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“O investimento publicitário real deve andar nos €800 milhões. Pode parecer muito, mas é um valor baixo”

Em entrevista ao M&P, Alberto Rui Pereira, CEO da IPG Mediabrands Portugal, aponta os desafios que se colocam às marcas e a quem as gere e planeia. Além da falta de métricas fiáveis, critica os milhões desperdiçados em campanhas publicitárias que não atingem objetivos e anuncia o lançamento de uma nova unidade de negócio no grupo que lidera

Luis Batista Gonçalves
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“O investimento publicitário real deve andar nos €800 milhões. Pode parecer muito, mas é um valor baixo”

Em entrevista ao M&P, Alberto Rui Pereira, CEO da IPG Mediabrands Portugal, aponta os desafios que se colocam às marcas e a quem as gere e planeia. Além da falta de métricas fiáveis, critica os milhões desperdiçados em campanhas publicitárias que não atingem objetivos e anuncia o lançamento de uma nova unidade de negócio no grupo que lidera

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A IPG Mediabrands está a preparar o lançamento de uma nova unidade de negócio, que alia a gestão de relacionamento com o cliente à automatização de marketing. Em entrevista ao M&P, Alberto Rui Pereira, CEO da holding de planeamento e investimentos em media do grupo Interpublic, que agrega agências de meios como a Initiative, explica as razões da aposta.

Põe ainda em causa os rankings de investimento publicitário da MediaMonitor e crítica as métricas atuais, o desinvestimento em estudos de mercado e a aversão dos marketers ao risco, que está a prejudicar as campanhas produzidas em Portugal.

Trabalha há quase 40 anos em publicidade, planeamento de media e estudos de mercado. O que é mais desafiante nestas áreas atualmente?

Conseguir acompanhar a evolução tecnológica e saber explorar essa transformação para extrair o maior valor possível é um desafio muito grande.

Todos os dias, somos confrontados com novas tecnologias, que obrigam a mudanças estruturais na forma como os vários agentes operam internamente. Outro desafio prende-se com a cada vez maior diversidade e complexidade de canais existentes. É preciso ter a capacidade de conseguir, com a tecnologia e informação disponível, potenciar a eficácia da comunicação.

Ao nível dos consumidores, temos várias gerações com comportamentos e consumos de media completamente distintos. Estamos num processo evolutivo e, no meio desta transição, apanhamos parte do modelo anterior.

Como é que se chega a todos os consumidores, em termos de media?

Com mais informação e aqui a tecnologia ajuda muito. É preciso ter a capacidade de identificar, a cada momento, quais são os segmentos mais significativos e conseguir conciliá-los, porque muitas vezes as marcas estão a falar para gerações diferentes ao mesmo tempo. Claro que se tentam focar naquelas que são as primordiais, mas há essa complexidade, efetivamente.

Invisibilidade dos anúncios obriga a pressão de media

No Festival CCP discutiu-se a questão da taxa de invisibilidade dos anúncios, que oscila entre os 80% e os 90%. É esta a sua perceção?

A questão da invisibilidade prende-se, cada vez mais, com o investimento e com o ruído publicitário que se cria. As métricas que são usadas ainda não estão a conseguir acompanhar a necessidade de medir o efetivo retorno.

Não estou a falar da comunicação que é direcionada para vendas, porque nas campanhas de performance fazemos medições. Sabemos efetivamente quantos ‘leads’ e quantas vendas foram gerados e que conversão é que foi feita. Mas quando estamos a falar de branding e de construção de marca, as métricas que existem são muito limitadas para aquilo que é a necessidade de informação atual.

Estão muito centradas na probabilidade de visualização do anúncio, ao contrário das que já estão a ser usadas nos mercados mais sofisticados, como a métrica da atenção ou a da reação emocional a um conteúdo, que se começam a aproximar muito da memorização e da recordação publicitária.

Com métricas ainda muito limitadas, que se prendem muito só com a audiência, analisa-se apenas a probabilidade de visualização.Essa informação acaba por ser irrealista, porque podemos abrir um vídeo no YouTube e não o ver, mas isso é contabilizado estatisticamente como uma visualização.

Sim, essas métricas são distorcidas. Existe a probabilidade de ver um anúncio, mas não há a certeza de que foi visto efetivamente. Posso estar à frente de um televisor e não estar a ver nada. Mas a partir do momento em que fui medido como audiência, passei a contar como tal, ainda que não tenha retido nada. Há um desperdício efetivo.

Esse desperdício pode ser medido?

Sim. Há uma frase, penso que do David Ogilvy, que dizia que 50% da publicidade era desperdício, só não se sabia que parte desses 50% é que o era. Quando hoje se começam a medir métricas como a atenção, começa-se a ter informação.

No último congresso da Associação Portuguesa de Anunciantes, houve uma intervenção de uma especialista, que trabalha num instituto internacional que já dispõe de muita informação sobre a captação de atenção, que disse que lamentava informar que esse rácio agora já não é de 50/50 mas de 90/10. 90% das campanhas estão claramente abaixo dos níveis de atenção que deviam ter.

Por que é que isso acontece?

Prende-se muito com a criatividade. Estes 90/10 ou 80/20 são dados factuais, tais como os que nos indicam que 50% do incremento de vendas é provocado pela publicidade. Ou seja, 50% vem da criatividade, mas os outros 50% não vêm dos media.

A segunda variável é a força da marca, que por si só já provoca esse efeito. Os componentes de media são apenas a terceira variável. A criatividade é a variável mais forte, que infelizmente, nos últimos tempos, tem sido a componente menos investigada, a menos medida.

A mais descurada?

Sim, porque os media medem-se com as audiências. Mede-se a recordação, mas não se sabe bem de onde é que ela vem, se vem dos media ou da criatividade. Sabemos que vem dos dois e que quando funciona, funciona bem, mas não se sabe porquê e sucede o mesmo quando falha.

Nesses casos, falhou a criatividade? Falhou a estratégia de media? Não se consegue perceber e deveria haver uma investigação mais profunda.

Também é verdade que, fruto das pressões que existem nos orçamentos de marketing no mercado português, o número de estudos sobre marcas tem vindo a diminuir. Hoje, estuda-se menos as marcas e o impacto da publicidade, das ideias e da criatividade.

Investimento em TV e vídeo desperdiçado

Há marcas, como a Worten, que assumem que só gastam 1% do orçamento de marketing em estudos de mercado. Sim, não se faz essa medição e há outra variável muito importante. Ao mesmo tempo que se procura sempre potenciar resultados de curto prazo, por força da pressão da rentabilidade, a vontade de arriscar também é menor, porque se corre o risco de não acertar.

Para não voltarmos a falhar é preciso identificar o que correu mal. Se há uma aversão ao risco, vai-se pela norma estabelecida porque algum resultado essa estratégia irá gerar. Esta resistência ao risco, o ser mais disruptivo e diferenciador, custa dinheiro.

Quando a publicidade e a comunicação partem da ideia, a criatividade não faz a diferença e acaba por se ter de fazer a diferença pela pressão publicitária. Neste caso, a marca não se diferencia pela ideia nem pela mensagem, mas pela frequência, o que custa muito dinheiro às marcas.

De acordo com umas projeções nos Estados Unidos em 2023, estamos a falar de 228 mil milhões de dólares [€209,4 mil milhões] desperdiçados por ano. Isto corresponde a entre 60% e 70% do investimento global que é feito em televisão e vídeo que é desperdício. É dinheiro que não era necessário, se a criatividade cumprisse integralmente o seu papel.

É a criatividade que está a falhar ou é o investimento em criatividade que não está a ser feito?

A criatividade não está a falhar. Não está é a ser suficientemente diferenciadora nem disruptiva para cumprir um papel integral, tendo de ser compensada com repetição de media.

