Edição digital
PUB
Edição Impressa

Web 3.quê?

Há muito que se ouve, entre o registo cauteloso e o entusiasmado, a chegada da internet inteligente, a famigerada Web 3.0. É quase um mito urbano e parece que ainda ninguém sabe ao certo de que se trata ou quando chegará. Por enquanto, é só ficção científica com vontade de alcançar a realidade

Pedro Durães
Edição Impressa

Web 3.quê?

Há muito que se ouve, entre o registo cauteloso e o entusiasmado, a chegada da internet inteligente, a famigerada Web 3.0. É quase um mito urbano e parece que ainda ninguém sabe ao certo de que se trata ou quando chegará. Por enquanto, é só ficção científica com vontade de alcançar a realidade

Pedro Durães
Sobre o autor
Pedro Durães
Artigos relacionados
News Now, novo canal 9 do cabo, arranca no início do verão. Concorre diretamente com CMTV, também da Medialivre
Media
Criatividade ao serviço de um alfabeto em extinção
Publicidade
RTP transmite jogos do UEFA Euro Feminino Sub-17 em direto
Media
Crescer sozinha e em parceria não é uma contradição
Comunicação
Clube da Criatividade apresenta programa do 26º Festival CCP 2024 e da Semana Criativa de Lisboa
Publicidade
Sónia Araújo e Mário Daniel são mecânicos por um dia em campanha da Mercedes (com vídeo)
Publicidade
Perfect Storm produz nova campanha internacional da Coca-Cola (com vídeo)
Publicidade
Carlos Maciel assume direção da Caras e da Caras Decoração. Mariana Correia de Barros convidada a dirigir Activa
Media
APECOM continua a crescer em número de associados
Comunicação
Microagências de comunicação estão a mudar paradigma
Comunicação

Há muito que se ouve, entre o registo cauteloso e o entusiasmado, a chegada da internet inteligente, a famigerada Web 3.0. É quase um mito urbano e parece que ainda ninguém sabe ao certo de que se trata ou quando chegará. Por enquanto, é só ficção científica com vontade de alcançar a realidade.

Um utilizador, uma pergunta, um resultado. É algo deste tipo que o conceito de Web 3.0 promete aos utilizadores, sendo que a pergunta pode ser mais complexa do que aquilo que hoje se consegue com os motores de busca, cujo motor de funcionamento são as palavras-chave e que devolvem uma imensidão de resultados. A resposta será então muito mais personalizada e estreita, com resultados distintos consoante o perfil do utilizador. Os especialistas acreditam que a próxima geração de internet tornará as pesquisas muito mais fáceis, rápidas e intuitivas já que uma espécie de web inteligente se encarregará de descodificar e analisar perguntas complexas e organizar resultados possíveis de acordo com as preferências do utilizador, descartando à partida resultados sem interesse para o internauta. Muitos acreditam até numa web a funcionar quase como um assistente pessoal, no qual nos apoiaremos para tomar as nossas decisões, um assistente que regista os nossos interesses à medida que navegamos e “serve” informação, fazendo sugestões de acordo com aquilo que sabe, pelo histórico, que gostamos ou não gostamos.

Mas tudo isto não passará de ficção científica e de um rol de desejos dos engenheiros informáticos que há muito teorizam e desenvolvem o conceito? O que se sabe afinal, e em concreto, sobre o que pode vir a ser a Web 3.0? “Ainda não se sabe. É um termo polémico, muito pouco consensual e com diferentes interpretações”, sintetiza Rodrigo Gralheiro. Na opinião do director-executivo da Proximity Digital, tratar-se-à mais de “uma declaração de intenções que tem como objectivo criar uma web mais inteligente e, por consequência, mais fácil de utilizar”. “Vejo-a como uma evolução tecnológica natural e, por isso, considero abusivos os termos 3.0 ou nova geração da web”, afirma. Na mesma linha de pensamento, David Reis, managing partner da Massive, agência digital integrada no WYgroup, considera que “ainda não existe uma definição concreta, mas é algo que nos aproxima do futuro, sendo um conceito relacionado com a capacidade dos sistemas agregarem e tratarem a informação disponibilizada na internet”. “À semelhança do que aconteceu com a Web 2.0, este é um conceito que pode demorar o seu tempo a amadurecer”, subscreve também João Fernandes. “Existem várias definições”, aponta o COO da View Isobar, enumerando “a Web Inteligente (Artificial), a virtualização da web (Cloud) e a Web Semântica”. “Na View Isobar temos trabalhado essencialmente nesta última dimensão, dotando os projectos de uma sensibilidade semântica que pode seguramente resultar numa experiência optimizada e com menos esforço para o utilizador”, explica.

É também nesta última definição que se detém David Reis. “A Web Semântica, como também é chamada, é uma extensão da actual internet onde os sistemas, com base nas informações disponibilizadas por todos nós, pelos nossos amigos e por outras fontes, conseguem interpretar e filtrar o que realmente é relevante e assim dar uma resposta mais eficaz e precisa às perguntas que fazemos”. “Basicamente, é dar significado à informação permitindo que computadores e pessoas colaborem melhor”, resume o managing partner da Massive. Também Erik Lassche, que considera o conceito de Web 3.0 “um buzzword inevitável após a invenção de Web 2.0”, foca esta vertente. “Quando falo sobre Web 3.0 refiro-me a algo chamado Web Semântica”, em que “todas as nossas interacções digitais criam informação e dados”, esclarece o CEO da Grand Union Portugal, explicando que se trata da “visão sobre o que acontece quando conseguimos ligar e linkar estes dados”. “É uma visão muito ‘data-driven’ que tem por base avanços tecnológicos e que, no resultado final para os utilizadores, é quase invisível”, refere, sublinhando que “o mobile é muito importante nesta visão, uma vez que nos permite estar sempre ligados”. “Nesta visão tecnológica os computadores até vão visivelmente desaparecer. A tecnologia está lá, só que não é visível, está no background, entraremos numa fase de ‘ubiquitous computing’”, acredita o profissional.

“Em resumo, fazendo uma comparação entre a Web 2.0 e a 3.0, se no primeiro caso quando fazemos uma pesquisa somos encaminhados para várias (ou demasiadas) opções, com a Web 3.0 vamos obter exactamente o que pretendemos, sendo a resposta concreta e personalizada”, esclarece David Reis. “A Web 3.0, também conhecida por Web Semântica, permite assim que diferentes agentes de software sejam capazes de ler e identificar os sentidos das palavras, de modo a relacionarem a informação entre si, mas também com os interesses das pessoas”, completa Aníbal Nogueira. De acordo com o CEO da Up Digital, do grupo Lift, “sustenta-se no software que vai aprendendo com o conteúdo que encontra na internet, que analisa com base em inúmeras variáveis e a partir do qual consegue extrair conclusões que são segmentadas de forma a poderem enquadrar-se com perfis que são construídos, diariamente, através das informações, hábitos e atitudes que são fornecidos pelos utilizadores, de forma consciente ou inconsciente”. “Em vez de sermos nós a refinar os termos da pesquisa, a Web 3.0 é capaz de o fazer sozinha, aproximando-se do mundo da inteligência artificial”, resume.

Para o responsável da Massive, David Reis, embora este seja ainda um conceito que remete para um futuro próximo, “também podemos considerar que algumas das novas realidades do meio digital integram o conceito de Web 3.0, como é o caso do ‘lifestream’, a personalização de algumas ferramentas como é o exemplo do iGoogle, a publicidade relacionada com o perfil e comportamento dos consumidores, a centralização da comunicação no indivíduo, todo o universo de aplicações e widgets, entre outras evoluções tecnológicas”.

