As Presenciais de 2021
Análise de Miguel Somsen, copywriter da TVI, à comunicação das Presidenciais 2021, publicada na mais recente edição do M&P
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Marcelo não concorre às presidenciais 2021, mas às presenciais 2021: basta-lhe aparecer para ganhar as eleições e garantir um segundo mandato. Mas aparecer não é só importante para ele, também é importante para os outros candidatos “presenciais” que, de uma forma ou outra, já andam em campanha na comunicação social e redes sociais há anos (excepto Vitorino “Tino de Rans” Silva, o menos calculista dos candidatos, que hiberna todos os cinco anos que intervalam as eleições, e nem assim se decide no nome pelo qual o devemos escolher).
Tendo em conta que a pandemia limitou a tradicional campanha de rua e contacto público imediato, aparecer significa comparecer às poucas oportunidades de dar nas vistas: em suma, ir aos debates televisivos dar a cara e o corpo às balas. Numa campanha-relâmpago de oito dias, em 21 debates de meia hora cada um, Marcelo limitou-se a aparecer, Tino de Rans declamou poesia de rua, e o ónus das presidenciais ficou entregue aos restantes cinco presidenciáveis, todos eles preocupados em não alienar o seu eleitorado, como se viu em João Ferreira e Marisa Matias, que nunca deram um passo maior do que a perna, ao contrário de Ana Gomes, André Ventura e Tiago Mayan Gonçalves, que correram os riscos by all means necessary para conquistar eventuais indecisos que tenham nascido da fragmentação da direita e de uma certa ruína comunista rural.
Numa lógica de comunicação não-ideológica simples, ou seja, numa lógica de comunicação de café, considero que os melhores candidatos foram Tino de Rans, pela humildade terra-a-terra com que nos lembrou o que é ser Portugal, e Tiago Mayan Gonçalves, pela insolência com que vendeu a sua utopia liberal adquirida no Ikea, nada mau para um completo desconhecido que aproveitou bem o palco televisivo para pôr o pé na porta. André Ventura parece ter vencido todos os debates, quando na verdade apenas conseguiu berrar mais do que todos nos debates, e só foi surpreendido pelo discurso de abertura de Tiago Mayan, um ataque político ao que Ventura e o Chega na realidade representam. Toda a gente diz que o debate para o playoff da Champions, Ana Gomes-Ventura, deu empate, mas parece-me que Ana Gomes venceu.
Venceu acima de tudo pela forma como não se deixou perder nos ataques reles de Ventura, evitando com paciência e táctica os erros que Marisa Matias e João Ferreira antes cometeram com o fascista. Se mantiver a mesma firmeza, tenacidade e lucidez, Ana Gomes será presidente dos portugueses em 2026.
Análise de Miguel Somsen, copywriter da TVI, à comunicação das Presidenciais 2021, publicada na mais recente edição do M&P