Isso sucede por causa da aversão ao risco?

Por muita aversão ao risco, por não se poder falhar, quando falhar faz parte do processo. Tudo o que é inovação e disrupção pode falhar. Muitas marcas só sobressaem com a repetição de mensagem, por pressão publicitária.

Contra mim falo mas, ao mesmo tempo, isto é uma defesa da indústria. Mostrar que há muito desperdício, e que isso não é relevante, põe em causa o próprio papel da publicidade. Se tenho um desperdício de 80% ou 90%, deveria pensar em fazer as coisas de outra maneira, porque este desperdício não é sustentável.

Como é que se ultrapassa esta situação?

Reforçando a medição, medindo mais e melhor, incluindo a componente mais criativa, e, ao mesmo tempo, sendo mais audaz e disruptivo.

Um estudo vosso referia que, em 2021, a televisão absorvia 50% do mercado publicitário em Portugal, uma das maiores quotas na Europa Ocidental. Estimava-se que crescesse 5% em 2022 e continuasse essa trajetória em 2023. Qual é o panorama atual?

A televisão está a perder quota de mercado, já está abaixo dos 50%, e esta é a tendência global. Em Portugal, estamos a fazer o percurso mais lento, porque ainda temos uma estrutura etária com uma média muito elevada e mais de metade da população é analógica.

Até pode ter smartphones, computador pessoal e recorrer imenso às redes sociais, mas, na essência, tem um comportamento analógico. Prefere ver televisão linear do que televisão diferida.

Está muito habituada a ver os programas ao vivo e a ter atitudes mais passivas no consumo de conteúdos. Isto nunca vai mudar. O consumo de televisão em Portugal ainda é muito elevado e vai continuar a ser nos próximos tempos.

A televisão também tem vindo a mudar. A digitalização de grande parte dos conteúdos de televisão está a mudar a forma como os conteúdos são oferecidos em plataformas digitais. Assiste-se a uma pequena transformação em Portugal mas, para já, é ainda muito pequena.

Qual é a sua expressão?

De acordo com os últimos números, há mais de um terço de lares portugueses com televisão conectada, com televisões inteligentes, mas o número de lares que as usa com essa funcionalidade é muito reduzido. As pessoas têm televisões avançadas, mas usam-nas como se fossem televisões lineares.

Não as utilizam para aceder à internet nem para ver vídeos do YouTube. A tecnologia anda sempre mais depressa do que o consumo e do que a sua real utilização. Em Portugal, inevitavelmente, a televisão vai continuar a perder peso. A rádio, o áudio, vai ganhar força. A publicidade exterior também, a digitalização do outdoor deu-lhe outra dinâmica.

Ainda faz sentido as marcas investirem em televisão?

Faz, para tudo o que sejam marcas transversais, mais ‘mainstream’ e com públicos mais abrangentes.

A que público é que chegam? As novas gerações veem televisão?

Veem, mas com um consumo não linear. Grande parte da população portuguesa tem mais de 45 anos e o poder de compra está nesta geração, não está nos jovens que, infelizmente, têm salários baixos. As marcas sabem que os ‘targets’ com um potencial maior são os mais velhos. É claro que têm de salvaguardar os futuros consumidores e falar para os mais novos.

Mas se os anunciantes fizerem um equilíbrio entre televisão e digital, entre televisão e vídeo, apanham todos os segmentos. Se a maioria da população ainda consome televisão, é natural que a maioria do investimento vá para lá. Porque, mesmo com todas as limitações de medição de retorno que ainda existem, sabe-se que a televisão gera muito retorno.

Quando as marcas fazem promoções televisivas, há uma resposta imediata. Também não é por acaso que a construção de marca ainda se faz muito na televisão.

Porquê?

Pelo tipo de conteúdos. São filmes publicitários mais longos, que permitem contar uma história, não é como nos vídeos, que têm de ser curtos. A prova está nas marcas digitais, que nasceram e existem apenas no digital e vão para a televisão comunicar, como o Standvirtual e o OLX, muito ligadas ao comércio eletrónico.

Todas estão a investir em televisão para ganhar reforço de marca, precisam de notoriedade. Isto não acontece só em Portugal, mas aqui verifica-se mais do que em outros mercados.

A Mediaprobe, que mede a relação emocional dos espetadores com os anúncios, indica que a partir do décimo anúncio, as pessoas não retêm informação, o que significa que as marcas estão a desperdiçar dinheiro.

De que forma os blocos publicitários extensos são um problema?

Isso não tem a ver com o meio, tem a ver com a forma como a publicidade está organizada dentro do meio. Nos Estados Unidos não há intervalos de 15 minutos, fazem-se mais intervalos e mais curtos.

Por que razão Portugal não segue esse caminho?

É uma pergunta que me faço muitas vezes. Há um certo conflito entre os diretores comerciais e os diretores de programas. Os diretores de programas não querem muitos intervalos, porque potenciam a mudança de canal. Mas também questiono se ter intervalos de 15 minutos não potencia a saída do canal.

Se calhar, potencia mais e até cria uma certa irritação no espetador, que acho que é pior. Lá fora, fazem-se mais intervalos com três ou quatro minutos e, no meio, exibem-se pequenos conteúdos do próprio canal, que não são autopromoções, são histórias de um minuto, que fazem toda a diferença.

Porquê?

Uma das coisas mencionadas na apresentação da Mediaprobe foi a questão da reação emocional. As pessoas reagem melhor a conteúdos emocionais, sejam publicitários ou não. Ao inserirmos um desses conteúdos no meio de um intervalo curto, não há um desgaste tão grande.

E, se esse conteúdo tiver características emocionais, cria-se um pico e os spots que vêm a seguir beneficiam com isso. Os canais deveriam olhar para a forma como estão a organizar a oferta comercial e adotar este modelo.

Há aqui uma certa inércia, ninguém quer dar o primeiro passo. Mas, no dia em que um o faça, vai obrigar os outros a mexerem-se.

Como é que o storytelling é cada vez mais importante para a construção de marca?

Voltamos outra vez à publicidade. A publicidade é informação, mas também é entretenimento. As pessoas gostam de ver boa publicidade, não gostam de publicidade mediana. Quando há uma boa história, bem contada, que mexe com elas, as pessoas aderem.

TV perde para digital

O investimento em digital crescia 30% ao ano, em 2021, gerando €30 milhões em receitas, e representava 30% do investimento publicitário em Portugal, face a uma média europeia de 60%. Como é que tem evoluído?

Tem continuado a crescer, dois a três pontos percentuais por ano. Há uma parte do digital que é medida. Esses 30%, 32% ou 35% de quota vêm efetivamente das agências, mas há muita comunicação digital que não chega através delas.

Há muitos clientes que fazem diretamente o investimento em digital, que não está a ser medido e é cada vez mais significativo.

Há, por outro lado, muito investimento digital que é feito por ‘startups’ exportadoras, que não têm agências ou que recorrem aos serviços de plataformas como a Google, que também não é medido.

Quais são os dados mais recentes sobre investimentos em digital?

As projeções que fizemos, no final de 2022, apontavam para quotas de digital em Portugal de 38%, quando se falava em 28% ou 29%. Tentando medir esse investimento, encontrámos uma diferença de mais 10 pontos de quota, o que é bastante representativo e significa que hoje pode estar, claramente, acima dos 40%.

Isto significa que a quota da televisão, se calhar, estará mais perto dos 40% e não dos 50%. O investimento digital real é capaz de ser equivalente ao investimento em televisão.

É membro da Associação Portuguesa de Agências de Meios, desde 2007. Planear meios nunca foi tão desafiante como agora, com a explosão do digital?

