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“Há prémios para tudo e para todos, o que pode ser um risco e banalizar o reconhecimento, que está vulgarizado”

Vencedor de um Leão de Bronze no último festival de Cannes, José Carlos Bomtempo faz uma radiografia ao estado atual da criatividade e das marcas em Portugal, refletindo sobre os últimos 35 anos. Revela ainda que encontra na corrida de trilhos o estímulo da criatividade e o desejo de continuar a trabalhar, sem pensar na reforma, enquanto o deixarem

Catarina Nunes
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“Há prémios para tudo e para todos, o que pode ser um risco e banalizar o reconhecimento, que está vulgarizado”

Vencedor de um Leão de Bronze no último festival de Cannes, José Carlos Bomtempo faz uma radiografia ao estado atual da criatividade e das marcas em Portugal, refletindo sobre os últimos 35 anos. Revela ainda que encontra na corrida de trilhos o estímulo da criatividade e o desejo de continuar a trabalhar, sem pensar na reforma, enquanto o deixarem

Catarina Nunes
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Catarina Nunes
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“Era expectável que, pela qualidade dos trabalhos, houvesse mais prémios para Portugal no Cannes Lions 2024”, argumenta José Carlos Bomtempo, que trouxe um Leão de Bronze da última edição do Festival Internacional de Criatividade, em Digital Craft (Data Visualisation), com o trabalho ‘The Endangered Typeface’, que sensibiliza para a perda de biodiversidade no planeta.

Em entrevista exclusiva ao M&P, o ‘chief creative officer’ (CCO) e sócio da Bar Ogilvy fala sobre a indústria do reconhecimento em que os prémios dos festivais se tornaram, o uso da inteligência artificial (IA) nos processos criativos e os desafios geracionais na publicidade.

Com 35 anos de carreira em publicidade, o que o torna um dos mais antigos no ativo, José Carlos Bomtempo revisita a Medalha de Ouro nos Young Creatives, em 1998, e a experiência de trabalho em Angola, onde criou algumas das marcas locais mais emblemáticas, e projeta o que uma futura reforma lhe pode destinar: a criação de conteúdos para marcas.

Qual é o balanço que faz da prestação das agências portuguesas este ano no festival de Cannes, tendo em conta que a Bar foi a única que ganhou um Leão, excetuando o Grande Prémio em Pharma com produção da Bro Cinema e o Bronze nos Young Lions?

Confesso que estou um pouco desiludido, triste. Era expectável que, pela qualidade dos trabalhos, houvesse mais prémios para Portugal. Infelizmente não aconteceu.

Não conheço a totalidade das peças em concurso, mas o gráfico apresenta-nos, de certeza absoluta, um decréscimo naquilo que depois terá impacto em termos do número de jurados, porque aquilo que os nossos prémios conquistam terá uma repercussão sobretudo em termos de jurados na próxima edição do festival, onde seremos impactados, provavelmente.

Felizmente temos os jovens criativos que ainda vão estando no topo da tabela, mas naquilo que é a restante prestação este ano, infelizmente, há muito pouco reconhecimento do festival em relação ao trabalho das nossas agências.

Alguns dos trabalhos que estavam em ‘shortlist’ já iam premiados de outros festivais. Há alguma explicação para não terem sido premiados em Cannes?

Cannes continua a ser o festival mais exigente do ponto de vista criativo, tem essa responsabilidade, e, depois, depende muito do critério do presidente ou dos presidentes de cada júri.

Com essa enorme exigência, Cannes não tem problema nenhum em não atribuir prémios em determinadas categorias, por concluir que o trabalho existente não cumpre aquilo que é considerado criativo.

Ou dá simplesmente um Bronze ou não premeia de todo. Os prémios não estão lá para serem dados, são para a criatividade que é reconhecida. Em muitas categorias chegam à conclusão que o trabalho existente não cumpre aquilo que é considerado criativo.

Em termos dos Grandes Prémios por categoria, a qualidade está acima do ano passado?

Há tanta coisa boa, mas ainda não fiz esse exercício, estive mais atento àquilo que são os prémios que podiam vir para Portugal. Fico sempre à espera de ver depois o todo final já organizado e pronto a consumir, sem ter de andar à procura nos sites e nas redes sociais.

Como sou ansioso, se andar muito em cima da necessidade de descobrir isso, ainda fico mais acelerado e prefiro deixar chegar ao final e ver, calmamente, as peças vencedoras.

Temos uma produtora nacional, a Bro Cinema, que ganhou o Grande Prémio em Pharma, com um projeto-piloto do Hospital da CUF, com a Siemens Healthineers, mas com criatividade de uma agência norte-americana. Que leitura faz disto?

Não me surpreende, porque o modelo de negócio das produtoras obriga-as a terem uma enorme disponibilidade para estar além-fronteiras, de forma muito presente. O mercado português é muito pequeno e as produtoras têm de estar abertas, como estão já com a prestação de serviços que fazem cada vez mais.

Essa disponibilidade faz com que tenham uma forma de estar completamente diferente das agências, que têm outro modelo de negócio. Se tivesse uma produtora faria exatamente a mesma coisa, com parcerias com o resto do mundo, sempre de mala na mão à procura de novos projetos. As produtoras portuguesas têm uma qualidade fantástica e os realizadores portugueses são ótimos, dos melhores do mundo.

Por que razão este ano não foi ao festival de Cannes?

Só vou quando ganho e tenho de subir ao palco, porque é extremamente caro ir a Cannes. Adoro ir, mas é um investimento gigante e tentamos distribuir a alínea de prémios e festivais de uma forma que seja melhor para a agência. Normalmente também me calham sempre imensas campanhas para fazer nessa altura e acabamos por ter muito trabalho.

Quando é que deixou de ir?

A última vez foi há dois anos, para ir ao palco buscar um Leão. Antigamente ia sempre, os tempos eram outros. Com Cannes extremamente caro não dá, infelizmente, para ir tantas vezes quantas gostaria.

Fizeram um concurso interno de criatividade em que o prémio foi uma viagem ao festival?

Sim. Na WPP [rede multinacional de agências em que se integra a Bar Ogilvy] faço a coordenação da direção criativa de todas as agências. Entre todas as empresas do grupo fizemos um concurso de criatividade, com o foco em Cannes, porque temos o objetivo de ganhar Cannes, idealmente todos os anos.

Quisemos estimular a criatividade interna, em que todas as pessoas que gostam de criatividade podiam participar, e houve uma enorme adesão. É muito mais importante para mim proporcionar a ida à Cannes aos outros que nunca foram, do que ir eu que já fui dezenas de vezes.

É muito interessante e enriquecedor, sem dúvida, pelas conferências, por tudo aquilo que se lê nas entrelinhas e se apanha – mas que também se consegue apanhar na internet -, mas é mais importante para mim que o sangue novo vá a Cannes e ‘beba’ isto.

O concurso foi aberto só a criativos ou abrangia pessoas de qualquer área?

Foi aberto a todas as empresas do grupo e a todas as pessoas. A criatividade vem de quem vive atento a ‘insights’ e de quem gosta. Participaram, inclusive, pessoas da área da contabilidade e da receção, mas infelizmente não ganharam, teria imensa graça.

Sobretudo aquilo que mais nos interessa é o ‘insight’ de quem trabalha em comunicação, das pessoas que observam o consumidor, que ensaiam ideias todos os dias.

Muitas vezes estão tímidas, porque não têm o estatuto de criativo e inibem-se de dar ideias, mas quantas vezes têm coisas maravilhosas que valem ouro.

A sua primeira vez em Cannes foi em 1998, quando ganhou os Jovens Criativos, com o Diogo Anahory. Como foi a experiência?

Sim, tinha 28 anos, estava no último ano em que podia concorrer. Na época tínhamos de apresentar a proposta em 24 horas. Agora já não sei bem como é que é, acho que é em 48 horas e há imensas categorias.

Nessa altura tínhamos que dormir lá, se levássemos saco-cama e almofada daria imenso jeito. Lembro-me que era uma sala fechada com 30 divisões, cada uma delas equipada com computadores e impressoras e identificadas com a bandeira de cada país.

Uns cubículos para as duplas criativas estarem a pensar durante 24 horas, sem saírem à rua. É importante lembrar que nesse tempo não havia internet nem Google, nada destas ferramentas estavam disponíveis, nem máquinas fotográficas.

Deram-nos um livro de banco de imagem – que as novas gerações nem sabem o que é – e tínhamos que nos safar com esse livro.

