Destaque M&P Exclusivo

“As multinacionais têm uma vida mais fácil a 1 de Janeiro de cada ano”

A agência de meios Nova Expressão passou a accionista de uma nova network de media internacional. Manuel Falcão explica o projecto e analisa a actualidade dos media em Portugal

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Destaque M&P Exclusivo

“As multinacionais têm uma vida mais fácil a 1 de Janeiro de cada ano”

A agência de meios Nova Expressão passou a accionista de uma nova network de media internacional. Manuel Falcão explica o projecto e analisa a actualidade dos media em Portugal

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A agência de meios Nova Expressão passou a accionista de uma nova network de media internacional. Manuel Falcão explica o projecto e analisa a actualidade dos media em Portugal.


A Nova Expressão passou a integrar uma nova network de media internacional, a Local Planet. Para trás fica a estrutura internacional Columbus Media, entretanto extinta. Este é o ponto de partida para a entrevista a Manuel Falcão, director-geral da agência, em que apresenta as novidades e analisa o panorama dos media em Portugal, nomeadamente o segmento das publicações de economia, o crescimento da audiência dos canais por cabo e o combate dos publishers nacionais aos gigantes Facebook e Google.

Meios & Publicidade (M&P): A Nova Expressão faz agora parte de uma nova network de agências independentes. Que mudanças são estas?
Manuel Falcão (MF): A Columbus Media International deixou de existir a meio do ano passado. Houve um movimento de uma série de agências que tinham integrado a Columbus e de outras novas agências para criar uma estrutura mais formal e mais organizada, que foi lançada há poucos dias e que se chama Local Planet. A Local Planet é uma network internacional de agências independentes com duas estruturas centralizadas: uma para o continente americano e outra para a Europa. A parte europeia ficará sedeada em Londres e o CEO será Martyn Rattle, um executivo deste meio com larga experiência internacional. A Local Planet vai agrupar agências que têm operações em 40 territórios. Seremos perto de três mil pessoas na network com capacidades técnicas avançadas e com uma facturação global superior a 10 mil milhões de dólares. Pensamos que irão muito rapidamente aderir novas agências. A Nova Expressão tem o prazer de ter sido convidada para ser um dos 17 accionistas fundadores da Local Planet. Seremos, portanto, o braço português.

M&P: Qual é a percentagem accionista das agências?
MF: Varia conforme os territórios, a importância e peso dos respectivos mercados. São percentagens que vão desde um a dois por cento até aos 15 por cento. No nosso caso é de um por cento.

M&P: Funcionará como uma network de um grande grupo ou para já não existe essa ambição?
MF: Existe essa ambição de conseguirmos ter uma resposta competitiva em relação ao que os clientes internacionais normalmente procuram numa estrutura desse género, ou seja, a certeza de que, ao entregarem-nos os seus investimentos de media, eles são tratados com cuidado nos diferentes territórios por equipas profissionais que sabem o que é melhor. O facto de a Local Planet ser uma network mundial, mas com um posicionamento muito local, muito baseado na experiência das maiores agências independentes de cada país, vai acabar por possibilitá-lo. Na realidade, a Colombus nunca tinha conseguido ter clientes globais. A ambição da Local Planet é ter clientes globais e contas alinhadas internacionalmente. O nosso objectivo é também possibilitar que empresas portuguesas nossas clientes consigam ter apoio à sua internacionalização e à expansão nos mercados europeus, africanos, asiáticos ou no continente americano, onde a Local Planet tem presença.


“O perfil dos anunciantes está muito diferente do que era há uns anos. Nos 10 maiores anunciantes deste ano não temos nenhum banco, temos uma única empresa de telecomunicações”

 


M&P: O objectivo a curto prazo será então que a Local Planet comece a ser chamada por clientes internacionais para concursos?
MF: Exactamente. Há muitas consultas internacionais de clientes multinacionais que têm o planeta dividido em territórios, como o europeu ou o continente americano, que normalmente são tratados separadamente. A Local Planet está a fazer esforços para ser integrada nos vários pitchs que estão a decorrer neste momento.

M&P: A Nova Expressão sente que é penalizada pelos clientes por ser uma agência 100 por cento nacional? Faço a pergunta fazendo a ligação para um caso recente, o do Turismo de Portugal, em que a primeira versão do concurso da conta de meios digitais tinha umas regras que pareciam feitas à medida das agências multinacionais. Puxo até o assunto porque o Turismo de Portugal é vosso cliente.
MF: É nosso cliente, ganhámos a consulta pública há quatro anos e o contrato ainda decorre durante este ano. Também concorremos a essa nova consulta, por isso estamos coibidos de nos pronunciar. Voltando ao outro lado da pergunta, a questão é mais esta: os clientes que temos não nos penalizam por sermos uma agência portuguesa ou por não fazermos parte de um grupo internacional. O que acontece, às vezes, é que alguns grandes clientes olham para nós e pensam que podemos não ter o músculo para competir em pé de igualdade com algumas multinacionais. De facto, até temos músculo. Somos sócios em Portugal da Power Media, uma das grandes centrais de compra, e não existe, verdadeiramente, esse problema de dimensão. Costumo dizer que se fizéssemos o exercício de pegar nos clientes das agências e retirássemos os alinhamentos internacionais, a Nova Expressão, que está em 12º ou 13º lugar no ranking MediaMonitor, dependendo dos meses, estaria certamente na parte de cima da segunda metade do top 10. Nós chegamos a 1 de Janeiro de cada ano e não temos um orçamento de alinhamentos internacionais. Essa é uma questão que nos obriga a um esforço permanente e constante de new business. É um desafio podermos trabalhar com empenho para grandes e médias empresas nacionais, que são o núcleo dos nossos clientes e que nos têm ajudado a crescer ao longo dos anos.

M&P: Quer dizer com isso que os seus colegas das multinacionais estão acomodados às contas de alinhamento?
MF: Quer dizer que têm uma vida mais fácil a 1 de Janeiro do que a que nós temos. Eles sabem-no.

M&P: O perfil dos vossos clientes acaba por ser diferente do das outras agências. A Nova Expressão fechou 2015 no 12º lugar no ranking MediaMonitor, mas tem um investimento muito grande em imprensa. É, aliás, a agência de meios cujos clientes investem mais em imprensa. Porque acontece isso?
MF: Tem a ver com o perfil dos clientes. Nós tínhamos um investimento em televisão percentualmente muito baixo, mas no ano passado tivemos um crescimento significativo. Ainda não estamos ao nível que gostaríamos de estar.

