, Paris ou Madrid, e surgiu a necessidade de me mudar para um ponto mais central na Europa. Madrid é perfeita para isso. Estou a uma hora de voo de Portugal e de outros mercados onde trabalho.
Além disso, sou muito feliz em Madrid e esta mudança está a fazer todo o sentido. Primeiramente, porque tenho a sorte de ter grandes
amigos cá, que me fazem sentir em casa. A cidade é muito confortável e a cultura é parecida com a nossa, não estranho nada e, profissionalmente, há mais oportunidades na minha área. É uma mudança leve, muito normal.

Quais são as diferenças entre trabalhar em Lisboa e em Madrid?
Em Madrid há mais oportunidades, o mercado é maior. Há mais concorrência também, mas sinto que há espaço para todos. Trabalho nesta área há uns anos e em Lisboa, na área da moda principalmente, não havia muito mais que pudesse conquistar.

Quais são os projetos mais recentes que tem entre mãos?
Divido-me em projetos distintos, mas todos interligados. Tenho duas marcas, das quais orgulho-me muito, a Hurricane, que é uma marca de chapéus feitos à mão em Portugal, com lã natural e biodegradável. E a Blue Avenue, com fatos de banho para homem, também fabricados em Portugal. Enquanto ‘talent’, trabalho como modelo, ator e criador de conteúdos digitais, sendo que as redes sociais são neste momento o meu maior foco, pelo retorno e experiências que me têm trazido.

A trabalhar a partir de Madrid, quais são as mais-valias e os obstáculos de ser português?
Em comparação com outras pessoas que também vêm de fora para Madrid, o ser português aproxima-me mais das pessoas, quer pela cultura como pela língua. Falamos alto como os espanhóis – temos a mesma energia – e mais facilmente entendemos e falamos espanhol do que alguém do Norte da Europa, por exemplo. Senti-me sempre muito bem recebido.

Quais são os desafios, enquanto criador de conteúdos digitais num mercado muito maior do que Portugal?
O facto de haver mais trabalho, concorrência e fluxo gera também mais pressão. Às vezes tenho síndrome do impostor e sinto que o grau de exigência nos conteúdos subiu muito. Muitas vezes sinto-me perdido quando tenho um trabalho e a criatividade simplesmente não aparece, no momento em que preciso. Sou um perfeccionista e tento fazer sempre o mais premium possível, o que nem sempre ajuda. Mas a verdade é que, no fim, dá sempre certo.

As redes sociais são o maior foco de Francisco Faria, pelo retorno e experiências que lhe têm trazido FOTO RENATA LESSA

Qual é o momento que o mercado espanhol atravessa, em termos da procura de marcas internacionais?
Madrid neste momento é um ‘hot spot’ na Europa. Está muito ‘trendy’ e nos últimos anos cresceu muito. Creio que com as complicações que houve em Barcelona, as coisas começaram a acontecer mais aqui. As empresas investiram mais em Madrid e estão a abrir constantemente novos restaurantes, hotéis e ‘cool spots’ como o Soho House.

É um fenómeno semelhante a Lisboa. Quando saio à rua, vejo sempre algo novo, seja uma ‘coffee shop’, uma galeria de arte ou uma loja, o que é refrescante e um reflexo do crescimento da cidade. As marcas internacionais também sentem este movimento aqui, por isso há mais investimento, eventos e ativações todas as semanas, mais até do que em Milão, por exemplo.

Como é que está a evoluir o número de seguidores e de interações que tem nas redes sociais?
Hoje em dia é muito difícil crescer nas redes sociais, mas felizmente os meus números estão a aumentar de forma orgânica e esta mudança ajuda muito.

Madrid funciona também como rampa de lançamento enquanto ator, depois da estreia no cinema em 2024, com o filme ‘Chuva de Verão’?
Acredito que sim, se houver oportunidade para isso. Tenho tido aulas, de representação e de sotaque, e em fevereiro comecei a ter aulas de espanhol. Preciso de evoluir mais, para poder ter projetos de representação em Espanha, mas estou a trabalhar para isso.

Qual é a experiência profissional em Madrid mais marcante, negativa ou positiva?
Estando neste mercado há mais de dez anos consigo tirar sempre alguma coisa de positivo das experiências que acontecem, seja a nível profissional ou até pessoal. Se dermos tempo e – como se costuma dizer – virmos a situação de fora, conseguimos sempre tirar uma aprendizagem. ‘In the end, this is all about the people’. Fora isso, há coisas positivas e negativas em ambos os mercados, há sempre o outro lado da moeda.