Levar o marketing digital para outro nível

Para lá das possibilidades oferecidas aos utilizadores da internet, a evolução da web para este paradigma representará também inúmeras oportunidades para as marcas, do ponto de vista da comunicação e do marketing. Mas será que este é um conceito que, de facto, trará algo de novo ao relacionamento das marcas com os consumidores ou é algo que está sobrevalorizado? “Sem dúvida que o novo paradigma traz valor acrescentado para a comunicação, na medida em que existe a possibilidade de orientar os resultados das pesquisas para os interesses de cada utilizador”, afiança Aníbal Nogueira. O responsável acredita ser também “expectável que as redes sociais possam evoluir para uma forma de relacionamento mais inteligente, através do qual será possível apresentar pessoas, locais e interesses de uma maneira que nunca teríamos capacidade de fazer”. “Para isso teremos, no entanto, de abdicar da privacidade e não nos coibirmos de partilhar informação sobre nós. Só desta forma permitiremos que o software possa analisar, gerar e relacionar perfis”, sublinha, considerando que, “do ponto de vista do marketing, a Web 3.0 pode ser considerada como uma evolução do marketing emocional para um marketing mais colaborativo, cultural e espiritual”. Trata-se de “um estádio em que as empresas e marcas têm de prestar cada vez mais atenção ao consumidor, que, por sua vez, é cada vez mais esclarecido e preocupado, esperando que as marcas comuniquem de forma genuína e responsável”, conclui.

Do mesmo lado da barricada está Erik Lassche, considerando que “quem diz que o online é sobrevalorizado pensa em online apenas como um canal de comunicação, e não consegue ver a digitalização do mundo que está a acontecer”. “Penso que a grande mudança para as marcas é deixar de ver online apenas como um canal e ver como é estar presente num mundo digitalizado. Isso é o desafio da Web 3.0, uma web que é cada vez mais fluída”, aponta. Assim sendo, “esta evolução do mundo digital oferece grandes oportunidades para quem as consegue agarrar”, garante o profissional, referindo que o “fundamental aqui é ser muito data-driven como empresa e usar estes dados para determinar o que mostramos/fazemos a quem e em que contexto”. “No Web 3.0 comunicação não é apenas ‘histórias’ e ‘mensagens’ mas cada vez mais ‘data’ e ‘targetting’”, concretiza, lamentando o facto de que “há poucas empresas em Portugal a pensar desta forma na sua comunicação” e “há também poucas agências de comunicação a pensar desta forma”. Também Pedro Patrício, partner da Wiz Interactive, afirma que “não nos parece que seja sobrevalorizado, porque os números mostram que os acessos são cada vez mais feitos através de mobile devices. O social sharing é cada vez mais importante e existe todo um conjunto de negócios com base nesta premissa”, refere. Além disso, diz, “as pessoas querem ter acesso a informação on-the-go e on-the-spot e estão dispostas a avaliá-la e difundi-la junto da sua rede de pertença e influência. Isto tem um impacto crescente na forma como se faz comunicação e como se faz negócio, o meio é mesmo a mensagem”, garante. “O desafio actual para quem produz conteúdos é fazer com que estes cheguem a quem se destinam e que sejam relevantes para o utilizador, gerando não só apropriação como disseminação”, considera, antecipando que “a evolução lógica da web é facilitar este relacionamento”.

David Reis, por seu turno, embora acredite que “o conceito é bastante inovador”, frisa que este “não será implementado de um dia para o outro”. “É algo que vai ganhando forma e relevância, à medida que os sistemas informáticos se tornam mais sofisticados e disponíveis para o público em geral”. Mas o responsável não tem dúvidas de que “vai tornar a comunicação mais eficaz, mais próxima e relevante”. “Temos ainda de ter em atenção que actualmente toda a comunicação está centrada no consumidor, que passou a ser o meio de transmissão da mensagem, o que reforça ainda mais a importância da utilização de sistemas inteligentes que disponibilizam informação personalizada”, acrescenta, sublinhando que, por esse motivo, “é importante não ficar para trás e as marcas sabem disso”. “No futuro, quando o consumidor fizer uma pesquisa num motor de busca, já não vai encontrar centenas de resultados mas apenas um e, como é natural, as marcas querem ser esse resultado”, reforça. Também Filipa Caldeira, CEO Ibéria da Fullsix, enaltece o facto de que “enquanto hoje duas pessoas diferentes, ao realizarem a mesma pesquisa na web, obtêm o mesmo resultado, no futuro a web deverá identificar quem faz a pesquisa e devolver um resultado personalizado”. “Estamos numa época em que ‘being digital’ significa digitalizar a relação com os consumidores, muito mais do que digitalizar o produto”, destaca a responsável, indicando que “a Web 3.0, ao potenciar decisões baseadas em dados e conhecimento adquirido, irá elevar a digitalização desta relação para um outro patamar”. “A capacidade de reunir e ligar toda esta informação por forma a conseguir construir uma relação e, consequentemente, uma oferta totalmente personalizada para cada cliente é o grande desafio para as marcas num futuro próximo”, aponta.

“A web actual (sintáctica) está para a Web Semântica como o texto está para o hipertexto, é semelhante ao que já conhecemos mas com um potencial muito maior”, refere, por seu turno, Leonor Soczka, digital strategic planner da Wunderman Digital. Nesse sentido, ao nível das novas potencialidades, a profissional refere que, “a um nível mais simples podemos esperar ferramentas de social listening muito mais autónomas e completas do que aquelas que hoje usamos, capazes de fazer interpretações semânticas, e não meramente sintácticas, do que é dito pelos internautas”. “Isto aportará valor ao actual research sobre o que é dito no online e que serve de base para que muitas marcas compreendam a forma como os utilizadores as percepcionem e com elas se relacionem”, frisa. Além disso, enumera, “esta web mais inteligente trará grandes desenvolvimentos em termos de data mining que, a par da utilização do OpenID, permitirá dar um salto na qualificação de bases de dados para potenciar a eficácia do canal digital”. “Em termos de advertising podemos contar com grandes desenvolvimentos na compra de palavras por AdSense, que se tornarão mais e mais relevantes, bem como novas formas de product placement em conteúdos multimédia”, prevê Leonor Soczka.

Mais do mesmo… mas melhor

“Independentemente do conceito que adoptarmos, a Web 3.0 faz parte de um continuum evolutivo natural, e isso dá-lhe todo o sentido de que necessita”, afirma João Fernandes, dando conta de um processo que se faz caminhando e que, no fundo, não é mais do que um upgrade daquilo que conhecemos hoje. Como atestam os vários especialistas ouvidos pelo M&P, a Web 3.0 vem dar novo fôlego e profundidade às capacidades já disponíveis na Web 2.0. Ao nível da comunicação, quais serão então os elementos que poderão ser encaixados numa estratégia digital em Web 3.0 que não possam ser implementados na actual geração de internet? “O único aspecto estrategicamente relevante são os conteúdos, ou melhor, a sua qualidade e diversidade”, aponta o COO da View. “Um sistema deste tipo, capaz de se adaptar a um universo de interesses muito alargado, precisa de responder com um conjunto de conteúdos igualmente alargado”, refere, considerando ser “este um dos motivos porque muitos projectos web falham: trabalha-se muito a forma e muito pouco o conteúdo”.

Já Leonor Soczka exalta o facto de que, “com a potencial difusão de soluções Open Identity, teremos um território a explorar em termos de marketing relacional”. “Hoje os nossos utilizadores são quase todos anónimos, o que obriga as marcas a um tipo de comunicação one-size-fits-all no digital “ e “muitas vezes as marcas estão às escuras”, afirma, assegurando que “o conhecimento dos utilizadores traz um enorme potencial na adequação das mensagens aos diferentes perfis e tornará o digital um canal ainda mais relevante”. Aníbal Nogueira, por seu lado, faz sobressair “as aplicações de inteligência artificial”. “Poderemos vir a incluir acções que permitam obter conhecimento, gerado a partir da análise de relacionamento entre conteúdos, rasto da navegação pessoal e relevância, que os utilizadores imprimem enquanto navegam”, sublinha. “Obter dados sobre tendências, em antecipação aos utilizadores, e mesmo criar aplicações para obter previsões, com base na análise comportamental de uma pessoa ou de grupos de pessoas, são aspectos que deverão estar integrados numa estratégia de comunicação digital na Web 3.0”, antecipa o responsável. Pedro Patrício lembra que “a evolução da web é ditada pela evolução da tecnologia. A geo-referenciação e a sofisticação dos motores de busca vão permitir propor novas soluções aos nossos clientes”, indica. “Este é um ambiente que está em evolução todos os dias, ao contrário dos outros canais tradicionais. Em boa verdade, ninguém sabe como será o futuro da internet daqui a cinco anos”.

