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“Uma boa ideia não sai de geração espontânea”

No ano em que termina o primeiro mandato, António Roquette, presidente da Associação Portuguesa de Agências de Publicidade (APAP) e CEO da agência criativa Uzina explica porque é que é […]

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“Uma boa ideia não sai de geração espontânea”

No ano em que termina o primeiro mandato, António Roquette, presidente da Associação Portuguesa de Agências de Publicidade (APAP) e CEO da agência criativa Uzina explica porque é que é […]

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No ano em que termina o primeiro mandato, António Roquette, presidente da Associação Portuguesa de Agências de Publicidade (APAP) e CEO da agência criativa Uzina explica porque é que é importante promover o trabalho das agências criativas junto dos decisores, que planos tem a APAP para captar mais talento para a indústria e quais os desafios que ainda tem pela frente.

O seu mandato teve início em 2021 e termina agora em 2024. O que é que foi feito? O que está diferente?
Quando esta direção assumiu a presidência, depois de um período um pouco conturbado, era preciso voltar a centrar a APAP na sua missão: Promover a indústria e fazê-la progredir. Os grandes objetivos estratégicos que integraram a proposta desta direção foram a valorização do talento e da criatividade e a promoção de uma aproximação do trabalho das agências às lideranças das empresas, porque consideramos que há uma depreciação da qualidade do trabalho criativo em relação a outros tempos em que os decisores estavam mais próximos das agências. Isto deve-se, claramente, a um conjunto de crises financeiras sucessivas que o mundo e Portugal em particular têm enfrentado. Os investimentos tornaram-se cada vez mais curtos por parte das marcas. Cada vez que há uma crise, o primeiro corte é no marketing e é preciso perceber isso.

O que fizeram para contrariar essa realidade?
Aproximámo-nos, desde logo, do Clube da Criatividade de Portugal (CCP) e do seu festival, para, a partir daí, iniciar um trabalho de divulgação da criatividade junto dos clientes e das marcas. Da parte do CCP, esta ideia também fazia todo o sentido. Unimos esforços. Assim, ainda em 2021, lançámos no festival uma iniciativa inédita a que chamámos Boards On Board, que, tal como o nome indica, visa elevar a conversa entre os executivos das empresas, CEO e diretores de marketing, por um lado, e as agências criativas, pelo outro. Com base numa simples pergunta – “Quantas vezes por ano reúnem com a vossa agência?” – temos vindo a sensibilizar os diretores de marketing e os seus CEO para a orfandade que, muitas vezes, sentimos por não estarmos mais com os decisores das empresas nossas clientes, não termos a oportunidade de explicar melhor as nossas ideias e perceber melhor os seus desafios estratégicos. Acreditamos que, quanto mais próximos estivermos dos decisores das empresas, melhor será o resultado para as marcas.

Deram continuidade a esse projeto?
Sim. Todos os anos chamamos diretores de marketing e CEO para falar sobre estas temáticas. O ano passado escolhemos como tema a “Importância da criatividade para o negócio”. Quisemos fazer uma chamada de atenção para o desperdício financeiro que são as campanhas a que chamamos invisíveis.

Campanhas invisíveis?
As marcas têm os seus planos de marketing e nesses planos definem um conjunto de campanhas que podem ser campanhas mais institucionais ou mais táticas de venda. Somos da opinião que todas as campanhas, sejam de produto ou de venda, contribuem para a construção da marca. No âmbito da estratégia de marketing em que todos os anos é definido um plano, sentimos que, por vezes, há campanhas que podem custar um ou dois milhões de euros ou mais, sem qualquer recall. Estão mesmo a ser vistas? E bem percecionadas? Poderiam ter mais resultados, então, porque é que não têm?

Mas não têm esse recall?
Sim. Mas também temos uma consciência coletiva na indústria que a assunção do risco criativo é muito curto face ao que foi noutras épocas. Basta compararmos a memória que temos de campanhas que marcaram época nos anos 90 do século XX, por exemplo, com algumas dos anos 10 e 20 deste século. Havia um diretor criativo — não vou identificá-lo porque não sei se quereria ser citado — que fez grandes campanhas em Portugal no princípio do século XXI, que dizia quando tinha de apresentar campanhas estratégicas, não aceitava sentar-se à mesa sem o presidente do conselho de administração ou o administrador, ou seja, o decisor final. De facto, isso faz toda a diferença. Também acontecia frequentemente o braço dado com a própria direção de marketing, numa conjunção de esforços. A verdade é que as direções de marketing querem ver reconhecido o seu trabalho.
O processo de decisão para fazer uma campanha com uma determinada orientação e ambição, como seja abordar uma temática recorrente sob um ângulo diferente, é sempre mais arriscado. Ora, para assumir esse tipo de riscos, é preciso que o decisor esteja confortável para decidir. Num patamar mais sénior dentro das empresas, as decisões de investimento são tomadas de uma forma muito mais consciente, rápida, direta e, muitas vezes, com muito mais criação e valor.

Não será também devido à distância cada vez maior que as marcas em Portugal têm dos centros de decisão?
É verdade que há uma iberização da gestão das marcas e, muitas vezes, no caso de empresas globais, a opção passa por campanhas globais. Mas, mesmo assim, continuam a existir muitas empresas e marcas que trabalham com o foco no mercado nacional, mesmo quando algumas das campanhas são globais. Há muitos comportamentos que são globais, mas há outros que são exclusivos da cultura de cada país.

E também um movimento inverso, temos mais agências portuguesas.
Sim, é verdade, existe um conjunto de agências de capitais portugueses que foram aparecendo. A Uzina é um exemplo, tal como a Partners, agora Dentsu, a Nossa, a O Escritório, entre outras que poderia referir. Se há 20 anos, a liderança era claramente das multinacionais, atualmente o mercado está mais fragmentado, o que também me parece saudável. Sem demérito para as multinacionais, penso que passou a ser indiferente se os capitais são nacionais ou estrangeiros. A procura das marcas centra-se agora muito mais no mérito e nas credenciais das empresas independentemente do acionista.

Uma alteração da forma como as agências são remuneradas poderia contribuir para melhorar a situação?
Atualmente, a remuneração das agências é substancialmente inferior ao que era noutros tempos. A ideia sonhadora de que as agências e os publicitários ganham muito bem e fazem grandes viagens [risos] está ultrapassada, até, porque o modelo de negócio mudou muito desde que as agências deixaram de ser pagas com base na percentagem do investimento nos meios. Na altura, o modelo passou a ser de acordo com o scope of work, remunerando o custo/horas, sendo que nós temos uma dificuldade acrescida uma vez que o processo criativo é, muitas vezes, pouco tangível para quem não o conhece tão bem e imagina que são uns artistas a ter ideias…
Nesse sentido, existe alguma dificuldade em perceber que uma boa ideia não sai de geração espontânea, o processo implica planeamento estratégico, pensamento, procura de insights, estudos sobre o comportamento dos consumidores, estudo sobre a marca, perceber quais são as verdades da marca, o que pode sobressair ali de diferente e, a partir daí, sim, constrói-se a campanha. Todo este processo implica, muitas vezes, uma equipa de 10 pessoas a trabalhar. Ora, o desconhecimento desta realidade faz com que exista uma pressão grande sobre os preços das agências, logo uma diminuição da sua rentabilidade e consequentemente daquilo que é possível pagar aos seus profissionais. Acabámos de fazer um estudo sobre os salários na APAP para percebermos onde é que estamos e há um aspeto que ressalta: não existe grande discrepância entre aquilo que se paga aos juniores e aos seniores, à semelhança do que acontece noutros setores. Aliás, outro aspeto óbvio é que atualmente remunera-se muito mal. Mas paga-se mal porque não existe hipótese de pagar melhor. Portanto, este tipo de discussão tem que se fazer.