Os aspetos positivos e negativos em Espanha e Portugal são os mesmos?
O mercado espanhol é maior, por isso tem a seu favor uma quantidade de atrativos como os orçamentos, a internacionalização e uma economia que ecoa mais, mas a concorrência é enorme.
Em Portugal, sendo mais pequeno, ficamos um pouco mais condicionados, mas reconheço um potencial gigante, nomeadamente em termos de manufatura. A minha marca de chapéus, a Hurricane Lab, por exemplo, é feita 100% em Portugal, pois os nossos materiais são dos melhores. Os outros países reconhecem essa qualidade e já não somos um país tão desconhecido como podemos achar.

Pensa regressar a Portugal?
Sim, o bom filho a casa regressa. Amo Portugal, é o melhor país do mundo, e sou muito ligado à família e aos amigos. Mas neste momento faz mais sentido, profissionalmente e estrategicamente, estar por cá, porque estou focado na minha carreira.
Tenho de aproveitar as oportunidades que a vida me está a dar e voar. Quem sabe se essas oportunidades não irão passar por Portugal. Se surgir um projeto, não descarto a ideia de voltar.

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Grupo Rodilla adquire 100% da A Padaria Portuguesa

“O grupo Rodilla irá implementar um plano de crescimento para a cadeia portuguesa, com o objetivo de reforçar o seu caráter português e impulsionar a sua expansão internacional”, refere o comunicado sobre a aquisição, que marca a estreia em Portugal do grupo espanhol

O grupo de restauração espanhol Rodilla é o novo dono de 100% do capital da cadeia A Padaria Portuguesa, que tem 84 lojas e duas fábricas, avança o comunicado enviado à Lusa e citado na imprensa nacional.

Este negócio, que ainda está sujeito à aprovação da Autoridade da Concorrência (AdC), marca a estreia em Portugal do grupo espanhol, que inicia a internacionalização em 2019, com a entrada em Miami.

“O grupo Rodilla irá implementar um plano de crescimento para a cadeia portuguesa, com o objetivo de reforçar o seu caráter português e impulsionar a sua expansão internacional”, refere o comunicado que anuncia o negócio e a entrada em Portugal do grupo espanhol, que tem cerca de 300 pontos de venda com as marcas Rodilla, Hamburguesa Nostra, Vaca Nostra, Café de Indias e Jamaica.

Depois da aprovação da AdC, o grupo pretende concentrar-se em assegurar um período de transição cuidado, mantendo o foco na gestão das equipas e nas operações diárias da empresa. O grupo Rodilla é criado em 1939, quando Antonio Rodilla abre uma confeitaria em Madrid. Desde 2015, é detido a 100% pelo grupo cervejeiro Damm, que tem a marca Estrella Damm.

A cadeia de pastelarias A Padaria Portuguesa é fundada há 15 anos por Nuno Carvalho, emprega cerca de mil trabalhadores e conta com 84 lojas na Grande Lisboa e no Grande Porto e duas fábricas, em Lisboa e no Porto.

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Dio Rods destaca-se pelos vídeos sobre o jogo Minecraft; Pedro Timóteo foca-se no universo dos videojogos de futebol; e Wuant publica vídeos com tom humorístico, vlogs e situações do quotidiano FOTO DR
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Dio Rods é o ‘gamer’ nacional com mais interações no Instagram

Pedro Timóteo ocupa a segunda posição, com 31,2 mil interações por vídeo publicado, cerca de um quarto do ‘engagement’ do líder do ranking da Snack Content Portugal, Dio Rods

Catarina Nunes

Dio Rods, criador de conteúdos com tutoriais de construção no Minecraft (na foto, à esq.), é o jogador nacional de videojogos com mais ‘engagement’ no Instagram, com quatro vezes mais interações (129 mil) por ‘reel’ do que o segundo classificado no ranking da Snack Content Portugal.

Com 32,1 mil seguidores no Instagram, Dio Rods (@dio.rods) destaca-se na comunidade digital não só pelos vídeos sobre o jogo Minecraft mas pelas transmissões que faz ao vivo enquanto joga, as partilhas do seu dia a dia e as interações com outros influenciadores.

“Esta mistura de entretenimento com autenticidade faz com que os seguidores se sintam mais próximos, se interessem pelos temas partilhados e interajam bastante”, diz Inês Ramada Curto, codiretora executiva e sócia da Snack Content Portugal, estúdio especializado na criação de vídeo social e de linhas editoriais para marcas nas redes sociais.

A análise, elaborada em exclusivo para o M&P, é feita a partir do programa de dados Tubular para o Instagram, no período entre 1 de janeiro e 7 de abril, considerando a média do somatório de gostos, comentários e partilhas por publicação no formato ‘reels’, de ‘gamers’ nacionais.

De salientar que o Instagram tem vindo a evoluir para uma montra digital, em que os ‘gamers’ partilham os ‘gameplays’, onde aparecem a jogar videojogos, em emissões gravadas ou em direto.

