Como a desinformação impacta os meios de comunicação nacionais
Um em cada 10 portugueses (10,72%) admite já ter deixado de confiar num meio de comunicação depois de ter detetado nele desinformação e 11,23% dizem que não se pode confiar nas […]

Sandra Xavier
Guilherme Coelho lidera nova área tecnológica da Havas
Faturação da ByteDance sobe para €136,1 mil milhões
Sugestões para ler, ver e escutar da edição 977 do M&P
Palhaçadas sérias
Havas inspira-se na força do vento para reposicionar EDP
L’Oréal Paris escolhe Philippine Leroy-Beaulieu
Digidelta lança marca de filmes sustentáveis para impressões digitais
Marcas americanas adaptam estratégias em resposta às tarifas de Trump
Flesh512 cria campanha digital para a Água Serra da Estrela
TV: Os programas que dominam as audiências, gravações e redes sociais em março
Um em cada 10 portugueses (10,72%) admite já ter deixado de confiar num meio de comunicação depois de ter detetado nele desinformação e 11,23% dizem que não se pode confiar nas notícias a maior parte das vezes. Esta é uma das conclusões de um dos três estudos sobre os media nacionais apresentados, esta quarta-feira, pelo Iberifier, Observatório Ibérico de Media Digitais, que fez o mapeamento de meios e analisou a perceção e impacto da desinformação em Portugal.
Os resultados sobre a perceção da desinformação, baseados em 530 questionários, revelam que os cidadãos mostram-se preocupados com o tema, o qual, referem, tem origem no “governo, políticos e partidos”, considerando que essa mesma desinformação provoca a desconfiança e o afastamento dos leitores.
Apesar de quase nove em cada 10 (87%) inquiridos contactar com notícias através das redes sociais, este é, ao mesmo tempo, o meio em que menos se confia. A pesquisa, agora divulgada, conclui que 12,2% declara que não pode confiar na maior parte da informação das redes sociais, 13,7% escolhe os cientistas e 56,2% os jornalistas como as fontes em quem mais confiam. No que diz respeito aos órgãos de comunicação onde se informam, a maioria dos inquiridos revela que o faz, sobretudo, na SIC Notícias, Público, RTP1 e Expresso.
Relativamente ao impacto da desinformação nas redações em Portugal, estudo para o qual foram feitas entrevistas a 17 diretores e editores de meios de comunicação nacionais, 83% dos meios admite que já difundiu notícias falsas baseadas nas redes sociais. Nesse sentido, o estudo conclui que a verificação foi reforçada nas redações, embora mantenham métodos tradicionais.
Os motivos para a elevada confiança na imprensa dividem os entrevistados. Há quem a justifique pela qualidade de alguns meios tradicionais, com especial referência ao canal público, e ausência de escândalos sobre os media, e pelo facto de os media não estarem “polarizados”. Por outro lado, um terço dos entrevistados considera que os níveis de confiança se devem à iliteracia dos portugueses.
Tema que reuniu o consenso foi a necessidade de diferenciar conteúdos jornalísticos dos outros, a qual, defendem os responsáveis entrevistados, pode ser concretizada recorrendo a etiquetas, por exemplo.
Alguns diretores, sobretudo os detentores de meios de comunicação mais recentes, defendem que o jornalismo não deve ser visto como um negócio e preferem que abdique da publicidade. A grande maioria, porém, prefere a conjugação de modelos de financiamento e enaltece o papel do apoio privado, em diferentes modalidades, como bolsas.
Os responsáveis que defendem o financiamento público explicam que não tem de ser necessariamente de forma pecuniária, podendo concretizar-se através de apoios fiscais.
Sobre as condições da profissão, a pesquisa revela que os jornalistas reclamam mais respeito pelas escalas de trabalho, pelo tempo de descanso, e direito à vida familiar, ao desligar, melhores salários, contratos, e mais formação.
O levantamento foi feito no decorrer de 2022 e revela que Lisboa é o distrito onde se concentra o maior número de média, com um total de 482, seguindo-se Porto, com 132, e Braga, com 97. Um total de 1.229 meios de comunicação, o equivalente a 27%, opera na zona da capital. Por outro lado, 27% dos municípios não possuem qualquer meio informativo.
No que se refere a financiamento, a publicidade continua a ser o principal mecanismo adotado, identificado em 69% dos media. O modelo de subscrição integra a estratégia de 28% dos meios e os donativos correspondem a 5%.
As plataformas sociais mais utilizadas pelos meios são o Facebook, com 88% e o Instagram, com 49%. O podcast está presente em 14% dos meios. O recurso ao Tik Tok é discreto: 1%.
O Iberifer é um Observatório Ibérico de Meios Digitais de Espanha e Portugal, que conta com financiamento da Comissão Europeia e está associado ao Observatório Europeu de Media Digitais (EDMO). O projeto é coordenado pela Universidade de Navarra, Espanha, mas tem como principal parceiro ISCTE- IUL, situado em Lisboa, Portugal. No total, integra 12 universidades, cinco meios de verificação, agências de notícias e seis centros de investigação.
Estes e outros dados integram o mapeamento que pode ser consultado em plataforma criada para esse efeito, que será disponibilizada durante esta quarta-feira.