Vídeo watching enquanto ferramenta formativa
Artigo de opinião de Catarina Correia, head of marketing & communication da Cegoc

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Catarina Correia
Actualmente, quase tudo está acessível em formato vídeo, de forma gratuita ou a muito baixo custo. É possível aceder a filmes, séries ou outros serviços Pay-Per-View de forma prática e imediata. Consegue-se consultar arquivos gratuitos para aceder a informação que anteriormente só estava disponível em determinadas bibliotecas. Pode-se assistir em directo a eventos desportivos, documentários e outros conteúdos criados por uma cada vez maior comunidade de produtores de conteúdo que florescem no campo fértil das redes sociais, com destaque para o Youtube.
Ainda que a utilização dos vídeos para a área de formação não seja algo completamente novo, é fácil compreender a multiplicidade de possibilidades e oportunidades de potenciar a exploração deste formato, para consolidar e complementar a área da formação. Mas, para lá da óbvia constatação de que o vídeo é um media essencial e verdadeiramente transversal, quais as principais inovações que contribuem para maximizar a eficácia deste suporte enquanto ferramenta de formação?
Antes de responder em concreto a esta questão importa realçar que as plataformas MOOC (Massive Online Open Course), COOC (Corporate Online Open Course) e/ou com uma vertente B2C (Linkedin ou Lynda) são predominantemente compostas por vídeos com a sua transcrição, a que se juntam alguns documentos e actividades complementares. O formato não é assim tão inovador pois o “rich media” existe já desde os anos 90. O que mudou verdadeiramente foi a massificação – há mais conteúdo, mais acessível, mais cursos e mais plataformas.
A experiência do formando segue basicamente o comportamento patente nos media digitais em geral. Não só quer ter informação alinhada com o seu ritmo digital: mobile, sem restrições, fácil e com a capacidade de gerir a sua própria formação – como também acaba por sofrer com o overload informativo que caracteriza os tempos actuais – desbloqueia, em média, o seu smartphone nove vezes por hora e são interrompidos a cada cinco minutos por aplicativos profissionais. Cerca de 2/3 queixam-se depois de que não tem tempo para fazer o seu trabalho. Como consequência desta sobrecarga de conteúdos, a maioria dos formandos/utilizadores vêem apenas alguns segundos dos vídeos. Diversos estudos apontam a tendência de gostar e partilhar conteúdos sem que os utilizadores tenham visto inteiramente o conteúdo. Isto decorre não só ao nível de conteúdos escritos, como conteúdos vídeo. Basta o tempo necessário para que eles possam dizer “já vi”. Este speed watching é um verdadeiro desafio actual.
Os criadores e produtores de conteúdos formativos devem manter-se lúcidos num momento em que as (rápidas) mudança requerem muita delicadeza no momento de transferência de conhecimento. Para tal convém então ter em conta as principais inovações:
– Utilizar storytelling para captar a atenção da audiência.
Os primeiros segundos são essenciais para “agarrar” a audiência e explicar-lhes como podem beneficiar do vídeo. Desta forma vão manter-se interessados por mais tempo e percebem os benefícios. Esta abordagem assenta no princípio do storytelling a que os utilizadores assistem quando vêem televisão ou uma série.
– Promover o engagement e a transposição.
Ver não é fazer. É importante incentivar a eficiência dos processos e só se aprende ao fazer. Por outro lado, é importante levar os formandos a transporem-se para determinada posição, imaginando uma perspectiva concreta. Ver, gravar, comparar podem acrescentar valor a uma competência, mas nunca a substitui.
– Vídeos personalizados?
Uma outra abordagem consiste em potenciar a experiência do formando através de vídeos taylor-made que criem a sensação de que foram desenvolvidos especificamente para o formando e que vai ao encontro das suas necessidades específicas. Esta prática é também possível ao utilizar as capacidades de aprendizagem adaptativa de algumas plataformas, que fornecem ao utilizador/formando o vídeo certo de acordo com o contexto profissional previamente partilhado.
Numa fase em que a velocidade informativa impera, é importante ter uma estratégia de desenvolvimento de conteúdos e formatos que saibam capitalizar nestes três vectores capitais – storytelling, transposição e personalização.
Artigo de opinião de Catarina Correia, head of marketing & communication da Cegoc