No ranking da Snack Content, Pedro Timóteo (na foto, ao centro) ocupa a segunda posição, com 31,2 mil interações por vídeo publicado, cerca de um quarto do ‘engagement’ do líder da tabela e apesar de ter mais 17 mil seguidores do que Dio Rods, num total de 49,2 mil. Focado no universo dos vídeojogos de futebol, como o FIFA e o PES, Pedro Timóteo (@pedrotim23) é um dos ‘streamers’ mais reconhecidos da comunidade ‘gamer’ em Portugal.

O também embaixador da Adidas “tem uma habilidade natural para criar conteúdo envolvente e interativo no Instagram onde faz transmissões de jogos, dá dicas e conversa com os fãs. Pela consistência e pelo alto nível de capacidade de gerar interações com a sua comunidade tem mantido uma base fiel de seguidores no Instagram”, destaca Inês Ramada Curto.

Começar no YouTube e expandir-se no Instagram

O top 3 da tabela é fechado com Wuant (na foto, à dir.), que começa por ser um dos primeiros ‘gamers’ com mais notoriedade em Portugal, enquanto jogador no YouTube, mas que nos útimos anos tem-se expandido no Instagram.

Com 21,4 mil Interações e 891 mil seguidores no Instagram, Wuant (@wuant) comunica não só os jogos, mas também publica vídeos com um tom humorístico, vlogs e situações do quotidiano.

“Um dos vídeos onde partilha uma simples ida ao ginásio é um dos conteúdos com maior destaque no seu perfil. Esta mistura de entretenimento com ‘lifestyle’ faz com que consiga atrair uma audiência jovem, com a qual dialoga bastante”, explica a codiretora executiva da Snack Content Portugal, que destaca “o número médio de interações por ‘post’ muito robusto e mesmo com uma base de seguidores menos focados em ‘gaming’, consegue gerar uma conexão sólida com a audiência, mantendo a relevância na plataforma”.

Inês Ramada Curto argumenta que, nos últimos anos, o panorama dos jogos digitais em Portugal passa por uma revolução, não só no consumo, mas também na forma como os jogadores se conectam com os seguidores.

“O Instagram tornou-se num dos principais pontos de encontro para esse público, onde as comunidades partilham dicas, novos jogos, eventos, tiram dúvidas e interagem bastante, gerando conversas que conferem cada vez mais tempo passado nesta plataforma. Os ‘gamers’ nacionais estão a saber adaptar-se a esta plataforma e não só mostram as suas habilidades em jogos, mas também partilham o dia a dia, pensamentos e vida pessoal”, argumenta.

RicFazeres (@ricfazeres) é um dos mais antigos ‘gamers’ em Portugal e ocupa o quarto lugar, com 7,6 mil Interações por ‘reel’. O vencedor do All Star Challenge – FPF UFL Challenge powered by Cristiano Ronaldo, campeonato virtual de futebol, joga há cerca de 30 anos e tem 476 mil seguidores no Instagram.

“Publica vídeos nos mais diversos formatos, mas é principalmente nos cortes de jogos que se destaca”, salienta Inês Ramada Curto.

Capacidade de gerar conversas e interações

Tiagovski (@tiagovski555), por seu lado, soma 558 mil seguidores e 5,9 mil interações por vídeo, encerrando o ranking da Snack Content dos cinco ‘gamers’ nacionais com mais interações no formato ‘reels’.

“Publica, como quase todos os outros ‘gamers’, situações do dia a dia, ‘posts’ com memes e vídeos onde faz publicações de conteúdo publicitário”, diz a codiretora executiva da Snack Content Portugal, referindo-se ao ‘gamer’ que começa há 13 anos com um canal de YouTube, como jogador de Minecraft.

Inês Ramada Curto considera que os ‘gamers’ do top 5 se destacam “não só pelo notório talento e perícia para jogar jogos online, mas pela capacidade de gerar conversas e interações, fazendo exatamente o que estas plataformas tanto ambicionam: aumentar o tempo de retenção dos utilizadores na plataforma”.

Para a codiretora executiva de Snack Content Portugal, “o mundo dos ‘gamers’ no Instagram tem evoluído de forma impressionante nos últimos anos, e transformou-se num espaço onde os jogadores não mostram apenas as suas habilidades a jogar, mas também onde comunicam e se relacionam com os seguidores de forma mais pessoal e autêntica”.

Este novo paradigma no universo do ‘gaming’ reflete a crescente importância da construção de uma comunidade online sólida, onde as interações vão muito além dos temas publicados, e são basicamente sustentadas pela proximidade e criação de debates. As plataformas de redes sociais são, cada vez mais, sobre a criação de conteúdos envolventes e estratégicos.

