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“Gosto de me meter em coisas que não sei se consigo fazer”

Em entrevista ao M&P, numa das raras que tem dado nos últimos anos, Leonel Vieira, realizador, guionista e produtor, fala dos projetos que tem em mãos para cinema e televisão e analisa a mudança de paradigma gerada com a chegada das plataformas de ‘streaming’

Luis Batista Gonçalves
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“Gosto de me meter em coisas que não sei se consigo fazer”

Em entrevista ao M&P, numa das raras que tem dado nos últimos anos, Leonel Vieira, realizador, guionista e produtor, fala dos projetos que tem em mãos para cinema e televisão e analisa a mudança de paradigma gerada com a chegada das plataformas de ‘streaming’

Sobre o autor
Luis Batista Gonçalves
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Com projetos em Portugal, Espanha, França e Brasil, Leonel Vieira volta a dar prioridade àquilo que mais gosta, escrever e filmar. Afastado da publicidade há cinco anos, por causa do stresse e da angústia que lhe causava, abriu uma exceção para gravar o filme institucional que assinala os 70 anos da FEP. Em entrevista ao M&P, o realizador, guionista e produtor executivo da Volf Entertainment, explica por que razão aceitou o convite, analisa a mudança de paradigma que as plataformas de ‘streaming’ vieram gerar e antecipa a evolução do setor.

A Faculdade de Economia do Porto (FEP) desafiou-o a fazer um filme institucional para assinalar os 70 anos da instituição. Tendo em conta que tinha deixado de fazer publicidade, qual foi o aliciante para aceitar o repto?

O filme da FEP surgiu por causa de um convite do professor Óscar Afonso, que viu uma curta-metragem que fiz para a promoção turística de Monção, um dos filmes que mais gostei de fazer ao longo da minha carreira e que ganhou muitos prémios. Ele sugeriu-me fazer um filme diferente, que comemorasse a trajetória da FEP. O desafio foi fazer um filme que não se parecesse em nada com os das maiores universidades do mundo, em que a maioria tem filmes institucionais.

Ficou claro, tanto da parte do professor Óscar Afonso como da minha, que só fazia sentido fazer uma curta-metragem que fosse um filme artístico, que não fosse um institucional típico. Foi esse desafio que me fez aceitar. Se não fosse assim, provavelmente não aceitaria fazê-lo, porque não gosto de fazer institucionais.

Em que é que se inspirou para fazer um filme institucional diferente?

Procurei fazer, de uma forma artística, um filme que fizesse justiça à modernidade, ao impacto e ao posicionamento da FEP. Uma das coisas que me inspirou bastante foi o fabuloso edifício onde eles estão instalados, pela arquitetura. Quando o fui visitar, percebi que era uma obra de arte e que partiríamos dele para contar uma história.

Isso foi um desafio, porque esta curta-metragem pretende ser um institucional, mas não é um institucional típico. Tenta ser um filme que pisca o olho ao cinema, que tem claramente um aspeto visual e uma atitude cinematográfica. Tem uma estética muito próxima do cinema, muito afastada do institucional.

Era o que pretendia desde o início?

Vi uma grande quantidade de institucionais de todas as grandes universidades de Inglaterra e dos Estados Unidos. Achei que eram todos muito simples e básicos, todos muito parecidos, pequenos vídeos promocionais com registos de alunos na universidade, em caminhadas. Não era nada daquilo que eu queria fazer e o professor deu-me toda a liberdade para fazer um filme em que acredito.

É um projeto pelo qual tenho grande carinho, tal como o que fiz para Monção, porque foram dois projetos muito livres. Deixei de fazer publicidade há cinco anos e, de vez em quando, gosto de fazer estes projetos, que utilizam toda a minha bagagem e a experiência dos 10 anos em que fiz publicidade, mas, acima de tudo, dão-me a liberdade e possibilidade de utilizar o cinema dentro destes filmes.

A publicidade é menos desafiante ou considera-a um trabalho menor?

Tem pouco desafio artístico. A minha paixão verdadeira é a ficção. Eu gosto de fazer ficção, cinema e séries. Esse é que é o meu território. Fiz muita publicidade durante 10 anos, depois de já ter feito cinema e séries. Gosto é de dirigir atores e criar cenas com dramaturgia. Os institucionais não me desafiam nem me moralizam para filmar.

Arrancou, a 22 de julho, com as gravações de um novo filme para a RTP. O que é que já se pode saber sobre este projeto?

O último filme que fiz foi ‘O Último Animal’, que rodei no Rio de Janeiro, um ‘thriller’ realista, muito forte, muito cru. Agora, volto ao território da comédia, depois do grande sucesso que foi ‘O Pátio das Cantigas’, que é até hoje o maior sucesso de cinema em Portugal, não só nas salas, mas também em televisão.

É um filme que só me deu alegrias. Dez anos depois, é um dos filmes portugueses mais vistos nas plataformas. Durante este tempo, fui sempre desafiado a voltar a fazer outra comédia, coisa que nunca quis. Recusei durante algum tempo, embora pensasse sempre voltar a um filme que recuperasse esse espírito, mas tinha de me trazer algum desafio.

Qual é o desafio?

Vou misturar géneros. Vou fazer uma comédia musical que pisca o olho à comédia dramática. Não é um musical típico. Tem cenas emocionais, mas é uma comédia que me permite trabalhar num registo um bocadinho diferente do que foi ‘O Pátio das Cantigas’ ou ‘O Leão da Estrela’. Gosto de me meter em coisas que não sei se consigo fazer. Foi por essa razão que fiz as comédias, porque achava que não conseguia filmar comédias.

Era o género que menos dominava. Só as fiz por porque representava um desafio tremendo fazer comédias que funcionassem. E as comédias que funcionam são as que têm público. As comédias não são feitas para os festivais de cinema. Para minha surpresa, dei-me conta que, afinal, dei conta do recado. O público gostou das duas que fiz.

Com que atores é que está a trabalhar nesta nova comédia?

Tenho um elenco espetacular. Os quatro protagonistas são a Sara Matos, a Ana Guiomar, o Manuel Marques e o José Pedro Vasconcelos. Depois, tenho um elenco secundário absolutamente fantástico, com participações de muita gente, como a Alexandre Alencastre, o Aldo Lima, a São José Lapa, o Carlos Cunha, o Gilmário Vemba, o Carlos Areia, o Joaquim Nicolau, o José Pedro Gomes, o José Martins e o João Baptista. O José Raposo faz uma grande personagem. O Nilton também participa. O elenco é muito forte.

Estreia ainda este ano?

Estreia no primeiro semestre do próximo ano, nas salas de cinema. É uma parceria com a Nos Audiovisuais. Mais para o final do ano, poderá ser visto na RTP. Acredito que depois, à semelhança dos outros filmes que foram vendidos para as plataformas, irá parar à Netfix, à Prime Video e à Max.

Já sabe o que vai fazer a seguir a esse filme?

Estou a trabalhar em outras coisas, mas tenho como filosofia só falar dos projetos que tenho em produção. Acabámos de rodar uma série de crimes para a Max, para RTP e para um canal de televisão espanhol. É uma série espanhola com coprodução portuguesa que acabámos de filmar há 15 dias.

É uma grande série de crimes que se chama ‘Faváritx’ e está em montagem. Conta com a participação do Pêpê Rapazote, da Benedita Pereira, da Catarina Carvalho e do Adriano Luz. É uma série que fica pronta no final do ano, para estrear no início do próximo ano.

Há 20 anos estava a fundar a Stopline, uma das suas produtoras. O mercado evoluiu de uma forma muito diferente da que perspetivava na altura?

A chegada das plataformas de ‘streaming’ não era algo que antevíssemos há 20 anos. O mercado cresceu, aumentaram as oportunidades e abriram-se possibilidades de internacionalização dos produtos, que não tínhamos. Os países pequenos não tinham qualquer chance de vender séries nem filmes.

