Media promovem atitudes negativas face à imigração
“É necessário recordar sempre os critérios jornalísticos nas tomadas de decisão sobre o que é que faz notícias de capa”, alerta Rui Costa Lopes, coordenador do estudo, considerando que a rixa na rua do Benformoso “não abriria os três telejornais se tivesse sido noutro local ou se tivesse envolvido outras populações, como em Portalegre”

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Os media portugueses promovem atitudes negativas face à imigração, aumentando a xenofobia e a discriminação de imigrantes, defende o estudo ‘Barómetro da Imigração: A Perspetiva dos Portugueses’, da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Elaborada a partir das 1.072 respostas ao inquérito que lhe serve de base, a análise revela que 68% dos portugueses reconhecem que os imigrantes são fundamentais para a economia do país, ainda que 67% considerem que aumentam a criminalidade, o que segundo os autores do estudo também se prende com a cobertura mediática destas comunidades.
“Se eu procurar sempre os mesmos locais para ilustrar os imigrantes, e são locais muito pouco óbvios para os cidadãos, essa imagem vai funcionar como ‘looping’ na memória e vamos associar os migrantes a esses locais, pode ser à porta da AIMA [Agência para a Integração Migrações e Asilo], da Loja do Cidadão, dos centros de saúde ou da rua do Benformoso [em Lisboa]”, alerta o investigador Pedro Góis, um dos autores do estudo e diretor científico do Observatório das Migrações, citado pela Lusa.
Rui Costa Lopes, coordenador da investigação, também desenvolvida em parceria com o investigador João António, condena a “excessiva mediatização” do fenómeno migratório, apelando ao bom senso dos diretores e dos editores dos órgãos de comunicação social.
“É necessário voltar a recordar sempre os critérios jornalísticos nas tomadas de decisão sobre o que é que faz notícias de capa”, defende Rui Costa Lopes, considerando que a rixa na rua do Benformoso, ocorrida a 12 de janeiro, “não abriria os três telejornais se tivesse sido noutro local ou se tivesse envolvido outras populações, como em Portalegre”.
O recurso a imagens estereotipadas para ilustrar notícias e reportagens também é questionada, pelas escolhas que habitualmente são feitas. “A rua do Benformoso não é representativa da imigração no país. A maioria dos migrantes estão dispersos pelo território nacional e são invisíveis, pelo que não dão boas imagens”, aponta Pedro Góis.
De acordo com o estudo, 63% dos inquiridos querem uma diminuição dos imigrantes do subcontinente indiano, 68% dos inquiridos consideram que a política de imigração em vigor em Portugal “é demasiado permissiva em relação à entrada de imigrantes” e 68,9% são da opinião que a contratação de trabalhadores estrangeiros contribui para os baixos salários que se praticam no país.
Depois de ‘Barómetro da Imigração: A Perspetiva dos Portugueses’, a Fundação Francisco Manuel dos Santos prepara um segundo estudo, ainda sem data de apresentação, que revela a visão dos imigrantes em relação aos cidadãos do país para onde emigraram.