M&P: Quais foram os clientes responsáveis por esse desempenho?
MF: Basicamente foi a conta do E.Leclerc que nos ajudou a reforçar muito o investimento em televisão. Também crescemos muito no digital graças à conta do Turismo de Portugal. Nós temos um investimento digital muito superior à média do mercado, está claramente no top dos investimentos digitais do mercado português. Em televisão no ano passado progredimos bastante, apesar de não termos produtos de grande consumo porque, tipicamente, são alinhamentos internacionais das grandes empresas do sector. Essa é uma das razões para não termos o investimento em televisão proporcional ao nosso share de mercado.

M&P: Parece-lhe que os suportes tradicionais de imprensa estão menos interessantes para a globalidade das agências de meios?
MF: A imprensa atravessa uma quebra progressiva do número de leitores e de audiência. Além disso, no mercado português o acesso aos canais generalistas é relativamente barato em comparação com outros países e não é muito superior ao preço da imprensa. Um bom número de anunciantes que noutros mercados tradicionalmente faz imprensa, em Portugal concentra-se na televisão porque o preço de entrada é mais acessível.

M&P: Já que falamos de imprensa, do lado das agências de meios sentem falta da edição em papel do Diário Económico, que teve uma suspensão que apanhou o mercado de surpresa?
MF: Era uma coisa que estava mais ou menos no horizonte se não aparecesse um comprador para o Económico. É sempre mau perder alguma concorrência. É sempre mais agradável ter concorrência em determinado sector. Hoje, no papel, os jornais económicos ficam organizados em termos de diários com o Jornal de Negócios, e em semanários com a Vida Económica, o OJE e o Dinheiro Vivo, que são todos realidades diferentes. Mais um jornal diário nesta área iria aumentar a concorrência e a qualidade dos produtos.

M&P: Há margem para que apareça um novo título de economia em papel ou no digital?
MF: É provável que apareça. Vamos assistir, com certeza, nos próximos meses ou no próximo ano, a alterações no panorama mediático português. A realidade do digital, que tem uma possibilidade de concretização de projectos que não tem custos industriais, permite que alguns projectos possam ensaiar essa plataforma, à semelhança do que acontece noutros países. Aliás, o próprio Diário Económico está a tentar sobreviver no online. É provável que venham a existir mais projectos na área económica no digital.

M&P: Apresentaram-lhe algum projecto ou o esqueleto de algum projecto que possa vir a ganhar forma?
MF: Por enquanto não, mas existem equipas no mercado a trabalhar nesse assunto.

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M&P: Pode adiantar alguma coisa?
MF: Não cabe a mim falar sobre o que outras pessoas estão a fazer e que ainda não é público.

M&P: Como vê o projecto da Plataforma de Media Privados de criar uma estrutura de publicidade digital, para os grupos de media nacionais, para concorrer com o Google e com o Facebook?
MF: Temos de ver bem o que vai ser feito. Ainda não consegui perceber e penso que a Plataforma ainda não tem uma ideia fechada sobre os moldes como vai funcionar. Houve uma experiência em Espanha, com os principais grupos editoriais, que não correu muito bem. Acabou por não resultar. Isto tem a ver com um problema, que é o da qualidade do inventário, do espaço digital para publicidade que cada um dos grupos vai colocar nessa plataforma. Se for um inventário secundário, sem muito interesse, não sei o que pode acontecer. Os grupos vão guardar o fundamental do inventário para eles próprios venderem? Vão colocá-lo na plataforma? A plataforma vai ser aberta e concorrencial? Vai ter em conta as difusões e audiências reais? Os números vão ser abertos? Estas são questões que levaram a que em Espanha houvesse problemas. São questões que condicionarão, com certeza, o desenvolvimento da plataforma. Achamos importante que haja uma presença forte digital de meios portugueses. A paisagem digital, nem aqui nem em país nenhum, se resume ou se pode reduzir ao Google e ao Facebook. É fundamental que haja meios nacionais, sejam eles oriundos da TV, imprensa ou rádio, que tenham uma expressão digital forte e coerente. São eles que têm a ver com a nossa realidade cultural e social. Vamos ver se os grupos se conseguem entender nessa área de uma maneira positiva quando, infelizmente, ainda não conseguiram entender-se noutras matérias.

M&P: Os anunciantes valorizam os meios digitais nacionais?
MF: Penso que sim. Claro que há uma força muito grande em relação ao Google e ao Facebook pelas razões conhecidas. Tornou-se habitual dizer que o Google sabe tudo sobre o mundo e o Faceboook sabe tudo sobre as pessoas. A diferença é que os meios portugueses sabem tudo sobre Portugal e sobre as pessoas em Portugal. É neste triângulo que se tem de jogar as coisas. A prova disso é que tem havido crescimento do digital em meios portugueses, existe potencialidade. Há um interesse efectivo por anunciar naqueles que são mais lidos e que, por exemplo, têm melhores plataformas móveis, que hoje são um factor absolutamente decisivo.

M&P: Passemos à televisão. Parece que não há mês em que os canais de cabo não ganhem quota aos generalistas. Há maneira de os canais generalistas conseguirem travar a queda?
MF: Sobre os generalistas, gosto de citar o Mark Twain em relação ao caso do jornal que noticiou a sua morte. A morte da televisão generalista ainda é largamente exagerada, ela vai continuar a existir, ainda é dominante e capta a maior fatia do investimento publicitário. Aqui é interessante voltarmos ao ponto do digital. Hoje temos formas de consumo de televisão que não as fórmulas tradicionais. Os conteúdos gerados em televisão acabam por ter uma audiência para além da sua emissão linear. Nos próximos anos vamos assistir a uma progressiva transferência da forma de ver televisão em ecrãs grandes de plasma nas nossas salas para ecrãs mais pequenos ou para a Smart TV ou para a Apple TV. Em Portugal há um esforço grande para que a rede de fibra óptica se estenda por todo o país, que continua a ser o factor mais relevante para a utilização de banda larga. As estatísticas da Anacom indicam claramente que, à medida que a fibra óptica entra em determinadas regiões, altera-se o padrão de consumo da internet. Isso tem consequências na visualização de vídeo. Também sabemos que o consumo de internet tem o seu pico na altura de prime time de televisão e que à volta de 60 por cento das pessoas têm double screening. Tudo isto são fenómenos que alteram o padrão de comportamento em relação à televisão. Não penso que a televisão generalista vá deixar de existir nos próximos anos, arranjará forma de se reconverter. É provável que ainda desça alguns pontos de audiência.