Só se vendiam os filmes de autor quando ganhavam festivais, mas era para circuitos pequenos, circuitos de autor. Entretanto, mudou muita coisa. Apanhámos crises que fizeram regredir os investimentos, a maior crise financeira da história, uma pandemia e duas guerras.

Têm sido muitas as adversidades?

Quando comecei, na década de 1990, vivia-se um bom momento. Entrei no mercado num momento de crescimento económico. De repente, aparece uma crise, os financiamentos, que eram na ordem dos 50% na maior parte dos casos, foram reduzidos. Andámos muitos anos para trás.

As crises económicas geraram um grande desinvestimento. Depois, num segundo ciclo, dá-se outro fenómeno, o desgaste dos canais abertos. Durante muitos anos, as televisões abertas privadas cresciam e geravam oportunidades, ao contrário do que sucede hoje, em que estão em declínio por causa das plataformas.

Antevia essa situação?

Percebi isso muito cedo, há uns 10 anos, por causa do Brasil e de Espanha, onde passo muito tempo. Quando vi a Netflix produzir a série ‘3%’ no Brasil, há muitos anos, disse logo que o mundo ia mudar. Pensei que, se eles iam investir no mercado internacional, haveria de seguida mais gente a fazê-lo. Percebi que, a médio prazo, aquilo iria ser o futuro da indústria de televisão e até de cinema. Não me enganei, mas foi necessário passar muitos anos para esse efeito positivo chegar a Portugal.

Ficamos sempre para trás?

Somos um pequeno mercado, olham sempre para nós no fim. Aliás, só olham para nós quando são obrigados a investir. Nunca somos um mercado natural para uma empresa audiovisual investir e até o compreendo. Em Espanha e no Brasil, após um boom, já estão numa fase de recessão, a reajustar investimentos. Os primeiros investimentos da Netflix e das outras plataformas só agora é que estão a chegar cá e estou a trabalhar com elas.

Com todas as que estão a investir em Portugal?

Tenho projetos com algumas. Só agora é que estes investimentos chegaram a Portugal e, como tal, vivemos um momento um bocadinho menos mau do que outros mercados. Está a haver este ano uma recessão no Brasil em termos de plataformas.

Em Espanha e em outros mercados, há um reajuste, porque a concorrência aumentou nos últimos dois anos. Estamos a assistir a uma consolidação do mercado internacional. Já não se investe desenfreadamente. Tem de se começar agora a justificar o investimento e a trabalhar para aumentar as margens de lucro.

O que é que isso muda em termos de negócio?

O mercado vai continuar a crescer, mas moderadamente porque nestes últimos 10 anos foi a corrida ao ouro, uma coisa atípica, não era natural. Ia tudo a reboque do efeito agressivo da Netflix, que estava a conquistar um mercado internacional como um buldózer. As outras plataformas tiveram de entrar em força nos mercados, porque senão não tinham lugar.

Isto desorientou o mercado em termos de investimento, mas também trouxe muita oportunidade e muito produto bom. Mas, como tudo, são plataformas que pretendem ter uma programação generalista. Já percebemos isto. É para aí que isto vai caminhar.

Portugal está preparado para dar resposta às solicitações que surgem com o investimento das plataformas de ‘streaming’?

A pergunta eterna é quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha. Nunca sabemos responder com alguma idoneidade. Tem de se começar por algum lado. Se não aparecerem as oportunidades, não vamos criar uma indústria, porque o investimento não vem do Estado.

É preciso que apareçam oportunidades e o mercado vai saber dar resposta, com as suas deficiências e limitações ao início, porque não está preparado, como os de outros países. Nunca tivemos grandes oportunidades, nem grandes orçamentos, nem grandes possibilidades para poder praticar, mas vamos sabendo dar resposta.

Temos atores em quantidade e qualidade suficiente para fazer face à procura crescente?

Para um mercado pequeno como o português, temos. O nosso mercado é idêntico ao da Catalunha, porventura mais saturado, e a Catalunha é uma região com um poder económico muito maior do que Portugal, com um dos maiores PIB da Europa. Normalmente, um mercado pequeno como este não aceitaria tantas produções.

Temos muitos realizadores e muitíssimos atores, mas há momentos em que aparecem produções estrangeiras por causa dos incentivos fiscais de rodagem do PIC Portugal e do Cash Rebate e o mercado fica sobrecarregado. Eles chegam cá e pegam nas melhores equipas que temos, que precisam de trabalhar o ano todo.

São necessários mais meios ou os que temos vão dando resposta?

Estamos a dar resposta, a formar pessoas e estão a surgir novos técnicos bons. Mas gera-se um desequilíbrio que cria um problema para a produção local, por causa das tabelas de preços, em termos da procura e da oferta, que não é acompanhado pelo investimento local. Os técnicos podem pedir mais porque há quem paga, mas a produção local não deu esse salto.

A RTP tem feito um esforço muito grande para acompanhar essa evolução. É graças à RTP que esta indústria sobrevive, é preciso dizer isto. Tem um papel crucial, como a TVE em Espanha. Tem-nos permitido ter uma produção diversificada e regular. Esperamos que continue a fazer esse esforço.

O orçamento da RTP é determinante?

Espero que as dotações orçamentais permitam que se continue a evoluir, porque ainda temos um dos valores de produção de entretenimento por hora mais baixos da Europa, se não o mais baixo. Já é mais baixo do que o da Grécia.

Precisamos de aumentar o valor de investimento por hora para melhorarmos a qualidade dos nossos produtos, senão o espetador vai notar sempre uma diferença. Uma série como ‘Game of Thrones’ custa €10 milhões por hora, ‘A Casa de Papel’ custa €2,5 milhões por 45 minutos e uma série portuguesa como ‘O Crime do Padre Amaro’ custa €200 mil por hora.

Como é que se compete com isso?

Não é o talento que resolve isto. Temos desafios pela frente, mas também oportunidades, porque felizmente abriram-se janelas, que espero que se mantenham e que continuem a crescer. Em Portugal, a transposição da diretiva europeia das plataformas de obrigação de investimentos foi feita há três ou quatro anos.

Desde essa altura que estamos a querer começar a ter esses investimentos, paulatinamente, sem muita pressa, mas isto devia aumentar as produções, porque num país que produza 10 projetos, se aparecerem mais três, a produção aumenta 30%. Hoje, a TVI já produz séries, o que representa mais uma vitória. A SIC também já o estava a fazer. A RTP já as produz há bastantes anos, de uma forma bastante regular, produz entre 10 a 14 séries por ano.

As perspetivas são animadoras?

Com a chegada das plataformas e com o PIC Portugal e o Cash Rebate, a produção e o trabalho aumentaram, com a possibilidade de produtores portugueses participarem em projetos estrangeiros. Assim de repente, voltámos a viver uma primavera. Ando aqui há quase 30 anos, comecei a filmar em 1996, já acompanhei os diferentes períodos destas três décadas e confesso que vejo com um olhar muito positivo o momento que estamos a viver, se todos fizermos as coisas bem. Porque as plataformas estão a entrar cá, mas podem retirar-se.

Em termos de meios técnicos e recursos humanos, estamos a conseguir dar resposta ao aumento da procura?

Faltam-nos chefes de setor com muita experiência no campo artístico. Temos alguma dificuldade em encontrá-los. Estão-se a formar cada vez mais técnicos, mas os de base formam-se mais rápido. Formar assistentes de produção é fácil, difícil é formar diretores de arte, que não se forma de um ano para o outro.

É difícil formar um primeiro assistente de realização, um bom montador, que assegure uma montagem com segurança. Também é difícil formar um diretor de fotografia que trabalhe bem em ficção de séries de televisão com a exigência da qualidade cinematográfica. Há alguma carência no campo da arte, da direção de arte, dos figurinos e dos primeiros assistentes da realização.

Este crescimento do mercado está a demonstrar-nos que temos falta de recursos, mas temos de os formar. Temos de ter consciência que é preciso dar oportunidades aos segundos melhores, para que evoluam para os primeiros lugares.

E em termos de guiões e de ideias?