Não pode existir, por exemplo, uma remuneração indexada à compra de media ou outro indicador?
Em relação à média, que eu saiba, não existe, em relação a outros indicadores, em alguns casos, nas negociações entre agência e os clientes, há remuneração baseada nos resultados. Nós próprios, na Uzina, já estamos a fazer remuneração sobre os resultados. Depende de cada agência, mas, claro, parece-me uma boa prática.

Essa prática poderia solucionar em parte o tema das campanhas invisíveis?
Esse é outro problema, depende da maturidade do cliente. Se trabalharmos com um cliente muitíssimo conservador vai ser difícil termos KPI [key performance indicators, indicadores de desempenho] de notoriedade muito, muito, altos. Temos de avaliar caso a caso.

Um dos objetivos que referiu para este seu mandato é a captação de talento. Como estão a trabalhar o tema?
O talento é crucial. Além de darmos continuidade ao que a APAP fazia em termos da procura e divulgação junto dos seus associados de cursos de formação existentes a nível internacional (na área do contacto, na área de negociação ou apresentação, ou na área criativa), temos um projeto novo que vamos lançar já em março.
Estamos a preparar uma campanha para captar novos talentos para a indústria — aproveito para agradecer a O Escritório, que desenvolveu a criatividade da campanha e à Garage, que a produziu. Vamos lançar esta campanha nas universidades. O que está na sua base é uma tentativa de inverter a tendência atual em que só aparecem candidatos com formação específica na área. Noutros tempos, não era assim. Nós queremos chamar a atenção de alunos com outro tipo de formação — direito, antropologia, história, sociologia, enfim, da área das letras, da gestão e da economia — e não apenas de alunos de marketing e publicidade. Pensamos que isso acontece porque as pessoas não conhecem a indústria, mas acreditamos que são capazes de entregar muito bom produto criativo. Ao longo do meu percurso, trabalhei com profissionais oriundos da sociologia, do direito, da filosofia, da psicologia, que foram excelentes criativos e gestores de marca. Todas estas formações são muito úteis na nossa área. A campanha está praticamente pronta para ir para o ar.

Que impacto teve e está a ter a digitalização dos media na forma de trabalhar a criatividade e na reorganização das agências criativas e do mercado?
Há modelos diferentes, depende muito das agências. Há agências que optaram por ter todas essas valências de forma separada — agências de eventos, agências criativas etc., fazendo todas parte do mesmo grupo, mas com diferentes especificidades. E há agências, com uma direção transversal e pessoas com skills diferentes para as diferentes áreas que se juntam, depois, no todo. Do meu ponto de vista, é mais eficiente, porque é mais coerente aquilo que sai em termos da mensagem. As agências não vendem campanhas para as redes sociais ou para a televisão, as agências vendem conceitos criativos que são fortes e impactantes. A partir desse conceito, definem, então, qual a melhor forma de chegar ao consumidor. Há claramente uma pressão, aliás, o último estudo da Scopen fala sobre a vontade das marcas para concentrarem o trabalho em agências multidisciplinares, para apostar neste último modelo e começar a concentrar as diferentes ferramentas em agências com esse perfil.

Mas, por essa ordem de ideias, incluir-se-iam também as agências de meios no processo criativo.
Sim, por isso é que a tendência para as agências de meios estarem juntas com as agências criativas começa também a ser mais forte.

Esse movimento de consolidação no mercado ao nível das grandes multinacionais de publicidade parece-lhe uma resposta à necessidade de concentrar o modelo ou simplesmente uma necessidade de cortar custos?
Há uma pressão muito grande nas empresas criativas, é um negócio de margens muito reduzidas. Há pontos fortes e fracos. Pontos fortes são as sinergias financeiras enormes e provavelmente um grande aumento de rentabilidade. Ponto fraco, a oferta diminui no mercado. Não sei o que isso vai representar no futuro, até que ponto será possível, porque também vivemos num mercado onde existe um conjunto de incompatibilidades. Sempre foi um tema muito forte. Na indústria rimo-nos com o facto de haver tanto cuidado com as incompatibilidades, quando nada disso existe com as consultoras ou os escritórios de advogados, por exemplo.

Outro tema incontornável é a inteligência artificial (IA). Do seu ponto de vista, que impacto é que vai ter nesta indústria?
Querer culpar o desenvolvimento tecnológico é só uma perda de tempo porque o mundo não anda para trás. Recentemente, fui visitar os armazéns de uma fábrica no Porto e, mais uma vez, verifiquei que estão completamente automatizados. Quando apareceu a automatização na logística, é claro que houve uma substituição daquelas profissões, os correios também deixaram de distribuir tantas cartas desde o aparecimento do e-mail…O importante é sabermos se estamos ou não preparados. A IA tem um nome que a identifica totalmente, é artificial. Nada pode substituir a inteligência humana, o que pode ser substituído é um conjunto de tarefas que atualmente são feitas por humanos e que a IA vai resolver de uma forma mais simples, mais rápida e mais barata. Não vai substituir o pensamento humano. Já foram realizados testes de campanhas feitas exclusivamente por IA, umas até passaram, mas passaram porque trabalham por insights passados.

Mas há quem diga que vai criar…
Vamos ver. Eu nunca vi nenhuma máquina a desenvolver inovação na sua plenitude. Tenho alguma dificuldade em chegar lá.

Está a pensar renovar o mandato na APAP?
Não tenho grande vontade de fazer um segundo mandato, mas existem dois ou três projetos que eu gostaria de manter e que não sei se consigo acabar. Se não conseguir, vou re-equacionar uma recandidatura. Vai depender disso.

E quais são?
Estamos a preparar um prémio no âmbito de um festival que tem um scope internacional. Já está validado, mas só queria falar sobre ele quando o acertarmos contratualmente. Acredito que é importante para o mercado, até porque há outra área, de que não falei aqui, que está mais atrasada. No pós-covid-19, o mundo ficou com menos fronteiras e, por isso, também com mais oportunidades. Através da AICEP [Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal] ou outros programas ou instituições será importante projetar a nível internacional a indústria criativa portuguesa. Atualmente, é muito mais fácil e há muita abertura das marcas para com outros países e mercados. Penso que era muito importante a APAP conseguir promover externamente o trabalho criativo português. Há, já, muitas campanhas feitas por agências nacionais e multinacionais em Portugal, que, devido ao seu sucesso, são exportadas. Não devemos ficar apenas presos ao nosso mercado.

Quais são os grandes desafios dos próximos anos para a APAP?
Eu gostaria que a APAP continuasse a prestigiar esta indústria e que ficasse consolidada a ideia de que é uma indústria com muito valor acrescentado. Para isso, temos de fazer um trabalho de formiga que passa, como referi, pela aproximação aos decisores, pela procura de talento e também, numa segunda fase, por uma maior aproximação às universidades. Contar o que fazemos é muito importante para atrair valor e conhecimento.