Que memórias tem como mais marcantes?

Não havia muita privacidade e as outras duplas circulavam no mesmo espaço. Sendo eu o diretor de arte, construí a peça toda em 500% de ampliação, para que se alguém passasse nas minhas costas não visse a nossa ideia.

A peça estava tão ampliada que o ‘layout’ só existia na minha cabeça, sabia exatamente em que parte do anúncio é que estava a trabalhar. Isto é um exercício mental que ninguém imagina. Só vi o anúncio por inteiro quando o imprimi.

Ainda se lembra do ‘briefing’?

Lembro-me perfeitamente do ‘briefing’ e da peça, que tenho guardada em casa. O ‘briefing’ era um pedido de donativos para crianças em África, que precisavam urgentemente de uma cirurgia ao coração.

Fizemos uma criança, lá está, em Photoshop, com a cabeça de uma e o corpo de outra. Inventei em Photoshop uma cicatriz no coração, em que os pontos da cirurgia eram as assinaturas de cada pessoa que tinha feito o donativo.

O ‘copy’ dizia ‘Your name is always in my heart’. Nesse ano, ganhámos um Leão em Cannes, com a peça com que ganhámos os jovens criativos em Portugal, que foi publicada no Diário de Notícias.

Era um anúncio que mostrava um homem faminto, africano, desidratado, cheio de moscas e com uma taça de champanhe no chão, em que lhe estavam a servir champanhe, para celebrar os 50 anos da Declaração Universal dos Direitos do Homem – hoje tínhamos de repensar também isto para abranger as mulheres.

Éramos dois miúdos em Cannes que não só ganhámos Ouro com os jovens criativos, como um Leão na competição principal, numa categoria muito difícil, porque conseguimos que alguém nos bancasse a inscrição, a EPG/TBWA.

 

Os prémios e a indústria do reconhecimento

Nessa época, Cannes tinha apenas duas grandes áreas, Film e Press & Poster, e abrangia ‘meia dúzia’ de setores de atividade. Como é que vê a posterior industrialização do festival, com dezenas de áreas e categorias?

Chamo-lhe a indústria do reconhecimento, que descobriu que o ego da indústria tinha de ser sustentado e, em cima disso, criaram milhares de categorias, com uma dispersão gigante.

A indústria do reconhecimento de Cannes ou de qualquer outro festival, não falo especificamente de Cannes, tem imensas categorias, o que é uma seca, as entregas de prémios nunca mais acabam.

Há prémios para tudo e para todos, com tantas categorias, o que pode ser um risco e banalizar o reconhecimento, que está vulgarizado. Sobretudo quando vivemos na era da calça rota e das Havaianas.

O que é que isso significa?

Perdeu-se a solenidade do prémio. Nos anos 1990 ou 1980, os prémios eram uma coisa solene, respeitada. Apesar de Portugal ter ganho poucos prémios, há prémios a mais.

Há mais festivais e categorias e atribui-se mais prémios, mas ganha-se menos, o que parece uma contradição. Ou a publicidade está com menos qualidade?

Não, de todo. Está é cada vez mais difícil, ao mesmo tempo – o que também pode parecer outra contradição – porque está tudo tão rápido e a exigência é outra, que não é dos anos 1980, 1990 ou até dos anos 2000. Hoje há uma exigência maior.

Na velocidade com que se produz ou na qualidade?

Em tudo, velocidade e qualidade, o tempo de hoje é muito mais rápido. Sistematizou-se o prémio.

Essa sistematização ou massificação dos prémios está a retirar-lhes importância?

O prémio perdeu solenidade, que é o que eu não gosto. Difícil é, porque é sempre difícil e exigente. Há muitos prémios e festivais e não há tempo para tudo.

É preciso despachar isto e aquilo e depois não há pauta, a banda não toca, as pessoas não saboreiam os prémios. Há umas décadas, o tempo era outro, as coisas tinham outro sabor, demoravam mais tempo. Hoje é tudo muito rápido, muitos prémios, muitas coisas.

O que é que os criativos encontram hoje no trabalho com criatividade, face ao seu início de carreira?

Desses criativos do antigamente já existem poucos porque não se adaptaram ou chegaram ao fim de carreira. O que vale é que existe uma nova geração que não tem a noção do antes, para eles continua a ser tudo fascinante.

Antigamente havia mais dinheiro, mais tempo e foco em grandes ideias e produções, que era uma coisa mais presente. Hoje as marcas são mais contidas, é tudo mais contido.

As marcas terão concluído que conseguem fazer o mesmo com a mesma qualidade, mas com menos dinheiro e tempo?

Sabe porquê? Porque, de certa forma, a estética da autenticidade institucionalizou-se nos últimos tempos e a autenticidade é desculpa para tudo. Todas as marcas falam de autenticidade e querem ser autênticas.

Qualquer ‘briefing’ fala de autenticidade, que arrasta uma estética que é ‘low-cost’. Pode ser com gente feia em casas feias, com tudo barato, porque é autêntico. A estilização, a sofisticação e o aspiracional não estão tão em voga nos dias de hoje.

Desapareceram da publicidade?

Bastante. Na indústria automóvel, por exemplo, filma-se um carro em estradas esburacadas, feias e com grafitis feios por trás. Temos as grandes marcas a fotografarem os automóveis nesses ‘backgrounds’, com um tipo de iluminação que parecem fotografias tiradas com o meu telemóvel. Vivemos uma estética de total desapego ao cuidado.

Tenho memória do tempo em que, para fotografar o mesmo automóvel, chamava-se os bombeiros para molharem a estrada, que ficava a brilhar, escolhia-se o sítio mais limpo e havia outro cuidado.

Havia mais tempo e uma lógica de sofisticação, de criar valor nos produtos e nas marcas. Parece que hoje o mais importante é esta palavra que já não aguento, que é a autenticidade.

Adoro autenticidade, quando não é fabricada. Vivemos na era da ardósia vinilada, não é ardósia, parece, mas é vinil. Não é autêntica, parece.

Tem saudades do que a publicidade já foi?

Tenho alguma saudade desse tempo, apesar de ser uma pessoa completamente adaptada à realidade de hoje. Este negócio vive de sangue novo, que não é só gente nova, recém-chegada. Sangue novo é a capacidade de nos reinventarmos e de nos adaptarmos, fazendo o melhor.

Gostando da profissão e da criatividade, como eu gosto, estas ‘queixinhas’ que estou a fazer são só hoje, porque nunca as faço.

Tem toda a propriedade para isso, sendo um histórico na publicidade nacional e dos criativos mais antigos no ativo.

Já levo três décadas disto.

Hoje há mais e melhores criativos e é mais fácil encontrá-los?

Temos excelentes criativos. Há é uma espécie de retardamento no momento em que aparecem, geracionalmente. Qualquer dia o concurso dos jovens criativos é até aos 35 anos, no meu tempo era até aos 28.

Esta geração entra mais tarde no mercado de trabalho e tem uma maturidade que só surge mais tarde, comparativamente com a minha geração, porque as coisas estão todas a acontecer mais tarde. É uma geração que tem muito valor, mundo e formação, tem um mundo a seus pés, tem aquilo que nós não tivemos.

Mas um criativo com 25 anos na minha fornada teria forçosamente de já ter prémios e reconhecimento, isto nos anos 1990. Hoje isto espera-se mais tarde, já depois dos 30 anos.

Está-se a amadurecer mais tarde e o processo criativo exige uma certa maturidade, para chegar à capacidade de criar conceitos e de usar o nosso dia a dia nesse processo.

A criatividade é para si um negócio, tendo até em conta o facto de ser um diretor de arte?

Antes de mais, sou um criativo. Nos meus primórdios, estive na dúvida se seria um redator ou um diretor de arte, mas mais rapidamente me agarrei à parte gráfica, sempre com o foco e o interesse na parte conceptual, obviamente.

Neste negócio, temos de gostar de negócios porque temos de observar ‘insights’ de negócios. Temos de gostar de criar retorno com o nosso trabalho. Há muitos criativos com imenso talento que vão para agências, mas se calhar não gostam de negócios.

Gostam do quê?

Gostam de outras coisas que eu também gosto, como arte, poesia e livros. Mas esta indústria, na sua essência, foi feita para nos confiarem e depositarem a sua marca e dinheiro. Se não há retorno nem uma compreensão disto, não há uma compreensão do negócio dos clientes.