Também escrevo e agora voltei a escrever guiões. Antes de ser realizador sou guionista. Em 1994, escrevi um guião e, em 1995, vendi-o. O meu primeiro trabalho profissional é como guionista. Depois filmo esse guião, quando faço um contrato como realizador. Estudei em Espanha, onde vivi sete anos, numa grande escola de cinema espanhol, de currículo americano, que formou muita gente conhecida no mercado.

É um mercado que conheço bem. O meu pai é espanhol e sou metade português metade espanhol. Sempre notei que Portugal investiu pouco na formação de argumentistas. Nas escolas e nas universidades, esse ensino sempre foi muito precário, não existia. Os organismos públicos, como o ICA [Instituto do Cinema e do Audiovisual], também nunca investiram em guionistas.

Na altura em que fui presidente da Associação de Produtores de Cinema e Audiovisual, disse que era preciso deslocalizar dinheiro para a escrita, porque precisamos de formar muitos guionistas, mas, para isso é preciso tempo e recursos.

Porque é que não foi feita essa aposta?

Temos seres humanos com talento, isto é ponto assente. Portugal é o meu país, tenho um enorme orgulho em ser português. É cá que trabalho maioritariamente. Os portugueses são um povo tremendo, capaz de tudo, mas temos de ser objetivos e perceber onde é que existem carências. A carência foi sempre nos argumentos, os guiões. O ICA sempre financiou realizadores, mas nunca privilegiou os guionistas.

A maioria dos realizadores em Portugal também preferem ser argumentistas dos próprios filmes. É sabido que somos um dos países da Europa que mais cinema de autor produz. Essa situação também limita a formação, porque acaba por não haver lugar para surgirem guionistas independentes. Estivemos muitos anos distraídos com isto, não os formámos, e hoje temos essa carência.

É uma situação que se poderá mudar a médio prazo?

Há mecanismos novos que estão a surgir. As plataformas, as televisões, as séries e um mecanismo que agora o ICA tem para financiar guiões. Esse mecanismo, que eu preconizei há 30 anos que deveríamos ter, é bom e está a produzir efeitos. Vai dar bons resultados, já está a dar, mas tem a ver com o investimento e, aí, há ideias. Não há é quem as saiba escrever com a carpintaria certa.

Temos poucos, mas bons ou nem sequer isso?

Incluo-me no grupo, porque estou a escrever outra vez. Temos poucos, ainda não temos muitos bons. Há exceções, mas não se pode generalizar. Quando isto melhorar, como melhorou na Argentina há uns anos, a nossa indústria vai dar um salto grande. Agora, estamos numa fase muito engraçada, em que começamos a ter muitos guionistas.

Daqui para a frente, vai fazer-se uma triagem e vão distinguir-se os muito bons, que precisam de ter a possibilidade de escrever, de se desafiar e de se corrigir. O processo é igual ao da pintura, da escultura, do bailado ou da realização. Em breve vamos começar a ter uma colheita. Há exceções, há alguns guiões bons, mas são só alguns. Não acho que haja algum argumentista que só ponha cá fora guiões bons ou muito bons. Digo nós porque estou dentro do grupo, ando nessa luta também.

Tem no seu currículo filmes que bateram recordes de espetadores, como é o caso do ‘Zona J’ e de ‘O Pátio das Cantigas’, que é a longa-metragem nacional mais vista de sempre. Esse êxito foi gerando pressões no sentido de se superar em cada projeto?

Não, nada. Sou uma pessoa com ansiedade zero. Foco-me em cada projeto que estou a fazer. Quem me conhece sabe que sou muito exigente. Às vezes, até difícil de aguentar no trabalho, porque trabalho muito, muitas horas, porque acho que é tudo o que podermos fazer tem de ser feito nessa fase.

As pessoas acham que acerto muitas vezes, porque tenho bastantes êxitos. Algumas até já me perguntaram qual era a fórmula. Respondo sempre que se soubesse qual era ficava muito feliz. Mas não sei. Invento e sigo o que a minha intuição me diz.

A sua intuição já o traiu?

Talvez seja uma presunção minha, mas quando estou num determinado projeto, acho que sei que uma grande parte do público vai gostar de ver aquilo. Umas vezes acerto, outras não. Mas acerto bastante. Tenho visibilidade pública por ter acertado bastante vezes, mesmo em televisão.

Os meus projetos tiveram sempre muita audiência em televisão, mas também me desafio a chegar ao público. Nisso, sou um pouco egoísta. Deixo o meu cinema de sonho de lado e dedico-me muito a um cinema para construir um público.

É esse o segredo do seu sucesso?

Quando cheguei de Espanha, após os estudos, fiquei muito triste porque percebi que não havia um público em Portugal. Vinha de um país que tem uma base de público grande, tal como o Brasil. Chego a Lisboa, começo a conhecer o setor e fico deprimido. Ninguém queria distribuir os filmes, que eram exibidos em três salas.

Era um miúdo. Saí de Miranda do Douro, fui para Porto estudar artes plásticas e, depois, fui para Madrid. Não sabia como é que a indústria era aqui. A indústria não, o setor. Não se pode chamar indústria, porque nunca houve uma indústria aqui. Quando descubro o setor, vi que não existia, que não tinha público. Sempre que íamos a uma reunião, éramos maltratados, desprezados.

O que é que fez para mudar isso?

Tomei uma decisão cedo, quando fiz ‘A Sombra dos Abutres’, que é o meu filme mais autoral. Emigrava ou construía um público. Decidi construir um público. A minha luta, ao longo dos anos, tem sido esta.

O que é que falta ao cinema português para atrair mais público?

Falta haver mais pessoas a tentar, de forma exigente, falar para o grande público. Se houver mais realizadores e produtores a fazerem isto, garanto que se consegue. Há é poucos.

O cinema, em termos de mercado publicitário nacional, só atrai 1% do investimento dos anunciantes. O que é que isto significa?

É um reflexo do impacto que o nosso cinema tem no público, que é nenhum. Já fiz grandes acordos publicitários para filmes, os maiores acordos que já se fizeram em Portugal. Os filmes que faço têm todos acordos de investimento em publicidade. O primeiro foi com a Salvador Caetano, no ‘Zona J’. No ‘Filme da Treta’ foi com a Cofidis. Para ‘A Selva’, fiz um com a Galp. Se houvesse mais produtores a fazer o que eu faço, esse número não era 1%, era bem mais elevado.

Para o novo filme, que acordos publicitários já estabeleceu?

Ainda não posso revelar. É algo que iremos anunciar mais para a frente.

Deixou de fazer publicidade há cinco anos. Porquê?

Cansei-me do stresse que a publicidade me causava. A publicidade é uma profissão de maratonista e, a mim, gerava-me ansiedade. Tinha possibilidade de opção, porque nunca deixei de fazer filmes e séries. Fui o primeiro produtor e realizador a fazer séries com regularidade. Quando comecei, ninguém fazia séries em Portugal. Quando fiz ‘Conexão’ para a RTP, em 1998, ninguém queria séries, mas deixavam-me fazer uma por ano.

Estava à frente do seu tempo?

Até isso percebi mais cedo. Há 12 anos disse a um grupo de pessoas que as séries haveriam de voltar a ser exibidas em horário nobre. Disseram-me que não, que Portugal nunca deixaria de exibir telenovelas. Insisti e hoje reconhecem que tinha razão. A publicidade foi um momento, uma oportunidade que surgiu. Quando surgiu a crise económica e imobiliária, percebi que viria a faltar dinheiro na televisão e nos institutos, como veio a suceder.

Como o meu nome já era relativamente conhecido no mercado, fiz constar que gostaria de experimentar fazer publicidade. Três dias depois, ligaram-me com uma proposta e fui fazer um anúncio para a Vodafone, na semana seguinte. Percebi que iríamos passar tempos ruins e acertei. Vieram anos muito duros e a Stopline só sobreviveu graças a isso.

Qual foi a estratégia que seguiu?