Por outro lado, Rodrigo Gralheiro, mais cauteloso, chama a atenção para o facto de que por enquanto a Web 3.0 é apenas um conceito, “não é uma realidade”. “O que para já se sabe, ou melhor, se especula, é que a web 3.0 terá um layer semântico e até de inteligência artificial. Na teoria será uma evolução positiva mas falta perceber como se concretizará”, alerta. “Antes sequer de se conseguir melhorar a adequação da comunicação ao consumidor e torná-la efectivamente personalizada, é preciso que se continuem a desenvolver, a aperfeiçoar as técnicas de processamento, integração e interpretação de dados”, sublinha o responsável da Proximity. Isto porque, diz, “apesar dos avanços constantes nestas áreas, está-se ainda numa fase inicial”. “Só quando dispusermos de ferramentas efectivamente capazes de revelar verdadeiros insights sobre os consumidores é que conseguiremos melhor adequar a comunicação”, refere. Daí que deixe claro que “a Web 3.0 ainda é algo do universo da engenharia”. “Só quando for concretizada e chegar ao consumidor é que poderemos avaliar. Não esqueçamos que estamos a falar de comportamento e por isso há um grau grande de imprevisibilidade”, avisa. “Para já nada indica que haja mais fragmentação, apenas mais e melhor disponibilização de conteúdos. Podemos por isso esperar que o conteúdo, tal como já tem vindo a acontecer, continue a ser rei”, conclui. Posição que Pedro Patrício assina por baixo: “Se o meu conteúdo for bom, se for comunicado de forma correcta, o meu potencial cliente vai querer recebê-lo e beneficiar dele. À partida, estes conteúdos vão ter maior afinidade com a pessoa em questão.”

Sobre o autorPedro Durães

Pedro Durães

Mais artigos
Artigos relacionados
News Now, novo canal 9 do cabo, arranca no início do verão. Concorre diretamente com CMTV, também da Medialivre
Media
Criatividade ao serviço de um alfabeto em extinção
Publicidade
RTP transmite jogos do UEFA Euro Feminino Sub-17 em direto
Media
Crescer sozinha e em parceria não é uma contradição
Comunicação
Clube da Criatividade apresenta programa do 26º Festival CCP 2024 e da Semana Criativa de Lisboa
Publicidade
Sónia Araújo e Mário Daniel são mecânicos por um dia em campanha da Mercedes (com vídeo)
Publicidade
Perfect Storm produz nova campanha internacional da Coca-Cola (com vídeo)
Publicidade
Carlos Maciel assume direção da Caras e da Caras Decoração. Mariana Correia de Barros convidada a dirigir Activa
Media
APECOM continua a crescer em número de associados
Comunicação
Microagências de comunicação estão a mudar paradigma
Comunicação
PUB
Media

News Now, novo canal 9 do cabo, arranca no início do verão. Concorre diretamente com CMTV, também da Medialivre

Início das emissões está dependente da conclusão das obras de remodelação dos novos estúdios. Os 59 jornalistas contratados já iniciaram a formação. António Costa, Fernando Medina, Pedro Santana Lopes, Rui Rio e Américo Aguiar estão confirmados como comentadores

O News Now, novo canal informativo da Medialivre, que vai ocupar a posição 9 na grelha dos serviços de subscrição televisiva da Meo, da Nos e da Vodafone, explorará sinergias com outros títulos do grupo, como o Negócios, a Sábado, a Máxima e a Record. Irá rivalizar com a CMTV, o primeiro canal de televisão lançado pela Cofina, antes da venda da empresa aos novos donos. “Vão ser concorrentes. São destinados a públicos distintos e diferenciados”, assume ao M&P Carlos Rodrigues, diretor-geral editorial da Medialivre à margem da apresentação do News Now, a 3 de maio.

“Vamos ter uma proposta diferenciadora ao nível das notícias, com jornalismo de investigação, e juntar as redações dos vários títulos da Medialivre. Vamos ter uma proposta diferenciadora também ao nível da opinião, apostando em protagonistas e especialistas. Vamos fugir aos ‘tudólogos’, comentadores que falam sobre tudo, um conceito que está cada vez mais degradado nas televisões”, revela Carlos Rodrigues, avançando que o News Now pretende recuperar também o conceito da hora certa, com informação exata e noticiários à hora certa. “É raro isto acontecer hoje em televisão”, lamenta.

O arranque das emissões está dependente da conclusão das obras de transformação da antiga área de design em estúdios tecnologicamente avançados. “Tão depressa quanto possível arrancaremos”, afirma Carlos Rodrigues, sem todavia se comprometer com uma data. “Espero que avance antes do verão”, assume durante a intervenção na apresentação do canal. Paulo Oliveira Lima, diretor executivo do News Now, também não arrisca uma previsão. “Nas próximas semanas vamos implementar revoluções tecnológicas, que vão fazer a diferença ao nível da operação e da imagem”, anuncia.

“Depois disso, serão necessários os respetivos ensaios para levar até ao espetador um produto diferenciador, de qualidade, bem feito, que acrescenta valor. Há sempre uma forma diferente de fazer as coisas. O segredo é a alma do negócio, mas podem ter a certeza que não vamos fazer como os outros”, assegura o responsável ao M&P. Os 59 jornalistas contratados iniciaram a formação a 2 de maio, véspera da apresentação do novo canal. Os políticos António Costa, Fernando Medina, Pedro Santana Lopes, Rui Rio e o bispo Américo Aguiar estão confirmados como comentadores do novo canal informativo.

O logotipo do News Now, uma opção sóbria em branco e azul, foi desenvolvido internamente pelo departamento gráfico do grupo. “Desenganem-se os que acham que vamos ser um canal cinzento e institucional. Seremos o contrário disso”, garante Carlos Rodrigues. “Temos muita vocação para fazer televisão e já o provámos com a CMTV”, sublinha Luís Santana, CEO da Medialivre. “Este projeto foi pensado para um público que não se revê na atual oferta televisiva e para uma larga faixa, que há muito abandonou esta forma de se manter informado”, refere ainda o gestor do grupo de media.

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

Luis Batista Gonçalves

Mais artigos
Publicidade

Criatividade ao serviço de um alfabeto em extinção

Sendo um criativo que questiona a relevância e o impacto social da publicidade, Levi Olivares destaca o trabalho da McCann NY, para a Microsoft, que digitaliza o alfabeto do idioma pulaar, como o projeto que gostaria de ter feito. A Casa Vigor é o que mais gostou de fazer

Levi Olivares – Diretor digital da McCann Lisboa

Qual é a campanha que gostaria de ter feito?

Tendo as minhas bases no design e no digital, e sendo também um daqueles criativos que por vezes questiona a relevância e o impacto social da nossa área, um trabalho que me chamou a atenção recentemente não foi bem uma campanha, mas sim um projeto da McCann NY, para a Microsoft, chamado ADLaM – An Alphabet to Preserve a Culture. O projeto, que ganhou dois Grand Prix no Cannes Lions em 2023, digitalizou o alfabeto do idioma pulaar, desenhado à mão pelos irmãos Ibrahima and Abdoulaye Barry com o objetivo de preservar a cultura do povo Fulani.

Qual é a razão dessa escolha?

São 40 milhões de pessoas, o maior grupo nómada do mundo, que por não terem um alfabeto oficial, usavam outros alfabetos para comunicar e, por isso, as nuances das palavras e dos seus significados na sua língua nativa estavam a desaparecer.

O que é que lhe chamou mais a atenção: o texto, a imagem, o protagonista ou outro aspeto do projeto e porquê?