M&P: Neste panorama, qual o papel da televisão pública? Faço a questão tendo em conta que foi director do segundo canal. Como vê a nova administração?
MF: Esta administração está a fazer o seu caminho e está, com certeza, a encontrar um rumo. Não existe ainda um rumo para o serviço público de televisão em Portugal. Não sou o único a dizê-lo, mas esta opinião é exclusivamente individual. A RTP não é só a RTP1 e a RTP2, é um conjunto de canais de televisão e de rádio e existe alguma esquizofrenia na definição dos sectores que devem tocar. Claramente a RTP precisa de melhor definição para ser melhor compreendida pelo público e pelos stakeholders do mercado.

M&P: Como vê, por exemplo, a actual RTP2?
MF: Não gosto muito de falar sobre os sítios por onde passei e onde fui feliz. A Teresa Paixão [directora de programas da RTP2], que, aliás, trabalhou comigo quando estive no segundo canal, está a fazer o seu melhor com os dados que tem. Alterou-se um pouco a matriz do que as coisas eram, mas acho que há falta de definição. Já houve uma definição mais clara do papel de cada um dos canais do grupo do que a que há hoje.

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M&P: Que mudança houve com a entrada do consumo diferido nos relatórios das audiências de TV? Em Março a SIC Notícias reivindicou a liderança no cabo, quando na realidade se referia apenas ao consumo de TV em directo, uma vez que, juntando o consumo directo e o diferido, quem ficou à frente foi o canal Hollywood.
MF: Tanto quanto é possível ver ao fim de mês e meio, o que ainda é pouco significativo, percebe-se que o consumo em diferido tem mais peso nos canais do universo da pay TV. Há uma pequena incidência em prime time nos generalistas entre quem vê uma novela em directo e depois vai ver outra em diferido, ou entre alguém que está a ver futebol em directo e depois alguém vai ver a novela que passava no mesmo horário noutro canal. Há fenómenos destes, mas não são verdadeiramente significativos. Isto produz alguma variação dos ratings, portanto tem impacto comercial, mas ainda é cedo para determinar o verdadeiro impacto. Já no cabo manifesta-se nos canais com séries e filmes, como esse exemplo do Hollywood.

M&P: Este ano poderá haver um crescimento real do investimento publicitário nos canais generalistas?
MF: Não está a haver até agora. Ainda não há números certos do primeiro trimestre, mas a realidade do mercado ainda não o mostra. O mês de Janeiro foi relativamente fraco, Fevereiro foi melhor, mas ainda não sabemos como foi Março [entrevista realizada a 14 de Abril]. Diria que neste momento não há um crescimento significativo nos canais FTA. Há algum crescimento do cabo, que tem a ver com o peso progressivo dos canais de cabo.

M&P: Qual o impacto que a CMTV pode vir a ter em termos de investimento?
MF: A CMTV, desde que passou a estar nas duas plataformas, Meo e NOS, passou claramente a disputar a liderança. Está permanente no top 3, top 4 dos canais. Há semanas e momentos da semana em que é número 1. É claramente um canal para seguir com atenção.

M&P: Em termos globais de mercado, o primeiro trimestre terá então sido estável…
MF: Sem grandes crescimentos. É muito difícil fazer previsões. Em 2015 chegámos ao fim do primeiro semestre com crescimento de 9 por cento em termos reais e acabámos o ano nos três pontos e qualquer coisa. O segundo semestre do ano passado teve instabilidade política e falta de decisões na área da economia, que acabaram por prejudicar o investimento publicitário. Esse semestre, em termos objectivos, caiu bastante. Este primeiro semestre pode correr bem, há alguns pontos que podem servir de animação. Mas também notamos que o perfil dos actuais anunciantes está muito diferente do que era há uns anos. Nos 10 maiores anunciantes deste ano não temos nenhum banco. É uma situação que não existia, a banca era um sector importante do investimento. Temos uma única empresa de telecomunicações nos 10 maiores investidores, que é a NOS. Normalmente tínhamos duas das três principais empresas de telecom. Mesmo a própria grande distribuição alimentar costumava ter uma presença maior. Hoje tem o Continente e o Intermarché bastante atrás. O Pingo Doce já não está tão próximo. O mercado mudou.


“Os instrumentos de medição causam sempre polémica, sobretudo para quem não está em primeiro lugar”


Manuel Falcão comenta a decisão de o Observador sair do Netscope, defendendo os instrumentos que existem actualmente no mercado

M&P: Como viu a decisão de o Observador sair do Netscope com críticas muito precisas ao sistema de medição da audiência online?
MF: Quando se tenta ter um painel com regras comuns, aceites por toda a gente como é o caso dos painéis que a Marktest elabora, é muito difícil que toda a gente esteja integralmente contente. O mercado em geral tem confiança nos métodos e nos sistemas utilizados pela Marktest, que são a referência que nós utilizamos. A História tem mostrado que quando alguém não quer estar num painel da Marktest é porque tem medições próprias que indicam valores diferentes ou porque não quer submeter as suas medições a essas bitolas. Tenho pena que o Observador tenha decidido sair porque fica muito complicado comparar o incomparável, porque os sistemas de medição do Observador são baseados em premissas que não são iguais às dos outros que estão a ser auditados – isto independentemente da justeza ou não das razões. Deixa de haver um ponto de comparação efectivo. Toda a gente perde se deixar de haver esse ponto de comparação.

M&P: Este movimento pode levar a que haja menos investimento por parte das agências de meios no Observador?
MF: É muito cedo para dizer isso, mas vamos imaginar que havia uma televisão que tinha um sistema de medição próprio que lhe era mais favorável. Uma TV que dizia que, em vez de 28 por cento de share, tinha 32, e que não queria esse sistema de audiências mas queria outro. O mercado ficava desequilibrado. Acreditamos em quem? O preço do rating vai ser qual? O que corresponde à medição que o mercado aceitou ou o que determinado órgão faz com uma metodologia própria que, apesar de tudo, não é tão escrutinada?

