Google reintroduz rastreamento de dados dos utilizadores
As atualizações, disponíveis para os anunciantes a partir de 16 de fevereiro, têm menos restrições publicitárias. Em julho, a Google tinha recuado na extinção de ‘cookies’ de terceiros, entregando aos utilizadores as opções de privacidade

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A Google está novamente a rastrear o comportamento digital dos utilizadores no motor de pesquisa, com a adoção de políticas que favorecem os anunciantes, tendo reintroduzido o processo de recolha de dados que captura endereços de IP e informações de navegação, bem como localiza com precisão utilizadores únicos e dispositivos, noticia a imprensa internacional.
As atualizações, que estarão disponíveis para os anunciantes a partir de 16 de fevereiro, têm menos restrições publicitárias e permitem segmentar anúncios personalizados em vários dispositivos. O resultado é “uma mudança alargada no ecossistema publicitário” e o avanço em tecnologias de melhoramento de privacidade (PET), como o processamento no dispositivo e ambientes de execução confiáveis, refere o site Mashable, citando informação divulgada pela Google.
Recorde-se que, em julho, a Google tinha anunciado que iria recuar na decisão de acabar com os ‘cookies’ de terceiros, optando antes por colocar nas mãos dos utilizadores as opções de privacidade, através do novo produto Privacy Sandbox.
Apesar de agora abandonar o compromisso com a privacidade e a possibilidade de escolha do utilizador, que tem vindo a defender, a Google argumenta que estas tecnologias proporcionam segurança suficiente, ao mesmo tempo que criam “novas formas de as marcas gerirem e ativarem os seus dados, de forma protegida e segura”.
“Com inovações como as PET [Privacy-Enhancing Technologies] a mitigar os riscos, vemos uma oportunidade para definir uma fasquia mais elevada no uso de dados como o IP. Podemos fazer isto aplicando proteções de preservação da privacidade, que ajudam os negócios a alcançar os seus clientes sem necessidade de reidentificá-los”, avança a Google citada no Mashable.
“Como procuramos encorajar o uso responsável de dados como o novo padrão na internet, também estamos a associar-nos de forma ampla com a indústria dos anúncios e a ajudar a criar PET mais acessíveis”, refere a Google. Ao contrário de outras ferramentas de recolha de dados, como os ‘cookies’, a impressão digital online é difícil de detetar e, consequentemente, ainda mais difícil de apagar ou bloquear, mesmo quando os utilizadores se preocupam com a privacidade.
As reações à novas atualizações já se fazem sentir. A 19 de dezembro, o Information Commissioner’s Office (ICO), regulador britânico da proteção de dados e privacidade, pronuncia-se e acusa o Google de “irresponsabilidade” pela mudança de política, alegando que a impressão digital é uma forma desleal de rastrear os utilizadores, por reduzir a escolha e o controle das informações pessoais. O Gabinete do Comissário de Informação britânico vai mais longe e alerta que a mudança pode “encorajar comportamentos mais arriscados por parte dos anunciantes”.
O ICO garante que irá intervir, caso a Google não demonstre os requisitos legais existentes para essa tecnologia, como por exemplo opções que garantam o consentimento livre e o processamento justo, e que defendam o direito de exclusão.