O que me captou a atenção foi o resultado imediato e o impacto a longo prazo que o projeto tem. Não falo apenas de resultados ao nível de um caso publicitário, falo de resultados práticos para a vida das pessoas. Aprimorar e disponibilizar a fonte ADLam no mundo digital contribui para preservar as canções, a arte, as histórias, os poemas, as receitas e as piadas da cultura Fulani. Ao mesmo tempo, promove a alfabetização na África Ocidental. Na Guiné, as crianças Fulani já podem estudar na sua língua nativa pela primeira vez, e o Governo do Mali está em processo para incluir na sua Constituição a ADLam como alfabeto oficial.

O alfabeto foi desenhado à mão pelos irmãos guineenses Ibrahima e Abdoulaye Barry

Este projeto deu-lhe ideias para outras campanhas?

Não me deu uma ideia concreta, mas sim uma visão criativa aliada à tecnologia e dados, que no digital pode contribuir muito, não só para uma campanha sólida, mas também para um impacto social positivo.

Qual é a campanha que mais se orgulha de ter feito e gostou de fazer? Porquê?

Como diretor criativo digital da McCann, é difícil de escolher apenas um, mas orgulho-me justamente do primeiro projeto do departamento digital da agência, ainda recém-criado na época. No seguimento do rebranding da Vigor, o cliente pediu-nos um website institucional, que refletisse o novo universo gráfico e a proximidade que a marca tem com os consumidores.

Foi assim que surgiu a Casa Vigor, mais do que um site de leite convencional, criámos uma experiência interativa, dinâmica e única para quem visita leitevigor.pt. A ideia de UX/UI do website está assente na premissa de percorrer, através de uma single homepage, diferentes áreas de uma casa.

Para cada divisão, foram realizadas animações 3D, que foi um trabalho minucioso que permitiu incorporar todas as dimensões da marca em elementos clicáveis, como a cozinha (produtos e receitas), a sala (história da marca, ativações e campanhas) e a varanda (ações de sustentabilidade), entre outros. Um trabalho que realizámos em parceria com a Studio Nuts, que fez o 3D, e a Minshaker, que fez a programação.

Casa Vigor é um site institucional com uma experiência interativa, dinâmica e fora do comum

O que mais o inspira no dia a dia?

Inspira-me, enquanto profissional, um bom briefing. Inspira me como criativo, o barulho, o silêncio, ver coisas novas, revisitar coisas velhas, ir ali e acolá de vez em quando, futebol, cerveja, museu e teto de igreja, memórias afetivas, brutalismo e rococó e mais um monte de coisas que estão por vir.

O que faz quando está sem ideias?

Quando estou sem ideias, costumo trabalhar das 9h às 18h.

Ficha técnica
–––

Campanha: ADLaM – An Alphabet to Preserve a Culture
www.mccannny.com/work/adlam
Cliente: Microsoft
Agência: McCann NY
Diretores criativos: Pierre Lipton, Shayne Millington, Sean Bryan
Diretores criativos executivos: Cristina Reina, Pete Johnson
Diretores criativos de grupo: Christiano Abrahao, Luke Flynn, Guilherme Rácz, Lucas Casão
Diretores criativos associados: Kazuo Kubo, Lucas Ribeiro
Diretor de arte: Mikey Bready
Redatora: Sarah Wagner
Diretor de design: Mook Phoungbut
Designers: Chocho Han, Malik Dupree
Tecnóloga criativa: Alicia Foor
Diretora de estratégia: Erica Yahr
Diretor de planeamento: Amadeo Plaza
Planeadora: Kayla Jackson
País: EUA
Ano: 2023
Vídeo case:
www.youtube.com/watch?v=1GRTS2sFqhY
www.youtube.com/watch?v=4b0szldMYrI

 

Ficha técnica
–––

Campanha: Casa Vigor
https://leitevigor.pt
Cliente: Lactogal/Vigor
Agência: McCann Lisbon
Diretor criativo: Levi Olivares
Diretor de arte: Luís Catarino
Redator: Luís Perdigão
Diretor de conta: Miguel Gonçalves
Atendimento: Rita Penelas
Gestão de projeto: Marta Abreu
Motion & 3D: Studio Nuts
Desenvolvimento: MindShaker
Ano: 2023
Vídeo case:
https://vimeo.com/ 933717865

Sobre o autorDaniel Monteiro Rahman

Daniel Monteiro Rahman

Mais artigos
Media

RTP transmite jogos do UEFA Euro Feminino Sub-17 em direto

As provas do Campeonato da Europa de Futebol Sub-17 Feminino da UEFA, competição desportiva em que a seleção portuguesa participa, são exibidas entre 5 a 18 de maio na RTP1, na RTP2 e na RTP Play. A final do torneio acontece a 18 de maio, na Suécia

De 5 a 18 de maio, os jogos do UEFA Euro Feminino Sub-17 podem ser visto em direto nos canais RTP1 e na RTP2 e na plataforma digital na RTP Play. “O pontapé de saída da seleção nacional acontece na segunda, dia 6, frente à seleção de Espanha. O jogo tem início às 17h30, em direto na RTP2. No dia 9, a equipa das quinas volta a entrar em campo para defrontar a seleção da Bélgica num jogo que poderá ser seguido a partir das 12h00, na RTP2”, informa a RTP em comunicado.

“No dia 12, Portugal tem pela frente o jogo com a seleção da Polónia, exibido às 14h30, na RTP1”, refere ainda o documento. Se a equipa portuguesa transitar para a fase seguinte, volta a jogar numa das meias-finais do Campeonato da Europa de Futebol Sub-17 Feminino, agendadas para 15 de maio, às 14h30 e às 17h30. A final da prova, que também será transmitida em direto, acontece a 18 de maio, às 16h, quatro horas depois da penúltima partida do torneio, que se realiza na Suécia.

Sobre o autorMeios & Publicidade

Meios & Publicidade

Mais artigos
Comunicação

Crescer sozinha e em parceria não é uma contradição

Ao fim de um ano a operar sozinha com a Strategic Time, Sofia Jardim junta-se a Gonçalo Freitas e João Silva, que operam a partir do Dubai, para fundarem a Partners 4 Communication. Nova empresa integra os serviços de assessoria de imprensa e de relações públicas da Strategic Time e as valências de comunicação e marketing digital da Digital Connection, detida pelos outros dois sócios. As estruturas das duas empresas-mãe mantêm-se autónomas

Catarina Nunes

A parceria com uma empresa de comunicação e marketing digital é o próximo caminho a seguir por Sofia Jardim, que desde abril de 2023 trabalha a solo, através da Strategic Time. Esta é a agência de relações públicas e assessoria de imprensa que cria, quando sai dos hotéis Sublime, ao perceber a procura por profissionais nesta área que entreguem um serviço personalizado e com um único interlocutor, em detrimento das agências de comunicação clássicas, em que o cliente interage menos com o líder da empresa.

O objetivo imediato da união da Strategic Time com a Digital Conection não é abandonar este posicionamento. É antes disponibilizar aos clientes de cada uma delas os serviços uma da outra numa perspetiva integrada de partilha de clientes, através da Partners 4 Communication.

Esta nova empresa é detida por Sofia Jardim e dois sócios no Dubai, Gonçalo Freitas e João Silva, licenciados em engenharia multimédia e em relações públicas e comunicação empresarial, respetivamente, e proprietários da Digital Connection, que tem clientes em Portugal, nos Emirados Árabes Unidos e em África.

Diana Abecassis, gestora de clientes, integra também a estrutura da nova empresa, que exigiu um investimento mínimo, uma vez que é suportada pelas estruturas da Strategic Time e da Digital Connection.

Um dos primeiros projetos em comum é o Hotel Baía, em Cascais, que a Digital Connection trabalha em termos da nova identidade corporativa, imagem e site, passando para a Strategic Time as áreas de comunicação, assessoria de imprensa e relações públicas. A Swimrun Portugal Series, uma espécie de Iron Man sem a prova em bicicleta, é outro dos clientes.

Para já, a Partners 4 agrega a comunicação e o marketing digital da Digital Connection, e a assessoria de imprensa e relações públicas da Strategic Time e estas duas empresas-mãe mantêm-se no mercado de forma autónoma e com clientes próprios, partilhados na nova empresa quando necessário.

