Google vai a julgamento nos Estados Unidos a 9 de setembro
Em antecipação à audiência, foram divulgados documentos que revelam que os negócios das plataformas de anúncios da Google geraram, em 2020, um total de €11 mil milhões em receitas e €3,7 mil milhões em lucros líquidos. Outra das empresas que está a processar a empresa é a Yelp, por alegado abuso de posição dominante
Daniel Monteiro Rahman
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A Google e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos estão a preparar-se para o julgamento relativo ao mercado da tecnologia publicitária, que tem data de início prevista para 9 de setembro e não contará com jurados. Em causa está o facto de a Google ter, alegadamente, utilizado a sua posição dominante para criar um monopólio nos serviços de tecnologia de anúncios.
O resultado poderá alterar a forma como as marcas compram anúncios na internet e levar à eventual necessidade da Google cindir partes da sua atividade, que os editores e anunciantes utilizam para gerir as respetivas operações de publicidade digital.
O Departamento de Justiça e vários estados norte-americanos alegam que a Google conquistou o mercado e a concorrência, através de fusões anticoncorrenciais e que a empresa liderada por Sundar Pichai intimidou editores e anunciantes a utilizarem os produtos de tecnologia de anúncios da empresa. Em antecipação ao julgamento, já foram divulgados vários documentos da Google que contam uma perspetiva sem precedentes sobre o funcionamento interno da empresa.
Os documentos revelam o posicionamento da Google na última década, refletindo a dinâmica que a empresa sediada na California, estava a tentar impor no setor da tecnologia publicitária, para se manter mais competitiva em relação a concorrentes como o Facebook e para acompanhar as inovações na publicidade programática.
Nos documentos, a Google partilhou ainda as receitas de faturação dos principais elementos da sua tecnologia de publicidade, incluindo a plataforma de gestão de campanhas para editores Google Ad Manager, a plataforma programática Display and Video 360 (DV360) e a plataforma de anúncios Google Ads.
Os números fornecidos pela Google revelam que o Google Ad Manager faturou 7,4 mil milhões de dólares (€6,6 mil milhões) em receitas totais em 2020, gerando 1,5 mil milhões de dólares (€1,3 mil milhões) de lucro para a Google. Entretanto, o DV360 registou 2,2 mil milhões de dólares (€1,9 mil milhões) em receitas totais e 438 milhões de dólares (€395 milhões) em resultados líquidos para a Google no mesmo período. O Google Ads, por seu lado, contabilizou 2,6 mil milhões de dólares (€2,3 mil milhões) em receitas totais, com uma faturação líquida de 2,2 mil milhões de dólares (€1,9 mil milhões) ainda em 2020.
De acordo com estes dados, estes negócios geraram 12,2 mil milhões de dólares (€11 mil milhões) em receitas e 4,1 mil milhões de dólares (€3,7 mil milhões) em lucros líquidos.
Também a Yelp está a processar a Google, acusando-a de abuso de posição dominante para aumentar os resultados e sufocar a concorrência nos mercados locais. No processo, apresentado no tribunal federal do Distrito Norte da Califórnia, a Yelp alega que a Alphabet, empresa mãe da Google, utiliza o seu monopólio de pesquisa para controlar os mercados de pesquisa local e de publicidade local.
A prática coloca os produtos da Google à frente dos da concorrência, impedindo que as empresas cheguem aos clientes sem pagar à empresa e privando os concorrentes do tráfego e receitas, que lhes permitiriam competir.