Para que serve, então, esta criatividade? É bom sermos criativos sem visão de negócio em outras áreas e ‘hobbies’, ter outros mundos. Mas façam livros, arte ou cinema alternativo, em que ter a sala vazia não é um problema, porque o filme não é para dar dinheiro.

As marcas estão a investir menos em criatividade?

As marcas estão a dispersar muito. Comparativamente com os anos de 1980, 1990 e 2000, têm tantos canais que fracionam os orçamentos anuais por vários momentos de contacto com o consumidor, o que faz com que se perca o foco da grande obra, da grande ideia e do grande momento. Há muita dispersão de ‘budget’, porque as marcas querem ir a todas e estarem em todos os meios.

Dispersam por mais agências, como as de ativações e de marketing digital e de influência, que antigamente não existiam?

Todas as disciplinas deste negócio têm direito a integrar criatividade, quer seja media, relações públicas ou o que for. A criatividade tem de ter um modelo, tem de estar democratizada.

Há é quem faça bem e quem faça mal, mas não posso querer que as agências de ativações não façam criatividade nem que os clientes tenham departamentos criativos dentro das suas marcas.

Ter criatividade interna é uma questão de poupança ou de controle de processos?

É uma questão de agilidade, porque as agências, muitas vezes, têm dificuldade em dar uma resposta ao segundo. Basta ver os modelos de negócio, o peso que a área comercial tem dentro das marcas, em que as coisas nas empresas acontecem ao segundo.

Se as marcas operarem internamente em momentos táticos de oportunidade, é muito mais rápido para elas. Não chamo a isso criatividade, chamo-lhe ‘fazer uns bonecos’.

Isso está a esvaziar a importância que a criatividade já teve?

É um processo incontornável. Ao mesmo tempo, as marcas e os anunciantes sabem que precisam de boas ideias e de bons criativos, que estão nas agências, até ao dia. As agências é que têm de dar respostas e garantir aquilo que é a essência da criatividade, as grandes ideias que têm o impacto tão desejado.

Isto é o que as agências têm de defender e não tenho a menor dúvida de que não é isto o que os clientes querem tirar das agências. Só querem tirar uma parte prática e operacional da vida deles. Do nosso lado, acabámos por ficar mais focados na ideia, que é aquilo que é expectável de nós.

Há casos, na Bar Ogilvy ou no grupo WPP, de marcas que tenham vindo buscar criativos para trabalhar internamente do lado deles?

Sim, acontece com alguma frequência. É o mercado, vivo perfeitamente bem com isso porque tudo aquilo que atrapalha a relação entre a agência e o cliente, muitas vezes, não é a criatividade, é a arte final 27/42 que não chegou a horas, coisas menores que atrapalham a relação.

Quais são as novas variáveis a ter em conta na criatividade, com o digital a dominar enquanto suporte de comunicação?

Os ‘briefings’ são cada vez mais ‘digital first’. Temos de ter uma ideia, um conceito, e desgraçado do que ainda fica a pensar dentro do ‘quadradinho’ do ‘outdoor’ ou do filme. A ideia tem de se perceber, viajar e fazer muito bem o contexto que as marcas precisam.

Tem de ser um conteúdo com contexto, que conte bem uma história – nem quero referir a palavra ‘storytelling’, porque também já não posso com ela. Tem de nascer como uma ideia pura e dura, que se aplica a qualquer plataforma.

Quando temos a certeza de que a ideia trabalha em qualquer plataforma, isso dá-nos uma tranquilidade como criativos para rapidamente depois, em função dos planos de media, fazer logo encaixar as peças do puzzle, que normalmente, e cada vez mais, são digitais.

Mas, na verdade, o grande exercício de síntese, para perceber se temos uma boa ideia ou não, continua a ser o ‘quadradinho’. Quando se espreme uma ideia para perceber se está lá o conceito, a mensagem que importa, e se tira todos os recursos do digital e as execuções, e se fecha numa ‘orelha’ no jornal da Guarda, é aí que se vê se temos ou não um conceito.

Nessa lógica digital, a IA já é uma ferramenta que utiliza muito?

Utilizo muito, muito mesmo, mas nas ideias a inteligência artificial é para esquecer… coitada da IA. O ChatGP até tem ideias, mas tem mau gosto, não dá. Além disto, a IA demora horas, é preciso tempo para pôr os ‘prompts’, que hoje em dia são os nossos ativos.

Estamos na mesma a gastar imenso tempo, temos é muito mais possibilidades de escolha. É um diálogo e gosto de dialogar com a IA, mas depois eu é que decido, eu é que sou o diretor criativo, eu é que sei.

É muito bom para bater bolas, quer visualmente quer de forma escrita. Agora não acredito, ainda não existe, essa coisa de pedir à IA uma ideia porque tenho de sair às 18h e preciso de despachar uma campanha.

Não dá para passar o ‘briefing’ à IA para ela arranjar uma ideia?

Não. É um bom estimulador, quase como uma dupla, em que se tem aquilo que alguém chamou ‘o monólogo do vaqueiro’. Chuto uma coisa que é o princípio de uma ideia e do outro lado há um enorme silêncio, porque o outro lado, como minha dupla, fica a pensar se aquilo que eu disse faz sentido ou não, ou se consegue ou não acrescentar alguma coisa.

Com a IA como dupla é muito rápido porque responde rapidamente, a acrescentar ou a dar variações daquilo que eu disse. O diálogo é muito mais rápido e maior e, neste sentido, sinto uma maior agilização com a IA a estimular.

A IA estimula menos a criatividade humana por fazer parte do trabalho com ‘inputs’ ainda limitados?
Não, torna-me mais criativo. O perigo é que pode tornar as pessoas mais preguiçosas. Se o criativo não tiver ‘craft’, brio e noção daquilo que é impactante e que faz a diferença, vai ser levado pela primeira ideia que a inteligência artificial lhe der.

A luta e sofrimento pela boa ideia vão continuar a existir sempre. Para mim, a IA é uma ferramenta. Do ponto de vista da ilustração, por exemplo, hoje em dia com IA conta-se o filme muito mais rapidamente e até há algumas profissões que estão em causa por disto.

Quais são as profissões que estão em causa na criatividade e na publicidade?

Por exemplo, na área da ilustração, em que o Midjourney está a fazer uma enorme concorrência aos ilustradores, com um nível muito elevado de qualidade. Obviamente que tem de ter os ‘prompts’ certos, mas pode-se ir buscar os ‘prompts’ de outros autores, que já os fornecem.

Consegue-se criar imagens com base na estética desses autores, que vão deixar de ilustrar para ganhar dinheiro com os direitos dos ‘prompts’. Vai acontecer a mesma coisa com os atores, que vão dar a cara nas campanhas, mas estão em casa, nem precisam de aparecer nas filmagens. Vamos ver como é que isto evolui, gosto de fazer futurologia e estou sempre disponível para o futuro.

O presente já está feito e vivido. O nosso negócio vive de futurologia, por isso é que somos pessoas ansiosas, estamos sempre a pensar na campanha do próximo ano.

Quando foi a Cannes a primeira vez, em 1998, imaginava que ia existir uma coisa chamada IA que ia ajudar a fazer campanhas?

Não imaginava. Para mim isso era ficção científica. Nesse tempo nem havia internet ou não era acessível de forma massificada, não estava nas empresas. Quando estava, era muito rudimentar e chata, demorava horas e fazia barulho.

Estava longe da ideia de IA mas, hoje, já não consigo trabalhar sem ela. Trabalho basicamente com o ChatGPT e o Imagine, que é a ferramenta do grupo WPP, que é muito forte em tudo, imagem, texto, pesquisa e comparativo de marcas.

Trabalho também com o Midjourney, que faz coisas incríveis. Com o ChatGPT é um diálogo permanente, mesmo que ele invente coisas, porque já percebi quando é que ele está a mentir.

No trabalho do dia a dia, o que é que pergunta ao ChatGPT?

Tanta coisa. Por exemplo, pergunto quais são as 10 barreiras que o consumidor tem em relação a determinado produto. É uma coisa que muitas vezes vem no ‘briefing’, mas sinto necessidade desse diálogo estimulante com a máquina.

É uma forma de ‘aquecer’ a cabeça e a mente para começar a direcionar-me e isto a IA faz bem. Crio algumas coisas, confesso, como rimas, peço-lhe várias hipóteses de palavras que rimem.

Não sei se é bom, mas deixei de ser tão chato com as pessoas porque em vez de estar sempre a perguntar-lhes “olha, sobre isto e sobre aquilo? Como é que se faz?”, pergunto à inteligência artificial.