Pois não. Temos equipas centradas na implementação e otimização de campanhas offline e outras focadas na implementação e otimização de campanhas digitais. Mesmo dentro das digitais existem algumas competências diferentes, porque a programática é uma coisa e o ‘search’ é outra, apesar de haver sinergias.

Depois, há meios que estão semidigitalizados, como o outdoor, que começa a ter uma digitalização muito grande em paralelo com a parte tradicional. As duas coisas têm de estar integradas.

Muitas vezes, para a mesma campanha, temos uma equipa a comprar programática para outdoor e outra equipa a comprar para papel e, se calhar, também para formatos digitais.

Que desafios é que isso traz em termos de gestão interna?

Pedimos que as equipas trabalhem cada vez mais em conjunto e de forma integrada e multidisciplinar, porque as campanhas também o são.

É ter as equipas centradas não nas competências técnicas, mas nos clientes, trabalhando com o mesmo foco e até em conjunto, porque o cliente tem de ter uma visão e reporting integrados.

O mercado ainda não tem métricas únicas que permitam uma total integração, com uma medição ‘cross-media’, a medição atual é feita em parcelas. As métricas de atenção juntam tudo, não estão dependentes da informação de nenhuma plataforma e podemos chegar a conclusões diferentes.

Quando se analisa a informação que existe em outros países, a conclusão é que os meios não respondem todos da mesma maneira no que se refere à atenção.

Que diferenças se encontram?

O cinema é, claramente, o meio que melhor consegue um bom nível de atenção, porque as pessoas estão sentadas e não há dispersão da atenção. Os dados recolhidos mostram que está largamente distanciado dos outros meios.

A ‘conected TV’, integrada num padrão de consumo mais isolado, também obtém melhores resultados do que a televisão linear, que é permanentemente interrompida com intervalos.

Quando se começar a planear, a otimizar e a medir o retorno em termos do nível de atenção e não em termos de audiência ou de contacto, se calhar começamos a mudar o mix todo ou a reequilibrá-lo.

Os vossos clientes já têm noção da necessidade de visão integrada?

Há clientes que estão mais sensíveis ao tema do que outros, mas a qualquer cliente que se fale disto, mesmo que não esteja muito sensível inicialmente, pelo tipo de produto ou de evolução tecnológica que tem na sua organização, acaba por ser sensível, porque isto é fácil de perceber.

Referiu o crescimento da publicidade exterior, impulsionado pela digitalização. Por que razão o outdoor está a renascer?

Deixou de ser apenas estático, transformando-se num suporte altamente dinâmico. A duração das campanhas não tem de ser sete dias, como antes, pode ser de sete horas, e os painéis digitais podem durar apenas um dia.

O dinamismo também está na criatividade, que pode mudar várias vezes durante o dia, adaptando-se à temperatura, à luminosidade ou a qualquer informação que tenha recebido, de forma imediata.

Há uma grande variedade de formatos, o que nos permite combinar suportes, digitais e não digitais. Tem ainda a vantagem de ser um meio de forte cobertura, porque está na rua. Uma pessoa só não o vê se não quiser ou se não lhe despertar atenção, mas a probabilidade de ver os anúncios é grande.

Jornais em papel não vão desaparecer

Que repercussões tem tido no planeamento de meios o desaparecimento crescente de jornais e revistas?

O que aconteceu foi que tínhamos, inegavelmente, títulos a mais tendo em conta a dimensão do mercado. Não tínhamos leitores para tantos títulos, que só iam sobrevivendo, porque havia muito investimento publicitário na imprensa, que muitas vezes era mais baseado na boa vontade, em parcerias ou em permutas.

Hoje, em dia, as marcas continuam a ter imprensa em papel, mas só sobreviveram os mais fortes. A imprensa em papel está a sofrer globalmente. Os nossos níveis de penetração de investimento em imprensa até já devem ser inferiores aos de outros mercados.

Nos mais sofisticados, a imprensa tem mais peso do que em Portugal porque os hábitos de leitura em papel ainda são muito grandes. Os níveis de leitura em papel são muito baixos.

Sempre o foram, mas agora são ainda menores. Quando as marcas vão para o papel, podem conciliá-lo com o digital e os níveis aumentam substancialmente. O papel tem virtudes que o digital não tem.

Quais são as virtudes mais fortes do papel?

A leitura do digital é mais imediata, mais curta, tem um dinamismo diferente, mas o papel permite uma relação completamente diferente. O tempo e o grau de atenção que são dedicados à leitura são diferentes, podemos andar para trás e para a frente com o jornal.

O próprio jornal pode circular em vários sítios. O detalhe de informação que se pode dar é diferente. As pessoas têm alguma aversão a ler textos longos no digital, que não se presta a isso.

Não é por acaso que a leitura de livros em papel, nos Estados Unidos, voltou a roubar quota aos digitais, nos últimos anos.

Os jornais em papel podem vir a desaparecer no futuro próximo?

Os jornais em papel não vão desaparecer. Vão é ter uma oferta de conteúdos diferente da que têm hoje. Quem procura uma informação imediata não a vai procurar num jornal em papel.

Mas, se quer uma grande reportagem, uma entrevista ou um artigo mais complexo sobre um tema, pode tê-los no papel. Muito provavelmente, os jornais irão especializar-se nestas temáticas, produzindo conteúdos que podem ser complementados com conteúdos digitais. Há conteúdos que vão ficar no digital e que já não irão para o papel, as duas coisas vão conviver.

Quer os clientes quer as agências, sejam de media ou criativas, estão a subvalorizar a imprensa em papel. Há milhares de pessoas que compram jornais todos os dias e, se o fazem, é por alguma razão. As marcas descurarem isso é um erro, mas a responsabilidade não é só das marcas, é também das agências criativas e de media.

Há várias agências de comunicação e até criativas a fazer planeamento de meios. Isto é concorrência desleal?

Não.

Mas estão suficientemente habilitadas para o fazer?

Pessoalmente, acho que não. Cada um tem o seu ‘core business’, as suas competências. É legítimo que, num mercado concorrencial, todos possam fazer tudo. Normalmente, ninguém é bom a fazer tudo e isso é cada vez mais difícil.

As próprias consultoras há muito tempo que entraram no negócio das agências de media. Têm o seu papel e território, mas não destruíram as agências de media.

É evidente que concorremos cada vez mais uns com os outros, mas as agências de meios, tal como sucede com as agências criativas, têm um conhecimento do serviço, da forma como é feito e evolui, daquilo que os clientes querem e como tudo se integra, dos estudos que precisamos de ter e como analisamos os consumidores e os concorrentes.

Todo este conhecimento acumulado, que é usado na operação de implementação e de otimização da componente estratégica, ninguém faz como as agências de meios. Podem fazer, mas não fazem tão bem.

As marcas que optam por agências de comunicação para fazer planeamento de meios põem em risco a construção de marca e a credibilidade?

A credibilidade, não acredito. A construção de marca, acredito, porque não têm as competências necessárias para o fazer. A menos que contratem duplas criativas, diretores criativos, mas, mesmo assim, têm de criar essa cultura.

Não é só chegar lá, comprar e trazer. É preciso estarem integrados numa determinada cultura, que é distinta da sua própria dinâmica. Quando se quer fazer tudo, às vezes, não se faz nada.

Intuição X métricas

 

António Fuzeta da Ponte, que saiu da direção de marca e comunicação da Worten para ir para a Nos, assumiu num debate no Festival CCP que na tomada de decisões segue mais a intuição do que as métricas. É possível fazer um bom planeamento de meios com base na intuição?

Sim, porque há duas coisas que ele assegura que tem de ter para o poder fazer. Uma é conhecer muito bem a marca dele, saber para onde quer ir e quais são os valores e a força da marca.

