Marcas, música e paixão
Num destes dias à noite, enquanto os escuteiros do Agrupamento 80 de Santa Maria de Belém se preparavam para sair para mais umas noites de campo, aproveitei para pôr a conversa em dia com outro pai.
Meios & Publicidade
Futebolista Rafael Leão protagoniza adaptação portuguesa da nova campanha global da Adidas (com vídeo)
Reveja os melhores momentos dos Prémios de Marketing M&P’23 (com fotos)
ThePitch arrisca em duas frentes
Range Rover e JNcQuoi unem-se pela mobilidade
Sagres apresenta nova campanha com passatempo para o Euro 2024 (com vídeo)
Vodafone volta a juntar Bernardo Silva e Diogo Valsassina em campanha da VML (com vídeo)
APAV assinala 50 anos do 25 de Abril com campanha da Solid Dogma
Já são conhecidos os 14 representantes portugueses no Young Lions
Bar Ogilvy e Penguin Random House põem ícones da literatura a comentar publicações nas redes sociais (com vídeo)
Business Connection: evento exclusivo de networking reúne empresários e executivos numa experiência gastronómica com a Chef Justa Nobre
Num destes dias à noite, enquanto os escuteiros do Agrupamento 80 de Santa Maria de Belém se preparavam para sair para mais umas noites de campo, aproveitei para pôr a conversa em dia com outro pai. Há tempos que não falávamos. Dado o interesse comum em marketing, marcas e rádio a conversa rapidamente – muito mais do que os escuteiros levaram a sair – se afastou da viagem que os nossos filhos iam fazer.
O tema de Verão das marcas é a música. O nosso foi a paixão que as pessoas lhe têm e a presença que ela tem na vida delas sem que se apercebam disso. Ouvem música de manhã à noite, em casa, no carro, no escritório, nas lojas. Ouve-se música em todo o lado. O elevador, esse território por excelência de um género de música muito característico celebrizado no passado pelo saudoso Fausto Papetti, está cada vez mais sozinho como espaço de toma lá música e ouve mesmo que não queiras. Felizmente, a moda dos tijolos a bombar na praia ficou nos anos 80.
Mas ter música em todo o lado não é necessariamente positivo. A outra parte da conversa que tive com o outro pai tinha a ver com a paixão que as pessoas têm pela música. Melhor dizendo, por algumas músicas. É que se é verdade que nunca houve tanta música disponível em tantos locais, também é verdade que o número de músicas pelas quais as pessoas têm paixão, gostam mesmo, querem cantar vezes sem conta, é assustadoramente baixo. As pessoas não têm paixão por música. O consumidor médio não é um melómano numa procura constante de música nova ou diferente. Apaixona-se por algumas músicas. Gosta de ouvir, mesmo que muitas vezes não o reconheça, apenas um pequeno lote de músicas.
Claro que há aquelas pessoas que têm 14 mil músicas no seu iPod e fazem questão de dizer que as ouvem em modo shuffle. Mas estas não são o consumidor médio. Esse talvez tenha lá umas mil e gosta de ouvir uma pequena parte.
E isto é tramado. Agora que as marcas disputam afectos, territórios de estilos de vida ou até valores, a música parece um campo óbvio e simples para talhar a relação com o cliente. Óbvio será, simples não é. Lá está, porque as pessoas têm paixão por um pequeno lote de músicas. Lembro-me sempre de uma conversa que tive em tempos com um amigo meu que sempre pensou ser fã dos Pink Floyd, comprou os discos todos da banda e chegou à conclusão que só gostava de três músicas. Convenhamos que o investimento na discografia da mítica banda foi exagerado.
Como é um campo óbvio, as marcas disputam arduamente a sua ligação à música. A batalha pelos festivais de Verão é um tema quente. A utilização de música em campanhas também e, cada vez mais, com as marcas a atirar mais alto. Se a regra era as campanhas contribuírem para a popularização de bandas desconhecidas, estou a pensar em Bohemian Like You dos Dandy Wharols pela Vodafone, acontece cada vez mais as marcas ligarem-se a temas ou bandas populares – as tais que têm temas de paixão. Está a ser assim com Fire With Fire dos Scissor Sisters pela TMN. Foi assim, numa escala claramente maior, com I Gotta Felling dos Black Eyed Peas pelo BES.
É inegável que esta última era uma música de paixão. Menos pela Selecção e muitíssimo mais pelo génio criativo dos Black Eyed Peas. Mas há alguém que ainda consegue ouvi-la? As pessoas têm paixão por um pequeno lote de músicas e depois fartam-se delas – pelo menos por uns tempos. Tudo isto torna muito complexa e nada óbvia a ligação das marcas à música. O que é que I Gotta Felling dos Black Eyed Peas fez pelo BES? Ou o que é que os Scissor Sisters estão a fazer pela TMN? Seja como for, vale a pena explorar este caminho porque se marcas procuram territórios de paixão, na música encontram-nos de certeza.
Ah, entretanto os escuteiros têm-se divertido bastante e os pais acompanham tudo, ou quase, no Facebook.