Paulo Fernandes, CEO da Cofina Media
Cofina com lucros na ordem dos 10,5 milhões de euros em 2022
Os lucros da Cofina mais do que duplicaram no último ano, passando dos 4,2 milhões de euros em 2021 para perto de 10,5 milhões de euros. Processos fiscais com desfecho favorável ao grupo explicam a acentuada subida – na ordem dos 147,4% – num ano em que as receitas registaram um crescimento de apenas 0,2% e os custos da operação subiram 2,3%.
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Pedro Durães
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Paulo Fernandes, CEO da Cofina Media
Os lucros da Cofina mais do que duplicaram no último ano, passando dos 4,2 milhões de euros em 2021 para perto de 10,5 milhões de euros. Processos fiscais com desfecho favorável ao grupo explicam a acentuada subida – na ordem dos 147,4% – num ano em que as receitas operacionais registaram um crescimento de apenas 0,2%, com a empresa dona do Correio da Manhã e CMTV a gerar 76 milhões de euros de receita em 2022. Um aumento insuficiente para compensar o impacto da guerra e da inflação sobre os custos da operação, que subiram 2,3%, sendo na rubrica Imposto sobre o rendimento que reside o elemento decisivo para evolução positiva do resultado líquido agora reportado pelo grupo liderado por Paulo Fernandes.
Segundo o relatório enviado esta quinta-feira pela Cofina à CMVM, o crescimento é de 7% quando são comparados os resultados antes de impostos, que em 2021 se situaram próximos dos 7,2 milhões de euros e, no encerramento das contas de 2022, ascendiam a aproximadamente 7,7 milhões de euros. Ao valor apurado em 2021, foi subtraída uma verba próxima dos 3 milhões de euros, fixando os lucros nos 4,2 milhões. Já em 2022, a reversão da provisão em quase 2,8 milhões de euros empurrou o resultado líquido do exercício do último ano para os 10,5 milhões de euros agora reportados. Como justifica o grupo no comunicado endereçado à CMVM, “foi reconhecido o efeito da reversão da provisão em resultado do desfecho favorável ao grupo de processos fiscais”.
Na análise à evolução do negócio do grupo, o destaque vai para o crescimento de 5% nas receitas publicitárias, onde o grupo encaixou em 2022 mais 1,3 milhões de euros do que no ano anterior, e para a subida de 9,5% nas receitas provenientes da venda de produtos de marketing alternativo. As primeiras passaram dos 26,8 milhões de euros para perto de 28,2 milhões, enquanto as segundas subiram dos 16,7 milhões para os 18,3 milhões de euros. Juntas, estas duas linhas de receita foram decisivas para equilibrar a balança perante um recuo de 8,5% nas receitas de circulação, onde o grupo dono de títulos como Correio da Manhã, Jornal de Negócios, Record e Sábado gerou cerca de 2,8 milhões de euros a menos comparativamente a 2021, descendo dos 32,3 milhões de euros para os 29,6 milhões, o que deixa o peso das receitas de publicidade e de circulação cada vez mais próximas no negócio do grupos.
Analisando os dois segmentos em que o grupo opera, embora as receitas geradas pelo segmento de imprensa continuem a representar a fatia de leão na faturação da Cofina, foi a televisão, área de negócio onde a empresa detém a CMTV, a puxar pelo negócio do grupo em 2022. Nesta área, as receitas passaram dos 17,5 milhões para os 20,3 milhões de euros, o que corresponde a um crescimento na ordem dos 16,1%, com o grupo a sublinhar que as receitas de publicidade em televisão subiram 40,7% no segundo semestre do último ano. Já na imprensa, onde as receitas ascendiam aos 58,4 milhões de euros em 2021, o grupo regista em 2022 um recuo de 4,5%, para os 55,8 milhões de euros. Resultado explicado pelo decréscimo de 8,5% nas receitas de circulação e de 7,2% nas receitas publicitárias do segmento, não compensados pelo crescimento de 16,1% nas receitas associadas a produtos de marketing alternativo e outros.
Do lado dos custos, há uma subida dos 61,1 milhões de euros para perto de 62,5 milhões de euros, o que corresponde a custos operacionais 2,3% superiores aos reportados no exercício de 2021. Situação que, refere justifica o grupo, “reflete o investimento realizado na cobertura da guerra na Ucrânia, mas também a inflação generalizada de preços, nomeadamente no custo do papel, eletricidade e combustíveis, este último tem provocado um acréscimo dos custos de distribuição”.
Feitas as contas, a Cofina regista um recuo da performance financeira, fechando o exercício de 2022 com um EBITDA a rondar os 9 milhões de euros, valor que representa uma uma quebra de 35,4% face aos 13,9 milhões de euros registados em 2021. Um resultado que, aponta o grupo em comunicado, terá sido “fortemente impactado pelo reconhecimento de imparidades de goodwill e de custos não recorrentes”. “Durante o período em análise, o grupo registou imparidade de goodwill no montante de 3,6 milhões de euros, assim como custos não recorrentes relacionados com a liquidação da Grafedisport – Impressão e Artes Gráficas, S.A. – em liquidação, no montante de um milhão de euros”, detalha a Cofina no relatório enviado à CMVM. Excluídas estas imparidades, o EBITDA fixar-se-ia nos 13,6 milhões de euros, que comparariam com 14,8 milhões de euros no exercício anterior, ainda assim um recuo de 8,2%.
Encerradas as contas de 2022, a Cofina chega ao final do ano com uma dívida nominal líquida de 25,6 milhões de euros, valor que traduz uma redução na ordem dos 8,3 milhões de euros por comparação com a dívida de 33,9 milhões de euros comunicada à CMVM no final do exercício de 2021 e de 6 milhões de euros face à dívida de 31,6 milhões de euros reportada pelo grupo no final do primeiro semestre de 2022.