Correu-me bem a vida. Filmei, gostaram, chamaram-me outra e outra vez. A dada altura, resolvi abrir um departamento de publicidade e começo a trabalhar como realizador. Vi claramente que era um setor onde ainda havia dinheiro. Percebi que ali iria faltar menos do que na televisão e no cinema.

Estava certo e segurei-me ali uns anos. Foram anos bons porque a empresa sobreviveu. Podia ter falido e fechado, mas sobreviveu graças a esse setor. Aprendi e evoluí muito tecnicamente. Rodei muita ficção, mas a minha formação técnica vem da publicidade.

Sentia-se desafiado na publicidade?

A publicidade é muito exigente. O que se faz nunca está suficientemente bem feito, estão sempre a pedir que nos superemos, e essa crítica faz chegar mais longe. Por outro lado, há dinheiro para fazer coisas técnicas que jamais aparecem no cinema português. Pude experimentar e aprender com coisas que fiz tecnicamente, que nunca teria orçamento para fazer em ficção.

A publicidade chegou a representar uma grande percentagem da faturação da Stopline?

Sim, chegou a representar 60%. Chegámos a ser a terceira produtora com maior faturação do país em publicidade.

Ponderou abrir subsidiárias da Stopline em Macau e em Angola, mas durante a pandemia abandonou a ideia e afastou-se da publicidade. Foi difícil desistir?

Não, sou muito determinado, para um lado e para o outro. Cansei-me muito. Comecei a desviar-me do meu trabalho como realizador e percebi que não estava feliz.

A sua felicidade depende da realização?

Tinha de voltar a ser realizador, voltar ao meu caminho, que foi o que me deu tudo. A minha vida como produtor correu bem, mas estava a desvirtuar aquilo que gostava de fazer.

Tem trabalhado para as plataformas e para os canais. Quem é que paga melhor?

As plataformas pagam melhor.

Há grandes diferenças em relação à RTP, com quem tem trabalhado mais, em termos de valores de produção por hora?

Quando as plataformas entram num projeto em que a RTP já está envolvida, podem contribuir com o mesmo ou com menos, porque o projeto já é da RTP. Se for da plataforma, ela investe mais dinheiro. O grande modelo de negócio vai ser a divisão de direitos. E depende de quem lidera.

Normalmente, quem lidera põe mais dinheiro. Mas, no caso da Netflix, há claramente uma diferença de investimento atroz. As plataformas podem pagar o triplo. Sei os valores porque tenho projetos no Brasil e em Espanha. A discrepância entre as plataformas e as televisões é bárbara.

As plataformas procuram em Portugal projetos que possam ser internacionalizáveis?

As plataformas querem muito produto de alavanque local. Pretendem alavancar localmente primeiro, só que têm de pensar que são um canal que emite em todos os países. Se os direitos são deles, podem exibir esses projetos e querem que eles também tenham essa capacidade.

Mas não metem os pés pelas mãos. Pedem sempre algo que tenha um impacto potente a nível local, que vai potenciar o lançamento internacional. Começam a gerar ‘buzz’ quando o projeto funciona localmente, porque é deles, que são canais generalistas mundiais.

Isso revoluciona o mercado televisivo global?

Só com uma password num computador estão a emitir um canal na Índia, sem nenhum esforço. Essa possibilidade é que veio permitir, a nós, aos noruegueses e por aí fora, criarmos histórias para o mundo. A possibilidade técnica deste novo modelo de televisão abriu modelos novos. A internet veio trazer esta vantagem, a possibilidade de emitir para o mundo inteiro, sem custos. Esta possibilidade representa uma mudança de paradigma.

O que muda?

A nossa televisão clássica, que era hertziana, assenta num paradigma completamente diferente. Envolve licenças, cabos elétricos, produção linear, tem de ter antenas para emitir, é o contrário. Nas plataformas, a transmissão é por fibra ótica. Na televisão clássica, tinha poder quem tinha antenas de transmissão. Havia um monopólio e uma dificuldade. A internet de banda larga trouxe uma mudança de paradigma. Sabemos onde começou, não sabemos como é que acaba.

Consegue antever para onde é que o setor pode evoluir nos próximos anos?

As mudanças vão ser bárbaras e vão dominar toda a televisão aberta. A televisão aberta vai desaparecer. Podem ficar canais, mas não vão ser canais, não vão emitir da mesma forma, por antena. Acho que os canais que são mais inteligentes se vão transformar em plataformas.

Como é que analisa o recente surgimento de projetos como o Now e os novos canais da TVI e da SIC?

Imagine que temos quatro criancinhas com fome e sabemos que, para elas sobreviverem durante uma semana, precisam todas de uma latinha. Se só tivermos duas latinhas, só alimentamos duas e as outras duas morrem. Isto é o que vai acontecer.

Acho estranho que quem trabalha nisto não perceba que está a caminhar nesse sentido. Vão dividir ainda mais o bolo e essa divisão vai fazer morrer alguém. Todas as empresas, todos os negócios, devem ter uma estratégia, devem ter planeamento, devem ter projeção e horizonte. A televisão em Portugal, hoje, não tem isso.

Têm os blocos publicitários, que são cada vez maiores.

Têm de o fazer porque eles já não valem dinheiro nenhum. Para rentabilizar uma hora, podiam-se pôr três anúncios em sete minutos. Esse dinheiro pagava a hora e a estrutura da televisão. Como os investidores já não pagam nada, o que sai nesses 10 a 15 minutos é quase dado.

Dá apenas para ir jantar fora. Em vez de anunciarmos um restaurante, anunciamos um restaurante, duas pastas dentífricas e uma empresa de toalhas de praia, para tentar compensar. É compensação matemática. Os investidores sabem que já não há um retorno do comprador na leitura de televisão.

Mas a televisão continua a absorver grande parte dos investimentos.

Todas as pessoas com quem tenho falado que percebem disto sabem que o consumidor verdadeiro, o que tem impacto em termos de compra, já não está na televisão aberta. Está na internet, está no consumo digital. Uma percentagem ainda está em televisão, mas o grosso já não está ali.

É lógico que as empresas, que não andam a dormir porque fazem estudos, comecem a apontar agulhas em outro sentido. Por que razão é que a publicidade está a crescer dentro do entretenimento? Porque é a única que vai sobreviver. Os americanos já fazem isto há mais de 20 anos.

A publicidade também já não é o que era?

Quando a publicidade nasceu, era fascinante. À medida que foi evoluindo e se foi desenvolvendo, continuava a ser surpreendente. Era a descoberta de um mundo novo e estava a atingir o seu auge. Quando se torna repetitiva, torna-se cansativa. Temos de perceber os ciclos. Estamos a viver ciclos de cansaço e de repetição e, nesses ciclos, o ser humano faz rejeições naturais. As mentalidades e os hábitos não se mudam por carta magna.

As mudanças levam tempo.

Mudar a forma de estar na vida leva tempo. Entrámos na Comunidade Económica Europeia (CEE) em 1986, mas não nos sentimos europeus no dia em que entrámos, só algures nesse processo, passados 10 ou 15 anos. Em publicidade há ‘shots’ direcionados que funcionam. Fazem-se campanhas isoladas de coisas, o marketing consegue fazer isso e consegue mobilizar toda a gente, mas estamos a falar de uma forma genérica e estruturada.

Como setor regular e tradicional, já não é o que era, não tem resultados, porque as pessoas que compram já não estão lá e os que veem não vão depois fazer compras. O setor sabe disto e as coisas têm de caminhar para uma publicidade que é diluída, que está onde as pessoas também a compram ou aceitam.

As plataformas também vieram alterar isto?

Agora vamos viver um contraciclo, porque as plataformas vão começar a ter publicidade. Há uma vantagem, as plataformas vão ter duas linhas. Esta é a grande mudança da televisão, porque a televisão aberta é para toda a gente, as plataformas não. Na internet, as pessoas podem bloquear a publicidade.