M&P: O Observador levantava a questão de o Netscope não medir todo o consumo dos conteúdos digitais, como é o caso das apps que poderão, segundo eles, representar 10 a 20 por cento da audiência. O Netscope não faz uma radiografia incompleta das audiências no digital?
MF: Não é só o Observador que tem apps. Isso aplica-se tanto às apps do Observador, como às dos outros meios, já que quase todos as têm.

M&P: A declaração do Observador em que anunciava a saída do Netscpe também referia uma questão de desconforto que existia em alguns meios sobre o facto de as audiências do Expresso integrarem a revista Blitz e a Exame Informática, o que seria uma forma de o jornal apresentar audiências mais robustas. O mesmo acontecia com o Jornal de Notícias e o Ocasião.
MF: Não penso que essas medições marginais sejam verdadeiramente significativas no bolo central.

M&P: Os sistemas de medição de audiências no digital parecem cada vez mais sofisticados, mais apurados, mas depois no papel parece que as coisas já não são assim…
MF: O Bareme da Marktest faz o trabalho que tem de fazer na medição por estudo de avaliação. A APCT, que faz a auditoria das tiragens e da circulação, tem feito um esforço enorme nos últimos anos para credibilizar os dados que disponibiliza, no sentido de utilizar sistemas e de criar plataformas para que a sua medição seja integrada no planeamento, coisa que não existia há uns anos. Tem-se progredido na imprensa em papel no que diz respeito à medição da circulação. Toda a gente está confortável com os dados que temos.

M&P: Ciclicamente a questão das audiências é motivo para polémica ou para manifestações de desconforto. Há então todas as razões para acreditar nos instrumentos que existem no mercado?
MF: Os instrumentos de medição causam sempre polémica, sobretudo para quem não está em primeiro lugar. Faz parte da vida, aqui ou na China. Esses instrumentos partem de um entendimento comum, de um sistema consensualmente aprovado, que as várias partes aceitam. No caso dos meios, existe a CAEM que junta todas as partes do processo, os publishers, os grupos de media, os anunciantes e as agências de meios que tentam, entre todos, consensualizar as regras do mercado. Têm-se dado passos nesse sentido. Nem sempre se tem a mesma opinião, mas no fim do dia toda a gente gosta que haja uma medição uniforme do mercado.

 

 

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Guilherme Coelho lidera nova área tecnológica da Havas

“Há uma crescente complexidade regulatória no uso de dados para fins de comunicação, o que obriga à criação de uma equipa especializada”, diz Guilherme Coelho (na foto), sócio-gerente da CSA, consultora focada em tecnologia e análise

Guilherme Coelho, anterior gestor nacional da Incubeta, é o sócio-gerente da CSA, nova consultora tecnológica que o grupo Havas está a lançar em Portugal. Licenciado em engenharia alimentar pela Universidade Católica Portuguesa e mestre em engenharia e gestão industrial pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, lidera a nova consultora de tecnologia, dados e análise.

“Um dos principais desafios deste mercado centra-se na complexidade da análise de dados e na sua transformação em ‘insights’ acionáveis que sejam de fácil compreensão para os clientes. Será esse um dos nossos maiores focos, sermos tradutores capazes de simplificar algo tão técnico sem perder profundidade e riqueza de informação”, refere ao M&P Guilherme Coelho, sócio-gerente da CSA.

Fomentar nas empresas portuguesas uma cultura de utilização dos dados mais estratégica é uma das prioridades do proprietário da Bracket, consultora de ‘data analytics’, ‘web development’ e ‘media strategy’, que ao longo da carreira passou pela Lisbon Digital School, Samsung Portugal, SIVA, Emailbidding, Kwanko e Adclick.

“Ter uma cultura de utilização de dados mais estratégica é algo que ainda não é amplamente priorizado, mas, a par disto, há também uma crescente complexidade regulatória no uso de dados para fins de comunicação, o que obriga a uma atenção constante às exigências legais e à criação de uma equipa especializada na área de dados aplicada ao marketing, preparada para tirar máximo partido das oportunidades em tempo real”, sublinha Guilherme Coelho.

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Faturação da ByteDance sobe para €136,1 mil milhões

A faturação do TikTok em 2024 representa um quarto das receitas totais da ByteDance, que atingem um novo recorde apesar da desaceleração das operações na China

As receitas de faturação da ByteDance, empresa-mãe do TikTok, aumentam 29% para 155 mil milhões de dólares (€136,1 mil milhões) em 2024, de acordo com um relatório obtido pelo site The Information, mas não confirmado pela empresa. Os lucros da marca chinesa aumentam 6% para 33 mil milhões de dólares (€28,9 mil milhões) no mesmo período.

A faturação do TikTok em 2024 representa um quarto das receitas totais da ByteDance, que atingem um novo recorde apesar da desaceleração das operações na China, segundo o relatório. Os mercados internacionais também representam um quarto da faturação total da ByteDance e registam um aumento de 63% em 2024, para 39 mil milhões de dólares (€34,2 mil milhões), impulsionado pelo crescimento da rede social.

A ByteDance tem vindo a expandir o comércio eletrónico, através do TikTok Shop, para um maior número de mercados estrangeiros, incluindo Espanha e Irlanda em 2024, com o objetivo de competir com empresas como a Shein e a Temu. A empresa está também a tentar expandir o TikTok Shop para Itália, Alemanha e França, com planos de entrar no Japão e no Brasil ainda este ano.

A ByteDance está ainda a tentar competir no setor da inteligência artificial (IA), com o desenvolvimento de novos óculos inteligentes, de acordo com outro relatório da The Information. O foco deste novo dispositivo será a captação de imagens e vídeos de boa qualidade.

A empresa até já terá iniciado o processo de negociação com os fornecedores para determinar os detalhes do dispositivo, nomeadamente as especificações técnicas, o custo e a data de lançamento.

Atualmente, a ByteDance enfrenta inúmeros desafios nos Estados Unidos, o seu maior mercado, onde terá de vender a operação da rede social, sob risco de ser proibida por motivos de segurança nacional e preocupações com a privacidade dos dados.