Até chegar a esta parceria, Sofia Jardim faz um caminho longo. Primeiro como gestora de marketing em meios de comunicação, na antiga editora de revistas Abril Controjornal, entretanto integrada no Grupo Impresa, e no grupo hoteleiro CS (atualmente Nau).

Transita para a área da assessoria de imprensa e relações públicas, no regresso de um MBA em marketing, na National University, em San Diego, nos Estados Unidos, entrando ao serviço da Tempus (distribuição de relógios e lojas Boutique dos Relógios), de onde passa, 11 anos depois, para a comunicação e relações públicas dos hotéis Sublime, em Lisboa e na Comporta, onde trabalha durante cerca de um ano.

“Quando saí da Tempus, percebi que havia espaço no mercado para trabalhar individualmente em outsourcing, não fazendo parte dos quadros das empresas dos clientes, mas como uma extensão externa e fazendo um trabalho personalizado, à imagem do cliente”, explica Sofia Jardim, proprietária da Strategic Time e sócia da Partners 4.

É nesta lógica que fica responsável pela assessoria de imprensa e relações públicas do Club7, em Lisboa, desenvolvendo também parcerias entre o clube de fitness, bem-estar e lazer no Parque Eduardo VII e marcas, nomeadamente na área da beleza, como a iS Clinical e a Foreo, por exemplo.

O grupo Tempus e alguns clientes pontuais, como a Meo, são outros dos projetos da Strategic Time, aos quais se soma agora o lançamento da marca Bolky Swimwear. Dirigidos a um segmento mais alto e a mulheres com mais de 40 anos, os biquinis e fatos de banho Bolky são produzidos em Portugal com licras do Brasil e de Itália, destacando-se pelos acessórios e aplicações com pedras nos acabamentos.

Com a apresentadora Pimpinha Jardim como embaixadora, a marca está à venda online e, numa primeira fase e em exclusivo, nas lojas Ali-Jo (Príncipe Real, em Lisboa, e na Foz, no Porto), com um preço médio acima dos €150.

“Tenho trabalhado no segmento alto, sigo um estilo de vida saudável e faço desporto. As marcas com as quais trabalho têm de se identificar com os meus valores, para que haja um alinhamento, como acontece com o Club7 e com a Bolky, por exemplo”, salienta Sofia Jardim, referindo-se aos mercados para os quais aponta.

Sobre o autorCatarina Nunes

Catarina Nunes

Mais artigos
Publicidade

Clube da Criatividade apresenta programa do 26º Festival CCP 2024 e da Semana Criativa de Lisboa

Ao longo da semana criativa que arranca a 17 de maio, o CCP apresenta uma programação com exposições, conferências, iniciativas e tertúlias, terminando com a gala da entrega de prémios e a festa de encerramento, a 24 de maio

O Festival CCP 2024 está de regresso à Fábrica do Pão do Bento Innovation District para a 26ª edição, de 17 a 24 de maio, para destacar a criatividade da comunicação comercial nacional nas categorias de Publicidade, Design, Digital, Criatividade em Meios, Craft em Publicidade, Experiências de Marca e Integração & Inovação.

O arranque da semana criativa é dado a 17 de maio com as conferências ‘Presidentes ao Palco’, com os presidentes de júri do festival a falar sobre design e publicidade. No mesmo dia é inaugurada a exposição dos trabalhos finalistas do Festival CCP, a exibição dos vencedores de ouro da 32ª edição dos ADCE Awards e a ‘Julgar um mercado pela capa’, que assinala a 20ª edição da Superbrands em Portugal.

O Dia Aberto CCP Empresas acontece a 21 de maio, com 12 empresas ligadas à criatividade a abrirem as portas a estudantes, profissionais e curiosos. No mesmo dia acontece a Tertúlia APAP Trabalho e Conhaque, para debater ‘O custo da invisibilidade’, seguida por um jantar no restaurante Praça. O dia 22 de maio é dedicado aos jovens criativos, com o regresso das iniciativas Ilustra 33, Portfolio Doctor, Alta Voz e Hora Feliz. Já o dia 23 de maio é dedicado às Conferências CCP “Crias ou Queres?”, com cinco conferências a decorrerem durante o dia.

A 11ª Semana Criativa de Lisboa termina no dia 24 de maio com a gala de revelação e entrega de prémios aos vencedores do Festival CCP, nas sete categorias, bem como os vencedores do Grande Prémio para o Bem, do Grande Prémio Jornalistas e do Grande Prémio CCP 2024. O programa completo está disponível online na página do Festival.

Sobre o autorMeios & Publicidade

Meios & Publicidade

Mais artigos
Publicidade

Sónia Araújo e Mário Daniel são mecânicos por um dia em campanha da Mercedes (com vídeo)

O vídeo da campanha “Exceder os limites” mostra Sónia Araújo e Mário Daniel a chegarem à oficina e a equiparem-se para iniciar o dia de trabalho, em que fazem o diagnóstico e a intervenção mecânica nos automóveis, com alguns truques de ‘magia’ de Mário Daniel

Enquanto embaixadores da C. Santos, a apresentadora de televisão Sónia Araújo e o mágico Mário Daniel foram mecânicos por um dia da Mercedes-Benz, para protagonizarem uma campanha publicitária que promove o desconto em manutenções programadas em viaturas com mais de quatro anos.

O vídeo da campanha “Exceder os limites” mostra Sónia Araújo e Mário Daniel a chegarem à oficina e a equiparem-se para iniciar o dia de trabalho, em que fazem o diagnóstico e a intervenção mecânica nos automóveis, com alguns truques de ‘magia’ de Mário Daniel. A assinatura da campanha ‘Exceder os limites’ remete para a ideia de superação da C. Santos, em termos do desconto pós-venda de €150 e €180 destinado a viaturas com mais de quatro e oito anos, respetivamente, válido até 31 de julho.

O filme e fotografias desta campanha foram realizadas nas instalações da Sociedade Comercial C. Santos, na Maia, com produção do departamento de marketing e comunicação da empresa. “Esta campanha foi mais um desafio aceite pelos nossos embaixadores, neste caso de atuarem como mecânicos, excedendo os seus limites. Foi estrategicamente criada pelo departamento de marketing da Sociedade Comercial C. Santos, num trabalho de equipa com o departamento de ‘customer services’”, refere a diretora de marketing da empresa, Ana Bolina.

 

 

Sobre o autorMeios & Publicidade

Meios & Publicidade

Mais artigos
Publicidade

Perfect Storm produz nova campanha internacional da Coca-Cola (com vídeo)

A estrela do filme publicitário, produzido por estúdio português e realizado por André Valenti Gaspar, é o Coke SoundZ, instrumento desenvolvido com IA que reproduz o som de uma carica a ser retirada da garrafa quando surgem as primeiras bolhas de Coca-Cola. A DaHouse Audio e o produtor musical Fred Pinto Ferreira colaboram na campanha

O estúdio de produção criativa português Perfect Storm, sediado em Lisboa e com delegações na Alemanha e nos Estados Unidos, assina a nova campanha publicitária global da Coca-Cola. O filme publicitário que a integra, realizado por André Valenti Gaspar, produtor executivo e sócio da produtora, com direção de arte de Renato Marques, produção executiva de André Valenti Gaspar e Mariana Marques e edição de Sérgio Pedro, explora a experiência sensorial que o som da abertura das garrafas do refrigerante despertam nos consumidores, reproduzindo esse efeito no cérebro.

A partir de um trabalho de investigação da neurocientista norte-americana Katherine Lewis, a Perfect Storm desenvolveu o spot do Coke SoundZ, com direção de fotografia de Ricardo Magalhães, em colaboração com a AKQA, a DaHouse Audio e o produtor musical Fred Pinto Ferreira. O instrumento não só reproduz o som que se ouve quando é retirada a carica e surgem as primeiras bolhas como permite depois usar os fragmentos sonoros identificados para, com recurso a inteligência artificial (IA), fazer misturas musicais.

