Portugueses estão a ir mais vezes às compras e a gastar mais
A maioria valoriza a oferta em detrimento do preço. Os ‘constrained shoppers’ são o maior grupo de consumidores nacionais, dominado por homens entre os 55 e os 65 anos, com pouco interesse nas redes sociais e baixa fidelidade a lojas e marcas

Luis Batista Gonçalves
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Os consumidores portugueses estão a comprar mais, online e nas lojas físicas, embora 97% prefiram as superfícies comerciais, que continuam a ser o principal canal de compras, avança o estudo ‘Hábitos de compra do ‘shopper’ português’, desenvolvido pela in-Store Media, em parceria com a Nielsen.
Segundo as 800 respostas ao inquérito que sustenta a análise, a maioria valoriza a oferta em detrimento do preço, uma opção que beneficia os hipermercados em 1,6% e os supermercados em 1,1%. “Já nos ‘hard discounts’, a queda é de 0,8% na penetração e de 0,5% no valor, o que revela que o consumidor está disposto a comprar mais por oferta e menos por preço”, refere o estudo, a que o M&P teve acesso.
As principais razões prendem-se com a relação qualidade-preço e com a proximidade. “Nas lojas físicas, a qualidade continua a ser o principal ‘driver’ de decisão, mas com maior atenção ao preço (22%), seguido da proximidade de casa ou local de trabalho, fator mencionado por 15% dos inquiridos”, salienta o estudo.
Além de estarem a gastar mais, os portugueses também estão a ir mais vezes às compras. “A frequência aumenta em ambos os canais, online e offline, com o ‘ticket’ médio de compra a permanecer estável. No online, a frequência de compra é de aproximadamente uma vez por mês, enquanto offline é mais de três vezes por semana. O valor médio por compra online, que ronda os €51, é duas vezes superior ao valor offline, na ordem dos €24”, avança a análise.
“Este movimento reflete a evolução do consumidor português para um perfil mais exigente e sofisticado, com a fidelização às marcas cada vez mais centrada na perceção de qualidade, variedade de produtos e menos na preocupação exclusiva com o preço”, sublinha Jordi Cassany, diretor-geral da in-Store Media Portugal, citado no comunicado de imprensa que divulga a investigação.
As categorias com maior índice de lealdade
O estudo revela ainda, à semelhança de outras investigações, que os mais novos, mais abertos à inovação, tendem a ser menos fiéis às marcas. Entre os mais velhos, tendencialmente mais leais, a alimentação animal, o café e a cervejas são categorias com maior índice de lealdade dos ‘shoppers’. Higiene e limpeza e petiscos são as categorias mais sensíveis aos descontos e à inovação.
Entre os produtos que os consumidores nacionais gostam de encontrar em promoções encontram-se os snacks e as batatas fritas (71%), seguidos dos chocolates, gomas e rebuçados (70%) e das refeições preparadas (69%).
“Nas categorias de higiene e limpeza da casa (92%), refeições preparadas (91%) e snacks e batatas fritas (90%), os ‘shoppers’ consideram a marca própria como a marca preferida ou uma das marcas a ter em conta na hora em que realizam uma compra”, refere a análise.
Os perfis de consumidores mais preponderantes
O estudo identifica ainda quatro perfis de consumidores. O maior, que representa 29%, é o dos ‘constrained shoppers’, constituído por pessoas entre os 55 e os 65 anos, maioritariamente homens, que mostram pouco interesse nas redes sociais e baixa fidelidade às lojas e às marcas. Priorizando marcas próprias, raramente utilizam aplicações móveis, sendo, por isso, pouco sensíveis à inovação e às promoções.
O segundo maior é composto pelos ‘deal seekers’, que correspondem a 28% dos consumidores. Principalmente mulheres, têm entre 35 e 55 anos, valorizam o uso da tecnologia no quotidiano, são muito sensíveis a promoções, gostam de explorar novas lojas na sua área e têm uma elevada lealdade às marcas.
Representando 25%, os ‘attentive shoppers’ têm idades entre os 55 e os 65 anos, são maioritariamente mulheres, focam-se em detalhes como os ingredientes e a origem dos produtos, fazendo pesquisas online antes de realizarem compras, sendo sensíveis a promoções, mas indiferentes à inovação.
Os menos representativos são os ‘engaged shoppers’, que representam 18% dos consumidores. Na faixa etária entre os 18 e os 35 anos, são fortemente influenciados pelas redes sociais ao decidir o que comprar, apreciam lojas ‘premium’ e utilizam frequentemente ‘apps’ ou sites de poupança para planeamento de compras. “Estes consumidores demonstram igualmente uma elevada tendência para experimentar novos produtos e marcas”, sublinha o estudo, um instrumento de análise para retalhistas e marcas.
“É importante identificar os comportamentos de compra de cada categoria para desenhar uma estratégia de ‘retail media’ adaptada, utilizando a melhor combinação de meios publicitários que impactem o ‘shopper’ ao longo da jornada de consumo”, afirma Jordi Cassany.