Sobre o autorDaniel Monteiro Rahman

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O livro ‘Storytelling — A Melhor História Ganha’, de Mark Edwards, a série ‘Vinagre de Sidra’, da Netflix, e o podcast ‘Uncensored CMO’, são alguns dos destaques

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Storytelling — A Melhor História Ganha

Ao longo de várias décadas dedicadas ao jornalismo, Mark Edwards criou um método próprio para escrever histórias convincentes e cativantes. Neste livro, partilha as técnicas que desenvolveu e a abordagem seguida na criação de histórias vencedoras e na comunicação eficaz. A obra inclui vários exemplos aplicáveis a diferentes áreas, como a publicidade, o marketing e os negócios.

Partindo da premissa de que, num mundo saturado de informação, as melhores histórias são as que se destacam e conquistam audiências, Mark Edwards demonstra que a forma como uma mensagem é contada pode ter mais impacto do que a própria mensagem. Explica ainda como estruturar histórias eficazes, utilizando personagens, conflito e resolução para criar uma ligação autêntica com o público, mostrando como histórias bem construídas geram emoção, envolvimento e ação.

Autor Mark Edwards
Editora Clube do Autor
Lançamento Março de 2025
Páginas 248
Preço €18,00

Personal Branding — O Guia Para Uma Marca Pessoal de Sucesso

Neste livro, Raquel Soares, fundadora da Love People, consultora de marca pessoal, imagem e da conferência Personal Branding Summit, partilha estratégias, histórias e as lições que aprendeu ao longo de anos de experiência na transformação de carreiras e negócios.

A obra apresenta estratégias para destacar talentos, criar conexões e aumentar a credibilidade profissional. Com sugestões aplicáveis e casos reais, Raquel Soares mostra como se pode destacar num ambiente competitivo, reforçando a importância da consistência e do propósito, e como criar uma marca pessoal autêntica, influente e memorável.

Autor Raquel Soares
Editora Ideias de Ler
Lançamento Março de 2025
Páginas 272
Preço €17,75

Ver

Vinagre de Sidra


Criada por Samantha Strauss e realizada por Jeffrey Walker, Vinagre de Sidra inspira-se na história verídica de Belle Gibson, influenciadora que enganou os seguidores ao afirmar ter-se curado de um cancro através da medicina alternativa, para lucrar com esse estilo de vida.

A série destaca os perigos das falsas promessas no mundo do bem-estar, o impacto das redes sociais e o papel dos influenciadores na disseminação de informações de saúde.

Formato Minissérie
Género Drama
Realizador Jeffrey Walker
Estúdio See-Saw Films
Distribuidora Netflix
Plataformas Netflix
Lançamento Fevereiro de 2025

A Batalha das Pop-Tarts

Escrito e realizado pelo ator e humorista norte-americano Jerry Seinfeld, A Batalha das Pop-Tarts é uma comédia que retrata a guerra entre as marcas Kellogg’s e Post, que resulta na criação da icónica Pop-Tart da Kellogg’s, que revolucionou o pequeno-almoço dos norte-americanos.

Através do humor, o filme mostra os bastidores da rivalidade entre as gigantes da indústria alimentar e como o marketing transforma umas simples bolachas num fenómeno cultural.

Formato Filme
Género Comédia
Realizador Jerry Seinfield
Estúdio Columbus 81 Productions
Distribuidora Netflix
Plataformas Netflix
Lançamento Maio de 2024

Escutar

Uncensored CMO

O Uncensored CMO é um podcast de Jon Evans, diretor de marketing e clientes da plataforma de eficácia de marca System 1, criado para explorar os prós, os contras e a verdade por trás da prática do marketing.

Com entrevistas a diretores de marketing e líderes do setor, o podcast aborda estratégias de marca, casos de sucesso e desafios das marcas, entre outros temas.

Screaming Creativity

Conduzido por Rob Reilly, diretor criativo executivo global do grupo WPP, o Screaming Creativity explora o impacto da criatividade nos negócios e na cultura.

O podcast inclui conversas com personalidades influentes do marketing e da publicidade, nas quais são abordados temas como o impacto da tecnologia na criatividade, o panorama em constante evolução do setor criativo, o futuro da publicidade e os percursos criativos dos convidados.

What Next?

O What Next? explora como a globalização, a tecnologia e as mudanças demográficas estão a remodelar a forma como criamos, consumimos e comunicamos.

Rishad Tobaccowala, conselheiro sénior do Publicis Groupe, conversa com diretores executivos e diretores criativos, para discutir o impacto da tecnologia nos meios de comunicação social, o atual cenário empresarial e da publicidade, bem como os desafios da liderança no futuro do trabalho.

Sobre o autorDaniel Monteiro Rahman

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Palhaçadas sérias

‘Clowns’ da BBH, para a Audi, é a campanha que Joana Antunes, redatora da Fuel, gostava de ter feito. ‘Estrelas Perfeitas’ da Dentsu Creative Portugal, para a Associação Salvador, é a que mais gostou de fazer, revela na rubrica Como É Que Não Me Lembrei Disto?

Vencedora de uma Prata no Young Lions Portugal 2023, Joana Antunes, redatora da Fuel, não tem na escrita a maior das paixões. Do que gosta mesmo é de pegar num ‘briefing’ e explorar as potencialidades do projeto que tem em mãos, procurando desafiar-se até ao limite, sem receio de pensar em grande.

É por isso que elege ‘Clowns’, que só descobriu recentemente, como a campanha que gostaria de ter feito. A simplicidade da ideia é o que mais a cativa, revela na rubrica do M&P Como É Que Não Me Lembrei Disto, dedicada à criatividade.

‘Estrelas Perfeitas’, a campanha que mais gostou de fazer, foi desenvolvida durante o período em que trabalhou na Dentsu Creative Portugal, entre julho de 2022 e outubro de 2023, antes de sair para a Alfred e depois para a Judas. Está na Fuel desde junho de 2024.

Qual é a campanha publicitária que gostaria de ter feito?

São várias as campanhas que gostaria de ter feito, especialmente as da Apple e do Burger King, que são sempre incríveis. No entanto, recentemente, deparei-me com uma campanha da Audi, de 2017, chamada ‘Clowns’, que me fez querer vê-la e revê-la vezes sem conta.

Quais são as razões dessa escolha?

Gosto sempre de fazer um exercício quando vejo uma boa campanha, que é imaginar qual seria o ‘briefing’. Neste caso, o ‘briefing’ deve ter sido daqueles que tinha tudo para ser aborrecido. Algo na linha de “precisamos de criar uma campanha que fale dos novos atributos de segurança dos nossos carros”.