Isto parece uma coisa fácil, mas não é de todo o que acontece no mercado, muitas vezes. A segunda é conhecer muito bem os consumidores, saber para quem está a comunicar e o que está a vender. Quando é assim, posso dar-me ao luxo de seguir essa intuição.

É também vice-presidente da APAP. O setor das agências de comunicação, publicidade e marketing também enfrenta novas dinâmicas. Como é que encara a proliferação de microagências?

Faz parte da dinâmica do mercado, tem tudo a ver com talento e ideias, que podem haver numa agência grande como numa microagência. Algumas têm a capacidade de gerar uma grande campanha, mas não têm infraestruturas para a implementar.

Mesmo as agências criativas não servem um cliente só com boas ideias, mas com um serviço que vai muito além disso. Fazem quase um aconselhamento de branding e de desenvolvimento da marca, há uma componente de abordagem estratégica muito importante do ponto de vista criativo.

Essas agências pequenas têm o seu papel e têm clientes, com um determinado tipo de características. Mas as grandes marcas têm necessidades que vão muito para além de uma boa campanha e só as agências grandes e as médias é que têm a capacidade de as satisfazer.

Qual é a relevância dos rankings de investimento publicitário da MediaMonitor, que não refletem os preços reais, sem descontos nem rappel, nem os investimentos diretos?

Esses dados já não refletem a realidade, nem sei bem o que refletem. Primeiro, a maior parte dos meios já não se compra por tabelas. Os números estão sobredimensionadíssimos. Não digo que esses dados não sejam relevantes, também os usamos.

Quando o fazemos, tentamos aplicar-lhes os descontos médios que o mercado faz aos vários meios para os ajustar e tentar obter uma realidade mais próxima. A tabela dá uma ordem de grandeza, mas se tivéssemos dados suficientes, baseados já em projeções de investimento líquido, poderíamos fazer um trabalho de projeção a nível do meio, do segmento de mercado, das marcas e das agências.

Nem sequer existe a possibilidade de haver rankings, quanto muito há um mix de meios, o que já é bom. Mas quando comparamos este mix de meios com o mix de meios da Marktest a preços de tabela, não bate a bota com a perdigota.

Se aplicasse os descontos em televisão, estamos a falar de descontos na casa dos 95%, 96% ou 97%. Descontos na ordem dos 97% são uma coisa absurda. Mas também não há dados melhores e, à falta de melhor, consideram-se esses números, que são cada vez menos relevantes.

Quanto é que vale, realmente, o mercado publicitário nacional?

Os números que tentamos projetar, com base no investimento líquido das agências, andam perto dos €600 milhões. Mas se começássemos a considerar todo o muito investimento que não passa por agências, os números seriam diferentes.

Como no digital, esse investimento é significativo, deve andar na casa dos €800 milhões. Pode parecer muito, mas é um valor baixo. Portugal terá o investimento publicitário médio per capita mais baixo da Europa.

Se olharmos para Espanha, o mercado espanhol é 10 vezes superior ao nosso e o PIB deles não é 10 vezes superior ao de Portugal, o que significa que o nosso mercado publicitário está muito aquém daquilo que deveria ser.

Branded content precisa de medição de retorno

É membro do board da Branded Content Marketing Association Portugal, desde 2021. Qual é a representatividade do branded content em Portugal?

Não disponho de números sobre isso, nem vou arriscar. Mas, mesmo para os canais de televisão, já é uma fatia importante das receitas. A integração das marcas nos conteúdos e até o desenvolvimento de conteúdos específicos para marcas é algo que se faz cada vez mais.

É uma aprendizagem, estamos todos a aprender a fazer branded content de forma eficaz. Há um aspeto que ainda não está em cima da mesa como uma coisa premente, embora para algumas marcas já o comece a ser, que passa por começar a medir o retorno do branded content.

Essa medição ainda não é feita?

De forma muito consistente, não. Por muito daquilo que tem sido feito lá fora, sabe-se que funciona e acrescenta valor à marca, mas não se sabe exatamente quanto. Tem que se trabalhar num conjunto de KPI que possam ser medidos com alguma regularidade.

Até para tranquilizar as empresas que investem em branded content, porque quando um diretor de marketing decide alocar essas verbas tem de prestar contas a alguém.

Em dezembro de 2023, a IPG Mediabrands lançou o Mediabrands Content Studio. Seis meses depois, qual é o balanço que faz?

É um balanço muito positivo. Esta unidade já existia, mas estava dispersa. Tínhamos serviços criativos de branded content dentro de uma agência digital, a Reprise, e serviços de produção digital, que também estavam nesta agência, tal como os influenciadores e a gestão de redes sociais.

Quisemos pegar nestas competências para ter todos esses elementos interligados na mesma unidade. A vantagem é que as pessoas trabalham mais perto umas das outras, são coordenadas pelas mesmas equipas, o que gera sinergias. Hoje, já representa uma fatia muito interessante da nossa receita e tem tudo para crescer.

O que é que as marcas pedem e com quais têm trabalhado mais?

Prestamos muitos desses serviços a muitos dos nossos clientes, não a todos, e temos alguns clientes que são só clientes nessa área, nem sequer são clientes tradicionais. Ganhámos no ano passado um cliente grande, a Galp, que está a trabalhar connosco na parte digital, mas não é cliente das nossas agências offline.

Temos todos os serviços de performance e de media paga e digital com a Galp, mas também temos serviços de produção e de criatividade digital. A Eleven Sports trabalha connosco nessas áreas, mas temos alguns clientes importantes que não o fazem.

É interessante ter competências criativas numa agência de media, não só para prestar estes serviços, mas para poder suportar também estratégias e ideias nossas, e até a nossa componente digital.

O Mediabrands Content Studio trabalha também marketing de influência. Apesar de as marcas estarem a investir cada vez mais nesta área, há estudos que questionam a sua eficácia. Qual é a sua posição?

Esse é um bom tema. Olhamos para os influenciadores como um canal de media e não como uma coisa à parte. É como usar áudio ou vídeo, são conteúdos que as marcas utilizam para comunicar. A diferença é que os conteúdos não são feitos pela marca, mas têm de ser integrados na estratégia da marca.

Se os influenciadores forem vistos como um canal de media, e temos ferramentas que o permitem fazer – como outros concorrentes terão – podemos olhar para um determinado segmento e indicar aquilo que um influenciador acrescenta e apontar os KPI que posso medir. Se usar dois influenciadores, eles complementam-se ou estão a canibalizar-se?

Estão a entregar resultados concretos e objetivos ou não? Se for usado de uma forma integrada, pode acrescentar valor à comunicação. Se for visto desgarradamente, porque é tratado desgarradamente, é natural que esteja a perder cada vez mais relevância.

A IPG Mediabrands fundiu a Reprise com a Mattermind, em 2023, e criou a Kineso. Como é que estes processos internacionais afetam o negócio em Portugal?

Afetam positivamente. O grupo fez uma transformação, em que tinha várias unidades digitais que foram integradas numa única. Isto permite sinergias, que os processos que sejam iguais em todo o lado, ter equipas mais próximas umas das outras e uma maior formação. Ainda estamos na fase de consolidar a integração, a ajustar e afinar muita coisa.

Aposta em relação de cliente e marketing de automação

Que novos projetos e investimentos tem para 2024?

Criámos uma unidade que ainda não comunicámos. Não é segredo porque já existe e começou a ser apresentada aos clientes, até já estamos a fazer alguns trabalhos. Vamos pôr-lhe uma marca e comunicá-la num evento ainda antes do verão ou logo a seguir.