APAP COM NOVO LOGO E SITE 

A Associação Portuguesa de Agências de Publicidade (APAP) lançou a sua nova identidade gráfica e um novo site. Criados respetivamente pela Uzina e pela Fullsix, a imagem já foi apresentada aos associados muito recentemente, explica António Roquette, o presidente da instituição.
A APAP representa as agências criativas portuguesas, uma indústria que vale cerca de 200 milhões de euros, em volume de negócios, este ano. Com 35 associados, teve origem no Grémio Nacional das Atividades Publicitárias, fundado em 1969.
Segundo a organização, a tendência do setor tem sido de crescimento estes últimos dois anos, após uma quebra significativa nos anos de pandemia. Em 2021, a indústria criativa recuperou 21% e, em 2022, manteve o crescimento nos dois dígitos, registando um aumento de 18%.

A CAMPANHA QUE NOS FEZ SORRIR

As últimas semanas foram frenéticas para a Uzina, agência criativa fundada por António Roquette há 25 anos, que fatura anualmente cerca de 5 milhões de euros e é a terceira do ranking das mais criativas da Spoken. Uma pequena campanha de produto do seu cliente Ikea, com apenas quatro cartazes, gerou um movimento inédito nas redes sociais. Luís Paixão Martins, o conhecido spin doctor das campanhas políticas de António Costa, não gostou e respondeu à marca na rede X, antigo Twitter, desenterrando velhas acusações de nazismo feitas ao fundador sueco da marca. Mais tarde, foi a vez do jornal Nascer do Sol acusar dirigentes socialistas, não identificados, de exercerem pressão sobre os responsáveis da campanha para a retirarem, o que a Uzina desmente categoricamente.
Mas, se a polémica que estalou nas redes sociais, criou algum embaraço, o que é certo é que não afugentou os anunciantes. Várias foram as marcas de mobiliário e outros produtos que aproveitaram a piada para também fazer a sua (ver imagens) e brincar com o conceito até à exaustão.

Estavam à espera do impacto que a vossa campanha da Ikea teve?
Quando fazemos uma campanha, esperamos naturalmente que tenha impacto, mas tenho que admitir que não estávamos à espera de um impacto tão viralizado como este. Da mesma forma, também não esperávamos a interpretação política que foi dada a esta campanha. Tratam-se de quatro cartazes diferentes saídos em simultâneo. Quatro cartazes que falam daquilo que as pessoas sentem no seu dia a dia: um fala sobre a inflação, o outro brinca com a geringonça ou com coligações e, depois, há este da estante, que deu muita polémica… Do meu ponto de vista existiu uma tentativa – que curiosamente nem veio da parte dos partidos – de sugerir que havia uma intenção política da Ikea por trás. Fiquei muito surpreendido com as reações.
E o cliente? Como reagiu?
É público aquilo que o cliente disse. Não existe nenhuma intenção de intervir na campanha. O mood da Ikea é descontraído e pretende divertir as pessoas, ao falar em tom humorístico, apenas pretende descomprimir o ambiente.

Então estão satisfeitos com o resultado?
Ainda não avaliamos o impacto da campanha, mas não tenho dúvidas que bateu todos os recordes de notoriedade. Não me lembro de uma campanha nestes anos todos que tenha tido tanto recall mediático… [A Marktest divulgou entretanto os resultados na campanha. A Ikea, pela primeira vez, desde que está em Portugal, ascendeu ao top 5 de marcas mais recordadas, ocupando o quarto lugar, de acordo com os resultados do indicador de recordação de publicidade genérica trabalhado pela Marktest. A melhor posição jamais ocupada neste estudo ao longo de um ano inteiro foi o décimo-sétimo lugar] Por um lado, estou contente, por outro, sinto uma certa tristeza porque, na verdade, não houve qualquer intenção de criar mal-estar e muito menos interferir politicamente. Essa interpretação foi, para nós, surpreendente e não era, de todo, o intuito da campanha. O objetivo era mesmo fazer as pessoas sorrir e, a propósito da venda dos produtos, brincar com uma atualidade da qual estamos todos muito cansados, inclusivamente os políticos.

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Marcas pequenas ganham às grandes nas interações em vídeos no Instagram

A maioria das cinco marcas nacionais com mais interações em vídeos no Instagram em 2024 são de menor dimensão e encontram-se em nichos, indica o ranking da Snack Content Portugal, em exclusivo para o M&P

Catarina Nunes

2024 traz más notícias para as grandes marcas nacionais, que investem no Instagram uma parte considerável do orçamento destinado a marketing nas redes sociais.

A maioria das cinco marcas nacionais com mais interações com vídeos no Instagram em 2024 são de menor dimensão e encontram-se em nichos, algumas delas em hiper nichos, e têm um número de utilizadores abaixo do que seria expectável, para conseguirem ultrapassar as grandes marcas.

De acordo com os dados da Snack Content Portugal, trabalhados em exclusivo para o M&P, o espaço de eventos e casamentos Solar da Levada & Lago dos Cisnes, em Amares, é a marca nacional que tem em média mais ‘engagement’ (gostos, comentários e partilhas) com vídeos do Instagram, seguido pela Coolnvintage (recondicionamento de jipes Land Rover), pela Antarte (mobiliário e decoração), pela Casa Fânzeres (arte sacra e mobiliário litúrgico) e pela Estofos.pt (mobiliário estofado por medida).

O Solar da Levada & Lago dos Cisnes lidera o ranking com vídeos que mostram a sofisticação do espaço e dos eventos aqui organizados

Este top 5, elaborado pela empresa especialista em marketing digital e na criação de linhas editoriais e formatos de vídeos para marcas nas redes sociais, diz respeito à média do ‘engagement’ no total de 2024, apenas no formato de vídeo, e é feito através do programa de dados Tubular.

“As marcas que lideram esta lista souberam explorar ao máximo o potencial da plataforma, criando uma comunidade envolvida e altamente interativa, através dos vídeos publicados”, argumenta Inês Ramada Curto, sócia e codiretora executiva da Snack Content Portugal.

Questionada sobre as razões do desempenho destas marcas, Inês Ramada Curto refere que a ferramenta de análise de dados dá os resultados das marcas com mais interações, mas, por si só, não identifica as razões para tal.

“Para tirar conclusões, teria de fazer mais pesquisas e saber mais sobre as marcas, nomeadamente desde quando têm páginas no Instagram, quando começaram a fazer esta estratégia de comunicação, que segmento interage mais, há quanto tempo mantêm estes números, como é o atendimento ao cliente offline, a volumetria de publicações, que respostas dão às comunidades digitais nas redes sociais e como dão feedback nas mensagem privadas, por exemplo”, explica.

A sócia e codiretora executiva da Snack Content Portugal considera que, eventualmente, “as marcas maiores estão mais focadas em campanhas offline, em ‘outdoors’, em campanhas pontuais e em televisão, perdendo assim terreno para uma marca pequena, às vezes de bairro ou de criadores que seguem as boas práticas da plataforma”.

