Marcas de distribuição já representam 45% das vendas. Frequência de compra aumentou 4,4%
Os portugueses estão a ir mais vezes às compras, mas, segundo um estudo da Kantar analisado pela Centromarca – Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca, compram menos produtos […]

Luis Batista Gonçalves
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Os portugueses estão a ir mais vezes às compras, mas, segundo um estudo da Kantar analisado pela Centromarca – Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca, compram menos produtos de cada vez e ponderam mais as aquisições que fazem, privilegiando descontos e ofertas. “Os consumidores nacionais continuam a procurar as promoções e a comparar preços. Entre janeiro e setembro, 51,3% das ocasiões de compra incluíram produtos em promoção”, revela a instituição em comunicado.
As limitações orçamentais obrigam a decisões (ainda) mais racionais. “77% dos consumidores inquiridos afirmou ainda comparar preços e escolher as marcas mais económicas”, refere o documento. Nos primeiros três trimestres de 2023, a compra de bens de grande consumo aumentou 8,1% em valor e diminuiu 4,4% em volume, em comparação com o mesmo período de 2022.
“Os dados mostram que, em 2023, os portugueses continuaram a aumentar a frequência com que vão às compras e a diminuir o volume comprado de cada vez, mas ambas as tendências abrandaram em relação ao ano passado. Entre julho e setembro de 2023, os consumidores chegaram até a reduzir o número de vezes com que foram às compras, em comparação com 2022. Essas tendências, embora se manifestem de forma geral, apresentam nuances em diferentes categorias de produtos”, alerta, contudo.
Pão e alimentos proteicos na lista dos mais penalizados
Segundo a análise agora divulgada, a frequência de compra registou um aumento de 3,3% em alimentos, 2% em produtos frescos e 3,3% nas bebidas. “Houve uma diminuição de 0,9% na alimentação animal. Paralelamente, o volume por cada ato de compra diminuiu em todas as categorias, sendo mais evidente na alimentação animal, que caiu 8,2%”, aponta ainda a instituição.
A quebra registada na alimentação chega aos 7,3%, nos frescos é de 7,7% e, nas bebidas, ronda os 6%. “A análise deixa ainda algumas pistas sobre o previsível impacto do fim do IVA Zero nas dinâmicas de consumo. Ao longo de 2023, registou-se um ligeiro aumento no volume de artigos comprados fora do cabaz [com essa redução], uma tendência que pode agora desaparecer. Especificamente, produtos essenciais como pão e proteínas podem ser penalizados”, adverte.
“O consumidor pode estar, lentamente, a inverter algumas tendências do passado. Neste
terceiro trimestre, inclusivamente, reduziu a frequência com que foi às compras. Veremos
se este dado se torna numa tendência para o final de ano e início de 2024”, analisa Marta
Santos, clients and analytics director da Kantar Portugal.
“As marcas de distribuição (MDD) continuam a ganhar relevância nos lares portugueses,
com um crescimento de sete pontos percentuais na quota de valor entre 2020 e 2023. A
frequência de compra de MDD aumentou em 4,4% entre 2022 e 2023, destacando-se ainda mais pelo aumento expressivo de 19,4% no valor gasto pelos consumidores nestas marcas, que representam atualmente 45% das vendas”, avança também a pesquisa.
Diminuição da frequência de compra obriga marcas a reagir
Os novos paradigmas de consumo obrigam as insígnias a repensar as estratégias que têm vindo a adotar. “A desaceleração na frequência de compra impõe uma dificuldade crescente na fidelização dos consumidores, tornando essencial estimular a recompra através da identificação de novos públicos-alvo, da criação de mais momentos de consumo ou da introdução de novas utilizações para os produtos”, recomenda a empresa.
“Neste contexto, é também essencial que as marcas ajustem estrategicamente os preços de seus produtos e desenvolvam uma comunicação adaptada por forma a permanecerem relevantes entre os consumidores com menores rendimentos”, defende ainda. “É observável, nestes últimos meses, uma menor ansiedade do consumidor face ao tema da inflação”, constata ainda Pedro Pimentel, diretor-geral da Centromarca.
“Isso vê-se numa menor quebra das vendas em volume no terceiro trimestre ou na redução
do número de idas às lojas e no aumento do volume de compras a cada visita, no que aparenta ser uma adaptação progressiva do consumidor ao novo contexto”, analisa. “A progressiva contração da inflação e a expectável atualização salarial podem permitir uma ligeira recuperação do poder de compra por parte de muitas famílias, que foram fortemente massacradas nestes dois últimos anos”, vaticina, todavia, o responsável.