Psst! Fizz… Clink! Glug… e Ahh! foram os cinco sons identificados pela neurocientista. Depois de isolados, foram reproduzidos com o auxílio da IA e incorporados no sistema de algoritmos usado no Coke SoundZ. O instrumento está a ser distribuído a produtores musicais e DJ, para que incorporem os sons da marca de refrigerantes norte-americana nas misturas musicais que fazem. A versão digital, também já disponível, pode ser descarregada gratuitamente na App Store e no Google Play na Europa e nos Estados Unidos.

 

 

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

Luis Batista Gonçalves

Mais artigos
Media

Carlos Maciel assume direção da Caras e da Caras Decoração. Mariana Correia de Barros convidada a dirigir Activa

O novo diretor da Caras e da Caras Decoração deixa a TV Mais. Rita Santos, até aqui jornalista da revista de televisão, é promovida a diretora-adjunta. Natalina de Almeida, que assumia a direção das três publicações, abandonou a Trust in News no final de março

Carlos Maciel é o novo diretor das revistas Caras e Caras Decoração. Após a saída de Natalina de Almeida, que acumulava a direção dos dois títulos com a direção da revista feminina Activa, no final de março, a direção interina das três publicações foi temporariamente entregue a Ana Oliveira, Teresa Mafalda e Cíntia Sakellarides, enquanto a administração da Trust in News (TIN), dona dos títulos, procurava uma solução interna para a substituição. A escolha recaiu sobre o diretor-adjunto da TV Mais, que vai ter Rita Santos, até aqui jornalista da publicação televisiva, como diretora-adjunta.

“Já serão eles a fazer as revistas a partir da semana que vem”, confirmou ao M&P Luís Delgado, proprietário da empresa. Embora a decisão da administração da TIN tenha sido chumbada pelo conselho de redação das publicações, que levantou reservas quanto à promoção de Rita Santos, a intenção de apostar na dupla foi levada avante, uma vez que o parecer daquele órgão não é vinculativo.

Mariana Correia de Barros, diretora da revista Prima desde o início do ano, foi convidada a assumir a direção da revista Activa, mas ainda não chegou a acordo com a administração da TIN para acumular os dois cargos. “Está em curso um processo de reestruturação interna, que está a andar bem”, garante Luís Delgado. “Estas mudanças vão potenciar uma maior sinergia interna no grupo, em particular nas revistas femininas, em tudo o que tem a ver com as equipas gráficas e os repórteres fotográficos”, refere.

“Não faz sentido irem dois fotógrafos de duas publicações a um evento quando um pode tirar fotografias para essas duas revistas”, exemplifica. “No trabalho de escrita jornalística, não, mas em tudo o que forem trabalhos que se possam usar, essa sinergia será feita e é importante que seja feita”, defende Luís Delgado, que continua expectante em relação à evolução do mercado publicitário em Portugal.

“Em janeiro, fevereiro e março, não sentimos melhoria nenhuma. Tradicionalmente, janeiro e fevereiro são meses péssimos mas, em março, o mercado começava a mexer. Este ano, não mexeu. Só começou a mexer em abril”, desabafa, sem desanimar. “Em breve, entraremos no período da boa sazonalidade, que acontece em julho, agosto e uma parte de setembro, altura em que as pessoas estão de férias e têm mais tempo para ler”, justifica o empresário.

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

Luis Batista Gonçalves

Mais artigos
Comunicação

APECOM continua a crescer em número de associados

No ano em que faz 35 anos, a Associação Portuguesa das Empresas de Comunicação recupera o dinamismo de outrora. O reposicionamento iniciado em 2021 tem vindo a atrair novas agências. A autorregulação setorial é um dos desafios que a APECOM tem em mãos

O GCIMedia Group, que integra as agências de comunicação GCI e Media Consulting, é um dos três novos associados da Associação Portuguesa das Empresas de Comunicação (APECOM), desde os primeiros meses de 2024. É também a 13ª empresa a aderir à organização presidida por Maria Domingas Carvalhosa no espaço de três anos, no âmbito da nova estratégia de abertura e crescimento que tem vindo a ser implementada.

“Quando esta direção foi eleita em 2021, entre os principais objetivos assumidos pelo novo executivo estavam a redefinição e o reposicionamento da APECOM, que deveria ser mais abrangente e incluir entre os seus associados mais empresas, de diferentes dimensões, que integrassem não só os serviços tradicionais de consultoria de comunicação e assessoria de imprensa como outros que, atualmente, também são determinantes para responder às necessidades dos clientes, nomeadamente a representação legítima de interesses, vulgo lobbying, a comunicação digital, o marketing de influência e a ativação de marca. São tudo disciplinas que integram as relações públicas e que deveriam ser chamadas a integrar esta área”, justifica ao M&P Maria Domingas Carvalhosa, presidente da APECOM.

O apelo feito ao setor não demorou tempo a surtir efeito. Entre agosto de 2021 e dezembro de 2022, entraram sete novos associados e, de lá para cá, aderiram mais seis, de dimensões distintas. “Acredito que começámos a ser ouvidos e que a estratégia foi compreendida. Todas estas adesões vieram reforçar a família da APECOM e empoderar ainda mais a associação que defende, em Portugal, os interesses do setor da comunicação e dos public affairs”, refere a responsável.

32 agências representam 60% do mercado

Fundada em 1989, a associação empresarial integra atualmente 32 agências e consultoras, que são responsáveis por cerca de 60% do volume de negócios e 60% da taxa de emprego do setor, segundo um estudo da Informa DB para a APECOM, referente a 2021 e baseado num universo de 121 empresas.

Para beneficiarem das iniciativas de defesa e promoção de interesses, de representação e de apoio ao desenvolvimento sustentado do negócio que a APECOM promove, os associados pagam uma quota anual que não é igual para todos. “É determinada de acordo com a sua dimensão”, esclarece Maria Domingas Carvalhosa, sem adiantar valores médios nem percentagens usadas para o cálculo dos valores que garantem aos associados as vantagens competitivas que a APECOM oferece.

“Temos estabelecido parcerias e protocolos com academias e entidades que os beneficiam, nomeadamente com o Instituto Superior de Gestão (ISG), a Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa e a FLAG, só para referir algumas. A APECOM é igualmente membro ativo da International Communications Consultancy Organisation (ICCO), organização mundial representativa do setor, que agrupa um milhar de consultoras em 30 países. O facto de pertencermos ao conselho de administração dessa estrutura traz vantagens acrescidas aos nossos associados em todas as ações de formação, workshops e eventos que a ICCO organiza anualmente”, esclarece a responsável.

Para além de formação especializada, os associados têm também acesso privilegiado a estudos setoriais, protocolos de estágios com universidades, oportunidades de comunicação em conferências e descontos em eventos de comunicação e nas candidaturas a prémios do setor.

Para satisfazer os interesses de todos os associados, independentemente da dimensão e de necessidades que podem ser distintas, a APECOM desenvolveu uma estratégia que não deixa nenhum de fora.

“Como todos temos a aprender com todos, vamos criando grupos de trabalho por temas consoante a atualidade. Temos atualmente em funcionamento um de lobbying, estamos a criar um de sustentabilidade e vamos criar um de marketing de influência”, anuncia Maria Domingas Carvalhosa.

“Acho que o grupo de trabalho de lobbying fez um belíssimo trabalho na dinamização da discussão pública do tema e, depois, ao avançar para a autorregulação, que está disponível, desde 1 de março, no site que criámos para o efeito. A boa notícia é que já aderiram 34 consultoras de comunicação”, informa a dirigente.

Necessidade de regulação une setor

A Team Lewis Portugal é uma das três empresas a adeir à APECOM nos primeiros meses de 2024. “Sendo a maior e mais relevante associação de empresas de comunicação em Portugal, fazia todo o sentido integrá-la. Esta adesão permite-nos colaborar em diversas frentes e enfrentarmos juntos as questões que têm importância para nós e que nos impactam enquanto setor”, justifica Inês Barbosa, diretora da agência de comunicação.