“Não basta apenas ter bons produtos ou serviços, é preciso saber como contar a sua história e gerar experiências para os consumidores através de cada ‘post’. Este é um exemplo claro de como o marketing nas redes sociais, quando bem executado, pode ser um dos maiores impulsionadores de sucesso no cenário digital”, acrescenta Inês Ramada Curto.

Espaço de eventos em Amares lidera ranking

Com cerca de 73,7 mil seguidores no Instagram, o Solar da Levada & Lago dos Cisnes (@solardalevada_lagodoscisnes) ocupa o topo do ranking da Snack Content Portugal, com uma média de 28,9 mil interações por vídeo publicado, em 2024. Vídeos bem filmados (alguns com drones) e com uma edição dinâmica mostram a sofisticação do espaço de eventos focado em casamentos.

“Os conteúdos em vídeo trazem uma aura muito especial ao espaço com imagens muito cuidadas e que mostram bem todo o potencial de envolvência e decoração desta quinta”, salienta Inês Ramada Curto.
A responsável da Snack Content considera que o ‘engagement’ nas redes sociais é um dos principais indicadores de sucesso no marketing e na comunicação digital.

“Através dele, as marcas conseguem medir a interação do público com os seus conteúdos, o que revela o impacto da comunicação e da fidelização dos seguidores. No universo do Instagram, que ainda continua a ser uma das plataformas mais relevantes para as empresas, algumas marcas ganham destaque pela capacidade de gerar interações”, argumenta.

A Coolnvintage foca-se na estética e no apelo emocional que os Land Rover recondicionados têm na sua comunidade digital

Bastante distante do líder, a Coolnvintage (@coolnvintage), de Lisboa, surge em segundo lugar com uma média de 16,8 mil interações por vídeo. A marca de serviço de recondicionamento de jipes Land Rover antigos tem, no entanto, um número de seguidores bastante superior (310 mil) ao da Solar da Levada & Lago dos Cisnes.

“A estratégia da Coolnvintage foca-se na valorização da proposta estética e no apelo emocional que o design destes jipes trazem para a sua comunidade digital”, argumenta a responsável. Os conteúdos estão centrados em vídeos dos carros restaurados, com um especialista a descrever, em inglês, as histórias dos jipes e as intervenções feitas, ou que mostram a viagem em que os veículos são entregues aos proprietários, espalhados por todo o mundo.

Antarte é a maior marca no ranking

Ligeiramente atrás da Coolnvintage, a Antarte (@antartehome) está na terceira posição com uma média de 15,6 mil interações por publicação em vídeo. A marca de mobiliário e decoração destaca-se por ser a maior das marcas que figuram no ranking elaborado pela Snack Content Portugal.

Com uma dimensão multinacional, a partir da fábrica na Rebordosa, a marca de mobiliário e decoração soma 244 mil seguidores no Instagram e aposta em filmes que mostram a unidade fabril, principalmente o processo de produção dos móveis, bem como os eventos que patrocina.

“Entre os vídeos com maiores números encontra-se o registo visual que mostra como é feito o cadeirão Lisboa, com 872 mil interações, além de outros vídeos com a coleção Mónaco e a cadeira Cannes. Este tipo de conteúdo que ‘levanta o véu’ da marca e mostra o que está por trás do negócio não só atrai a atenção do público-alvo como promove o ‘engagement’ através de interações espontâneas dos seguidores, que frequentemente comentam e partilham as publicações”, salienta.

A Antarte destaca-se por mostrar a fábrica, principalmente o processo de produção dos móveis que comercializa

A marca que produz obras de arte sacra em madeira, a Casa Fânzeres (@casafanzeres), de Gondomar, tem uma média de 11,4 mil interações no ano passado e ocupa a quarta posição do ranking. Com 30,7 mil seguidores no Instagram, “esta página mantém uma comunicação consistente e cuidadosa com o seu público, e o vídeo com mais interações mostra a figura da Nossa Senhora de Fátima”, revela Inês Ramada Curto.

O ranking é encerrado com a Estofos.pt (@estofos.pt) no quinto lugar, com 11,3 mil de ‘engagement’ por publicação e 29 mil seguidores. A marca especialista em móveis estofados por medida publica, de forma constante, vídeos que apresentam os produtos e os ambientes possíveis, bem como o processo de fabrico.

“O vídeo com maior número de interações, 348 mil, mostra um sofá personalizado com arrumação dentro dos braços do próprio sofá”, destaca a codiretora executiva da Snack Content Portugal.

“Este top 5 revela a importância da estratégia, da linha editorial e da construção de uma identidade digital única, que as marcas devem seguir com rigor para se manterem fiéis e ativas perante a comunidade digital”, sustenta Inês Ramada Curto, salientando que “as conexões emocionais que se criam também podem alavancar, e muito, o envolvimento no Instagram”.

 

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Os anúncios que podem ser vistos no Super Bowl 2025 (com vídeos)

Matt Damon (na foto, à esq.) e David Beckham (na foto, à dir.) protagonizam ‘David and Dave’, filme publicitário que estreia no Super Bowl LIX, a 9 de fevereiro. Em ano de recorde de investimento publicitário, o M&P reúne os principais ‘teasers’

É o evento desportivo mais disputado pelos anunciantes nos Estados Unidos, havendo marcas que pagam oito milhões de dólares (cerca de €7,7 milhões) por uma exposição televisiva de 30 segundos nos intervalos do Super Bowl LIX.

Na edição de 2025, que se realiza a 9 de fevereiro em Nova Orleães e opõe os Philadelphia Eagles aos Kansas City Chiefs, já são conhecidos alguns dos anúncios que vão ser apresentados, ainda que, nas semanas que antecedem o evento desportivo, muitas marcas se fiquem pelos ‘teasers’.

É o caso da marca de equipamentos elétricos Bosch, que apresenta um anúncio de 30 segundos no quarto bloco publicitário. Protagonizado pelo ator espanhol Antonio Banderas, o filme foi idealizado pela Droga5.

A marca desportiva Skechers foi a primeira a confirmar a intenção de ter um anúncio na edição de 2025 do Super Bowl, tendo escolhido Andy Reid, treinador principal dos Kansas City Chiefs para protagonizar o ‘spot’. O filme publicitário ‘Side Hustle’ foi divulgado a 4 de fevereiro.

A Budweiser ponderou a hipótese de avançar apenas com um anúncio regional, mas acabou por recuar e financiar um filme de 30 segundos. Idealizado pela FCB New York, conta com a participação do comediante Shane Gillis, do cantor e rapper Post Malone e do ex-jogador de futebol americano Peyton Manning.

O Special Group assina o quinto filme seguido da Uber Eats a ser exibido no Super Bowl. A produção de 60 segundos mostra Matthew McConaughey a tentar provar, com o auxílio de Martha Stewart e Charlie XCX, que o futebol americano não passa de um estratagema para vender comida, juntando protagonistas de diferentes idades para apelar a diferentes audiências.

A quarta presença do Booking.com é da responsabilidade da agência criativa Zulu Alpha Kilo e conta com a participação bem-humorada das personagens de ‘Os Marretas’.

Após um hiato de três anos, a Taco Bell volta com ‘Photobomb’, um anúncio protagonizado pela artista Doja Cat, que conta com a presença de fãs da artista e de clientes da marca. Com criatividade da Biite, o ‘spot’ é realizado por Dave Meyers.