O nome já está registado, mas não posso ainda indicá-lo porque estamos no período de confirmação, que demora três meses, e esse prazo ainda não terminou.

Com que marcas está a trabalhar e a que área se dedica?

Ainda são pequenos trabalhos que estamos a desenvolver para clientes nossos, como a Super Bock, a Sumol Compal, a Unilever, a Cofidis e a Galp. É uma área nova que tem a ver com gestão de relação de cliente e marketing de automação, com um conjunto de serviços que não são de media de forma direta mas são-no de forma indireta. Tem também a ver com dados primários.

Abrange inteligência artificial e como é que estão envolvê-la nos serviços que prestam?

Está dentro dessa unidade também, que presta um serviço de aconselhamento nessa área, mas na nossa operação já usamos muitas ferramentas de IA. Temos o nosso ‘chatbot’, que foi feito o ano passado, em parceria. A Google desenvolveu-nos um só para a área da publicidade, marketing e comunicação.

A IA vai ser uma revolução ou a ‘montanha que pariu um rato’?

Vai ser uma revolução. A IA já nos facilita a vida há muito tempo, não apareceu agora, os nossos telemóveis estão cheios dela. Muitos dos sistemas das plataformas da Meta, do Google e do TikTok estão carregados de IA.

Vai-nos facilitar ainda mais a vida com a automatização de processos, em que a gestão e otimização das campanhas vai ser mais automática. Ainda há muito trabalho manual pelo meio mas, daqui por uns tempos, esses processos vão ser totalmente automáticos.

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Flesh512 cria campanha digital para a Água Serra da Estrela
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TV: Os programas que dominam as audiências, gravações e redes sociais em março
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Guilherme Coelho lidera nova área tecnológica da Havas

“Há uma crescente complexidade regulatória no uso de dados para fins de comunicação, o que obriga à criação de uma equipa especializada”, diz Guilherme Coelho (na foto), sócio-gerente da CSA, consultora focada em tecnologia e análise

Guilherme Coelho, anterior gestor nacional da Incubeta, é o sócio-gerente da CSA, nova consultora tecnológica que o grupo Havas está a lançar em Portugal. Licenciado em engenharia alimentar pela Universidade Católica Portuguesa e mestre em engenharia e gestão industrial pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, lidera a nova consultora de tecnologia, dados e análise.

“Um dos principais desafios deste mercado centra-se na complexidade da análise de dados e na sua transformação em ‘insights’ acionáveis que sejam de fácil compreensão para os clientes. Será esse um dos nossos maiores focos, sermos tradutores capazes de simplificar algo tão técnico sem perder profundidade e riqueza de informação”, refere ao M&P Guilherme Coelho, sócio-gerente da CSA.

Fomentar nas empresas portuguesas uma cultura de utilização dos dados mais estratégica é uma das prioridades do proprietário da Bracket, consultora de ‘data analytics’, ‘web development’ e ‘media strategy’, que ao longo da carreira passou pela Lisbon Digital School, Samsung Portugal, SIVA, Emailbidding, Kwanko e Adclick.

“Ter uma cultura de utilização de dados mais estratégica é algo que ainda não é amplamente priorizado, mas, a par disto, há também uma crescente complexidade regulatória no uso de dados para fins de comunicação, o que obriga a uma atenção constante às exigências legais e à criação de uma equipa especializada na área de dados aplicada ao marketing, preparada para tirar máximo partido das oportunidades em tempo real”, sublinha Guilherme Coelho.

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Faturação da ByteDance sobe para €136,1 mil milhões

A faturação do TikTok em 2024 representa um quarto das receitas totais da ByteDance, que atingem um novo recorde apesar da desaceleração das operações na China

As receitas de faturação da ByteDance, empresa-mãe do TikTok, aumentam 29% para 155 mil milhões de dólares (€136,1 mil milhões) em 2024, de acordo com um relatório obtido pelo site The Information, mas não confirmado pela empresa. Os lucros da marca chinesa aumentam 6% para 33 mil milhões de dólares (€28,9 mil milhões) no mesmo período.

A faturação do TikTok em 2024 representa um quarto das receitas totais da ByteDance, que atingem um novo recorde apesar da desaceleração das operações na China, segundo o relatório. Os mercados internacionais também representam um quarto da faturação total da ByteDance e registam um aumento de 63% em 2024, para 39 mil milhões de dólares (€34,2 mil milhões), impulsionado pelo crescimento da rede social.

A ByteDance tem vindo a expandir o comércio eletrónico, através do TikTok Shop, para um maior número de mercados estrangeiros, incluindo Espanha e Irlanda em 2024, com o objetivo de competir com empresas como a Shein e a Temu. A empresa está também a tentar expandir o TikTok Shop para Itália, Alemanha e França, com planos de entrar no Japão e no Brasil ainda este ano.

A ByteDance está ainda a tentar competir no setor da inteligência artificial (IA), com o desenvolvimento de novos óculos inteligentes, de acordo com outro relatório da The Information. O foco deste novo dispositivo será a captação de imagens e vídeos de boa qualidade.

A empresa até já terá iniciado o processo de negociação com os fornecedores para determinar os detalhes do dispositivo, nomeadamente as especificações técnicas, o custo e a data de lançamento.

Atualmente, a ByteDance enfrenta inúmeros desafios nos Estados Unidos, o seu maior mercado, onde terá de vender a operação da rede social, sob risco de ser proibida por motivos de segurança nacional e preocupações com a privacidade dos dados.

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Sugestões para ler, ver e escutar da edição 977 do M&P

O livro ‘Storytelling — A Melhor História Ganha’, de Mark Edwards, a série ‘Vinagre de Sidra’, da Netflix, e o podcast ‘Uncensored CMO’, são alguns dos destaques

Ler

Storytelling — A Melhor História Ganha

Ao longo de várias décadas dedicadas ao jornalismo, Mark Edwards criou um método próprio para escrever histórias convincentes e cativantes. Neste livro, partilha as técnicas que desenvolveu e a abordagem seguida na criação de histórias vencedoras e na comunicação eficaz. A obra inclui vários exemplos aplicáveis a diferentes áreas, como a publicidade, o marketing e os negócios.

Partindo da premissa de que, num mundo saturado de informação, as melhores histórias são as que se destacam e conquistam audiências, Mark Edwards demonstra que a forma como uma mensagem é contada pode ter mais impacto do que a própria mensagem. Explica ainda como estruturar histórias eficazes, utilizando personagens, conflito e resolução para criar uma ligação autêntica com o público, mostrando como histórias bem construídas geram emoção, envolvimento e ação.

Autor Mark Edwards
Editora Clube do Autor
Lançamento Março de 2025
Páginas 248
Preço €18,00

Personal Branding — O Guia Para Uma Marca Pessoal de Sucesso

Neste livro, Raquel Soares, fundadora da Love People, consultora de marca pessoal, imagem e da conferência Personal Branding Summit, partilha estratégias, histórias e as lições que aprendeu ao longo de anos de experiência na transformação de carreiras e negócios.

A obra apresenta estratégias para destacar talentos, criar conexões e aumentar a credibilidade profissional. Com sugestões aplicáveis e casos reais, Raquel Soares mostra como se pode destacar num ambiente competitivo, reforçando a importância da consistência e do propósito, e como criar uma marca pessoal autêntica, influente e memorável.

Autor Raquel Soares
Editora Ideias de Ler
Lançamento Março de 2025
Páginas 272
Preço €17,75

Ver

Vinagre de Sidra


Criada por Samantha Strauss e realizada por Jeffrey Walker, Vinagre de Sidra inspira-se na história verídica de Belle Gibson, influenciadora que enganou os seguidores ao afirmar ter-se curado de um cancro através da medicina alternativa, para lucrar com esse estilo de vida.