As que quiserem pagar menos subscrevem pacotes com anúncios e isto vai voltar a dar um ‘boost’ à publicidade, que vai migrar das televisões tradicionais, porque aí é que estão os consumidores efetivos. Isto não vai ser amanhã, já está a acontecer. Basta ver o que a Max fez este ano, já comprou as olimpíadas. Isto é estar no ‘live’ e no desporto. Se estiverem no desporto, dominam tudo.

Porquê?

O mais importante é o entretenimento e a seguir é o desporto. O segundo o vício do consumidor é o desporto. O primeiro é o entretenimento, é com isso que se lidera, porque é o sonho. As pessoas são fascinadas por atletas. O desporto tem o lado da competição, a parte do jogo e os heróis. Liderando isso, lideram tudo.

Tudo?

O que é que fica a faltar? As notícias. O que mais vão ter? As notícias são o que é necessário para depois estar no meio. Mas, provavelmente, quando as notícias chegarem a esse lugar, é bom que voltem a ter um momento bom.

É preciso que o mundo da informação volte a estar no mercado com dinheiro, com estrutura financeira. Para não ser maltratado, como está a ser neste momento. O papel deixou de vender e as televisões, como também já não têm dinheiro, têm de expulsar os jornalistas. É nisto que estamos.

O que é que vai acontecer?

Vai causar uma doença muito grande a um país. Deixamos de ter os grandes jornalistas, os bons jornalistas, deixamos de ter um setor. Voltamos à história dos guionistas. Temos de ter um setor bem pago, bem estruturado, com isenção, sem precisarmos de o pressionar, para que ele funcione bem. Se há coisa que vamos precisar toda a vida é de estarmos bem informados.

Isso não vai mudar, garanto. Aliás, um dos próximos grandes desafios deste paradigma é como gerir essa informação que a internet trouxe. Esse é o grande mal. Temos a grande aldeia global e a maior forma de aceder à informação que alguma vez a humanidade teve, mas já há estudos que provam que a maior parte das pessoas acede a informação que é lixo.

Continua a frequentar feiras internacionais de televisão ou já não os valoriza tanto?

Deixei de ir tanto para ter mais tempo para escrever. Ando a filmar muito, voltei à minha vida de realizador, o que faz com que tenha menos tempo. Escolho anualmente ir a três mercados de televisão.

A quais?

Esse é o meu segredo… [risos] Como a Volf tem muitos projetos em Espanha, onde tenho várias coisas em desenvolvimento e negociação, faço os dois mercados espanhóis de séries. Um deles é o Iberseries Platino & Industria, de Madrid, que é a minha segunda casa. Tenho ido também, desde o início, ao Conecta Fiction & Entertainment e faço um em França. Na Europa, França e Espanha são os dois grandes países deste negócio.

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Marketing

Guilherme Coelho lidera nova área tecnológica da Havas

“Há uma crescente complexidade regulatória no uso de dados para fins de comunicação, o que obriga à criação de uma equipa especializada”, diz Guilherme Coelho (na foto), sócio-gerente da CSA, consultora focada em tecnologia e análise

Guilherme Coelho, anterior gestor nacional da Incubeta, é o sócio-gerente da CSA, nova consultora tecnológica que o grupo Havas está a lançar em Portugal. Licenciado em engenharia alimentar pela Universidade Católica Portuguesa e mestre em engenharia e gestão industrial pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, lidera a nova consultora de tecnologia, dados e análise.

“Um dos principais desafios deste mercado centra-se na complexidade da análise de dados e na sua transformação em ‘insights’ acionáveis que sejam de fácil compreensão para os clientes. Será esse um dos nossos maiores focos, sermos tradutores capazes de simplificar algo tão técnico sem perder profundidade e riqueza de informação”, refere ao M&P Guilherme Coelho, sócio-gerente da CSA.

Fomentar nas empresas portuguesas uma cultura de utilização dos dados mais estratégica é uma das prioridades do proprietário da Bracket, consultora de ‘data analytics’, ‘web development’ e ‘media strategy’, que ao longo da carreira passou pela Lisbon Digital School, Samsung Portugal, SIVA, Emailbidding, Kwanko e Adclick.

“Ter uma cultura de utilização de dados mais estratégica é algo que ainda não é amplamente priorizado, mas, a par disto, há também uma crescente complexidade regulatória no uso de dados para fins de comunicação, o que obriga a uma atenção constante às exigências legais e à criação de uma equipa especializada na área de dados aplicada ao marketing, preparada para tirar máximo partido das oportunidades em tempo real”, sublinha Guilherme Coelho.

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Faturação da ByteDance sobe para €136,1 mil milhões

A faturação do TikTok em 2024 representa um quarto das receitas totais da ByteDance, que atingem um novo recorde apesar da desaceleração das operações na China

As receitas de faturação da ByteDance, empresa-mãe do TikTok, aumentam 29% para 155 mil milhões de dólares (€136,1 mil milhões) em 2024, de acordo com um relatório obtido pelo site The Information, mas não confirmado pela empresa. Os lucros da marca chinesa aumentam 6% para 33 mil milhões de dólares (€28,9 mil milhões) no mesmo período.

A faturação do TikTok em 2024 representa um quarto das receitas totais da ByteDance, que atingem um novo recorde apesar da desaceleração das operações na China, segundo o relatório. Os mercados internacionais também representam um quarto da faturação total da ByteDance e registam um aumento de 63% em 2024, para 39 mil milhões de dólares (€34,2 mil milhões), impulsionado pelo crescimento da rede social.

A ByteDance tem vindo a expandir o comércio eletrónico, através do TikTok Shop, para um maior número de mercados estrangeiros, incluindo Espanha e Irlanda em 2024, com o objetivo de competir com empresas como a Shein e a Temu. A empresa está também a tentar expandir o TikTok Shop para Itália, Alemanha e França, com planos de entrar no Japão e no Brasil ainda este ano.

A ByteDance está ainda a tentar competir no setor da inteligência artificial (IA), com o desenvolvimento de novos óculos inteligentes, de acordo com outro relatório da The Information. O foco deste novo dispositivo será a captação de imagens e vídeos de boa qualidade.

A empresa até já terá iniciado o processo de negociação com os fornecedores para determinar os detalhes do dispositivo, nomeadamente as especificações técnicas, o custo e a data de lançamento.

Atualmente, a ByteDance enfrenta inúmeros desafios nos Estados Unidos, o seu maior mercado, onde terá de vender a operação da rede social, sob risco de ser proibida por motivos de segurança nacional e preocupações com a privacidade dos dados.

Sobre o autorDaniel Monteiro Rahman

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Sugestões para ler, ver e escutar da edição 977 do M&P

O livro ‘Storytelling — A Melhor História Ganha’, de Mark Edwards, a série ‘Vinagre de Sidra’, da Netflix, e o podcast ‘Uncensored CMO’, são alguns dos destaques

Ler

Storytelling — A Melhor História Ganha

Ao longo de várias décadas dedicadas ao jornalismo, Mark Edwards criou um método próprio para escrever histórias convincentes e cativantes. Neste livro, partilha as técnicas que desenvolveu e a abordagem seguida na criação de histórias vencedoras e na comunicação eficaz. A obra inclui vários exemplos aplicáveis a diferentes áreas, como a publicidade, o marketing e os negócios.

Partindo da premissa de que, num mundo saturado de informação, as melhores histórias são as que se destacam e conquistam audiências, Mark Edwards demonstra que a forma como uma mensagem é contada pode ter mais impacto do que a própria mensagem. Explica ainda como estruturar histórias eficazes, utilizando personagens, conflito e resolução para criar uma ligação autêntica com o público, mostrando como histórias bem construídas geram emoção, envolvimento e ação.

Autor Mark Edwards
Editora Clube do Autor
Lançamento Março de 2025
Páginas 248
Preço €18,00

Personal Branding — O Guia Para Uma Marca Pessoal de Sucesso

Neste livro, Raquel Soares, fundadora da Love People, consultora de marca pessoal, imagem e da conferência Personal Branding Summit, partilha estratégias, histórias e as lições que aprendeu ao longo de anos de experiência na transformação de carreiras e negócios.