A empresa farmacêutica Novartis estreia-se com uma campanha de sensibilização para a prevenção do cancro da mama, com a duração de 60 segundos. Protagonizada pela comediante Wanda Sykes e pela cantora e atriz Hailee Steinfeld, tem assinatura da Merkley and Partners.

A empresa de cruzeiros europeia MSC Cruises também se estreia com um filme de 60 segundos, concebido pela Highdive, que mostra os atores Drew Barrymore e Orlando Bloom numas férias num navio.

A Häagen-Dazs opta por uma perseguição de automóveis e camiões para o primeiro anúncio no Super Bowl, criado pela Nice&Frank. Os atores Vin Diesel e Michelle Rodriguez são os eleitos para promover a marca.

Entre os estreantes está também a plataforma de entregas Instacart, com um ‘spot’ desenvolvido pela equipa criativa da empresa em colaboração com a agência TBWA\Chiat\Day. Para a sua estreia no Super Bowl, com um anúncio de 30 segundos, a marca de papel higiénico Angel Soft, recorreu à Grey.

A Nerds, marca de guloseimas da Ferrara, aposta no cantor Shaboozey, numa campanha da Digitas Chicago, enquanto que a NerdWallet exibe, no terceiro bloco de anúncios, um filme da Deutsch, protagonizado por uma baleia falante.

Pela décima segunda vez consecutiva, a empresa financeira TurboTax volta a investir no evento, com uma campanha concebida pela agência criativa R/GA. Issa Rae, atriz e escritora norte-americana, protagoniza o filme publicitário.

A empresa tecnológica Squarespace participa pela décima primeira vez no evento desportivo, com um anúncio de 30 segundos, protagonizado pelo ator irlandês Barry Keoghan, que surge acompanhado por um burro.

Na oitava participação, a Pringles muda de agência, apostando na FCB New York para um filme, com Adam Brody, Nick Offerman e James Harden, que pretende mostrar a nova direção criativa da marca.

A Mountain Dew, refrigerante que integra o portefólio de bebidas da PepsiCo, repete a proeza pela sétima vez, com um ‘spot’ protagonizado pela artista Becky G, com criatividade da Goodby Silverstein & Partners.

Na quinta presença consecutiva no Super Bowl, a Hellmann’s é uma das marcas do segundo bloco de anúncios. Protagonizado pelos atores Billy Crystal e Meg Ryan, o ‘spot’, com criatividade da VML, junta novamente os atores no Kat’z Delicatessen, em Nova Iorque, para recriar uma das cenas mais memoráveis do filme ‘Um Encontro Inevitável’, de 1989.

A VLM também assina os dois anúncios de 15 segundos da The Foundation to Combat Antisemitism, que contam com a participação de Tom Brady e Snoop Dogg.

A marca de cerveja Michelob Ultra regressa com um anúncio criado pela Wieden+Kennedy New York, protagonizado pelos artistas William Dafoe e Catherine O’Hara.

Depois da estreia em 2024, a Reese’s reincide com uma campanha da Erich & Kallman. O anúncio é a peça central de uma estratégia publicitária que inclui ativações de marca e passatempos.

Após dois anos de ausência, a Meta regressa ao Super Bowl para publicitar os óculos que desenvolveu com a Ray-Ban, através de um filme protagonizado pelos atores Chris Hemsworth e Chris Pratt e da socialite Kris Jenner.

A marca de cerveja belga Stella Artois, que não investia no evento desde 2019, regressa para a quarta participação, tendo contratado o ator Matt Damon e o ex-futebolista David Beckham para um ‘spot’, concebido pela Artists Equity Advertising, que mostra como o antigo desportista lidera com a existência de um irmão gémeo que não sabia que tinha.

A Little Caesars convidou o ator Eugene Levy, conhecido pelas sobrancelhas farfalhudas, a protagonizar o filme publicitário que exibe no Super Bowl, concebido pela agência criativa McKinney.

A indústria automóvel está apenas representada pela Jeep e pela Ram Trucks, que estreia um anúncio protagonizado pelo ator Glen Powell. Com “Panama” dos Van Halen como banda sonora, o filme publicitário tem assinatura da GSD&M e é exibido durante o segundo bloco publicitário do evento.

A Coffee Mate, marca de bebidas da Nestlé, delegou a tarefa de conceber o anúncio a exibir no intervalo da Super Bowl na Wieden+Kennedy New York. A cantora Shania Twain protagoniza o anúncio.

 

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Fred Oliveira realiza anúncio para marca financeira turca (com vídeo)

O anúncio protagonizado por Pedro Alonso (na foto), ator que interpreta Berlim nas séries ‘La Casa de Papel’ e ‘Berlim’,” surge na sequência de projetos anteriores que o realizador português desenvolve na Turquia, para marcas como a Ford, a Vodafone e a Arçelik,

Fred Oliveira, também conhecido como SirFred, é o escolhido pela agência criativa Roy+Teddy, sediada em Istambul, para realizar o filme publicitário que marca o lançamento da marca financeira Papel. Intitulado ‘Papel For Everyone’, o ‘spot’ é produzido pela Norr Production&Co e protagonizado pelo ator espanhol Pedro Alonso, que dá vida a Berlim nas séries ‘La Casa de Papel’ e ‘Berlim’.

“O maior desafio foi estruturar o filme com uma dinâmica cinematográfica, que apresentasse o próprio Pedro Alonso como personagem. Para isso, desafiei a agência a colaborarmos na criação de uma fórmula inspirada em ‘trailers’ ou ‘teasers’, resultando numa abordagem mais envolvente e criativa”, relata ao M&P Fred Oliveira, realizador da Krypton.

Com direção de fotografia de Sergi Gallardo, edição de Marc Soria e coloração de Paulo Inês, da Ligth Film, o anúncio tem sonoplastia de Henrique Lima, da Som de Lisboa, em parceria com o Imaj Group, que também assina a pós-produção e os efeitos visuais do ‘spot’. A banda sonora é composta por Pedro Macedo Camacho.

“Este filme publicitário, concebido para o mercado turco, surge na sequência de vários projetos anteriores que desenvolvi, na Turquia, para marcas como a Ford, a Vodafone e a Arçelik, consolidando-se, assim, uma parceria criativa com o mercado de Istambul e com a produtora Norr Production&Co, já de longa data”, afirma Fred Oliveira.

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Publicis Groupe sobe receitas em 8,3% e vai investir em dados e IA

O desempenho do grupo em 2024 deve-se sobretudo ao crescimento das áreas de dados, tecnologia e media digital, que representam cerca de 40% da receita do Publicis Groupe, que anuncia investimentos de €800 a €900 milhões em tecnologia de dados e IA, em 2025

As receitas totais de faturação do Publicis Groupe aumentam 8,3% para €16 mil milhões, em 2024, com os lucros da ‘holding a subir 6,6% para €13,9 mil milhões, face ao período homólogo. O grupo revela ainda um crescimento orgânico de 5,8% das receitas totais de faturação, que não contabiliza novas aquisições.