A série destaca os perigos das falsas promessas no mundo do bem-estar, o impacto das redes sociais e o papel dos influenciadores na disseminação de informações de saúde.

Formato Minissérie
Género Drama
Realizador Jeffrey Walker
Estúdio See-Saw Films
Distribuidora Netflix
Plataformas Netflix
Lançamento Fevereiro de 2025

A Batalha das Pop-Tarts

Escrito e realizado pelo ator e humorista norte-americano Jerry Seinfeld, A Batalha das Pop-Tarts é uma comédia que retrata a guerra entre as marcas Kellogg’s e Post, que resulta na criação da icónica Pop-Tart da Kellogg’s, que revolucionou o pequeno-almoço dos norte-americanos.

Através do humor, o filme mostra os bastidores da rivalidade entre as gigantes da indústria alimentar e como o marketing transforma umas simples bolachas num fenómeno cultural.

Formato Filme
Género Comédia
Realizador Jerry Seinfield
Estúdio Columbus 81 Productions
Distribuidora Netflix
Plataformas Netflix
Lançamento Maio de 2024

Escutar

Uncensored CMO

O Uncensored CMO é um podcast de Jon Evans, diretor de marketing e clientes da plataforma de eficácia de marca System 1, criado para explorar os prós, os contras e a verdade por trás da prática do marketing.

Com entrevistas a diretores de marketing e líderes do setor, o podcast aborda estratégias de marca, casos de sucesso e desafios das marcas, entre outros temas.

Screaming Creativity

Conduzido por Rob Reilly, diretor criativo executivo global do grupo WPP, o Screaming Creativity explora o impacto da criatividade nos negócios e na cultura.

O podcast inclui conversas com personalidades influentes do marketing e da publicidade, nas quais são abordados temas como o impacto da tecnologia na criatividade, o panorama em constante evolução do setor criativo, o futuro da publicidade e os percursos criativos dos convidados.

What Next?

O What Next? explora como a globalização, a tecnologia e as mudanças demográficas estão a remodelar a forma como criamos, consumimos e comunicamos.

Rishad Tobaccowala, conselheiro sénior do Publicis Groupe, conversa com diretores executivos e diretores criativos, para discutir o impacto da tecnologia nos meios de comunicação social, o atual cenário empresarial e da publicidade, bem como os desafios da liderança no futuro do trabalho.

Sobre o autorDaniel Monteiro Rahman

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Palhaçadas sérias

‘Clowns’ da BBH, para a Audi, é a campanha que Joana Antunes, redatora da Fuel, gostava de ter feito. ‘Estrelas Perfeitas’ da Dentsu Creative Portugal, para a Associação Salvador, é a que mais gostou de fazer, revela na rubrica Como É Que Não Me Lembrei Disto?

Vencedora de uma Prata no Young Lions Portugal 2023, Joana Antunes, redatora da Fuel, não tem na escrita a maior das paixões. Do que gosta mesmo é de pegar num ‘briefing’ e explorar as potencialidades do projeto que tem em mãos, procurando desafiar-se até ao limite, sem receio de pensar em grande.

É por isso que elege ‘Clowns’, que só descobriu recentemente, como a campanha que gostaria de ter feito. A simplicidade da ideia é o que mais a cativa, revela na rubrica do M&P Como É Que Não Me Lembrei Disto, dedicada à criatividade.

‘Estrelas Perfeitas’, a campanha que mais gostou de fazer, foi desenvolvida durante o período em que trabalhou na Dentsu Creative Portugal, entre julho de 2022 e outubro de 2023, antes de sair para a Alfred e depois para a Judas. Está na Fuel desde junho de 2024.

Qual é a campanha publicitária que gostaria de ter feito?

São várias as campanhas que gostaria de ter feito, especialmente as da Apple e do Burger King, que são sempre incríveis. No entanto, recentemente, deparei-me com uma campanha da Audi, de 2017, chamada ‘Clowns’, que me fez querer vê-la e revê-la vezes sem conta.

Quais são as razões dessa escolha?

Gosto sempre de fazer um exercício quando vejo uma boa campanha, que é imaginar qual seria o ‘briefing’. Neste caso, o ‘briefing’ deve ter sido daqueles que tinha tudo para ser aborrecido. Algo na linha de “precisamos de criar uma campanha que fale dos novos atributos de segurança dos nossos carros”.

A equipa que o recebeu deve ter conseguido dar-lhe a volta, desenvolvendo uma ideia muito simples, com base num ‘insight’ verdadeiro, o que é incrível. É algo que eu gostaria de ter conseguido fazer, caso tivesse recebido esse ‘briefing’.

O que é que lhe chama mais a atenção na campanha?

A simplicidade é o que me fascina nesta campanha. O filme passa uma mensagem forte. Consegue ter humor e emocionar em simultâneo. Porque há, de facto, muitos ‘palhaços’ na estrada, que são um perigo para todos nós. Este seria, talvez, o caminho mais óbvio, fazer uma campanha emocional e pesada.

Joana Antunes, redatora da Fuel

É só a simplicidade que a cativa?

Para mim, a inteligência da ideia é o uso da metáfora, ao trazerem os palhaços para o filme, o que torna a ideia mais leve, cativante e com algum humor. O facto de não serem necessárias falas para explicar a mensagem é outro dos pontos que adoro nesta campanha.

A assinatura no final do filme, ‘Audi Technology. Clown Proof’, é suficiente e resume a ideia de forma muito clara. Por fim, a escolha da música [‘Send In The Clowns’ de Faultline feat. Lisa Hannigan], é a cereja no topo do bolo.

É uma música que nos transporta para algo triste, mas que acaba por trazer algum sarcasmo para a campanha, reforçando a ideia de que podem mandar vir os palhaços porque a Audi está preparada para nos proteger deles.

Esta campanha inspirou-a a nível criativo?

Comunicar para marcas de carros nunca foi uma ambição e sempre achei que, criativamente, era algo um pouco limitado. No entanto, esta campanha fez-me ver este segmento de outra forma. Veio, inclusive, relembrar-me de que não existem maus ‘briefings’.

Se existir um cliente aberto a novas abordagens, conseguimos fazer coisas diferentes, que toquem as pessoas e que passem uma mensagem clara e impactante. Esta campanha inspirou-me a olhar para os ‘briefings’ que parecem aborrecidos com um novo olhar.

Qual é a campanha que fez que mais a concretizou profissionalmente?

Ainda tenho de pedalar muito nesta área para poder responder a esta pergunta. No entanto, com a experiência que tenho, posso dizer que o projeto que me fez sentir mais realizada foi a campanha ‘Estrelas Perfeitas’, para a Associação Salvador.

Primeiro, porque criámos um produto de raiz, o que por si só já é algo que me dá orgulho. Depois, ver o impacto do projeto e pôr as pessoas a contribuir e a falar sobre uma causa importante, é gratificante.

Sabemos que, só com a publicidade, não conseguimos mudar o mundo, mas se podermos contribuir para que seja um sítio melhor, torna-se mais fácil criá-la todos os dias.

Como é que chega a essa ideia?

O desafio que a Associação Salvador nos lançou consistia em criar um amuleto, um objeto, para assinalar o Natal e reforçar a importância da acessibilidade.

Ao fim de várias ideias chumbadas, lembrámo-nos de um momento, de uma tradição, que é comum em todas as casas, pôr a estrela no topo da árvore. É um momento que vemos como algo normal, mas que para muitas pessoas não é possível.

E assim nasceu a ideia de criarmos árvores de Natal inclusivas, construindo estrelas que podiam ser colocadas em qualquer parte da árvore.

Como é que avançou para a execução?