“Apesar de cada um destes perfis de Instagram ter a sua linguagem, originalidade e autenticidade todos eles têm uma característica comum e fundamental: a capacidade de gerar conexões reais com os públicos. Tão importante como publicar vídeos sobre o tema que os caracteriza é jogar o jogo da plataforma e criar um impacto significativo, gerando conversas”, remata Inês Ramada Curto.

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Doja Cat dá a cara pela Marc Jacobs

A marca norte-americana, subsidiária da Moët Hennessy Louis Vuitton (LVMH), aposta na rapper e compositora californiana para promover a coleção de pré-outono de 2025

Doja Cat (na foto) é a escolha da Marc Jacobs para promover a coleção de pré-outono de 2025 da marca norte-americana, subsidiária da Moët Hennessy Louis Vuitton (LVMH). A rapper e compositora californiana, que tem 25,4 milhões de seguidores no TikTok, 24,6 milhões no Instagram e 4,8 milhões no Facebook, protagoniza a campanha que divulga a nova linha.

“Esta campanha, que realça a importância de viver a vida com os melhores looks, não poderia ser um palco mais perfeito para apresentar as minhas novas músicas, com o glamour retro a encontrar um pouco de alma”, realça Doja Cat, citada em comunicado de imprensa.

Fotografada por Stef Mitchell, com estilismo de Sydney Rose Thomas e direção criativa de Christian Breslauer, a campanha captura o espírito do verão no espaço urbano, com um estaleiro de obras a tornar-se no local perfeito para aproveitar o sol e o banco de uma paragem de autocarro a revelar-se a melhor alternativa ao cadeirão de relaxamento de um spa.

O novo single da cantora, ‘Jealous Type’, integra a banda sonora do filme publicitário, que já está a ser divulgado em meios digitais e redes sociais. A coleção de pré-outono 2025 da Marc Jacobs já está disponível nas lojas da marca, online e em espaços comerciais selecionados. Em Portugal, o El Corte Inglés é uma das superfícies comerciais que comercializa as novas peças.

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APR exige retoma de programa de aquisição de geradores para rádios locais

A Associação Portuguesa de Radiodifusão revela que a esmagadora maioria das rádios de proximidade não conseguiu manter emissão ativa durante o apagão, por não dispor de sistemas de alimentação autónoma

A Associação Portuguesa de Radiodifusão (APR) exige que o Estado português retome, com caráter de urgência, o programa de apoio à aquisição de geradores para as rádios locais, garantindo que “nenhum cidadão volta a ser deixado no silêncio informativo em contextos de catástrofe ou falência dos sistemas digitais”, defende a APR em comunicado de imprensa.

A APR apela à ação imediata do Governo e à mobilização da Assembleia da República para que esta medida, há muito identificada como necessária, seja concretizada. “A segurança e a coesão da população começam na capacidade de comunicar e é responsabilidade do Estado garantir que essa capacidade existe, independentemente das circunstâncias”, argumenta a associação em comunicado.

O apelo da da APR surge na sequência do apagão a 28 de abril, que demonstrou a importância da rádio em situações de emergência nacional e uma vulnerabilidade: “a esmagadora maioria das rádios de proximidade, não conseguiu manter a sua emissão ativa, por não dispor de sistemas de alimentação autónoma”, revela a associação.

“Apenas as grandes rádios nacionais, equipadas com geradores, conseguiram garantir o serviço público de informação que se exige nestes momentos críticos. As rádios locais, por falta de meios técnicos adequados, foram forçadas ao silêncio e, com elas, milhares de cidadãos, particularmente em regiões do interior e em zonas menos cobertas pelos meios nacionais, ficaram privados de orientação e esclarecimento”, denuncia a APR.

Esta realidade, no entanto, poderia ter sido evitada, segundo a associação de rádios. “Em 1999, o Estado português iniciou, em conjunto com a Associação de Portuguesa de Radiodifusão (APR), um programa com o objetivo de comparticipar a aquisição de geradores para as rádios locais, reconhecendo o seu papel estratégico no sistema de proteção civil. No entanto, esse processo foi interrompido no ano 2000 e nunca chegou a ser retomado, apesar das insistências da APR. Os últimos contatos com o Governo sobre estas matérias decorreram no final de 2022, com a secretaria de Estado da Proteção Civil, mas, apesar de ter sido esboçado em novo protocolo, infelizmente, acabou por não ter sido fechado”, recorda a associação.

“A situação vivida segunda-feira vem demonstrar, de forma inequívoca, a urgência em corrigir esta falha. A Lei de Bases da Proteção Civil é clara ao estabelecer que a atividade de proteção civil se exerce também através da informação e formação das populações, promovendo a sua sensibilização para a autoproteção e para a colaboração com as autoridades”, conclui a APR.

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