“Nem sempre a produção nacional tem capacidade para abastecer as cadeias ao longo do ano”
Quem o diz é Paulo Nunes de Almeida, vice-presidente da AEP, entidade responsável pelo projecto “Compro o que é nosso”, que defende as cadeias de distribuição no que diz respeito à proveniência dos produtos de marca própria.
Pedro Durães
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Quem o diz é Paulo Nunes de Almeida, vice-presidente da AEP, entidade responsável pelo projecto “Compro o que é nosso”, que defende as cadeias de distribuição no que diz respeito à proveniência dos produtos de marca própria. “As próprias cadeias são obrigadas a recorrer ao mercado internacional”, aponta, como resultado deste facto. Ainda assim, considera o responsável, “as marcas próprias têm vindo a privilegiar cada vez mais a produção nacional. Por exemplo, a grande maioria das marcas Auchan já têm o símbolo “Compro o que é nosso” porque nos últimos dois anos a cadeia investiu imenso na relação com a produção nacional”, exemplifica, em declarações no âmbito de um artigo sobre a portugalidade como estratégia de marca, publicado na edição impressa do M&P.
Meios & Publicidade (M&P): Muitas marcas têm vindo a apostar na portugalidade e no facto de serem produzidas em Portugal como factor preponderante nas suas estratégias de comunicação. Este argumento funciona?
Paulo Nunes de Almeida (PNA): A portugalidade é um dos grandes argumentos de venda junto dos consumidores finais, conjuntamente com a qualidade e o preço. E por isso as marcas estão cada vez mais a apostar em mensagens de portugalidade para venderem os seus produtos. Veja-se o caso das marcas próprias das cadeias de hipermercado. Já todas enfatizam e promovem a sua preocupação com a origem nacional do produto. A crise económica que se vive em Portugal, alavancada pela campanha “Compro o que é nosso”, que a AEP desenvolveu nos últimos cinco anos, contribuem decisivamente para que os portugueses percebam a importância sócio-económica de consumir marcas nacionais.
M&P: Quais as vantagens de assumir e promover a portugalidade?
PNA: Ao promover a portugalidade estamos a contribuir para combater o desemprego, para aumentar a riqueza nacional, para reduzir o deficit externo e para elevar a auto estima dos portugueses.
M&P: A portugalidade é uma boa estratégia para os mercados externos? Será um trunfo ou um entrave ao sucesso nos mercados de exportação?
PNA: As marcas nacionais são cada vez mais respeitadas no mercado externo devido à qualidade dos produtos. Em sectores de actividade tão diversos como o calçado, a indústria têxtil, a construção civil, a alimentação, a metalomecânica, o sector automóvel, o sector informático e a cerâmica, as marcas portuguesas são cada vez mais conhecidas pela qualidade. Por isso, parece-me uma boa estratégia de exportação evidenciar-se cada vez mais a origem dos nossos produtos.
M&P: Em que situações poderá ser positivo omitir ou mostrar que as marcas são portuguesas nos mercados internacionais? Ou seja, em que casos é melhor omitir a nacionalidade para avançar com a internacionalização e em que casos ser uma marca portuguesa pode ser uma mais valia?
PNA: Creio que a necessidade de omitirmos a origem das marcas já não se justifica. Esse problema existiu até há cerca de 10 anos, mas actualmente a imagem internacional das nossas empresas que exportam já é bastante positiva. O maior problema talvez seja escala. O facto de sermos um país pequeno condiciona a nossa capacidade de exportação em grande escala para produtos como o vinho, os lacticínios ou os hortofrutícolas. Em casos como estes é importante que a qualidade seja o factor diferenciador.
M&P: As marcas de distribuição estão a crescer em quota de mercado mas são sobretudo resultado de produtos importados. Como vêem esta situação?
PNA: Não é verdade. As marcas próprias têm vindo a privilegiar cada vez mais a produção nacional. Por exemplo, a grande maioria das marcas Auchan já têm o símbolo “Compro o que é nosso” porque nos últimos dois anos a cadeia investiu imenso na relação com a produção nacional. O Continente e o Lidl têm feito exactamente a mesma coisa. As marcas próprias já representam quase 36% das vendas dos hipermercados mas felizmente que este resultado foi acompanhado por um aumento significativo de vendas no mercado nacional.
M&P: Apesar desta aposta em produtos importados vendidos como marcas de distribuição, as cadeias de distribuição (Continente, Pingo Doce, etc) levam a cabo estratégias de comunicação de promoção e apoio aos produtores nacionais. Não estão a correr o risco de serem percepcionadas como hipócritas com este tipo de contra-senso?
PNA: Se tivermos em conta que estão a desenvolver esforços para comprar cada vez mais no mercado nacional creio que não são hipócritas. O nosso problema é que nem sempre a produção nacional tem capacidade para abastecer estas cadeias ao longo de todo o ano. E, por isso, as próprias cadeias são obrigadas a recorrer ao mercado internacional. Um dos objectivos do “Compro o que é nosso” é precisamente reforçar a ligação da distribuição com a produção nacional de forma que o recurso a produtos importados seja cada vez menor.