Quando assumiu a direção da Team Lewis Portugal, o ano passado, aderir à APECOM tornou-se logo ponto assente. “Um dos meus objetivos passa por fazer crescer a nossa presença em eventos e por colaborar mais com os nossos pares”, refere ainda.

Apesar de estar no mercado há mais de três décadas, só no início deste ano é que a UPPartner tomou a decisão de integrar a associação empresarial. “Consideramos crucial que exista uma união do setor em torno de questões que são transversais a todas as agências de comunicação e profissionais da área. Há temas, como o lobbying, em que é de extrema importância que falemos todos a uma só voz”, defende Hélio Soares, diretor-executivo da agência de comunicação.

Essa é também a visão do GCIMedia Group, que a 11 de abril também adere à APECOM e ao Código de Conduta de Assuntos Públicos para a Representação Legítima de Interesses, um documento que materializa a missão da organização.

“Reconhecemos que a criação de sinergias é crucial para o nosso futuro enquanto grupo e para a própria resiliência do setor da consultoria de comunicação. A representatividade através da APECOM espelha o sentido de cooperação entre as empresas e a riqueza que daí advém é crucial ao progresso”, considera André Gerson, diretor-geral do GCIMedia Group desde o início do ano.

Para a BloomCast Consulting, uma das três agências que se juntaram à APECOM em 2023, a possibilidade de ter uma voz mais ativa no setor foi um dos argumentos decisivos. “A divulgação do papel fulcral dos órgãos de comunicação social é essencial para a criação de uma democracia saudável e de uma sociedade melhor e informada”, defende Rodolfo Oliveira, sócio-gerente da consultora de comunicação. “A APECOM tem também pugnado por princípios de transparência e regulação, com os quais nos identificamos, que são pilares fundamentais do setor”, justifica ainda o responsável.

Após um afastamento de vários anos, a Porto de Ideias, liderada por Carlos Furtado em parceria com Isabel Côrte-Real, voltou a preencher a ficha de inscrição, regressando à APECOM em 2023.

“Acreditamos que a nossa atividade deve ser defendida e o nosso trabalho reconhecido perante todos os intervenientes profissionais do ecossistema em que atuamos. Essa defesa é mais bem conseguida debaixo de um chapéu associativo e a uma só voz. Por outro lado, tem havido uma proliferação de agências e, por isso, sermos associados desta organização é um fator distintivo que nos favorece enquanto profissionais de referência”, realça Carlos Furtado, diretor executivo da consultora de comunicação.

“No passado, já tínhamos sido associados, mas como sentíamos que estavam a ser cumpridos os desígnios que pressupunha a nossa participação, resolvemos sair”, justifica Carlos Furtado. A estratégia adotada por Maria Domingas Carvalhosa fê-lo mudar de ideias.

“Uma das vantagens de sermos associados é poder beneficiar da partilha de conhecimento e da participação em projetos comuns, como tem sido a criação do código de conduta do lobbying. Também é uma mais-valia podermos apresentar-nos aos nossos clientes e ao mercado com uma imagem de qualidade e confiança que se rege por códigos de ética internacionais”, refere ainda o responsável.

Novas adesões em perspetiva

Apesar de a APECOM estar a atrair mais associados, são muitas as agências que ainda não aderiram à associação empresarial. “Não tenho uma resposta concreta para isso. Como dizia a Mafalda do Quino, o que é urgente não deixa espaço para o que é importante, mas tenho de me debruçar sobre o assunto”, assume Liana Pinto, fundadora da YOLO.

“É algo a considerar seriamente num futuro próximo”, afirma também Pedro Salazar, sócio-gerente da Pedro Salazar PR. Beatriz Almeida, diretora da 17.Com, também não exclui a hipótese de vir a aderir à APECOM.

Os requisitos exigidos pela APECOM

Para poderem ser aceites na APECOM, as empresas interessadas têm de ter, além da consultoria em comunicação e relações públicas como atividade principal, “pelo menos três anos de atividade permanente efetiva, um volume mínimo de negócios anual igual ou superior a €200 mil, um número mínimo de colaboradores com funções executivas a tempo inteiro (no quadro) de quatro”, estabelece a associação.

“Serão também admitidas as empresas candidatas com menos de três anos de atividade permanente efetiva, mas com sócios de reconhecida e comprovada experiência no setor, incluindo empresas internacionais membros de associações filiadas na ICCO quando proposta por dois sócios efetivos”, esclarece a APECOM. Terem sido constituídas no quadro da legislação portuguesa em vigor e com instalações permanentes em território português é outro dos requisitos.

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

Luis Batista Gonçalves

Mais artigos
Comunicação

Microagências de comunicação estão a mudar paradigma

Há cada vez mais marcas nacionais e internacionais a trocar agências de comunicação de média e grande dimensão por estruturas mais pequenas, que já representam 86% do mercado. São também responsáveis por 45% do volume de negócios do setor e empregam 53% dos consultores. Ainda faturam menos de €2 milhões, mas o negócio não para de crescer

Carlota Morais Pires iniciou a carreira como jornalista. Em 2017, sai da Vogue Portugal para trabalhar numa agência de comunicação. É nessa altura que começa a equacionar a possibilidade de se lançar sozinha num setor, até aí, dominado por agências de média e grande dimensão.

“Ser freelancer foi um passo natural. Tinha aprendido na revista a ser exigente com o texto e com a imagem, a compreender a relevância dos temas e a fazer uma curadoria. Sabia também como é que a imprensa precisava de receber a informação e também já tinha alguns contactos interessantes”, explica a fundadora e diretora de comunicações da The Communication Studio, uma das pequenas agências de comunicação que, nos últimos anos, surgem no mercado, disponibilizando serviços mais personalizados.

Numa fase inicial, Carlota Morais Pires trabalha com marcas portuguesas, que a vão recomendando a outras. “De um momento para o outro, já fazia sentido criar uma empresa e uma identidade e ter uma estratégia e uma carteira de clientes mais sólida”, recorda a empresária, que criou a The Communication Studio, sozinha, em 2021.

A maioria das microagências que hoje opera no mercado arrancou com uma ou duas pessoas. Pedro Salazar, sócio-gerente da Pedro Salazar PR, foi um dos primeiros a antecipar a tendência. “Quando fundei a agência em 2010, após passar pelo jornalismo e por três agências de comunicação e relações públicas, duas delas líderes de mercado na época, pareceu-me que havia espaço e oportunidade para desenvolver um modelo de negócio mais próximo, exclusivo e focado nos clientes e no potencial mediático das suas histórias. O modelo de agência boutique era, na altura, uma novidade”, recorda o empreendedor.

Bang & Olufsen, Volvo, Breitling, Lego, Air France, Toys ‘R’ Us, KLM, Lazartigue, Jack & Jones e Logitech são apenas algumas das muitas marcas internacionais que, em Portugal, em vez de recrutarem uma grande agência, preferem entregar a comunicação a organizações com estruturas mais reduzidas. “A opção por uma empresa muito pequena garante um serviço quase exclusivo e quase totalmente dedicado”, reconhece Maria Domingas Carvalhosa, presidente da Associação Portuguesa das Empresas de Comunicação (APECOM).

“Parece-me difícil que, no geral, clientes muito grandes possam ter toda a sua comunicação assegurada apenas pelos recursos de uma empresa muito pequena. No entanto, isso tem de ser visto caso a caso, de acordo com as necessidades dos clientes”, opina a também diretora-geral da Wisdom, consultora especializada em comunicação e public affairs.

De acordo com um estudo realizado pela Informa DB para a APECOM em 2023, análise que tem por base dados financeiros referentes a 2021, em Portugal só 14% das agências de comunicação fatura entre €2 milhões e €10 milhões. As restantes 86% faturam menos de €2 milhões, apesar de serem responsáveis por 45% do volume de negócios do setor e empregarem 53% dos consultores.

Empatia favorece escolha

Num país onde 55% do volume de negócios do setor está nas mãos de agências de média e grande dimensão, com mais meios e recursos, investir numa microagência de comunicação é uma decisão arriscada. Apesar de estarem cientes desse facto, os que o fazem nunca duvidaram da recetividade do mercado.