A obra apresenta estratégias para destacar talentos, criar conexões e aumentar a credibilidade profissional. Com sugestões aplicáveis e casos reais, Raquel Soares mostra como se pode destacar num ambiente competitivo, reforçando a importância da consistência e do propósito, e como criar uma marca pessoal autêntica, influente e memorável.

Autor Raquel Soares
Editora Ideias de Ler
Lançamento Março de 2025
Páginas 272
Preço €17,75

Ver

Vinagre de Sidra


Criada por Samantha Strauss e realizada por Jeffrey Walker, Vinagre de Sidra inspira-se na história verídica de Belle Gibson, influenciadora que enganou os seguidores ao afirmar ter-se curado de um cancro através da medicina alternativa, para lucrar com esse estilo de vida.

A série destaca os perigos das falsas promessas no mundo do bem-estar, o impacto das redes sociais e o papel dos influenciadores na disseminação de informações de saúde.

Formato Minissérie
Género Drama
Realizador Jeffrey Walker
Estúdio See-Saw Films
Distribuidora Netflix
Plataformas Netflix
Lançamento Fevereiro de 2025

A Batalha das Pop-Tarts

Escrito e realizado pelo ator e humorista norte-americano Jerry Seinfeld, A Batalha das Pop-Tarts é uma comédia que retrata a guerra entre as marcas Kellogg’s e Post, que resulta na criação da icónica Pop-Tart da Kellogg’s, que revolucionou o pequeno-almoço dos norte-americanos.

Através do humor, o filme mostra os bastidores da rivalidade entre as gigantes da indústria alimentar e como o marketing transforma umas simples bolachas num fenómeno cultural.

Formato Filme
Género Comédia
Realizador Jerry Seinfield
Estúdio Columbus 81 Productions
Distribuidora Netflix
Plataformas Netflix
Lançamento Maio de 2024

Escutar

Uncensored CMO

O Uncensored CMO é um podcast de Jon Evans, diretor de marketing e clientes da plataforma de eficácia de marca System 1, criado para explorar os prós, os contras e a verdade por trás da prática do marketing.

Com entrevistas a diretores de marketing e líderes do setor, o podcast aborda estratégias de marca, casos de sucesso e desafios das marcas, entre outros temas.

Screaming Creativity

Conduzido por Rob Reilly, diretor criativo executivo global do grupo WPP, o Screaming Creativity explora o impacto da criatividade nos negócios e na cultura.

O podcast inclui conversas com personalidades influentes do marketing e da publicidade, nas quais são abordados temas como o impacto da tecnologia na criatividade, o panorama em constante evolução do setor criativo, o futuro da publicidade e os percursos criativos dos convidados.

What Next?

O What Next? explora como a globalização, a tecnologia e as mudanças demográficas estão a remodelar a forma como criamos, consumimos e comunicamos.

Rishad Tobaccowala, conselheiro sénior do Publicis Groupe, conversa com diretores executivos e diretores criativos, para discutir o impacto da tecnologia nos meios de comunicação social, o atual cenário empresarial e da publicidade, bem como os desafios da liderança no futuro do trabalho.

Sobre o autorDaniel Monteiro Rahman

Daniel Monteiro Rahman

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Palhaçadas sérias

‘Clowns’ da BBH, para a Audi, é a campanha que Joana Antunes, redatora da Fuel, gostava de ter feito. ‘Estrelas Perfeitas’ da Dentsu Creative Portugal, para a Associação Salvador, é a que mais gostou de fazer, revela na rubrica Como É Que Não Me Lembrei Disto?

Vencedora de uma Prata no Young Lions Portugal 2023, Joana Antunes, redatora da Fuel, não tem na escrita a maior das paixões. Do que gosta mesmo é de pegar num ‘briefing’ e explorar as potencialidades do projeto que tem em mãos, procurando desafiar-se até ao limite, sem receio de pensar em grande.

É por isso que elege ‘Clowns’, que só descobriu recentemente, como a campanha que gostaria de ter feito. A simplicidade da ideia é o que mais a cativa, revela na rubrica do M&P Como É Que Não Me Lembrei Disto, dedicada à criatividade.

‘Estrelas Perfeitas’, a campanha que mais gostou de fazer, foi desenvolvida durante o período em que trabalhou na Dentsu Creative Portugal, entre julho de 2022 e outubro de 2023, antes de sair para a Alfred e depois para a Judas. Está na Fuel desde junho de 2024.

Qual é a campanha publicitária que gostaria de ter feito?

São várias as campanhas que gostaria de ter feito, especialmente as da Apple e do Burger King, que são sempre incríveis. No entanto, recentemente, deparei-me com uma campanha da Audi, de 2017, chamada ‘Clowns’, que me fez querer vê-la e revê-la vezes sem conta.

Quais são as razões dessa escolha?

Gosto sempre de fazer um exercício quando vejo uma boa campanha, que é imaginar qual seria o ‘briefing’. Neste caso, o ‘briefing’ deve ter sido daqueles que tinha tudo para ser aborrecido. Algo na linha de “precisamos de criar uma campanha que fale dos novos atributos de segurança dos nossos carros”.

A equipa que o recebeu deve ter conseguido dar-lhe a volta, desenvolvendo uma ideia muito simples, com base num ‘insight’ verdadeiro, o que é incrível. É algo que eu gostaria de ter conseguido fazer, caso tivesse recebido esse ‘briefing’.

O que é que lhe chama mais a atenção na campanha?

A simplicidade é o que me fascina nesta campanha. O filme passa uma mensagem forte. Consegue ter humor e emocionar em simultâneo. Porque há, de facto, muitos ‘palhaços’ na estrada, que são um perigo para todos nós. Este seria, talvez, o caminho mais óbvio, fazer uma campanha emocional e pesada.

Joana Antunes, redatora da Fuel

É só a simplicidade que a cativa?

Para mim, a inteligência da ideia é o uso da metáfora, ao trazerem os palhaços para o filme, o que torna a ideia mais leve, cativante e com algum humor. O facto de não serem necessárias falas para explicar a mensagem é outro dos pontos que adoro nesta campanha.

A assinatura no final do filme, ‘Audi Technology. Clown Proof’, é suficiente e resume a ideia de forma muito clara. Por fim, a escolha da música [‘Send In The Clowns’ de Faultline feat. Lisa Hannigan], é a cereja no topo do bolo.

É uma música que nos transporta para algo triste, mas que acaba por trazer algum sarcasmo para a campanha, reforçando a ideia de que podem mandar vir os palhaços porque a Audi está preparada para nos proteger deles.

Esta campanha inspirou-a a nível criativo?

Comunicar para marcas de carros nunca foi uma ambição e sempre achei que, criativamente, era algo um pouco limitado. No entanto, esta campanha fez-me ver este segmento de outra forma. Veio, inclusive, relembrar-me de que não existem maus ‘briefings’.

Se existir um cliente aberto a novas abordagens, conseguimos fazer coisas diferentes, que toquem as pessoas e que passem uma mensagem clara e impactante. Esta campanha inspirou-me a olhar para os ‘briefings’ que parecem aborrecidos com um novo olhar.

Qual é a campanha que fez que mais a concretizou profissionalmente?

Ainda tenho de pedalar muito nesta área para poder responder a esta pergunta. No entanto, com a experiência que tenho, posso dizer que o projeto que me fez sentir mais realizada foi a campanha ‘Estrelas Perfeitas’, para a Associação Salvador.

Primeiro, porque criámos um produto de raiz, o que por si só já é algo que me dá orgulho. Depois, ver o impacto do projeto e pôr as pessoas a contribuir e a falar sobre uma causa importante, é gratificante.

Sabemos que, só com a publicidade, não conseguimos mudar o mundo, mas se podermos contribuir para que seja um sítio melhor, torna-se mais fácil criá-la todos os dias.

Como é que chega a essa ideia?