Nos últimos três meses de 2024, o grupo apresenta igualmente uma trajetória de crescimento, com uma subida de 6,3% do crescimento orgânico e um aumento de 8,9% dos lucros para €3,8 mil milhões, em comparação com o mesmo período em 2023, impulsionado pelo reforço da presença global e pelo foco na diversificação dos serviços. Apesar de os resultados dos restantes grupos mundiais de publicidade ainda não terem sido divulgados,  Arthur Sadoun, presidente e CEO do Publicis Groupe, garante que “graças a um quarto trimestre forte, o Publicis tornou-se a maior empresa de publicidade do mundo em 2024”.

A fusão Omnicom-IPG, que tornará o Omnicom a maior ‘holding’ de agências do mundo, irá abalar as posições no ranking dos maiores grupos do setor. No entanto, Arthur Sadoun prevê que “serão necessários pelo menos cinco anos para determinar o sucesso da aquisição pendente do IPG pelo Omnicom” e que “durante esse tempo, o Publicis vai procurar a melhor forma de se adaptar às novas circunstâncias”. A ‘holding’ francesa prevê um crescimento orgânico dos lucros de 4% a 5% em 2025 e anuncia planos de investimento no valor de €800 a €900 milhões, em tecnologia de dados e IA.

“Passar de terceiro para primeiro lugar em três ou quatro anos implica uma série de esforços que já vêm de há anos” para reestruturar a empresa, explica Arthur Sadoun, acrescentando que “demorámos cinco a seis anos para chegar até aqui, mas este é um momento importante para nós”. No rescaldo do crescimento registado, a ‘holding’ revela que concede aos funcionários um aumento salarial médio de 7% em 2024, segundo a Campaign.

Clientes na área da saúde têm um peso maior

Quanto à distribuição das receitas totais de faturação do grupo mundial de publicidade e comunicação por áreas de negócio dos clientes, a saúde representa 14% da receita líquida anual, seguida do setor automóvel (13%), dos serviços financeiros (12%) e da alimentação e bebidas (12%).

O setor da tecnologia, dos media e das telecomunicações contribui com 11%, enquanto os produtos de consumo não alimentares representam 10%. O retalho mantém-se sólido, com uma quota de 9%, enquanto os setores do lazer e turismo (4%), público (3%) e indústria e energia (3%) complementam a distribuição da receita. Outros segmentos, incluindo publicidade exterior e projetos experimentais, representam 9% do total.

O desempenho positivo do grupo em 2024 deve-se sobretudo ao crescimento das áreas de dados, tecnologia e media digital, que já representam cerca de 40% da receita do Publicis Groupe. A plataforma de inteligência artificial Marcel, bem como a divisão de marketing alimentado por dados Epsilon e a consultora digital Sapient, são determinantes para a liderança da empresa face à concorrência, de acordo com Arthur Sadoun.

A análise geográfica também demonstra um crescimento equilibrado em todas as regiões. A América do Norte lidera com €8,58 mil milhões em lucros, o que equivale a um crescimento de 5,1%. A Europa segue-se com €3,38 mil milhões, um crescimento orgânico de 5,4%, beneficiando do desempenho positivo nos principais mercados.

A região Ásia-Pacífico apresenta um crescimento orgânico de 6,3%, com lucros totais de €1,21 mil milhões. O Médio Oriente e África, por seu lado, registam um aumento de 7,4% das receitas líquidas para €406 milhões, enquanto a América Latina destaca-se como o mercado de crescimento mais acelerado, com um aumento de 22,9% dos lucros para €374 milhões.

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Fusão Publicis e Leo Burnett não chega a Portugal

O Publicis Groupe em Portugal vai manter independentes as estruturas das agências criativas, apesar da fusão a nível internacional que cria a rede criativa Leo (na foto)

As agências criativas Publicis e Leo Burnett em Portugal vão manter a estrutura atual, sem fusões nem reestruturações, “garantindo a continuidade do serviço que os clientes já conhecem”, revela ao M&P fonte oficial do Publicis Groupe Portugal, na sequência da fusão internacional das duas agências, na rede criativa Leo.

Questionada sobre o impacto a nível nacional da fusão, a mesma fonte avança que, “a partir de agora, as duas agências podem também contar com uma vasta rede global que une 15 mil criativos, permitindo assim capitalizar o talento global presente no Publicis Groupe para enfrentar novos desafios criativos”.

A nível internacional, a fusão agrega 130 agências com cerca de 15 mil colaboradores em 90 países e a denominação Burnett e Publicis desaparecem na nova marca, que passa a Leo. Segundo a Ad Age, a fusão não implica despedimentos.

Os escritórios da Leo Burnett bem como os da Publicis Worldwide passam a ser designados por Leo, à exceção da Publicis Conseil, sediada em Paris, que mantém o nome. O logótipo da Leo, por seu lado, inclui o nome Leo e o leão da Publicis.

A Leo é liderada pelos copresidentes Marco Venturelli, que acumula o cargo com a direção criativa global da Leo, e Agathe Bousquet, dupla que lidera a Publicis Conseil, vencedora do prémio de Agência do Ano no Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions, em 2024.

Gareth Goodall é o diretor de estratégia da Leo, mantendo o cargo de diretor de estratégia da Publicis Creative. Por seu lado, Andrew Bruce, CEO do Publicis Groupe Canada, assume a função adicional de presidente da Leo na América do Norte.

Explorar a criatividade exponencial

A união do talento dos colaboradores da Leo Burnett com os dados e a tecnologia da Publicis Worldwide permite à holding apoiar melhor os clientes a nível mundial e concentrar-se na “criatividade exponencial”, segundo Carla Serrano, diretora de estratégia do Publicis Groupe.

“Consideramos esta união a combinação perfeita de conjuntos de competências, mentalidades e filosofias complementares, num momento em que os nossos clientes realmente o precisam”, explica Carla Serrano, acrescentando que, “numa indústria obcecada com a inteligência artificial e a eficiência, a Leo é uma reformulação da conversa”.

O presidente e CEO do Publicis Groupe, Arthur Sadoun, salienta em comunicado de imprensa que, “ao unificar o espírito e o talento dessas comunidades criativas globais, a Leo será maior, mais forte e com mais portas do que nunca”, aspeto que salienta no vídeo que a Publicis envia aos funcionários para anunciar a nova Leo.

Outro vídeo, também enviado aos funcionários, mostra imagens do fundador da Leo Burnett, publicitário com o mesmo nome, proferido em 1967, quando abandona a agência.

Na época, sugere que a agência retirasse o seu nome da porta quando deixasse de fazer coisas em que acreditava, quando passasse “mais tempo a tentar ganhar dinheiro e menos tempo a fazer publicidade”, por exemplo. No final, o vídeo destaca: “Leo, o teu nome estará em mais portas do que nunca”.

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Digital

X Corp processa mais sete anunciantes

Lego, Nestlé, Tyson Foods, Abbott Laboratories, Colgate-Palmolive, Pinterest e Shell International são as mais recentes empresas que Elon Musk está a acusar de ao boicote ao investimento publicitário no X, num processo judicial iniciado em agosto de 2024

O X está a alargar o processo judicial contra anunciantes para incluir a Lego, a Nestlé, a Tyson Foods, a Abbott Laboratories, a Colgate-Palmolive, o Pinterest e a Shell International, acusando mais empresas de boicotar o investimento publicitário na rede social de Elon Musk. A ação, intentada a 6 de agosto de 2024 num tribunal federal do Texas, já inclui o organizador do alegado boicote, a World Federation of Advertisers (WFA), bem como a Unilever, a Mars, a CVS Health, a Twitch e outras empresas.