Fica satisfeito com a resposta?

Na maioria das vezes, sim.

O papel social da publicidade

A criatividade tem ou deve ter um papel social?

Sem dúvida. A criatividade tem de ser repensada porque estamos a chegar a uma era em que devíamos mudar o ponteiro, porque há muito talento e bons criativos em Portugal.

Tudo bem que as marcas é que nos pagam e garantem-nos o salário, mas se essa criatividade não é direcionada… Na verdade, há uma ausência de direção geral do país.

O país tem tantos problemas, e obviamente que a criatividade não é política, mas devia focar-se cada vez mais naquilo que são os nossos problemas como país.

Refletir os problemas do país nas ideias e campanhas que se fazem para marcas?

Sim. Temos um papel social, sem dúvida, porque somos seres humanos que andamos na rua e somos sensíveis às causas. Por esta razão é que há cada vez mais causas sociais nos festivais de criatividade.

É uma categoria cada vez maior e com as marcas em parceria com uma causa ou associação, porque são essas campanhas que nos ajudam a mudar mentalidades e isso é que é fundamental.

Este contributo das marcas, associadas a causas que ajudam a mudar mentalidades, constroem uma sociedade mais justa, com menos preconceito e mais equidade.

Isso continua a ser publicidade?

É publicidade, mas há quem lhe chame propaganda.

Publicidade é vender um produto ou serviço, em que o consumidor sabe, claramente, que é isso que está a ver?

Pois, só que as marcas têm essa responsabilidade hoje em dia, pagam impostos e salários, são pessoas. Como é que as marcas não podem ter essa responsabilidade?

Porque os consumidores exigem-lhes essa responsabilidade?

Cada vez mais. As marcas têm de ter esse papel, esse propósito. Nunca se falou tanto de propósito, que seja claro e mais definido. O consumidor tem de olhar e perceber o que é que a marca lhe diz, além de estar a vender sabonetes ou gelados.

Isto tem de ser claro. As novas gerações então são brutalmente exigentes nisto, estão sempre a querer descobrir o que é que determinada marca defende, de que lado está a marca. Cada vez mais, as marcas são ou têm de ser políticas.

A indústria criativa está mais atenta a questões como, por exemplo, a desigualdade de género e os estereótipos machistas na publicidade?

A nossa indústria é um reflexo do mercado, daquilo que é o consumidor na rua, o consumidor pensante. Não querendo cair num lugar comum, mas o perigo aqui são os radicalismos.

O que me preocupa e interessa é se há ou não talento. Se é homem, mulher ou transgénero, não é uma preocupação. A maior preocupação é que o talento apareça. Acho que se está a exagerar, para um lado e para o outro, e tem de haver algum bom senso.

Essas questões são parte do mercado como um todo, quando um anúncio candidato a um prémio no festival do Clube da Criatividade de Portugal (CCP) é retirado, acusado de ser machista?

Em relação à gestão do CCP, não quero entrar por aí. O que sei é que estou num grupo, o WPP, que dá muita importância a isso. Que haja equidade com mais espaço para as mulheres e que se combata o preconceito. Não conheço os outros grupos, mas aqui a orientação é muito forte nesse sentido.

No grupo em Portugal, qual é a percentagem de mulheres face aos homens?

É maior, mais de 50%. Na criatividade, deve andar ela por ela, 50/50. Na Bar Ogilvy, tenho 50/50.

E imigrantes, portugueses descendentes de estrangeiros ou negros das ex-colónias?

Ainda é muito o português clássico. Só agora é que essa população, a que chegou a Portugal no início dos anos 2000, começa a ter os filhos com idade para entrarem no mercado de trabalho.

Nunca recebi emails nem portefólios, por exemplo, de ucranianos e até estou numa rede que criou uma plataforma para essas pessoas serem integradas em agências. Aqui nunca ninguém nos veio bater à porta.

Pelo contrário, até fizemos uma campanha. Pelo o que percebi, essas pessoas, ou a maioria, ficaram em países mais próximos da Ucrânia. A Polónia ficou com muitos criativos e a Alemanha também.

E pessoas dos PALOP ou do Brasil, que representa a maior comunidade estrangeira em Portugal?

Brasileiros há imensos, sempre tivemos uma enorme tradição de criativos brasileiros, muitos que vêm e vão, dependendo do estado da economia. Não sei dizer os que cá ficam instalados de vez, até porque os filhos deles, se aparecerem, já nasceram em Portugal e não têm sotaque.

Estamos disponíveis e temos a porta aberta para receber essas pessoas todas e integrá-las no grupo. Mas é como o ovo e a galinha, sabemos que elas existem, mas aonde? É difícil. O perfil de um criativo é muito específico.

Quando queremos contratar alguém é em função de uma conta e de ‘n’ variáveis, em que também ajuda conhecer o nosso mercado e cultura. É sempre mais difícil para quem chega de fora, porque precisa de um tempo de adaptação.

Os inputs de criativos imigrantes podem ser importantes se as marcas comunicarem para essas demografias. Há ‘briefings’ de campanhas direcionadas para esses segmentos?

Isso acontece nos Estados Unidos, que é um país-continente com comunidades muito fortes e agências especializadas nos hispânicos e afro-americanos. Em Portugal não há escala, somos cada vez mais globais.

Fracionarmo-nos dentro de um país e de uma economia, que já é o que é, é muito difícil. A não ser que fosse através de segmentação de redes sociais. O que se vê nas marcas é uma preocupação em trazer essa diversidade para a materialização da comunicação.

Essa preocupação e materialização são autênticas?

É uma coisa quase de quotas. Quando não aparecem na comunicação tem a ver com a escalabilidade do mercado. Uma superfície de grande distribuição não quer vender água de coco aos brasileiros que estão cá, quer vender para toda a gente, porque o mercado é pequeno. É investir em comunicação para um hipernicho, tem tudo a ver com ‘economics’.

Nasceu e cresceu em Moçambique. Isto dá-lhe um olhar diferente em relação à criatividade?

Acho que sim. Moçambique e outros países africanos dão uma visão da vida em formato panorâmico, tudo é grande e amplo. Às vezes, sou acusado de ser megalómano.

O ser megalómano talvez seja fruto da paisagem africana da minha infância, em que as distâncias eram enormes e tudo tinha de ser pensado em grande.

Aqui sou muito feliz, mas também seria muito feliz em mercados de grande dimensão, onde há uma quantidade enorme de consumidores, um espírito festivo permanente e uma efervescência.

Teve essa experiência em Angola, com a Bar?

Tive. Angola foi um momento inesquecível na minha vida profissional. Portugal vivia a crise do pós-’subprime’, Angola estava a ressurgir.

Durante aqueles anos, que ainda foram alguns, o país não tinha marcas nenhumas e tive o privilégio de ser o ‘pai’ de muitas marcas angolanas, como a Blue e todas as outras da Refriango, por exemplo.

Sentia que estava a criar cultura. Em qualquer estudo de mercado, as pessoas sabiam de cor as músicas dos anúncios e cantavam-nas. Vivi uma coisa maravilhosa – que pouquíssimos publicitários e criativos terão vivido -, que foi o consumidor amar as campanhas, gostar de ligar a televisão para ver as campanhas.

Enquanto em Portugal se vivia o oposto, que era o início desta dispersão da publicidade, em África estava a ter a oportunidade de participar na nova cultura de uma nova geração, que estava a nascer no pós-guerra e que tinha imensa esperança. Era um mundo novo que começava a ter as suas próprias marcas.

Qual é a melhor memória que tem dessa época?

A rapidez com que tudo acontecia e a necessidade do mercado de ganhar tempo, por causa do tempo que perdeu. Faziam-se muitas coisas boas, de belíssima qualidade, com muita fartura e disponibilidade dos anunciantes. Havia dinheiro para gastar porque sem dinheiro este negócio não existe.

Qual foi a pior memória?

Foi ser preso pelo polícia da minha filmagem porque me pediu o passaporte e eu não o tinha. O polícia que estava a guardar a minha própria filmagem levou-me para a prisão, foi engraçado.

Ainda lhe perguntei “então não está a ver que eu sou o tipo das filmagens”. Não quis saber. Levou-me a mim e ao realizador, que também não tinha passaporte.

Estivemos presos umas duas horas, até o produtor descobrir que estávamos numa esquadra lá perto. É daquelas histórias de África que até têm graça. Não fui maltratado nem me pediram dinheiro.

