“Sinto que estamos na Liga dos Campeões”
A WSA, que nasceu com foco nos eventos e no branded content, entrou no agenciamento, na produção TV e nos espetáculos para o grande público. Tiago Santos Paiva, CEO da […]
Rui Oliveira Marques
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A WSA, que nasceu com foco nos eventos e no branded content, entrou no agenciamento, na produção TV e nos espetáculos para o grande público. Tiago Santos Paiva, CEO da WSA, apresenta o percurso da agência que quer regressar a uma faturação de dois milhões de euros em 2022
Sou Menino para Ir começou no canal de YouTube de Salvador Martinha, passou pelo canal Fox e pela plataforma Fox Comedy Hub e chegará ao prime-time da RTP1 mais para o final do ano. A série em que Salvador Martinha promete cumprir os desafios mais insólitos que lhe são lançados pelos seguidores conta com produção da WSA, que também assegura o agenciamento do humorista. As filmagens arrancaram há um mês. Esta é a estreia da WSA enquanto produtora de audiovisual para televisão. A agência de Tiago Santos Paiva (CEO), Bernardo Villar (COO) e José Diogo Lucena (diretor criativo) nasceu em 2010 com foco nos eventos e no branded content. Entretanto entrou no agenciamento de talentos com Salvador Martinha, o chef Miguel Rocha Vieira e, mais recentemente, Mariana Cabral (Bumba na Fofinha). Da produção do Palco Comédia do NOS Alive, a WSA passou também a organizar espetáculos de humor para o grande público. Com uma equipa de nove pessoas, a agência espera chegar ao fim de 2022 com uma faturação em linha com o último ano pré-pandemia. FLAD, Danone, Reckitt e NOS são os principais clientes.
Meios & Publicidade (M&P): Comecemos pela fase pré-pandemia. Em 2019 esperavam faturar um milhão de euros e fecharam o ano nos dois milhões. O que fez com que dessem este salto?
Tiago Santos Paiva (TSP): Tínhamos três grandes clientes da área automóvel, nomeadamente a BMW, que representaram muito volume nesse ano. Em 2019 entrou também o Salvador Martinha e marcas associadas a ele. Foi o ano de explosão da agência.
M&P: Chegamos a 2020, aparece a pandemia, a área de eventos fica suspensa e decidiram não colocar ninguém em layoff. Porquê?
TSP: Foi uma decisão estratégica. Vínhamos de um bom ano, com uma situação financeira estável. Não há nenhum colaborador que entre em layoff e que fique melhor ou que fique mais motivado. Decidimos manter os nossos colaboradores motivados e fazer propostas para marcas que gostaríamos de trabalhar ou que não tínhamos tido capacidade de responder. Esse foi um ano espetacular, não do ponto de vista financeiro, mas para abrir o espectro de marcas. Conseguimos aumentar muito o nosso negócio na parte do content, que foi uma das áreas que mais cresceu com a pandemia. Tivemos alguns eventos digitais e conseguimos desenvolver com o Salvador Martinha conteúdos com marcas que íamos pro-ativamente buscar.
M&P: Como foi a faturação em 2020 e 2021?
TSP: Em 2020 passamos praticamente dos dois milhões de euros para 800 e tal mil. Foi uma quebra grande. Os projetos não tinham muito volume mas fechámos o ano sem prejuízo. Em 2021 recuperamos 50 por cento e fechámos o ano com um milhão. Em 2022 quero acreditar que voltaremos para perto da faturação de 2019. Faturação não é rentabilidade. Os espetáculos ao vivo dão um volume de negócio muito grande, mas não têm tanta rentabilidade como os eventos ou o content.
M&P: A seguir à pandemia decidiram apostar nos espetáculos para o público em geral, mas também na produção de TV. Por que optaram por estas novas áreas?
TSP: A seguir à pandemia algumas marcas aproveitaram para poupar algum dinheiro, não investindo em comunicação interna e externa. Na minha opinião isso é um erro, principalmente em relação à comunicação interna. Fomos vendo que havia uma reorganização em inúmeros clientes. Trabalhávamos muito o setor automóvel, que deixou de fazer eventos. O que perdemos na parte de eventos, ganhámos em content porque passamos as coisas para o digital. Além disso, começámos a fazer espetáculos para o cliente final, para o B2C, com cinquenta por cento da lotação, com todas as restrições e mais algumas.
M&P: Uma área que começa à boleia do Salvador Martinha. Por ter essa génese nas marcas, o que tem de diferenciador a WSA face a outras empresas de agenciamento?
TSP: Planeamento estratégico e ter uma relação com uma pessoa [Salvador Martinha] que tem 20 ideias por dia e ser possível dizer que das 20 ideias há duas que são boas e que vamos tentar vendê-las a uma marca. Se essa marca não for a certa, não queremos. Queremos vender menos coisas, mas com melhor valor. Tivemos muitas marcas atrás de nós para patrocinar o Salvador, seja para conteúdos para marcas ou para conteúdos próprios. Optámos por aguardar e de repente chega a NOS. Agora a NOS é a grande marca do Salvador e aquilo que era uma relação de uma campanha de verão dura há dois anos.