A empresa de Elon Musk está a pedir uma indemnização e alega que as marcas integrantes da Global Alliance for Responsible Media (GARM) – iniciativa da WFA que visava fornecer um quadro comum que os proprietários de media, os anunciantes e as agências poderiam utilizar para categorizar o discurso de ódio e a desinformação, que participaram no boicote – prejudicaram a capacidade do X de competir no mercado publicitário digital, ao suspenderem os investimentos publicitários em larga escala.

A GARM foi forçada a encerrar a atividade após a X Corp ter apresentado a ação judicial preliminar, afirmando que, sendo uma organização sem fins lucrativos de pequena dimensão, não dispunha de recursos para enfrentar a ação.

Segundo o processo, pelo menos 18 anunciantes que integravam a GARM deixaram de comprar anúncios no X, tanto nos Estados Unidos como a nível mundial, nas semanas após Elon Musk ter comprado a plataforma em novembro de 2022, enquanto outros membros da GARM “reduziram significativamente” os investimentos em publicidade no X.

A empresa de Elon Musk sustenta que foi privada de milhares de milhões de dólares em receitas de publicidade e que os efeitos do boicote ainda se fazem sentir anos depois. “Como resultado do boicote, o X tornou-se um concorrente menos eficaz na venda de publicidade digital e na competição pelo envolvimento dos utilizadores da plataforma”, refere a queixa.

Os advogados da X Corp argumentam que, num mercado concorrencial, as redes sociais devem poder estabelecer as suas próprias normas de segurança da marca que sejam “as mais adequadas à plataforma em causa”, acrescentando que “a ação coletiva de anunciantes concorrentes para ditar as normas de segurança das marcas a aplicar pelas redes sociais contorna o processo concorrencial e permite que as opiniões coletivas de um grupo de anunciantes com poder de mercado se sobreponham aos interesses dos consumidores”.

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Marketing

Nova agência Creative Wave aposta na proximidade e personalização

Fundada por Luís Albergaria (na foto, à esq.) e Francisco Maria Condado (à dir.), a Creative Wave disponibiliza serviços que vão da conceção criativa ao planeamento estratégico, assumindo também a produção e gestão de eventos e ativações de marca

A Creative Wave é uma nova agência de eventos e publicidade que aposta na proximidade e na personalização para promover marcas, empresas, produtos e serviços. Fundada por Luís Albergaria e Francisco Maria Condado, oferece um leque de serviços que vai da conceção criativa ao planeamento estratégico, assumindo também a produção e gestão de eventos corporativos e ações de ativação de marcas.

“Acreditamos em soluções personalizadas, adaptadas às necessidades de cada cliente, com foco em criar eventos personalizados que sejam únicos e memoráveis”, explica ao M&P Luís Albergaria, que, ao longo da carreira, passou pela MSTF Partners, pela Mustard, pela Caetsu, pela Pepper e pela Born.

“Decidimos avançar com este projeto após alguns anos a trabalhar na área. Ao longo desse tempo, acumulámos experiência e conquistamos a confiança de vários clientes em Portugal. Sentimos que agora temos uma base sólida para nos apresentarmos ao mercado como uma alternativa válida com capacidade para criar impacto no setor”, alega Francisco Maria Condado, que trabalhou na Motion, na Mustard e na Niu, após um estágio na Lola MullenLowe.

Embora tenha começado a ser idealizada em 2023, 2025 é o ano em que a Creative Wave pretende dar a conhecer o leque de serviços que oferece ao mercado. “A nossa diferença está na proximidade e na personalização. Trabalhamos como verdadeiros parceiros dos nossos clientes, entendendo as suas necessidades e transformando-as em experiências únicas. Apostamos na criatividade, atenção ao detalhe e no compromisso de ultrapassar as expetativas”, refere Luís Albergaria.

Sem divulgar os nomes dos primeiros clientes, os fundadores da agência revelam que estão a desenvolver projetos no setor corporativo, com as telecomunicações e as bebidas a destacarem-se. “Pretendemos expandir o nosso portefólio, abraçar projetos desafiantes e desenvolver parcerias estratégicas que nos permitam crescer de forma sustentável. Além disso, estamos empenhados em inovar, trazendo novas tecnologias e formatos, para enriquecer as experiências que oferecemos”, sublinha Francisco Maria Condado.

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Netflix viaja pelos novos lançamentos em campanha da Wieden+Kennedy (com vídeo)

De Squid Game a Wednesday, passando por Strangers Things (na foto), a nova campanha de autopromoção da plataforma de ‘streaming’ transforma uma reunião de trabalho aborrecida numa viagem cinematográfica pelas séries e filmes da Netflix para 2025

O novo anúncio de autopromoção da Netflix não se limita a antecipar as séries que vai estrear. A narrativa da agência criativa Wieden+Kennedy, em parceria com a produtora francesa Megaforce, transporta os espectadores para uma aventura que cruza referências de várias produções da plataforma de ‘streaming’ para 2025, no ‘spot’ publicitário de três minutos ‘You’re Not Ready’.

“Para celebrar o ano emocionante que se avizinha, quisemos criar algo realmente especial”, explica Marian Lee, diretora de marketing da Netflix, acrescentando que em vez de um resumo do que está para vir em 2025, esta campanha convida os fãs a experimentar a sensação de ver Netflix. Trata-se de capturar a emoção e a antecipação de nunca saber o que vai acontecer a seguir”.

O anúncio começa numa reunião de trabalho aborrecida. A protagonista, uma trabalhadora de escritório entediada, abre a aplicação da Netflix debaixo da mesa com o telemóvel e o emblemático ‘jingle’ da plataforma soa, alertando os colegas. Antes que alguém a possa chamar à atenção, a protagonista é arrastada para um universo paralelo, fugindo de monstros, desviando-se de lasers e navegando através do mundo de vários dos maiores títulos da Netflix.

Ao longo do anúncio de autopromoção são integrados momentos de Stranger Things, Squid Game, Wednesday, Emily in Paris, Cobra Kai e Happy Gilmore 2, entre outros, num total de 26 programas e filmes.

A viagem é acompanhada por uma montagem da editora Adriana Legay, com uma sonorização personalizada de Joseph Alexander, que funde elementos das bandas sonoras mais conhecidas da Netflix. Além do filme principal, a campanha é lançada a nível mundial com declinações mais curtas, de 60 e 30 segundos, anúncios em publicidade exterior e ativações digitais.

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Hugo Veiga vai liderar criatividade global da AKQA a partir de Portugal

“Portugal tem um dos fusos horários mais amigáveis ​​para um papel global como o meu, bem como um valioso ecossistema de inovação e arte para o qual o mundo ainda não acordou”, salienta Hugo Veiga (na foto)

Catarina Nunes

Hugo Veiga está de regresso a Portugal, de onde passará a liderar a criatividade global da AKQA, agência do grupo WPP, a partir de Lisboa. A notícia é avançada pelo redator, até agora na AKQA nos Estados Unidos como ‘Global Chief Creative Officer’, numa publicação no LinkedIn.