É outra cultura e essa é a graça de África, convive-se com o melhor e com o pior. Tem tanta gente boa e tem o outro lado, por isso é que África é intensa e desequilibrada.

É praticante de corrida de trilhos, mestre em poda de árvores e faz ‘bushcraft’. Esta necessidade de natureza é por ter crescido em África ou é uma fonte de criatividade?

Já pensei nisso. Saber podar uma árvore é como gerir uma empresa, pôr a árvore a render e a dar frutos. Como criativo, preciso muito de oxigenar o cérebro e a criatividade não tem horário. Aprendemos a viver com a busca de soluções criativas mesmo nas férias e a socializar na vida pessoal.

Tentamos que os outros não percebam, mas, na verdade, temos sempre um ‘briefing’ na cabeça para ser respondido. Estou a rir com um copo na mão, mas estou a precisar de uma ideia, quer seja Natal ou verão, é non-stop.

Correr nos montes, e tudo o que tem a ver com ar livre e que faça disparar a dopamina, é uma inspiração. O meu escape é o trabalho, gosto muito do que faço.

Adoro as pessoas e estar neste ambiente, cada vez mais cheio de uma nova geração e de sangue novo de muitos velhos que fazem essa ‘transfusão de sangue criativo’, que são capazes de se reinventar e reciclar.

Defende o êxodo urbano, em que a criatividade tem um papel. Porquê?

Por uma questão de equilíbrio, que é outra das coisas que a criatividade deve pensar no futuro: como trabalhar o equilíbrio? Com estas sociedades em que se vive em desequilíbrio, há toda uma avenida nova para o futuro que é trazer equilíbrio.

E as marcas vão ter essa responsabilidade. Quando falo de êxodo urbano é o contrário do que aconteceu no pós-Segunda Guerra, com o êxodo rural em que as pessoas vieram do Alentejo para Lisboa e criaram-se os bairros de barracas.

Hoje, vivemos a era dos nómadas digitais, do apelo da natureza, temos autoestradas para pagar até 2340 e podemos ser criativos com mais mobilidade, combatendo a desertificação com a redistribuição da população.

Já há bastantes criativos a viver fora de Lisboa.

A pandemia trouxe isso. É preciso repensar o território e há imensas coisas em que a criatividade pode ajudar e terá um papel no futuro. Com as plataformas digitais, podemos viver de forma maravilhosa junto a um rio limpo e bonito e estar a duas horas de Lisboa.

Por que razão temos de estar todos em cima uns dos outros a pagar casas caríssimas em Lisboa?

Há a questão do estatuto de viver em Lisboa?

Também era um sinal de estatuto o criativo ir para Nova Iorque ou para Londres. Hoje, o maior sinal de estatuto é a liberdade e a mobilidade. É a independência de procurar aquilo que nos inspira, de forma mais livre.

É e mantém-se urbano. Por que razão?

Sou urbano, mas ‘fujo’ todos os fins de semana. Neste momento não é possível mudar-me, pelo trabalho de gestão e administrativo que tenho e pela minha família, que também não tem disponibilidade.

Se tivesse 20 e tal anos e sem os compromissos que tenho, viveria no interior. O que vai acontecer cada vez mais é usar a mobilidade e a liberdade para sermos mais criativos, a trabalhar para o mundo com as plataformas de IA.

Tem uma responsabilidade acrescida que é a supervisão criativa das agências do grupo WPP. No que é que consiste?

Criei um conselho criativo, com os outros diretores criativos, e o objetivo é estimular a criatividade para ter melhor criatividade e a capacidade de atrair talento para o grupo em Portugal. A atividade mais recente foi o concurso para ir a Cannes.

Hoje em dia é mais um gestor/acionista. Sente falta do trabalho criativo ou mantém um pé desse lado?

Faço a parte criativa e executiva de dois ou três clientes como Auchan, Associação de Promoção do Turismo da Madeira e grande parte da Santa Casa da Misericórdia, o que já é bastante trabalho. A última coisa que quero deixar de fazer é criar.

Tenho depois a responsabilidade do todo. Tenho uma dupla de diretores criativos, nascidos e criados aqui, muito talentosos, o Nuno Riça e o João Amaral, com quem faço a gestão da agência e que têm as restantes contas, como, por exemplo, Millennium, Nestlé e TAP.

Descobri que é interessante para mim trabalhar com estratégia, de que gosto cada vez mais, e juntei-me ao Eduardo Roquette, com quem vou batendo umas bolas. Quando ele não está, tenho a IA para dialogar. [risos]

A separação do Diogo Anahory foi há três anos. Sente falta de ter uma dupla, um parceiro direto?

Acabei por me juntar com o Duarte Roquette, diretor de estratégia, em vez de ter um redator. É uma dupla de estratégia/criativa.

Um criativo tem prazo de validade?

Tem, se não tiver a capacidade de se reinventar. Não pode ter medo das tecnologias, tem de estar recetivo e gostar do trabalho, independentemente do momento.

Nesta conversa, posso ter estado a fazer queixas do atual momento, mas adoro este momento. É uma contradição porque ao mesmo tempo gosto das dificuldades, da adversidade e da escassez, e de vir para aqui.

É sempre um desafio que me faz ir andando. É um dia de cada vez. O mercado é que vai dizer qual é a minha data de validade.

Qual é para si a sua data de validade?

É até não me quererem mais. É difícil pensar na reforma. O meu pai reformou-se e morreu, fiquei com trauma da reforma porque associei uma coisa à outra.

Vou ser de uma geração de novos seniores, que vamos trabalhar mais mas temos de ser inteligentes a trabalhar. Não me apetece ir para o jardim jogar às cartas, estou interessado em continuar a ser útil.

Vir trabalhar é uma forma que irei encontrar para me estimular e reinventar todos os dias. Gosto de entrar nesta porta impregnado do espírito de estagiário.

Se me sentir um estagiário continuo humilde, curioso e disposto a aprender com os outros. E, na maioria das vezes, até me esqueço que sou o chefe. Trato com muito carinho esse rapazinho que me acompanha, esse estagiário que vive dentro de mim e que não quero perder.

Tem um plano B?

O meu plano B para quando me reformar é continuar. Vou ter de ser inteligente, provavelmente não vou trabalhar tanto, mas tenho de vir aqui, tenho de acordar de manhã e ir a algum lado.

Tem necessidade de vir para a agência?

Tenho. Ou, mesmo que não seja a agência, o meu lado criativo vai-me pôr a trabalhar, seja como criador ou produtor de conteúdos. Gosto muito da área de conteúdos, vivemos na era dos conteúdos, que o consumidor devora.

Há um mercado numa área muito interessante de criação de conteúdos para marcas, que é uma coisa que poderei fazer mais tarde, se já não for tarde.

As marcas não estão já a pedir-lhe publicidade que seja um conteúdo, uma história?

Pedem-me ideias que, no seu ‘core’, sejam capazes de dar isso, mas eu vivo no ‘core’, na essência, isso já não passa por mim. Sei que tenho de vender uma ideia com esse potencial e, na minha apresentação, tenho de mostrar esse potencial numa perspetiva de 360º, que alguém irá fazer depois.

O que gostava era de ser eu a fazer isso. Pode ser que um dia mais tarde pegue numa câmara, vá correr mundo e vire influenciador, não faço ideia. Não tenho nada pensado.

Sobre o autorCatarina Nunes

Catarina Nunes

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Alexandra Martins assume marketing da Wotels

“Estou ansiosa por ajudar a contar a história de uma marca que está a crescer rapidamente, sem perder de vista o que realmente importa”, explica ao M&P a ex-diretora de marketing e comunicação da Sublime Hotels

Luis Batista Gonçalves

Alexandra Martins (na foto) é a nova diretora de marketing da Wotels, cadeia de hotéis, hostels, aparthotéis e ‘guesthouses’ com 15 unidades em Lisboa, Porto, Peniche, Ericeira, Sintra, Costa da Caparica e Algarve.

Licenciada em promoção turística pela Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril e mestre em gestão de viagens e turismo pela Universidade de Queensland, abraça um novo desafio após a direção de marketing e comunicação da Sublime Hotels, entre 2022 e 2025.

“Ao assumir este cargo, sinto-me profundamente alinhada com a missão. Estou ansiosa por ajudar a contar a história de uma marca que está a crescer rapidamente, sem perder de vista o que realmente importa”, admite ao M&P Alexandra Martins.

