Google, afinal, vai manter cookies de terceiros
“Continuaremos a disponibilizar as API do Privacy Sandbox e a investir nelas para melhorar ainda mais a privacidade e a utilidade”, refere Anthony Chavez, vice-presidente da Privacy Sandbox da Google, acrescentando que serão disponibilizados controlos de privacidade adicionais, como a proteção de IP no modo de navegação anónima do Chrome
Catarina Nunes
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A Google já não vai acabar com os cookies de terceiros, que permitem que entidades externas aos sites, como anunciantes ou empresas de análise, acompanhem o histórico de navegação do utilizador e recolham e tratem os respetivos dados. Em causa está o esforço de adaptação de todas as partes envolvidas na publicidade online, nomeadamente ‘publishers’, anunciantes e agências.
Depois de ter adiado o prazo para o fim do cookies de terceiros, de 2024 para o início de 2025, a Google vai antes introduzir uma nova experiência no Chrome, para permitir que os utilizadores façam uma escolha que se aplique à sua navegação na web, sendo que estas escolhas podem ser ajustadas a qualquer momento. “Estamos a discutir este novo caminho com os reguladores e vamos envolver a indústria à medida que for sendo disponibilizado”, revela Anthony Chavez, vice-presidente da Privacy Sandbox, numa publicação no blogue da Google.
O responsável da Privacy Sandbox, projeto da Google focado na criação de tecnologias que protejam a privacidade online dos utilizadores, justifica o recuo com a constatação de que a transição para o fim dos cookies de terceiros, previsto para o fim de 2025, “exige um trabalho significativo por parte de muitos participantes e terá um impacto nos ‘publishers’, nos anunciantes e em todos os envolvidos na publicidade online”. Tendo em conta esta situação, “propomos uma abordagem atualizada que permite aos utilizadores escolherem. Em vez de descontinuar os cookies de terceiros”, explica Anthony Chavez.
O vice-presidente da Privacy Sandbox salienta que, à medida que este processo avança, continua a ser importante que os programadores tenham alternativas que preservem a privacidade. “Continuaremos a disponibilizar as API [Application Programming Interface, usado para integrar novas aplicações com sistemas de software existentes] do Privacy Sandbox e a investir nelas para melhorar ainda mais a privacidade e a utilidade”, refere Anthony Chavez, acrescentando que a Google também pretende disponibilizar “controlos de privacidade adicionais, por isso planeamos introduzir a proteção de IP no modo de navegação anónima do Chrome”.
Os primeiros testes realizados por empresas de tecnologia Adtech, incluindo a Google, indicaram que as APIs da Privacy Sandbox têm um grande potencial para alcançar resultados, de acordo com a Google. “Esperamos que o desempenho geral, ao utilizar as APIs de Privacy Sandbox, melhore com o tempo, à medida que aumenta a adoção por parte da indústria”, prevê o vice-presidente da Privacy Sandbox, que tem como objetivo encontrar soluções inovadoras que melhorem a privacidade online, ao mesmo tempo que preservam uma internet baseada em anúncios que sustenta o ecossistema de ‘publishers’, liga empresas aos clientes e disponibiliza conteúdos gratuitos aos utilizadores.
“Ao longo deste processo, recebemos feedback de uma ampla variedade de ‘stakeholders’, incluindo reguladores como a Autoridade de Concorrência e Mercados (CMA) do Reino Unido e o Information Commissioner’s Office (ICO), ‘publishers’, programadores web e grupos padrão, sociedade civil e participantes da indústria publicitária. Este feedback ajudou-nos a criar soluções que visam apoiar um mercado competitivo e próspero que funcione para publishers e anunciantes e incentive a adoção de tecnologias que melhoram a privacidade”, refere Anthony Chavez, garantindo que “à medida que finalizarmos esta abordagem, continuaremos a consultar a CMA, a ICO e outros reguladores a nível mundial. Esperamos continuar a colaboração com o ecossistema na próxima fase da jornada, para uma web mais privada”.