“Depois de 20 anos a viver no estrangeiro, estou de volta à minha terra natal: Portugal. Uma decisão familiar, mas também uma decisão profissional. Portugal tem um dos fusos horários mais amigáveis ​​para um papel global como o meu, bem como um valioso ecossistema de inovação e arte para o qual o mundo ainda não acordou. Mal posso esperar para me conectar mais com o seu potencial existente.
Estou grato à AKQA e à WPP por tornarem esta mudança possível e estou muito feliz por dizer ‘Tou de bolta, carago'”, escreve na publicação no LinkedIn, a 2 de fevereiro.

Hugo Veiga é natural do Porto e muda-se para Lisboa aos 18 anos, para estudar na Escola Superior de Comunicação Social. Começa a carreira profissional como redator júnior na McCann Erickson Portugal, em 2001. Em entrevista à Notícias Magazine, em maio de 2020, assume que sempre teve o sonho de trabalhar fora de Portugal. Faz a primeira tentativa em Londres, aos 25 anos, mas a oportunidade acaba por não se concretizar. “Ainda não tinha portefólio suficiente”, recorda Hugo Veiga, citado na Notícias Magazine.

Acaba por sair de Portugal para o Brasil, em 2005, onde assume o cargo de redator júnior na Ogilvy São Paulo. No Brasil passa ainda por agências como Leo Burnett, McCann Erickson, Ogilvy e AKQA, agência da qual é cofundador, após ter sido reconhecido como o melhor redator do ano, em 2013, no Cannes Lions.

Desde então, lidera projetos criativos para marcas e artistas como Usher, Elton John e Lady Gaga. A AKQA São Paulo, por seu lado, é eleita como o Escritório Mais Feliz da WPP, em 2018, Agência do Ano da América Latina no Cannes Lions em 2019 e no One Show em 2020, conquistando também um Grand Clio, para cinco clientes diferentes em cinco anos consecutivos.

No currículo, Hugo Veiga conta com cerca de 60 Leões do Festival Internacional de Criatividade de Cannes, entre os quais se destacam 25 Ouros e quatro Grandes Prémios, com as campanhas ‘Dove Real Beauty Sketches’, ‘Nike Air Max Graffiti Stores’, ‘Bluesman’ e ‘Nike Never Done Evolving feat Serena’.  Individualmente, é eleito o Melhor Diretor de Criação do Brasil em 2019, pelo PropMark, uma das principais publicações do setor no Brasil, participa em duas palestras TEDx e preside o júri da categoria Mobile no Cannes Lions 2022.

Em paralelo com a publicidade, tem um percurso como guionista e ator em programas de comédia na televisão portuguesa, voz de desenhos animados e vocalista da banda de rock Moda Foca. Em 2020, lança ‘Terra da Faina’, álbum musical de estreia sob o alter ego Gohu, cujo primeiro single a MTV Portugal apelida de ‘O Hino da Quarentena’.

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Presidente da CCPJ desfilia-se do Sindicato dos Jornalistas

Em causa está a ocultação de alegadas incompatibilidades de um dos membros da lista indicada pelo SJ para as eleições da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista, sem que essa informação tenha sido comunicada à CCPJ e aos jornalistas potenciais votantes, diz Licínia Girão, presidente da CCPJ, em email enviado ao M&P

A presidente da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (CCPJ), Licínia Girão, apresentou o pedido de desfiliação do Sindicato dos Jornalistas (SJ), devido à “quebra total de confiança numa organização com a qual nem sempre (naturalmente) concordei, mas que reconhecia como determinante na defesa dos direitos, individuais e coletivos, dos jornalistas” e  “na defesa pelo escrupuloso cumprimento dos deveres de natureza ética e deontológica por parte dos jornalistas”.

Em email enviado ao M&P a 30 de janeiro, Licínia Girão explica que em causa está a Lista A, indicada pelo SJ, que se apresentou para as eleições para integrar os membros dos diferentes órgãos da CCPJ, para o triénio 2025/2028, “ter ocultado que um dos membros se encontra numa situação que pode configurar uma violação do regime de incompatibilidades à luz do consagrado no Estatuto do Jornalista, sem que essa informação tenha sido comunicada à CCPJ aquando da apresentação da lista e, mais grave ainda, ao universo de jornalistas potenciais votantes”.

Além de considerar “que os membros integrantes da Lista A tinham, mais do que o dever, a obrigação de disponibilizar essa informação publicamente para escrutínio de toda uma classe que tem vindo a ser confrontada com procedimentos dúbios relativamente a práticas que consubstanciam ou podem consubstanciar uma violação do regime de incompatibilidades”, Licínia Girão argumenta que “era ainda esperado que se tratando de uma lista apresentada pelo Sindicato, os membros da lista e o próprio sindicato justificassem a escolha de alguém para integrar a lista que está ligado à coordenação e promoção de cursos de marketing e comunicação”, referindo-se a Paulo Agostinho, jornalista portador da Carteira Profissional nº 3070 e coordenador da pós-graduação em comunicação estratégica da Universidade Europeia,

A 29 de janeiro, a Lusa, por seu lado, noticia que Licínia Girão se declara surpreendida com a demissão de três membros da CCPJ, em divergência com a presidente da CCPJ.  “Fui surpreendida, tal como os restantes colegas que integram a CCPJ, com o pedido de demissão de três dos quatro membros eleitos na lista apresentada pelo Sindicato dos Jornalistas e que me convidaram para ser cooptada para presidente, cargo para o qual fui eleita por unanimidade”, refere Licínia Girão à Lusa.

“A grande maioria das decisões tomadas pelo secretariado e pelo plenário – que tem nove membros – foram tomadas por unanimidade, entre as quais os relatórios de contas e de atividades, pelo que não se compreende as declarações proferidas”,  acrescenta a responsável, salientando que “as decisões que não mereceram a aprovação dos três ex-membros foram aprovadas por maioria, pelo que se conclui que têm muitas dificuldades em lidar com a democracia quando as suas opiniões são contrárias”.

A presidente da CCPJ diz que o secretariado “não se revê nas críticas, muitas das quais infundadas, sobretudo de ‘má representação junto dos jornalistas e da opinião pública’, ainda para mais vindas de quem, no passado, criticou todas as iniciativas promovidas pelos jornalistas, quer através da realização do Congresso dos Jornalistas, quer do movimento que surgiu em torno do aumento dos emolumentos das carteiras e recomendou insistentemente ao secretariado para não reunir e ouvir os jornalistas, o que não deixa de ser irónico”.

Licínia Girão avança à Lusa que o balanço do trabalho que tem sido feito pelo secretariado nos últimos meses, “com o apoio maioritário do plenário, será apresentado, à semelhança de anos anteriores nos relatórios de atividades e de contas e, mais uma vez, ficará público o que foi feito em prol do jornalismo, dos jornalistas e da sociedade” e “as pessoas poderão fazer a sua avaliação”.

Quanto à eventual fragilização do seu mandato, a presidente do CCPJ considera que “o que está em causa é uma questão de visão do presente e futuro da CCPJ” porque “há quem queira ficar agarrado ao passado, em que a instituição apenas serve para emitir e caçar carteiras profissionais, enquanto que a maioria dos membros do plenário têm uma visão mais progressista e pretendem ir ao encontro das dificuldades e anseios que os jornalistas estão a atravessar”.

 

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