A ‘marketer’, que inicia a carreira como diretora de marketing da agência de viagens Equador, em 1997, foi formadora de marketing turístico no Centro de Formação Profissional para o Comércio e Afins (CECOA), tendo também trabalhado na agência de viagens online da Sonae, na gestão de operações da Leite Creme e como professora de negócios turísticos na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, antes de assumir a direção de marketing da TQ Travel Quality, em 2016.

“A Wotels destaca-se pelo seu modelo híbrido, que reúne o melhor dos hostels e dos hotéis para oferecer estadias flexíveis e orientadas para a comunidade, que refletem a forma como as pessoas realmente querem viajar hoje em dia. Não se trata de design chamativo ou luxo por si só, mas, sim, de experiências reais, soluções inteligentes e ligações significativas”, esclarece ainda Alexandra Martins.

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

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‘Há aí alguém?’ dá o mote ao 27º Festival CCP

Além de exposições, conferências, workshops e masterclasses, o evento, que tem a Betclic como patrocinador principal, repete as iniciativas Dia Aberto CCP Empresas, Ilustra 33 Hackathon EDP, Alta Voz, Hora Feliz e Portfolio Doctor

‘Há aí alguém?’ é a pergunta que dá o mote ao 27º Festival CCP. O evento, organizado pelo Clube da Criatividade de Portugal (CCP), regressa à Fábrica de Pão do Beato Innovation District, em paralelo com a 12ª Semana Criativa de Lisboa, entre 16 a 23 de maio.

Para além de exposições, conferências, tertúlias, workshops e masterclasses, o festival, que tem a Betclic como patrocinador principal, repete as iniciativas Dia Aberto CCP Empresas, Ilustra 33 Hackathon, Alta Voz, Hora Feliz e Portfólio Doctor.

A Semana Criativa de Lisboa arranca no dia 16, às 18h, com a conferência ‘Presidentes ao Palco’. Todos os presidentes de júri (Icaro Doria, da DM9; Miguel Viana, da Unlock Brands; Adriano Esteves, da Bürocratik; Andrea Siqueira, da Ampfy e João Nuno Pinto, da Garage, Do You Play?) abordam as várias vertentes das áreas criativas. Ainda nesse dia, inauguram as exposições dos trabalhos a concurso no Festival CCP 2025, bem como a exposição dos vencedores do Festival ADCE de 2024.

Nos dias 19 e 20, regressa o Dia Aberto CCP Empresas, onde mais de 20 agências, estúdios e produtoras abrem as suas portas para receber estudantes e profissionais que desejem conhecer estas empresas. A iniciativa é gratuita e oferece aos jovens a oportunidade de se aproximarem da realidade do mercado de trabalho e permite às empresas o contacto com novos talentos.

O dia 19 é dedicado aos jovens criativos e é marcado pelo regresso da Ilustra 33 Hackathon EDP, às 10h, com curadoria de Jorge Silva, fundador da Silvadesigners. A iniciativa volta a reunir os melhores estudantes de ilustração de oito escolas criativas nacionais, convidando-os a ilustrar ao vivo a pergunta que dá o mote ao festival. Os trabalhos realizados podem ser vistos no site do CCP.

Nesse dia decorre também o workshop ‘Encontrar Uma Voz’, das 14h às 18h, direcionado a estudantes das áreas de comunicação, marketing, publicidade e cinema.

IA, redes sociais e limites de idade à criatividade em debate

O CCP, no dia 20, abre o palco às conferências Alta Voz para inspirar e partilhar ideias. Das 10h às 18h, sobem ao palco diferentes temas de interesse para a comunidade criativa. Alexandra Machás, diretora executiva da Scopen, apresenta os resultados do inquérito ‘Best Agency to Work For’, que analisa as agências mais apelativas para trabalhar e revela ‘insights’ sobre mercado de trabalho na área criativa.

Segue-se a mesa redonda ‘Criatividade, Dados e Tecnologia para Redefinir o Impacto no Marketing’ com moderação de Filipe Pereira, diretor-geral da Carma, bem como a conversa ‘Descomplicar a Acessibilidade, Exemplos Reais’, que conta com participação das marcas Ikea e Continente, com moderação de Ruben Ferreira Duarte.

A inteligência artificial (IA), a partilha de informação nas redes sociais, o papel isolado do digital na publicidade em Portugal e os limites de idade à criatividade são outros dos temas em cima da mesa. O bilhete é gratuito com inscrição obrigatória através do site do CCP, com limite de lotação de 300 lugares.

“O dia termina com a terceira edição do Hora Feliz ‘Leituras e Copos’, das 17h30 às 20h30 na sala Sagres, que conta mais uma vez com a curadoria de Pedro Pires, cofundador da Poets&Painters”, esclarece o CCP no documento.

Encontros aproximam estudantes e criativos

O dia 21 é dedicado à formação, com o workshop ‘Dois Gajos do Porto Sentam-se Numa Mesa de Lisboa para Dar Bitaites’, com os formadores Hugo Veiga (AKQA) e João Coutinho (Atlantic New York), a abordarem o panorama nacional e internacional entre as 10h e as 13h. Das 14h às 18h, o festival recebe ‘Strategy Is Your Words’, uma masterclass sobre estratégia com Mark Pollard, CEO da Sweathead.

Pelo terceiro ano consecutivo, o CCP realiza o Portfolio Doctor, um ‘speed dating’ que junta estudantes e recém-formados a diretores criativos convidados, entre as 10h às 17h30. “Dirigido a quem tem trabalhos de escola para mostrar, projetos pessoais, um ‘behance’ ou até apenas um CV com fotografia e precisa de saber como se destacar. O Portfolio Doctor também é indicado para quem tem mais experiência, mas gostaria de receber dicas para melhorar a organização do portefolio. Serão três consultas de 15 minutos com alguns dos melhores diretores criativos do mercado”, informa o CPP.

Ainda no dia 21, entre as 18h e as 22h30, realiza-se a Tertúlia CCP – Trabalho e Conhaque, em parceria com a Associação Portuguesa das Agências de Publicidade, Comunicação e Marketing (APAP). ‘Verdade Seja Dita – AI AI AI!’ é o tema do encontro, uma reflexão sobre o papel fulcral da inteligência humana no processo criativo, nas áreas do design e da publicidade.

O dia 22 é inteiramente dedicado ao ciclo de Conferências CCP ‘Há aí alguém?’. “As conferências decorrem das 10h às 18h30 e o bilhete diário tem o valor de €70, sendo €40 apenas manhã ou tarde. Para os sócios CCP os bilhetes têm um desconto de 50%”, salienta a organização do evento, que termina com a Gala do Festival CCP, a partir das 16h de 23 de maio, data em que se anunciam os prémios das seis categorias do 27º Concurso CCP 2025 e são revelados os vencedores do Grande Prémio para o Bem, Grande Prémio Jornalistas e Grande Prémio CCP 2025.

“Nessa tarde, sobem ao palco os talentos Young Lions que vão representar Portugal em Cannes este ano. São também revelados os vencedores das bolsas do programa Zona II com presença dos representantes das escolas Brother, EDIT, Escola Marketing Digital, ETIC, FLAG, Lisbon Digital School, Restart, TheStarter e World Academy para entrega dos diplomas. São divulgados os projetos vencedores dos quatro Briefs Abertos 2025 pelos representantes das marcas Betclic, Leroy Merlin, Nos/WTF e Zippy”, informa ainda o CCP.

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Receitas do IPG caem 6,9% para €2,04 mil milhões

O IPG mantém a previsão de uma redução das receitas de faturação entre 1% e 2%. “Se houver um abrandamento, mostrámos que somos capazes de navegar em circunstâncias desafiantes”, enfatiza Philippe Krakowsky, CEO do IPG

As receitas mundiais de faturação do Interpublic Group (IPG) diminuem 6,9% no primeiro trimestre de 2025, para 2,32 mil milhões de dólares (€2,04 mil milhões) face ao período homólogo, à medida que se aproxima a conclusão da fusão com o Grupo Omnicom.

Philippe Krakowsky, CEO do IPG, sublinha que os resultados estão em linha com as expetativas, e que as três grandes perdas de clientes ocorridas em 2024 [Pfizer, Amazon e Lego], provocaram um impacto negativo em 2025, afetando o crescimento entre 4,5% e 5%.