A equipa que o recebeu deve ter conseguido dar-lhe a volta, desenvolvendo uma ideia muito simples, com base num ‘insight’ verdadeiro, o que é incrível. É algo que eu gostaria de ter conseguido fazer, caso tivesse recebido esse ‘briefing’.

O que é que lhe chama mais a atenção na campanha?

A simplicidade é o que me fascina nesta campanha. O filme passa uma mensagem forte. Consegue ter humor e emocionar em simultâneo. Porque há, de facto, muitos ‘palhaços’ na estrada, que são um perigo para todos nós. Este seria, talvez, o caminho mais óbvio, fazer uma campanha emocional e pesada.

Joana Antunes, redatora da Fuel

É só a simplicidade que a cativa?

Para mim, a inteligência da ideia é o uso da metáfora, ao trazerem os palhaços para o filme, o que torna a ideia mais leve, cativante e com algum humor. O facto de não serem necessárias falas para explicar a mensagem é outro dos pontos que adoro nesta campanha.

A assinatura no final do filme, ‘Audi Technology. Clown Proof’, é suficiente e resume a ideia de forma muito clara. Por fim, a escolha da música [‘Send In The Clowns’ de Faultline feat. Lisa Hannigan], é a cereja no topo do bolo.

É uma música que nos transporta para algo triste, mas que acaba por trazer algum sarcasmo para a campanha, reforçando a ideia de que podem mandar vir os palhaços porque a Audi está preparada para nos proteger deles.

Esta campanha inspirou-a a nível criativo?

Comunicar para marcas de carros nunca foi uma ambição e sempre achei que, criativamente, era algo um pouco limitado. No entanto, esta campanha fez-me ver este segmento de outra forma. Veio, inclusive, relembrar-me de que não existem maus ‘briefings’.

Se existir um cliente aberto a novas abordagens, conseguimos fazer coisas diferentes, que toquem as pessoas e que passem uma mensagem clara e impactante. Esta campanha inspirou-me a olhar para os ‘briefings’ que parecem aborrecidos com um novo olhar.

Qual é a campanha que fez que mais a concretizou profissionalmente?

Ainda tenho de pedalar muito nesta área para poder responder a esta pergunta. No entanto, com a experiência que tenho, posso dizer que o projeto que me fez sentir mais realizada foi a campanha ‘Estrelas Perfeitas’, para a Associação Salvador.

Primeiro, porque criámos um produto de raiz, o que por si só já é algo que me dá orgulho. Depois, ver o impacto do projeto e pôr as pessoas a contribuir e a falar sobre uma causa importante, é gratificante.

Sabemos que, só com a publicidade, não conseguimos mudar o mundo, mas se podermos contribuir para que seja um sítio melhor, torna-se mais fácil criá-la todos os dias.

Como é que chega a essa ideia?

O desafio que a Associação Salvador nos lançou consistia em criar um amuleto, um objeto, para assinalar o Natal e reforçar a importância da acessibilidade.

Ao fim de várias ideias chumbadas, lembrámo-nos de um momento, de uma tradição, que é comum em todas as casas, pôr a estrela no topo da árvore. É um momento que vemos como algo normal, mas que para muitas pessoas não é possível.

E assim nasceu a ideia de criarmos árvores de Natal inclusivas, construindo estrelas que podiam ser colocadas em qualquer parte da árvore.

Como é que avançou para a execução?

Para que a inclusão estivesse presente no nosso próprio produto, decidimos criar estrelas assimétricas e imperfeitas, simbolizando as fragilidades que todos temos. A nossa ideia era, também, que este objeto fosse bonito e apelativo, para que as pessoas o quisessem comprar para decorar as suas árvores.

Por isso, decidimos fazer uma parceria com a Burel, que facultou o excedente de produto e produziu as estrelas, tornando também a ideia sustentável.

 

As campanhas atualmente estão mais ou menos criativas do que antigamente?

Acho que os tempos mudam e devemos adaptar-nos. Presumo que, antigamente, as marcas investissem e arriscassem mais na comunicação. No entanto, acho que, hoje em dia, o ruído é tanto e está em tantos meios ao mesmo tempo que se torna essencial fazer uma comunicação mais de entretenimento e menos de ‘hard selling’.

O que faz quando não tem ideias?

Era incrível existir uma fórmula que resultasse sempre, mas no meu caso ainda não a descobri, nem depois de ler o guia prático de criatividade do John Cleese.

Quando não tenho ideias, passo primeiro pela clássica fase de síndrome de impostor, onde tudo é motivo de questionamento. Depois, vou dormir sobre o assunto, literalmente, o que resulta muito bem.

Noutras alturas, arregaço as mangas, abro um documento de Word em branco e começo a desenvolver uma pesquisa e a escrever ‘insights’ soltos.

Ficha técnica

Campanha ‘Clowns’
Cliente Audi
Agência Bartle Bogle Hegarty (BBH)
Diretor criativo Ian Heartfield
Diretor de arte Mikael Alcock
Diretor de estratégia Damien Le Castrec
Redator Doug Fridlund
Produtora Rattling Stick
Produtora executiva Katie Keith
Produtores David Lynch, Tim Nunn e Sally Humphries
Realizador Ringan Ledwidge
Diretor de fotografia Adam Arkapaw
Edição Rich Orrick/Work Editorial
Pós-produção The Mill Sonoplastia String and Tins
Diretora musical Ayla Owen
País Reino Unido
Ano 2017

Ficha técnica

Campanha ‘Estrelas Perfeitas’
Cliente Associação Salvador
Agência Dentsu Creative Portugal
Diretor criativo Ivo Purvis
Diretora de arte Madalena Montellano
Redatores Joana Antunes e Nuno Leal
Realizadora Maria Mena
Vídeografia Luís Pinto Magalhães
Fotografia Fernando Sousa
Entrevistas Nuno Mata, Diana Niepse e Hugo Maia
País Portugal
Ano 2023

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Havas inspira-se na força do vento para reposicionar EDP

O filme institucional da campanha conta com a participação da atleta norte-americana Melissa Jefferson (na foto) que, aos 24 anos, está a consolidar-se como uma das principais velocistas do mundo

A Havas destaca o papel da energia eólica na campanha institucional global que marca o reposicionamento da EDP.
Somos Mais Rápidos Com o Poder do Vento’ é o mote da nova campanha produzida e realizada pela Garage, com planeamento de meios da Wavemaker. Em Portugal, vai estar três semanas no digital, redes sociais e televisão.