“Há uma enorme vantagem em trabalhar com as agências mais pequenas no que respeita o serviço ao cliente. Posso afirmá-lo por ter trabalhado vários anos numa das maiores agências de comunicação do país. Era normal termos muitos clientes e não conseguirmos dispensar tempo de qualidade para eles e para nós. Agora, procuramos dar a mesma atenção a todos os clientes, com uma oferta de serviços idêntica às das grandes agências”, assegura Beatriz Almeida, diretora da 17.Com, agência que funda, em 2016, após deixar a GCI, onde trabalhou durante 15 anos. Arranca sozinha com três clientes. Hoje, tem sete avençados permanentes e já emprega cinco pessoas.

Inicialmente, a intenção de Beatriz Almeida ao investir numa estrutura pequena era ter mais tempo para dedicar aos filhos pequenos. Mas há quem se aventure neste negócio pela vontade de explorar outras áreas. “O meu intuito não era propriamente criar uma agência, queria abraçar outro tipo de projetos, nomeadamente na área da comunicação e produção de espetáculos, algo que não tinha a possibilidade de fazer na agência onde então trabalhava. A partir daí, fui desenvolvendo o conceito da Suit PR, o de termos tudo à medida de cada cliente como se fossemos alfaiates de comunicação. Sejam marcas grandes ou pequenas, temos esta liberdade de poder apresentar propostas à medida das necessidades, objetivos e orçamentos de cada cliente”, ressalva Paula Carvalho, fundadora e diretora de clientes da Suit PR.

Abre a empresa, sozinha, em 2013 com três clientes. Hoje, tem 18 e está a recrutar o sexto colaborador. “Acima de tudo, penso que as grandes marcas internacionais investem em agências mais pequenas por uma questão de empatia. Por detrás das insígnias estão pessoas e essas pessoas querem encontrar alguém que compreenda a sua marca e que a comunique com paixão e propósito. Há empresas que preferem a estrutura de uma grande agência, mas outras preferem o conforto que as mais pequenas proporcionam”, assegura a empreendedora.

A cobrança de valores inferiores é, muitas vezes, apontada como uma das causas que tem favorecido o crescimento das microagências. Uma opinião que não é unânime. “Os haters dirão que é uma questão de preço. Acho que já não o é e até me questiono se algum dia o foi”, confidencia Maria Saldanha Daun, fundadora da agência com o mesmo nome, que continua a ter a dona como única colaboradora desde que é criada, em 2015.

“O rácio custo do serviço versus o retorno do investimento é relevante. Porém, especialmente em clientes com grande notoriedade, tanto nacionais como internacionais, os motivos para esta escolha vão desde a perceção entre resultados prometidos e obtidos e a flexibilidade e capacidade de resposta da agência às necessidades do cliente, até à proximidade entre o consultor e o cliente”, considera Pedro Salazar.

O fator humano é crucial. Nisso estão todos de acordo. “A agência, por muito próxima que seja, é sempre uma organização constituída por diferentes pessoas. O cliente confia na identidade de renome, mas nem sempre sabe ao certo com quem vai trabalhar no dia a dia e não escolhe os interlocutores. Com um freelancer ou com as agências pequenas, escolhe uma determinada pessoa, com uma determinada experiência e um determinado perfil. A somar a tudo isto, há também uma disponibilidade diferente e uma relação muito mais próxima. Na grande maioria dos meus clientes, sou parte integrante da estrutura de marketing ou da direção, participando em todas as decisões desde a ideia até à concretização. Isto requer tempo e disponibilidade, que eu atribuo a cada cliente de acordo com as necessidades e não com uma bolsa de horas contratualizada”, revela Maria Saldanha Daun. “Tenho clientes em Espanha há mais de dois anos que nunca vi pessoalmente, mas que considero amigos”, revela ainda.

Decisores procuram identificação

Ter uma boa rede de contactos é sempre imprescindível para o sucesso do negócio, mas na fase de arranque é crucial. Liana Pinto, cofundadora e diretora de comunicação da You Only Live Once, mais conhecida no mercado pela sigla YOLO, sempre o soube.

“Sou de instinto e de impulso, acreditei que conseguia criar a minha própria agência de comunicação e, em 2019, avancei, seguindo o exemplo de outras ex-colegas. Tinha os contactos, a experiência e a vontade e acreditava, como ainda hoje acredito, que há espaço para todos. As marcas não se esgotam e, como tal, a comunicação também não. O que muda é a forma de a fazer”, garante a ex-diretora de contas da GCI.

“Nesta atividade, é preciso ser um bom relações públicas, porque as marcas seguem as pessoas. Se eu saio de uma agência e crio uma, mesmo que pequena, a probabilidade do cliente ir comigo é muito elevada, visto que, na maioria das vezes, eu era o único interlocutor”, refere Liana Pinto.

A ex-colega Paula Carvalho é exemplo disso. Quando decidiu sair da GCI, a Lego, um dos seus primeiros clientes, acompanhou-a, até hoje. “Não sei se o aparecimento destas microagências é uma tendência, acho que tal sucede porque acaba por haver uma maior identificação dos decisores das marcas com a nossa visão da comunicação”, afirma a fundadora e diretora de clientes da Suit PR.

“Temos os mesmos picos de trabalho que as grandes agências, depende dos clientes, da época do ano e da agenda mediática. Temos a vantagem de poder escolher os projetos em que acreditamos e que realmente nos apaixonam. A principal desvantagem, que diria que com o tempo está a desvanecer, é a importância que as marcas atribuem às estruturas das grandes agências. Talvez por isso é que se nota uma maior flutuação de marcas grandes a transitar para agências mais pequenas”, afirma ainda Paula Carvalho. “Com tantas pequenas agências a dar provas de qualidade nos tempos que correm, o mercado começa a reconhecê-las e a dar-lhes espaço”, sublinha a empresária.

Marcas valorizam proximidade e personalização

Nas últimas semanas, a Toys ‘R’ Us trocou a ADBD Communicare, uma agência no mercado há 24 anos, pela 17.Com, a microagência fundada por Beatriz Almeida em 2016. “Fizemo-lo pela relação de proximidade, e até de uma certa intimidade, que se criou e que me permite sentir que conhecem realmente a minha empresa e que estamos a trabalhar verdadeiramente em equipa. Há uma maior rapidez de resposta com modelos e soluções que estão bem enquadrados nos nossos objetivos e com melhores níveis de eficácia”, assegura Susana Setúbal, diretora de marketing da Toys ‘R’ Us Portugal.

As marcas que têm trocado agências de comunicação maiores por microagências justificam a decisão com a maior proximidade e personalização que conseguem ter. “Procurávamos uma pessoa polivalente, capaz de se adaptar às nossas necessidades a cada momento, que tivesse flexibilidade e espírito de serviço ao cliente e que nos garantisse um acompanhamento personalizado e de confiança. Encontrámo-la na Pedro Salazar PR, que é a nossa agência em Portugal desde 2017”, explica ao M&P fonte da Air France-KLM.

A TK Elevators, antiga Thyssenkrupp, é outra das marcas a aperceber-se do potencial das microagências. “Houve uma ligação imediata com a YOLO. Procurávamos um parceiro que pudesse ser a extensão do nosso departamento interno, porém sem uma grande estrutura associada e sem que isso comprometesse a qualidade do trabalho. Confiámos na nossa intuição e estamos muito satisfeitos com a escolha que fizemos, há já quase cinco anos”, assume Helena Calado, diretora de comunicação, de marketing e de ambiente, social e governança corporativa da TK Elevators Portugal.

A transportadora norte-americana UPS também prefere a Suit PR a uma agência maior. “Escolhemo-la pela sua ligação à rede de meios e jornalistas portugueses e comprovada criatividade”, explica Natacha Montenegro, diretora de comunicações sénior da empresa na Europa, Médio Oriente, África e Índia.

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

Luis Batista Gonçalves

Mais artigos
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB

Navegue

Sobre nós

Grupo Workmedia

Mantenha-se informado

©2024 Meios & Publicidade. Todos os direitos reservados.