“O volume de negócios estrutural é positivo, com um crescimento entre 1% e 1,5% em termos líquidos”, revela Philippe Krakowsky, salientando que a dinâmica da IPG Mediabrands, da Deutsch, da Golin e da Acxiom, bem como o crescimento do grupo na América Latina, ajudaram a mitigar o impacto das referidas perdas.

No que diz respeito aos resultados orgânicos segmentados por região, o grupo revela uma tendência de descida nos primeiros três meses do ano, com uma queda de 0,4% na Europa, 6,1% no Reino Unido, 4% nos Estados Unidos e 1,5% na região Ásia-Pacífico.

Contudo, o IPG apresenta um crescimento de 2,9% noutros mercados (Canadá, Médio Oriente e África) e de 3,1% na América Latina, face ao ano anterior. A empresa espera ainda gastar entre 300 e 350 milhões de dólares (€264 e €308 milhões) em custos de reestruturação com vista à fusão com o Grupo Omnicom.

Relativamente a 2025, o IPG mantém a previsão de uma redução das receitas de faturação entre 1% e 2%. “Se houver um abrandamento, mostrámos que somos capazes de navegar em circunstâncias desafiantes. Continuamos a fornecer serviços de que os profissionais de marketing necessitam para obter resultados comerciais e de vendas, independentemente da fase do ciclo económico em que nos encontramos”, enfatiza o CEO do IPG, em relação à guerra comercial em curso.

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Rádio Comercial junta-se à JCDecaux para partilhar conselhos das mães

Com planeamento de meios da Mindshare, a campanha (na foto), lançada no âmbito do Dia da Mãe, divulga recomendações dos ouvintes, exibindo-as nos suportes publicitários digitais da empresa

A Rádio Comercial e a JCDecaux lançam uma campanha nacional omnicanal que dá visibilidade aos conselhos maternais que passam de geração em geração. A iniciativa convida os ouvintes a partilharem as melhores recomendações que ouviram das suas mães no site da rádio, com os conselhos a serem depois transformados em frases transmitidas nas soluções digitais da JCDecaux, em Portugal Continental, Açores e Madeira.

As recomendações estarão assinadas com o nome e a localidade de quem as enviou e ficarão em destaque nos suportes publicitários digitais da empresa durante o fim de semana do Dia da Mãe, que se comemora no próximo dia 4 de maio.

“Aliar a força da Rádio Comercial ao alcance da JCDecaux permite-nos criar um momento de comunicação emocional, mas também muito eficaz. Queremos que esta campanha seja uma homenagem às mães, à sua sabedoria e à forma como nos marcam, num formato próximo, inesperado e impactante de ver”, explica Rita Sobral, vice-presidente de crescimento da Bauer Media Audio Portugal, citada em comunicado de imprensa.

A Mindshare é a agência responsável pelo planeamento de meios da campanha, num formato inédito que cruza rádio, outdoor digital e redes sociais, reforçando a capacidade única dos meios em gerar proximidade com o público, através de mensagens simples, autênticas e relacionáveis.

“Ao dar voz a milhares de portugueses através das nossas soluções digitais de norte a sul do país, criamos uma homenagem autêntica e emotiva que celebra a sabedoria das mães com visibilidade, impacto e proximidade. É uma campanha que reflete bem o potencial do meio ‘out-of-home’ quando se alia à emoção e à criatividade”, salienta Vitor Martins, diretor comercial da JCDecaux Portugal, citado no documento.

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Coco Gauff assina coleção com Miu Miu e New Balance

A norte-americana, de 21 anos, vai competir com uniformes desenvolvidos pelas duas marcas, unindo alta performance ao espírito da moda italiana. A nova colecção chega ao mercado a 10 de Setembro

A jovem tenista Coco Gauff, campeã do US Open em 2023, vai revelar uma coleção em parceria com a New Balance e a Miu Miu durante os próximos torneios em Roma (de 7 a 18 de maio), Berlim (de 14 a 22 de junho) e Cincinnati (de 5 a 28 de agosto).

A norte-americana, de 21 anos, que já alcançou a vice-liderança no ranking mundial, vai competir com uniformes desenvolvidos pelas duas marcas, unindo alta performance ao espírito vanguardista da moda italiana.

Em ‘court’, Coco vai apresentar conjuntos de ténis elegantes e com um apelo retro-chique. Fora de serviço, Gauff usará novas edições das sapatilhas New Balance X Miu Miu 530 SL, em pele e malha.

O calçado de competição será uma versão exclusiva dos Coco CG2, reinterpretados pela Miu Miu com foco no alto rendimento. Os modelos foram concebidos para suportar a exigência de uma atleta de elite, sem perder o encanto estético inspirado no universo ‘lifestyle’ da marca americana.

A nova colecção chega ao mercado a 10 de Setembro, com venda exclusiva em lojas Miu Miu selecionadas e online em miumiu.com. Nesse mesmo dia, Coco Gauff será a convidada especial do evento Miu Miu Select, na icónica boutique da marca na 57th Street, em Nova Iorque.

Coco Gauff foi a mais jovem finalista do evento individual feminino júnior no US Open de 2017 e ganhou o Open de França júnior em 2018, sendo a segunda mais jovem a conseguir tal feito.

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David Beckham é a estrela do novo anúncio da Pepsi

Idealizado pela agência criativa Springtime, o filme publicitário amplifica a campanha ‘Thirsty for More’, estreia a 1 de maio no Reino Unido e já está disponível no YouTube

David Beckham (na foto), embaixador global da Pepsi, volta a protagonizar um anúncio da marca. Idealizado pela agência criativa Springtime, o filme publicitário, que já foi lançado nos Estados Unidos, estreia a 1 de maio no Reino Unido e noutros mercados europeus, estando a primeira apresentação em televisão agendada para 8 de maio.

Já disponível no YouTube, o anúncio de 56 segundos amplifica a campanha omnicanal ‘Thirsty for More’, ao som de ‘Non, Je ne Regrette Rien’, da cantora francesa Edith Piaf, para transmitir a mensagem de que vale sempre a pena ir atrás dos sonhos, sem sentimentos de culpa.

“O David Beckham é um verdadeiro ícone e a sua forma de viver reflete o espírito da campanha. ‘Thirsty for More’ defende que devemos aproveitar o que nos faz sentir vivos como se não houvesse amanhã. O lançamento deste anuncio é apenas o início. Vamos ter inúmeras ativações de marca em várias partes do mundo, nos próximos meses”, revela Cathy Graham Kidd, diretora sénior de marca da PepsiCo, citada em comunicado de imprensa.

Depois de ‘Sumo’ em 2002, ‘Wild West’ em 2003 e ‘Football Warriors’ em 2004, o ex-futebolista britânico volta a brilhar num anúncio da marca, dando continuidade a uma parceria de duas décadas. “É sempre bom trabalhar com a Pepsi. Temos feito campanhas juntos ao longo de 20 anos, tendo produzido trabalhos fantásticos durante este período. Diverti-me muito ao gravar este anúncio e estou muito entusiasmado com o que aí vem”, refere David Beckham, citado no documento.

A campanha é amplificada através da divulgação de conteúdos exclusivos nas redes sociais da marca, com a Pepsi a privilegiar o TikTok, o Instagram e o Facebook. O ex-futebolista, que tem 88 milhões de seguidores no Instagram, 57 milhões no Facebook e 7,2 milhões no TikTok, também vai divulgar a marca nos perfis que tem nas redes sociais, à semelhança do que faz com a Boss, a Bowers & Wilkins, a Ninja Kitchen, a Stella Artois e a IM8, marcas pelas quais também dá a cara.

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Meta permite que ‘chatbots’ de IA tenham conversas de cariz sexual com menores

“Deixei passar o Snapchat e o TikTok, não vou perder esta oportunidade”, terá dito Mark Zuckerberg (na foto), fundador e CEO da Meta, sobre os novos ‘digital companions’ durante uma reunião interna, segundo o The Wall Street Journal

Os novos ‘chatbots’ com inteligência artificial (IA) da Meta no Facebook e Instagram permitem que os utilizadores, incluindo menores de idade, tenham conversas de cariz sexual com vozes de personagens da Disney e de diversas celebridades, segundo avança o The Wall Street Journal. Alguns colaboradores da empresa estão preocupados.

A Meta está a apostar na popularização desta nova classe de ‘digital companions’ alimentados por IA, que o fundador e CEO Mark Zuckerberg acredita que será o futuro das redes sociais. “Deixei passar o Snapchat e o TikTok, não vou perder esta oportunidade”, terá dito Zuckerberg durante uma reunião interna, de acordo com o The Wall Street Journal.