Para que a inclusão estivesse presente no nosso próprio produto, decidimos criar estrelas assimétricas e imperfeitas, simbolizando as fragilidades que todos temos. A nossa ideia era, também, que este objeto fosse bonito e apelativo, para que as pessoas o quisessem comprar para decorar as suas árvores.

Por isso, decidimos fazer uma parceria com a Burel, que facultou o excedente de produto e produziu as estrelas, tornando também a ideia sustentável.

 

As campanhas atualmente estão mais ou menos criativas do que antigamente?

Acho que os tempos mudam e devemos adaptar-nos. Presumo que, antigamente, as marcas investissem e arriscassem mais na comunicação. No entanto, acho que, hoje em dia, o ruído é tanto e está em tantos meios ao mesmo tempo que se torna essencial fazer uma comunicação mais de entretenimento e menos de ‘hard selling’.

O que faz quando não tem ideias?

Era incrível existir uma fórmula que resultasse sempre, mas no meu caso ainda não a descobri, nem depois de ler o guia prático de criatividade do John Cleese.

Quando não tenho ideias, passo primeiro pela clássica fase de síndrome de impostor, onde tudo é motivo de questionamento. Depois, vou dormir sobre o assunto, literalmente, o que resulta muito bem.

Noutras alturas, arregaço as mangas, abro um documento de Word em branco e começo a desenvolver uma pesquisa e a escrever ‘insights’ soltos.

Ficha técnica

Campanha ‘Clowns’
Cliente Audi
Agência Bartle Bogle Hegarty (BBH)
Diretor criativo Ian Heartfield
Diretor de arte Mikael Alcock
Diretor de estratégia Damien Le Castrec
Redator Doug Fridlund
Produtora Rattling Stick
Produtora executiva Katie Keith
Produtores David Lynch, Tim Nunn e Sally Humphries
Realizador Ringan Ledwidge
Diretor de fotografia Adam Arkapaw
Edição Rich Orrick/Work Editorial
Pós-produção The Mill Sonoplastia String and Tins
Diretora musical Ayla Owen
País Reino Unido
Ano 2017

Ficha técnica

Campanha ‘Estrelas Perfeitas’
Cliente Associação Salvador
Agência Dentsu Creative Portugal
Diretor criativo Ivo Purvis
Diretora de arte Madalena Montellano
Redatores Joana Antunes e Nuno Leal
Realizadora Maria Mena
Vídeografia Luís Pinto Magalhães
Fotografia Fernando Sousa
Entrevistas Nuno Mata, Diana Niepse e Hugo Maia
País Portugal
Ano 2023

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

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Havas inspira-se na força do vento para reposicionar EDP

O filme institucional da campanha conta com a participação da atleta norte-americana Melissa Jefferson (na foto) que, aos 24 anos, está a consolidar-se como uma das principais velocistas do mundo

A Havas destaca o papel da energia eólica na campanha institucional global que marca o reposicionamento da EDP.
Somos Mais Rápidos Com o Poder do Vento’ é o mote da nova campanha produzida e realizada pela Garage, com planeamento de meios da Wavemaker. Em Portugal, vai estar três semanas no digital, redes sociais e televisão.

A campanha decorre também em digital e redes sociais em Espanha, Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Polónia, Bélgica e Dinamarca.

O filme publicitário conta com a presença da desportista Melissa Jefferson, que, aos 24 anos, está a consolidar-se como uma das principais velocistas do mundo. No anúncio, a atleta norte-americana supera o seu recorde pessoal numa pista situada num parque eólico, reforçando a mensagem de que todos somos mais rápidos quando aproveitamos a força do vento.

Para além do novo posicionamento da EDP, o ‘spot’ realça o papel transformador da energia eólica na construção de um futuro neutro em carbono.

“Em 2024, ultrapassámos os 12 mil megawatts de capacidade instalada e gerámos mais de 31 mil gigawatts de energia limpa a partir da força vento. Esta é a década da ação, em que cada rotação das turbinas conta”, salienta Vera Pinto Pereira, administradora executiva da EDP, citada em comunicado de imprensa.

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L’Oréal Paris escolhe Philippine Leroy-Beaulieu

A atriz (na foto) que interpreta Sylvie Grateau na série da Netflix ‘Emily em Paris’ protagoniza a campanha da linha Age Perfect Collagen Expert da marca francesa

A L’Oréal Paris anuncia a atriz Philippine Leroy-Beaulieu, de 61 anos, para embaixadora da marca em França. A atriz vai promover a linha Age Perfect Collagen Expert, a partir de 9 de junho. A divulgação é feita na página do Instagram da L’Oréal Paris com a mensagem: ‘a idade perfeita é agora!’

Conhecida pela personagem Sylvie Grateau na série da Netflix, ‘Emily em Paris,’ a atriz francesa desperta a atenção pelo estilo francês sofisticado. A L’Oréal Paris descreve-a como “um modelo de perseverança e ousadia”.

Para a diretora-geral da L’Oréal Paris, Marie-Julie Monnot, a atriz é a personificação do ‘french chic’. “Ao celebrar a idade, torna-se uma verdadeira fonte de inspiração para todas as mulheres”, conclui em comunicado.

A escolha de Philippine Leroy-Beaulieu faz parte de um movimento mais amplo da L’Oréal Paris, para defender a diversidade e a inclusão em todas as idades, culturas e estilos de vida.

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Comunicação

Digidelta lança marca de filmes sustentáveis para impressões digitais

Desenvolvidos nos últimos dois anos, os filmes da Biond (na foto), da Digidelta, podem ser usados, com ou sem adesivo, em comunicações visuais, decorações de interior, publicidade, rotulagens e embalagens

A Digidelta, empresa que desenvolve e comercializa soluções de impressão, está a lançar no mercado a Biond, uma gama de filmes sustentáveis. Desenvolvidos com materiais biodegradáveis, de origem vegetal, que absorvem dióxido de carbono durante o processo de crescimento, são 100% biodegradáveis e podem decompor-se em menos de 90 dias, nas condições adequadas.

“A sustentabilidade não é apenas uma escolha, mas uma necessidade imperativa para o mercado global. Com a gama Biond, que traz ao mercado uma inovação sem precedentes, acreditamos que podemos redefinir os padrões de qualidade e responsabilidade ambiental, promovendo uma alternativa que alia a eficiência e o respeito pelo planeta”, salienta Armando Mota, CEO da Digidelta, citado em comunicado de imprensa.

Além de minimizarem as emissões de compostos orgânicos voláteis, tornando-os mais seguros e ecológicos, os novos filmes, desenvolvidos pela empresa nos últimos dois anos, também garantem benefícios de usabilidade idênticos aos tradicionais filmes adesivos de PVC, sem comprometer a qualidade de impressão. A nova solução pode ser usada, com ou sem adesivo, em comunicações visuais, decorações de interior, publicidade, rotulagens e embalagens.

“Com uma compatibilidade abrangente com tecnologias de impressão digital como o UV LED, o UV gel, o eco-solvente, o látex e a impressão mecanográfica flexografia e ‘offset’, a Biond adapta-se facilmente às necessidades mais exigentes do mercado”, salienta o responsável, que aposta na assinatura ‘A Branded Film Today for a Carbon-Free Tomorrow’ para exportar os novos filmes, investindo numa estratégia de distribuição global.

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Marcas americanas adaptam estratégias em resposta às tarifas de Trump

Para marcas que produzem na China e no Vietname, como a Nike, a situação é preocupante. As que fabricam nos EUA estão numa boa posição, mas têm de ser cautelosas com o marketing ‘Made in the USA’

À medida que as marcas nos Estados Unidos se confrontam com um cenário marcado por tarifas comerciais alargadas e aumentos de preços nas importações, os anunciantes estão a adaptar as estratégias para enfrentarem um novo período de incerteza que os especialistas preveem que possa resultar numa crise mundial, noticia a Ad Age.