A campanha decorre também em digital e redes sociais em Espanha, Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Polónia, Bélgica e Dinamarca.

O filme publicitário conta com a presença da desportista Melissa Jefferson, que, aos 24 anos, está a consolidar-se como uma das principais velocistas do mundo. No anúncio, a atleta norte-americana supera o seu recorde pessoal numa pista situada num parque eólico, reforçando a mensagem de que todos somos mais rápidos quando aproveitamos a força do vento.

Para além do novo posicionamento da EDP, o ‘spot’ realça o papel transformador da energia eólica na construção de um futuro neutro em carbono.

“Em 2024, ultrapassámos os 12 mil megawatts de capacidade instalada e gerámos mais de 31 mil gigawatts de energia limpa a partir da força vento. Esta é a década da ação, em que cada rotação das turbinas conta”, salienta Vera Pinto Pereira, administradora executiva da EDP, citada em comunicado de imprensa.

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Marketing

L’Oréal Paris escolhe Philippine Leroy-Beaulieu

A atriz (na foto) que interpreta Sylvie Grateau na série da Netflix ‘Emily em Paris’ protagoniza a campanha da linha Age Perfect Collagen Expert da marca francesa

A L’Oréal Paris anuncia a atriz Philippine Leroy-Beaulieu, de 61 anos, para embaixadora da marca em França. A atriz vai promover a linha Age Perfect Collagen Expert, a partir de 9 de junho. A divulgação é feita na página do Instagram da L’Oréal Paris com a mensagem: ‘a idade perfeita é agora!’

Conhecida pela personagem Sylvie Grateau na série da Netflix, ‘Emily em Paris,’ a atriz francesa desperta a atenção pelo estilo francês sofisticado. A L’Oréal Paris descreve-a como “um modelo de perseverança e ousadia”.

Para a diretora-geral da L’Oréal Paris, Marie-Julie Monnot, a atriz é a personificação do ‘french chic’. “Ao celebrar a idade, torna-se uma verdadeira fonte de inspiração para todas as mulheres”, conclui em comunicado.

A escolha de Philippine Leroy-Beaulieu faz parte de um movimento mais amplo da L’Oréal Paris, para defender a diversidade e a inclusão em todas as idades, culturas e estilos de vida.

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Comunicação

Digidelta lança marca de filmes sustentáveis para impressões digitais

Desenvolvidos nos últimos dois anos, os filmes da Biond (na foto), da Digidelta, podem ser usados, com ou sem adesivo, em comunicações visuais, decorações de interior, publicidade, rotulagens e embalagens

A Digidelta, empresa que desenvolve e comercializa soluções de impressão, está a lançar no mercado a Biond, uma gama de filmes sustentáveis. Desenvolvidos com materiais biodegradáveis, de origem vegetal, que absorvem dióxido de carbono durante o processo de crescimento, são 100% biodegradáveis e podem decompor-se em menos de 90 dias, nas condições adequadas.

“A sustentabilidade não é apenas uma escolha, mas uma necessidade imperativa para o mercado global. Com a gama Biond, que traz ao mercado uma inovação sem precedentes, acreditamos que podemos redefinir os padrões de qualidade e responsabilidade ambiental, promovendo uma alternativa que alia a eficiência e o respeito pelo planeta”, salienta Armando Mota, CEO da Digidelta, citado em comunicado de imprensa.

Além de minimizarem as emissões de compostos orgânicos voláteis, tornando-os mais seguros e ecológicos, os novos filmes, desenvolvidos pela empresa nos últimos dois anos, também garantem benefícios de usabilidade idênticos aos tradicionais filmes adesivos de PVC, sem comprometer a qualidade de impressão. A nova solução pode ser usada, com ou sem adesivo, em comunicações visuais, decorações de interior, publicidade, rotulagens e embalagens.

“Com uma compatibilidade abrangente com tecnologias de impressão digital como o UV LED, o UV gel, o eco-solvente, o látex e a impressão mecanográfica flexografia e ‘offset’, a Biond adapta-se facilmente às necessidades mais exigentes do mercado”, salienta o responsável, que aposta na assinatura ‘A Branded Film Today for a Carbon-Free Tomorrow’ para exportar os novos filmes, investindo numa estratégia de distribuição global.

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Marketing

Marcas americanas adaptam estratégias em resposta às tarifas de Trump

Para marcas que produzem na China e no Vietname, como a Nike, a situação é preocupante. As que fabricam nos EUA estão numa boa posição, mas têm de ser cautelosas com o marketing ‘Made in the USA’

À medida que as marcas nos Estados Unidos se confrontam com um cenário marcado por tarifas comerciais alargadas e aumentos de preços nas importações, os anunciantes estão a adaptar as estratégias para enfrentarem um novo período de incerteza que os especialistas preveem que possa resultar numa crise mundial, noticia a Ad Age.

As marcas estão cautelosas em relação ao impacto das tarifas nos preços e na procura por parte dos consumidores. O mais recente plano de tarifas imposto por Donald Trump inclui uma taxa de 10% sobre todas as importações, bem como tarifas recíprocas sobre os países que impõem tarifas às importações dos Estados Unidos. O presidente norte-americano promete taxar os “piores infratores”, nomeadamente a União Europeia, a China e o Vietname.

A situação é preocupante para marcas como a Nike, que tem grande parte da produção centrada em fábricas na China e no Vietname, ou para a Bogg Bags, obrigada a procurar alternativas à produção na China. De acordo com dados da Bloomberg Intelligence, marcas como a Gap, a Victoria’s Secret e a Ralph Lauren também vão ser afetadas pelas pressões resultantes da instalação de fábricas no Vietname.

As marcas que fabricam a maior parte dos produtos nos Estados Unidos, por seu lado, estão numa boa posição. Segundo avança o The Wall Street Journal, é provável que uma vaga de anunciantes promova campanhas focadas no termo ‘Made in the U.S.A.’. A tendência já começa a surgir, com marcas como a New Balance e a Ford, entre outras, a divulgarem publicidade centrada na produção nacional.