No entanto, funcionários de vários departamentos da Meta temem que a urgência da empresa em popularizar estes ‘chatbots’ possa ter ultrapassado os limites éticos. Segundo os profissionais que trabalham no projeto, a empresa estaria a capacitar os ‘digital companions’ para fantasiar situações sexuais e ignorar a proteção para os utilizadores menores de idade, permitindo-lhes participar em conversas sexualmente explícitas.

A empresa tem assinado acordos multimilionários com a Disney e diversas celebridades, incluindo John Cena, Kristen Bell e Judi Dench, entre outras, para utilizarem as suas vozes nos ‘digital companions’, garantindo-lhes que não seriam utilizadas em contextos sexuais ou prejudiciais à sua imagem. No entanto, os testes efetuados pelo The Wall Street Journal revelam o contrário.

Em resposta às descobertas do jornal, a Disney realça que “não autoriza, nem nunca autorizaria, a Meta a apresentar as personagens em cenários inadequados e estamos muito preocupados com o facto de este conteúdo poder ter estado acessível aos utilizadores, em especial a menores, razão pela qual exigimos que a Meta cesse imediatamente este uso indevido e prejudicial da nossa propriedade intelectual”.

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Faturação do WPP desce 5% para €3,81 mil milhões

As receitas de faturação do WPP diminuem em todas as regiões em que atua, com quedas de 17,4% na China, 12,4% na Europa Ocidental, 6% na América do Norte, 3,9% no Reino Unido e 8,4% nos restantes mercados

As receitas de faturação do WPP descem 5% nos primeiros três meses do ano, para 3,24 mil milhões de libras (€3,81 mil milhões), em comparação com o período homólogo, revelam os resultados financeiros da ‘holding’ de agências multinacionais.

Descidas acentuadas da faturação na Europa e na China, país onde regista perdas na sequência de uma investigação policial em Xangai, são algumas das causas apontadas.

“Não quero dar a impressão de que estamos satisfeitos com estes resultados. Não estamos”, declara Mark Read, CEO do WPP, aos jornalistas na conferência de imprensa sobre os resultados, acrescentando que “não é onde queremos estar e temos planos concretos para abordar as áreas com um desempenho competitivo insuficiente”.

As receitas de faturação do WPP diminuem em todas as regiões em que atua, com quedas de 17,4% na China, 12,4% na Europa Ocidental, 6% na América do Norte, 3,9% no Reino Unido e 8,4% noutros mercados, que incluem as regiões Ásia-Pacífico, América Latina, África e Médio Oriente, bem como Europa Central e Oriental. A faturação trimestral do GroupM, a principal peça do plano de recuperação do WPP, diminui 0,9%, devido a “perdas de clientes de anos anteriores e fraqueza na China”.

Mark Read revela ainda que o WPP ainda não foi impactado pela reação dos clientes às tarifas comerciais, optando por manter a previsão de receitas inalteradas ou com quedas até 2%, em 2025.

“Nesta altura, não vimos qualquer alteração significativa nos gastos dos clientes e reafirmamos a nossa previsão para o ano inteiro, que já refletia um ambiente desafiante. Como sempre, permanecemos ágeis e continuaremos a ser disciplinados na forma como estamos a gerir a nossa base de custos”, revela o CEO do WPP, no comunicado que apresenta os resultados.

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Audiências semanais: SIC regista quebra de ‘share’ mas mantém liderança

Na semana de 21 a 27 de abril, o consumo global de televisão decresce, caindo cerca de dezessete minutos por dia, para as cinco horas e 33 minutos

O consumo global de televisão decresce esta semana, caindo cerca de dezessete minutos por dia, e ficando pelas cinco horas e 33 minutos diários. A SIC continua na liderança, mas regista uma quebra do seu ‘share’, tal como o ‘outros’; a RTP1 e os canais por cabo reforçam o ‘share’; a TVI está estável, mantém o mesmo valor da semana passada.

Assim, a RTP1 reforça a quota e tem agora 11,1% de ‘share’ semanal, com a SIC a registar o comportamento oposto e a descer até aos 14,3% de ‘share’ semanal; a TVI está estável e mantém os mesmos 13,4% de quota de audiência que tinha na semana anterior.
A oferta por cabo e o ‘outros’ registam uma tendência oposta entre si, com o cabo a subir e a chegar aos 41,6% de ‘share’, e o ‘outros’ (que inclui o visionamento em ‘time shift’, streaming e vídeo/jogos) a descer até aos 18,6% de quota semanal.

Na tabela dos canais mais vistos por cabo, não só o pódio, como toda a primeira metade da tabela não tem alterações face à semana passada, e continua ocupada pela CMTV, CNN Portugal e SIC Notícias, seguidos pelo STAR Channel e a Globo. Nas restantes posições há algumas trocas de lugares, mas ainda sem entrada de novos canais, e a segunda metade do top 10 é assim composta por Hollywood, News Now, SIC Mulher, STAR Life e STAR Movies, que encerra a tabela da semana.

O jogo da segunda mão da meia final da Taça de Portugal, que apurou o Sporting para a final do Jamor: ‘Futebol – Taça de Portugal Generali Tranquilidade/Rio Ave X Sporting’, transmitido na RTP1, lidera a tabela da programação global da semana, onde é seguido por ‘Isto é Gozar Com Quem Trabalha’, da SIC, e pelo ‘Telejornal’ da RTP1.

Nos restantes lugares estão o ‘Jornal da Noite’, da SIC, e ainda ‘Isto é Gozar Com Quem Trabalha – A Entrevista/Martins Guerreiro’, também da SIC. Com o campeonato nacional a aproximar-se da etapa final e decisiva, é mais uma vez um conteúdo desportivo da CMTV que ocupa a liderança, desta vez o programa ‘Golos: Primeira Parte/Boavista X Sporting’. Seguem-se o ‘Grande Jornal – Noite’, e os desportivos ‘Duelo Final/Boavista X Sporting’ e ‘Golos: Segunda Parte/Benfica X AVS’. Na posição restante está ‘Investigação CM/Operação de Horror’, tudo programas da CMTV.

by Data Insights, Havas Media Network

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Alphabet com lucros de €30,4 mil milhões no primeiro trimestre

Impulsionada pela publicidade no Google (na foto) e pelos serviços de IA e de armazenamento na nuvem, a empresa fatura €79,5 mil milhões, com os lucros a crescerem 46% face ao primeiro trimestre de 2024

A Alphabet lucra 35,5 mil milhões de dólares (€30,4 mil milhões) no primeiro trimestre de 2025. Impulsionada pela publicidade no Google, pelos serviços de inteligência artificial (IA) e pela oferta de armazenamento na nuvem, a empresa fatura 90,2 mil milhões de dólares (€79,5 mil milhões), com os lucros a crescerem 46% face ao período homólogo de 2024.

“Estamos satisfeitos com os fortes resultados que alcançámos no primeiro trimestre, que refletem um crescimento saudável transversal a todos os negócios. A base desse crescimento é a nossa abordagem exclusiva completa em torno da IA”, alega Sundar Pichai, CEO da Alphabet e da Google, citado no comunicado dos resultados.

A divulgação dos números, acima das previsões dos analistas, que, segundo a Bloomberg, não esperavam uma faturação acima dos 75,4 mil milhões de dólares (€66,4 mil milhões), faz disparar as ações da empresa, que atingem os 2,81 dólares (€2,48), acima dos 2,01 dólares (€1,77) esperados. A Alphabet regista um crescimento nas margens de lucro operacional, aumentando 33,9%, face aos 31,6% contabilizados no primeiro trimestre de 2024.

“Diria que temos muita experiência em gestão em tempos de incerteza e concentramo-nos em ajudar os nossos clientes, fornecendo ‘insights’ profundos sobre as mudanças no comportamento do consumidor, que são relevantes para os seus negócios”, refere Philipp Schindler, diretor de negócios da Google, citado na CNBC.

O serviço de armazenamento em nuvem, que duplica entre 2020 e 2025 e é responsável por um volume de negócios de 12,3 mil milhões de dólares (€10,8 mil milhões), cresce 28% face ao ano anterior, a um ritmo superior ao aumento de 12% que a Alphabet regista, representando 14% do volume de negócios da empresa. A exploração publicitária do YouTube atinge os 8,9 mil milhões de dólares (€7,8 mil milhões).

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

Luis Batista Gonçalves

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