O desafio que a Associação Salvador nos lançou consistia em criar um amuleto, um objeto, para assinalar o Natal e reforçar a importância da acessibilidade.

Ao fim de várias ideias chumbadas, lembrámo-nos de um momento, de uma tradição, que é comum em todas as casas, pôr a estrela no topo da árvore. É um momento que vemos como algo normal, mas que para muitas pessoas não é possível.

E assim nasceu a ideia de criarmos árvores de Natal inclusivas, construindo estrelas que podiam ser colocadas em qualquer parte da árvore.

Como é que avançou para a execução?

Para que a inclusão estivesse presente no nosso próprio produto, decidimos criar estrelas assimétricas e imperfeitas, simbolizando as fragilidades que todos temos. A nossa ideia era, também, que este objeto fosse bonito e apelativo, para que as pessoas o quisessem comprar para decorar as suas árvores.

Por isso, decidimos fazer uma parceria com a Burel, que facultou o excedente de produto e produziu as estrelas, tornando também a ideia sustentável.

 

As campanhas atualmente estão mais ou menos criativas do que antigamente?

Acho que os tempos mudam e devemos adaptar-nos. Presumo que, antigamente, as marcas investissem e arriscassem mais na comunicação. No entanto, acho que, hoje em dia, o ruído é tanto e está em tantos meios ao mesmo tempo que se torna essencial fazer uma comunicação mais de entretenimento e menos de ‘hard selling’.

O que faz quando não tem ideias?

Era incrível existir uma fórmula que resultasse sempre, mas no meu caso ainda não a descobri, nem depois de ler o guia prático de criatividade do John Cleese.

Quando não tenho ideias, passo primeiro pela clássica fase de síndrome de impostor, onde tudo é motivo de questionamento. Depois, vou dormir sobre o assunto, literalmente, o que resulta muito bem.

Noutras alturas, arregaço as mangas, abro um documento de Word em branco e começo a desenvolver uma pesquisa e a escrever ‘insights’ soltos.

Ficha técnica

Campanha ‘Clowns’
Cliente Audi
Agência Bartle Bogle Hegarty (BBH)
Diretor criativo Ian Heartfield
Diretor de arte Mikael Alcock
Diretor de estratégia Damien Le Castrec
Redator Doug Fridlund
Produtora Rattling Stick
Produtora executiva Katie Keith
Produtores David Lynch, Tim Nunn e Sally Humphries
Realizador Ringan Ledwidge
Diretor de fotografia Adam Arkapaw
Edição Rich Orrick/Work Editorial
Pós-produção The Mill Sonoplastia String and Tins
Diretora musical Ayla Owen
País Reino Unido
Ano 2017

Ficha técnica

Campanha ‘Estrelas Perfeitas’
Cliente Associação Salvador
Agência Dentsu Creative Portugal
Diretor criativo Ivo Purvis
Diretora de arte Madalena Montellano
Redatores Joana Antunes e Nuno Leal
Realizadora Maria Mena
Vídeografia Luís Pinto Magalhães
Fotografia Fernando Sousa
Entrevistas Nuno Mata, Diana Niepse e Hugo Maia
País Portugal
Ano 2023

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

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Havas inspira-se na força do vento para reposicionar EDP

O filme institucional da campanha conta com a participação da atleta norte-americana Melissa Jefferson (na foto) que, aos 24 anos, está a consolidar-se como uma das principais velocistas do mundo

A Havas destaca o papel da energia eólica na campanha institucional global que marca o reposicionamento da EDP.
Somos Mais Rápidos Com o Poder do Vento’ é o mote da nova campanha produzida e realizada pela Garage, com planeamento de meios da Wavemaker. Em Portugal, vai estar três semanas no digital, redes sociais e televisão.

A campanha decorre também em digital e redes sociais em Espanha, Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Polónia, Bélgica e Dinamarca.

O filme publicitário conta com a presença da desportista Melissa Jefferson, que, aos 24 anos, está a consolidar-se como uma das principais velocistas do mundo. No anúncio, a atleta norte-americana supera o seu recorde pessoal numa pista situada num parque eólico, reforçando a mensagem de que todos somos mais rápidos quando aproveitamos a força do vento.

Para além do novo posicionamento da EDP, o ‘spot’ realça o papel transformador da energia eólica na construção de um futuro neutro em carbono.

“Em 2024, ultrapassámos os 12 mil megawatts de capacidade instalada e gerámos mais de 31 mil gigawatts de energia limpa a partir da força vento. Esta é a década da ação, em que cada rotação das turbinas conta”, salienta Vera Pinto Pereira, administradora executiva da EDP, citada em comunicado de imprensa.

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L’Oréal Paris escolhe Philippine Leroy-Beaulieu

A atriz (na foto) que interpreta Sylvie Grateau na série da Netflix ‘Emily em Paris’ protagoniza a campanha da linha Age Perfect Collagen Expert da marca francesa

A L’Oréal Paris anuncia a atriz Philippine Leroy-Beaulieu, de 61 anos, para embaixadora da marca em França. A atriz vai promover a linha Age Perfect Collagen Expert, a partir de 9 de junho. A divulgação é feita na página do Instagram da L’Oréal Paris com a mensagem: ‘a idade perfeita é agora!’

Conhecida pela personagem Sylvie Grateau na série da Netflix, ‘Emily em Paris,’ a atriz francesa desperta a atenção pelo estilo francês sofisticado. A L’Oréal Paris descreve-a como “um modelo de perseverança e ousadia”.

Para a diretora-geral da L’Oréal Paris, Marie-Julie Monnot, a atriz é a personificação do ‘french chic’. “Ao celebrar a idade, torna-se uma verdadeira fonte de inspiração para todas as mulheres”, conclui em comunicado.

A escolha de Philippine Leroy-Beaulieu faz parte de um movimento mais amplo da L’Oréal Paris, para defender a diversidade e a inclusão em todas as idades, culturas e estilos de vida.

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Comunicação

Digidelta lança marca de filmes sustentáveis para impressões digitais

Desenvolvidos nos últimos dois anos, os filmes da Biond (na foto), da Digidelta, podem ser usados, com ou sem adesivo, em comunicações visuais, decorações de interior, publicidade, rotulagens e embalagens

A Digidelta, empresa que desenvolve e comercializa soluções de impressão, está a lançar no mercado a Biond, uma gama de filmes sustentáveis. Desenvolvidos com materiais biodegradáveis, de origem vegetal, que absorvem dióxido de carbono durante o processo de crescimento, são 100% biodegradáveis e podem decompor-se em menos de 90 dias, nas condições adequadas.

“A sustentabilidade não é apenas uma escolha, mas uma necessidade imperativa para o mercado global. Com a gama Biond, que traz ao mercado uma inovação sem precedentes, acreditamos que podemos redefinir os padrões de qualidade e responsabilidade ambiental, promovendo uma alternativa que alia a eficiência e o respeito pelo planeta”, salienta Armando Mota, CEO da Digidelta, citado em comunicado de imprensa.

Além de minimizarem as emissões de compostos orgânicos voláteis, tornando-os mais seguros e ecológicos, os novos filmes, desenvolvidos pela empresa nos últimos dois anos, também garantem benefícios de usabilidade idênticos aos tradicionais filmes adesivos de PVC, sem comprometer a qualidade de impressão. A nova solução pode ser usada, com ou sem adesivo, em comunicações visuais, decorações de interior, publicidade, rotulagens e embalagens.

“Com uma compatibilidade abrangente com tecnologias de impressão digital como o UV LED, o UV gel, o eco-solvente, o látex e a impressão mecanográfica flexografia e ‘offset’, a Biond adapta-se facilmente às necessidades mais exigentes do mercado”, salienta o responsável, que aposta na assinatura ‘A Branded Film Today for a Carbon-Free Tomorrow’ para exportar os novos filmes, investindo numa estratégia de distribuição global.