‘Made in the U.S.A.’ pode trazer problemas

Embora estejam numa boa posição comercial face às tarifas, devido ao fabrico nacional, as marcas norte-americanas devem escolher cuidadosamente as expressões que utilizam, visto que as normas da Comissão Federal do Comércio dos Estados Unidos exigem que os produtos comercializados com a etiqueta ‘Made in the USA’ sejam, de facto, “totalmente ou quase totalmente” fabricados no país.

A fabricante de automóveis Stellantis foi das primeiras empresas a ver nas tarifas uma oportunidade de negócio, apostando na divulgação de anúncios patrióticos para a Jeep, a Ram e a Dodge. Entretanto, a empresa já foi obrigada a alterar a mensagem, em resposta a um inquérito de uma organização de regulação publicitária que alega que a Stellantis estaria a promover publicidade enganosa, sendo que algumas das peças utilizadas nos veículos das marcas são importadas e que os carros não são, de facto, fabricados nos Estados Unidos, mas sim montados no país.

“A Stellantis tem todo o direito de se vangloriar das fábricas de montagem das marcas que detém nos Estados Unidos, que criam empregos e fortalecem a economia americana, mas não pode induzir os consumidores em erro sobre a verdadeira dimensão da produção nacional”, escreve a Truth in Advertising, organização sem fins lucrativos que regula a publicidade enganosa, numa carta dirigida a Olivier François, diretor de marketing global da Stellantis, e a Giorgio Fossati, conselheiro geral da fabricante de automóveis.

Na sequência desta queixa, a Stellantis remove os anúncios do YouTube e termina prematuramente as campanhas televisivas para fazer alterações à linguagem utilizada nos anúncios. Este é mais um caso que retrata o impacto direto da instabilidade promovida pela Administração Trump.

Sobre o autorDaniel Monteiro Rahman

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Flesh512 cria campanha digital para a Água Serra da Estrela

“O programa que a campanha (na foto) promove vai permitir evitar a utilização de cerca de 700 toneladas de plástico virgem em 2025”, explica ao M&P Ana Rita Martins, diretora de marketing da marca

A agência criativa e produtora audiovisual Flesh512 assina ‘Para Que Nunca Acabe’, campanha digital da Água Serra da Estrela que divulga o programa de promoção de sustentabilidade ambiental, que apela à valorização da água e dos recursos naturais da região que a marca está a dinamizar.

“A Serra da Estrela enfrenta desafios crescentes, como os incêndios, as alterações climáticas e a ação humana. Esta iniciativa surge como a consolidação de uma resposta concreta e urgente, reforçando o compromisso da marca com a valorização da sua origem e preservação e regeneração do ecossistema único onde nascemos e estamos inseridos”, justifica ao M&P Ana Rita Martins, diretora de marketing da Água Serra da Estrela.

Lançada a 8 de abril na fábrica da empresa, em Gouveia, a campanha está a ser divulgada nas redes sociais da marca e das organizações com quem a Água Serra da Estrela estabeleceu parcerias de cooperação que preveem a plantação de 15 mil árvores até 2035.

“Este ano, alcançamos um marco inédito no setor, ao garantirmos a utilização de 100% plástico reciclado em todas as nossas embalagens. O programa que a campanha promove vai permitir evitar a utilização de cerca de 700 toneladas de plástico virgem em 2025, passo este que corresponde a uma antecipação e superação do requisito legal, com o objetivo de mitigar ao máximo o impacto das garrafas de uso único”, sublinha Ana Rita Martins. 

Desde 2002, a Água Serra da Estrela já apoiou a plantação de 1,7 milhões de árvores. “Além de medidas concretas na operação da marca, o programa integra a dimensão comunitária, chamando à ação parceiros, instituições e cidadãos. Sabemos que não movemos montanhas, mas juntos podemos atravessá-las e chegar mais longe, mobilizando e inspirando mudanças de comportamentos”, refere ainda a responsável.

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

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TV: Os programas que dominam as audiências, gravações e redes sociais em março

O futebol lidera a lista dos programas mais vistos. Nas gravações diárias, o programa de Ricardo Araújo Pereira, ‘Isto é Gozar com Quem Trabalha’, conquista a primeira posição. A TVI ganha novamente nas menções nas redes sociais com os ‘reality shows’ do canal

Em março, o jogo a contar para a Liga das Nações que opõe a seleção nacional à Dinamarca é o programa mais visto. Transmitido na RTP1 a 23 de março, o jogo de futebol lidera o top de programas, com uma audiência média de 2,531,000 espectadores, num ranking liderado pela transmissão de eventos desportivos, segundo a análise da Marktest com base nos dados da Mediamonitor.

Na segunda posição encontra-se a primeira mão do mesmo confronto entre Portugal e a Dinamarca, exibido a 20 de março na RTP1, com uma audiência média acima dos dois milhões de espectadores. A fechar as três primeiras posições está o programa de Ricardo Araújo Pereira ‘Isto é Gozar com Quem Trabalha’, transmitido a 9 de março, na SIC.

Nos programas gravados e visionados no próprio dia, a liderança cabe novamente a um episódio do programa ‘Isto é Gozar com Quem Trabalha’, transmitido na SIC a 30 de março, que regista 228,300 espectadores em termos de audiência média. Nas gravações de sete dias, a emissão do programa ‘Taskmaster’, na RTP1 a 29 de março, ocupa o primeiro lugar.

Nas redes sociais, os ‘reality shows’ da TVI ‘Secret Story – Casa dos Segredos’ e ‘Big Brother’, encontram-se em destaque nas primeiras e segundas posições da tabela, respetivamente.

Na terceira posição surge o programa da manhã da TVI, ‘Dois às 10’, à frente do ‘reality show’ da SIC ‘Casados à Primeira Vista’, que ocupa a quarta posição. ‘Goucha’, o programa da tarde da TVI, encontra-se na quinta posição, seguido do concurso de talentos da RTP1 ‘Got Talent Portugal’ e da novela da TVI ‘A Protegida’, na sexta e sétima posição, respetivamente.

O top 10 dos programas com mais menções nas redes sociais no segundo mês do ano é completado pela novelas ‘A Fazenda’, da TVI, e ‘A Herança’, da SIC, na oitava e nona posição respetivamente, seguidas da  série juvenil da TVI ‘Morangos Com Açúcar’, em décimo.

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