M&P: Foi também graças ao Salvador que deram o salto para a produção de televisão. Porque assumiram essa responsabilidade?
TSP: Tínhamos já o estúdio de fotografia e vídeo e algumas pessoas à nossa volta são do meio. Acabamos por ser o pilar que entrega o resto. O Salvador entrega todos os trabalhos que faz à WSA e a mim enquanto manager dele. Ele entregou-nos esta coordenação.
M&P: A série nasceu no YouTube, passou para a Fox e agora irá para a RTP…
TSP: Na Fox era muito digital. Na RTP estará no horário nobre. O próprio Salvador nunca tinha feito um conteúdo original para televisão, exceto o conteúdo que fez para a Netflix, que era um espetáculo. A RTP confia em nós.
M&P: Significa que a WSA é também agora uma produtora de televisão?
TSP: Não. Somos produtores de conteúdos e uma agência. Juntamos os melhores para os projetos mas não nos podemos assumir como produtores de televisão porque seria uma ofensa para quem é produtor de televisão há muito tempo. Agora, temos equipas especializadas. O nosso papel, enquanto produtores executivos da série é o de formar equipas. Não temos internamente uma equipa de televisão.
M&P: Estão a pensar em conteúdos para televisão que não passem pelos agenciados?
TSP: Nesta fase não.
M&P: A mais recente agenciada é a Mariana Cabral (Bumba na Fofinha). Como veio aqui parar?
TSP: É minha amiga desde os tempos da escola. Dissemos aos 17 anos que íamos trabalhar juntos, mas não fazíamos ideia que eu ia fazer teatros e que ela ia para os palcos. É uma amizade de há bastante tempo. Em relação às marcas, a Mariana é autónoma, faz os seus conteúdos e nós podemos ou não ajudar. Aqui fechamos uma parceria para os teatro, dado o nosso know-how no booking e na produção.
M&P: O propósito é alargar o portfólio de agenciados ligados ao humor?
TSP: Tenho esse know-how. Trabalhei com o César Mourão, com Herman, com muitas pessoas. Somos os produtores do Palco Comédia do NOS Alive, neste caso em parceria com a Everything is New. Um humorista como o Salvador ocupa muito tempo porque trabalhamos toda a parte estratégica. Por dia chegam-nos inúmeros pedidos. Não dá para ter muitos nomes se a equipa não crescer.
M&P: O humor é um negócio lucrativo?
TSP: Sinto que estamos na Liga dos Campeões. Há 10 humoristas que são muito lucrativos e depois há os outros. Temos a sorte de estar com o Salvador e com a Mariana. Há aqui um caminho desenvolvido em que os espetáculos esgotam muito rápido e são, de facto, um sucesso. Mas não é uma coisa para todos. Uma coisa é fazer espetáculos em Lisboa ou no Porto, outra é fazer noutra zona do país. Muitas pessoas desta nova geração do humor vêm do digital, nunca fizeram televisão ou rádio. É preciso fazer um percurso, senão nota-se uma fragilidade no espetáculo.
M&P: A retoma já chegou aos eventos corporativos?
TSP: Temos tido eventos pequenos, mas eventos com muito volume de negócio e de serviços ainda não existem. É algo transversal ao mercado. Damo-nos bem com agências concorrentes e dizem-nos que não têm acontecido. Temos feito três ou quatro eventos por mês, mas não com os volumes que existiam. Há a expetativa de que voltaremos a fazê-los. O meu medo é se é tudo guardado para a altura dos festivais de verão. Aí não haverá mãos a medir porque todas as salas estão esgotadas, não há audiovisuais, não há equipas. Não há nada para o que aí vem. Houve técnicos com que trabalhávamos que, com a pandemia, tiveram de mudar de emprego ou abriram os seus próprios negócios noutras áreas. Há muita falta de mão de obra.
M&P: Os eventos híbridos continuam presentes nas propostas das empresas?
TSP: Os eventos híbridos vão manter-se. Acredito é que haverá maior seleção de quem vai aos eventos e uma maior obrigatoriedade da qualidade de quem faz. Houve uma altura em que havia muita gente a fazer “inventos”, como se dizia, mas eram eventos que não marcavam. Agora haverá uma seleção de quem vai ou não ao evento. O evento físico só estará ao alcance de alguns. Quem não vai, poderá ter acesso remoto.
M&P: Como divide os dois milhões de euros esperados para 2022 pelas diferentes áreas onde atuam: conteúdos, eventos, espetáculos, agenciamento, produção de televisão?
TSP: A televisão entra no bolo de agenciamento, que inclui as campanhas de marcas e espetáculos ao vivo. Quero acreditar que a parte dos agenciados signifique 60 por cento, os eventos 20 por cento e o content os outros 20.