As marcas estão cautelosas em relação ao impacto das tarifas nos preços e na procura por parte dos consumidores. O mais recente plano de tarifas imposto por Donald Trump inclui uma taxa de 10% sobre todas as importações, bem como tarifas recíprocas sobre os países que impõem tarifas às importações dos Estados Unidos. O presidente norte-americano promete taxar os “piores infratores”, nomeadamente a União Europeia, a China e o Vietname.

A situação é preocupante para marcas como a Nike, que tem grande parte da produção centrada em fábricas na China e no Vietname, ou para a Bogg Bags, obrigada a procurar alternativas à produção na China. De acordo com dados da Bloomberg Intelligence, marcas como a Gap, a Victoria’s Secret e a Ralph Lauren também vão ser afetadas pelas pressões resultantes da instalação de fábricas no Vietname.

As marcas que fabricam a maior parte dos produtos nos Estados Unidos, por seu lado, estão numa boa posição. Segundo avança o The Wall Street Journal, é provável que uma vaga de anunciantes promova campanhas focadas no termo ‘Made in the U.S.A.’. A tendência já começa a surgir, com marcas como a New Balance e a Ford, entre outras, a divulgarem publicidade centrada na produção nacional.

‘Made in the U.S.A.’ pode trazer problemas

Embora estejam numa boa posição comercial face às tarifas, devido ao fabrico nacional, as marcas norte-americanas devem escolher cuidadosamente as expressões que utilizam, visto que as normas da Comissão Federal do Comércio dos Estados Unidos exigem que os produtos comercializados com a etiqueta ‘Made in the USA’ sejam, de facto, “totalmente ou quase totalmente” fabricados no país.

A fabricante de automóveis Stellantis foi das primeiras empresas a ver nas tarifas uma oportunidade de negócio, apostando na divulgação de anúncios patrióticos para a Jeep, a Ram e a Dodge. Entretanto, a empresa já foi obrigada a alterar a mensagem, em resposta a um inquérito de uma organização de regulação publicitária que alega que a Stellantis estaria a promover publicidade enganosa, sendo que algumas das peças utilizadas nos veículos das marcas são importadas e que os carros não são, de facto, fabricados nos Estados Unidos, mas sim montados no país.

“A Stellantis tem todo o direito de se vangloriar das fábricas de montagem das marcas que detém nos Estados Unidos, que criam empregos e fortalecem a economia americana, mas não pode induzir os consumidores em erro sobre a verdadeira dimensão da produção nacional”, escreve a Truth in Advertising, organização sem fins lucrativos que regula a publicidade enganosa, numa carta dirigida a Olivier François, diretor de marketing global da Stellantis, e a Giorgio Fossati, conselheiro geral da fabricante de automóveis.

Na sequência desta queixa, a Stellantis remove os anúncios do YouTube e termina prematuramente as campanhas televisivas para fazer alterações à linguagem utilizada nos anúncios. Este é mais um caso que retrata o impacto direto da instabilidade promovida pela Administração Trump.

Sobre o autorDaniel Monteiro Rahman

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Flesh512 cria campanha digital para a Água Serra da Estrela

“O programa que a campanha (na foto) promove vai permitir evitar a utilização de cerca de 700 toneladas de plástico virgem em 2025”, explica ao M&P Ana Rita Martins, diretora de marketing da marca

A agência criativa e produtora audiovisual Flesh512 assina ‘Para Que Nunca Acabe’, campanha digital da Água Serra da Estrela que divulga o programa de promoção de sustentabilidade ambiental, que apela à valorização da água e dos recursos naturais da região que a marca está a dinamizar.

“A Serra da Estrela enfrenta desafios crescentes, como os incêndios, as alterações climáticas e a ação humana. Esta iniciativa surge como a consolidação de uma resposta concreta e urgente, reforçando o compromisso da marca com a valorização da sua origem e preservação e regeneração do ecossistema único onde nascemos e estamos inseridos”, justifica ao M&P Ana Rita Martins, diretora de marketing da Água Serra da Estrela.

Lançada a 8 de abril na fábrica da empresa, em Gouveia, a campanha está a ser divulgada nas redes sociais da marca e das organizações com quem a Água Serra da Estrela estabeleceu parcerias de cooperação que preveem a plantação de 15 mil árvores até 2035.

“Este ano, alcançamos um marco inédito no setor, ao garantirmos a utilização de 100% plástico reciclado em todas as nossas embalagens. O programa que a campanha promove vai permitir evitar a utilização de cerca de 700 toneladas de plástico virgem em 2025, passo este que corresponde a uma antecipação e superação do requisito legal, com o objetivo de mitigar ao máximo o impacto das garrafas de uso único”, sublinha Ana Rita Martins. 

Desde 2002, a Água Serra da Estrela já apoiou a plantação de 1,7 milhões de árvores. “Além de medidas concretas na operação da marca, o programa integra a dimensão comunitária, chamando à ação parceiros, instituições e cidadãos. Sabemos que não movemos montanhas, mas juntos podemos atravessá-las e chegar mais longe, mobilizando e inspirando mudanças de comportamentos”, refere ainda a responsável.

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

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TV: Os programas que dominam as audiências, gravações e redes sociais em março

O futebol lidera a lista dos programas mais vistos. Nas gravações diárias, o programa de Ricardo Araújo Pereira, ‘Isto é Gozar com Quem Trabalha’, conquista a primeira posição. A TVI ganha novamente nas menções nas redes sociais com os ‘reality shows’ do canal

Em março, o jogo a contar para a Liga das Nações que opõe a seleção nacional à Dinamarca é o programa mais visto. Transmitido na RTP1 a 23 de março, o jogo de futebol lidera o top de programas, com uma audiência média de 2,531,000 espectadores, num ranking liderado pela transmissão de eventos desportivos, segundo a análise da Marktest com base nos dados da Mediamonitor.

Na segunda posição encontra-se a primeira mão do mesmo confronto entre Portugal e a Dinamarca, exibido a 20 de março na RTP1, com uma audiência média acima dos dois milhões de espectadores. A fechar as três primeiras posições está o programa de Ricardo Araújo Pereira ‘Isto é Gozar com Quem Trabalha’, transmitido a 9 de março, na SIC.

Nos programas gravados e visionados no próprio dia, a liderança cabe novamente a um episódio do programa ‘Isto é Gozar com Quem Trabalha’, transmitido na SIC a 30 de março, que regista 228,300 espectadores em termos de audiência média. Nas gravações de sete dias, a emissão do programa ‘Taskmaster’, na RTP1 a 29 de março, ocupa o primeiro lugar.

Nas redes sociais, os ‘reality shows’ da TVI ‘Secret Story – Casa dos Segredos’ e ‘Big Brother’, encontram-se em destaque nas primeiras e segundas posições da tabela, respetivamente.

Na terceira posição surge o programa da manhã da TVI, ‘Dois às 10’, à frente do ‘reality show’ da SIC ‘Casados à Primeira Vista’, que ocupa a quarta posição. ‘Goucha’, o programa da tarde da TVI, encontra-se na quinta posição, seguido do concurso de talentos da RTP1 ‘Got Talent Portugal’ e da novela da TVI ‘A Protegida’, na sexta e sétima posição, respetivamente.

O top 10 dos programas com mais menções nas redes sociais no segundo mês do ano é completado pela novelas ‘A Fazenda’, da TVI, e ‘A Herança’, da SIC, na oitava e nona posição respetivamente, seguidas da  série juvenil da TVI ‘Morangos Com Açúcar’, em décimo.

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