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Marketing

Marcas americanas adaptam estratégias em resposta às tarifas de Trump

Para marcas que produzem na China e no Vietname, como a Nike, a situação é preocupante. As que fabricam nos EUA estão numa boa posição, mas têm de ser cautelosas com o marketing ‘Made in the USA’

À medida que as marcas nos Estados Unidos se confrontam com um cenário marcado por tarifas comerciais alargadas e aumentos de preços nas importações, os anunciantes estão a adaptar as estratégias para enfrentarem um novo período de incerteza que os especialistas preveem que possa resultar numa crise mundial, noticia a Ad Age.

As marcas estão cautelosas em relação ao impacto das tarifas nos preços e na procura por parte dos consumidores. O mais recente plano de tarifas imposto por Donald Trump inclui uma taxa de 10% sobre todas as importações, bem como tarifas recíprocas sobre os países que impõem tarifas às importações dos Estados Unidos. O presidente norte-americano promete taxar os “piores infratores”, nomeadamente a União Europeia, a China e o Vietname.

A situação é preocupante para marcas como a Nike, que tem grande parte da produção centrada em fábricas na China e no Vietname, ou para a Bogg Bags, obrigada a procurar alternativas à produção na China. De acordo com dados da Bloomberg Intelligence, marcas como a Gap, a Victoria’s Secret e a Ralph Lauren também vão ser afetadas pelas pressões resultantes da instalação de fábricas no Vietname.

As marcas que fabricam a maior parte dos produtos nos Estados Unidos, por seu lado, estão numa boa posição. Segundo avança o The Wall Street Journal, é provável que uma vaga de anunciantes promova campanhas focadas no termo ‘Made in the U.S.A.’. A tendência já começa a surgir, com marcas como a New Balance e a Ford, entre outras, a divulgarem publicidade centrada na produção nacional.

‘Made in the U.S.A.’ pode trazer problemas

Embora estejam numa boa posição comercial face às tarifas, devido ao fabrico nacional, as marcas norte-americanas devem escolher cuidadosamente as expressões que utilizam, visto que as normas da Comissão Federal do Comércio dos Estados Unidos exigem que os produtos comercializados com a etiqueta ‘Made in the USA’ sejam, de facto, “totalmente ou quase totalmente” fabricados no país.

A fabricante de automóveis Stellantis foi das primeiras empresas a ver nas tarifas uma oportunidade de negócio, apostando na divulgação de anúncios patrióticos para a Jeep, a Ram e a Dodge. Entretanto, a empresa já foi obrigada a alterar a mensagem, em resposta a um inquérito de uma organização de regulação publicitária que alega que a Stellantis estaria a promover publicidade enganosa, sendo que algumas das peças utilizadas nos veículos das marcas são importadas e que os carros não são, de facto, fabricados nos Estados Unidos, mas sim montados no país.

“A Stellantis tem todo o direito de se vangloriar das fábricas de montagem das marcas que detém nos Estados Unidos, que criam empregos e fortalecem a economia americana, mas não pode induzir os consumidores em erro sobre a verdadeira dimensão da produção nacional”, escreve a Truth in Advertising, organização sem fins lucrativos que regula a publicidade enganosa, numa carta dirigida a Olivier François, diretor de marketing global da Stellantis, e a Giorgio Fossati, conselheiro geral da fabricante de automóveis.

Na sequência desta queixa, a Stellantis remove os anúncios do YouTube e termina prematuramente as campanhas televisivas para fazer alterações à linguagem utilizada nos anúncios. Este é mais um caso que retrata o impacto direto da instabilidade promovida pela Administração Trump.

Sobre o autorDaniel Monteiro Rahman

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Flesh512 cria campanha digital para a Água Serra da Estrela

“O programa que a campanha (na foto) promove vai permitir evitar a utilização de cerca de 700 toneladas de plástico virgem em 2025”, explica ao M&P Ana Rita Martins, diretora de marketing da marca

A agência criativa e produtora audiovisual Flesh512 assina ‘Para Que Nunca Acabe’, campanha digital da Água Serra da Estrela que divulga o programa de promoção de sustentabilidade ambiental, que apela à valorização da água e dos recursos naturais da região que a marca está a dinamizar.

“A Serra da Estrela enfrenta desafios crescentes, como os incêndios, as alterações climáticas e a ação humana. Esta iniciativa surge como a consolidação de uma resposta concreta e urgente, reforçando o compromisso da marca com a valorização da sua origem e preservação e regeneração do ecossistema único onde nascemos e estamos inseridos”, justifica ao M&P Ana Rita Martins, diretora de marketing da Água Serra da Estrela.

Lançada a 8 de abril na fábrica da empresa, em Gouveia, a campanha está a ser divulgada nas redes sociais da marca e das organizações com quem a Água Serra da Estrela estabeleceu parcerias de cooperação que preveem a plantação de 15 mil árvores até 2035.

“Este ano, alcançamos um marco inédito no setor, ao garantirmos a utilização de 100% plástico reciclado em todas as nossas embalagens. O programa que a campanha promove vai permitir evitar a utilização de cerca de 700 toneladas de plástico virgem em 2025, passo este que corresponde a uma antecipação e superação do requisito legal, com o objetivo de mitigar ao máximo o impacto das garrafas de uso único”, sublinha Ana Rita Martins. 

Desde 2002, a Água Serra da Estrela já apoiou a plantação de 1,7 milhões de árvores. “Além de medidas concretas na operação da marca, o programa integra a dimensão comunitária, chamando à ação parceiros, instituições e cidadãos. Sabemos que não movemos montanhas, mas juntos podemos atravessá-las e chegar mais longe, mobilizando e inspirando mudanças de comportamentos”, refere ainda a responsável.

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TV: Os programas que dominam as audiências, gravações e redes sociais em março

O futebol lidera a lista dos programas mais vistos. Nas gravações diárias, o programa de Ricardo Araújo Pereira, ‘Isto é Gozar com Quem Trabalha’, conquista a primeira posição. A TVI ganha novamente nas menções nas redes sociais com os ‘reality shows’ do canal

Em março, o jogo a contar para a Liga das Nações que opõe a seleção nacional à Dinamarca é o programa mais visto. Transmitido na RTP1 a 23 de março, o jogo de futebol lidera o top de programas, com uma audiência média de 2,531,000 espectadores, num ranking liderado pela transmissão de eventos desportivos, segundo a análise da Marktest com base nos dados da Mediamonitor.

Na segunda posição encontra-se a primeira mão do mesmo confronto entre Portugal e a Dinamarca, exibido a 20 de março na RTP1, com uma audiência média acima dos dois milhões de espectadores. A fechar as três primeiras posições está o programa de Ricardo Araújo Pereira ‘Isto é Gozar com Quem Trabalha’, transmitido a 9 de março, na SIC.

Nos programas gravados e visionados no próprio dia, a liderança cabe novamente a um episódio do programa ‘Isto é Gozar com Quem Trabalha’, transmitido na SIC a 30 de março, que regista 228,300 espectadores em termos de audiência média. Nas gravações de sete dias, a emissão do programa ‘Taskmaster’, na RTP1 a 29 de março, ocupa o primeiro lugar.

Nas redes sociais, os ‘reality shows’ da TVI ‘Secret Story – Casa dos Segredos’ e ‘Big Brother’, encontram-se em destaque nas primeiras e segundas posições da tabela, respetivamente.

Na terceira posição surge o programa da manhã da TVI, ‘Dois às 10’, à frente do ‘reality show’ da SIC ‘Casados à Primeira Vista’, que ocupa a quarta posição. ‘Goucha’, o programa da tarde da TVI, encontra-se na quinta posição, seguido do concurso de talentos da RTP1 ‘Got Talent Portugal’ e da novela da TVI ‘A Protegida’, na sexta e sétima posição, respetivamente.

O top 10 dos programas com mais menções nas redes sociais no segundo mês do ano é completado pela novelas ‘A Fazenda’, da TVI, e ‘A Herança’, da SIC, na oitava e nona posição respetivamente, seguidas da  série juvenil da TVI ‘Morangos Com Açúcar’, em décimo.

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