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“Este é o momento de a criatividade portuguesa se virar para o mar”

Em ano de fusão a VML Portugal cresce 17%, com a maioria deste crescimento atribuído ao trabalho para fora. A agência, que acaba de ganhar o ‘branding’ do Euro 2028, quer duplicar o volume de negócios até 2030

Daniel Monteiro Rahman
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“Este é o momento de a criatividade portuguesa se virar para o mar”

Em ano de fusão a VML Portugal cresce 17%, com a maioria deste crescimento atribuído ao trabalho para fora. A agência, que acaba de ganhar o ‘branding’ do Euro 2028, quer duplicar o volume de negócios até 2030

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Daniel Monteiro Rahman
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Na sequência da conquista da conta da identidade visual do Euro 2028, Nuno Santos, CEO da VML em Portugal, revela a estratégia que está na origem da adjudicação, estabelece os objetivos a cumprir até 2030 e a tática a implementar.

Em entrevista exclusiva ao M&P, o líder da agência multinacional fala sobre o crescimento proveniente das contas internacionais e faz o balanço da fusão entre a VMLY&R e a Wunderman Thompson, que resulta na criação da VML.

Adianta que a faturação da VML em Portugal cresce 17% em 2024 face ao ano anterior, refletindo o foco na integração com as agências do grupo WPP e na exigência criativa. Aborda ainda o impacto das fusões no ecossistema criativo, que concedem aos clientes “mais valor e um poder criativo muito maior”.

Acabam de ficar responsáveis pelo ‘branding’ do Euro 2028. Qual é a estratégia que vos vale esta conquista?

O segredo é ter talento e experiência. Temos um historial de trabalho de ‘branding’ para eventos desportivos, incluindo a identidade visual do Euro 2024, que também criámos. Somos a agência dentro da VML a nível mundial mais destacada na área de ‘branding’ para grandes eventos, o que é uma sequência natural do trabalho extraordinário que esta equipa realiza a nível internacional.

É um privilégio e um orgulho, incluindo para o talento português, termos a oportunidade de trabalhar num evento desta dimensão. Também sentimos que temos o direito de ganhar.

Como é que surge esta oportunidade e quais foram as outras empresas participantes?

Participámos num concurso internacional, no qual competimos com os melhores estúdios de ‘branding’ e de marketing de eventos desportivos a nível mundial. O Euro 2024 teve toda a identidade visual do evento desenvolvida pela equipa de ‘branding’ da VML, liderada por Pedro Gonzalez, diretor executivo, e por Hélder Pombinho, diretor criativo. O mesmo acontecerá para o Euro 2028.

Há sempre este concurso, quatro anos antes do evento e a VML Portugal volta a conquistar esta conta. É algo de que nos orgulhamos muito. A brincar, até é caso para dizermos, Portugal já ganhou.

Para além da identidade visual, haverá outros aspetos criativos ou estratégicos que vão trabalhar?

O processo mal começou mas estamos a falar de uma mega marca, um megaevento que conta com uma maior coordenação e uma série de parceiros a trabalhar em conjunto.

Por agora, temos esta peça, que é a identidade visual e o ‘branding’, mas obviamente que vão existir oportunidades para criar uma série de outros elementos da cadeia de valor deste evento, nomeadamente no que diz respeito a ativações e à comunicação, entre outros.

A VML acaba de ser distinguida como uma Standout Agency de 2024 na A-List da Ad Age e sobe para a 2.ª posição no ranking WARC Creative 100 2024. Como é que a agência em Portugal contribui para este sucesso?

Temos cada vez mais trabalho de relevo internacional, é a nossa maior área de crescimento. Estamos a finalizar as submissões para a ‘network’ [VML a nível mundial] e Portugal é um dos países europeus que mais inscrições vai enviar, tendo em conta a nossa dimensão. O ‘branding’ também contribui de forma notável, sobretudo com a conta do Euro.

Contribuímos com a extensão das grandes campanhas de comunicação, sobretudo trabalhos diretos para clientes internacionais, alguns em colaboração com as agências do grupo WPP, com as quais trabalhamos no desenvolvimento de campanhas e na implementação de estratégias de ‘roll-out’.

Nuno Santos, CEO da VML Portugal, diz que a colaboração com as agências do grupo WPP é um dos focos

Duplicar o volume de negócios até 2030

Qual é a estratégia que a VML Portugal segue para alcançar essas conquistas?

Há cinco anos, definimos uma estratégia que nos permitiria alcançar a afirmação internacional da VML Portugal. Desde que esta equipa assumiu a gestão da agência, após a fusão da Wunderman Thompson com a VMLY&R, o objetivo tem sido ser a agência número um em Portugal.

Queríamos ser uma agência com capacidade de influenciar o mercado e ambicionávamos ser uma agência relevante no contexto europeu. Isso é importante para os clientes nacionais, pois a escala que obtemos através do trabalho para grandes clientes a nível internacional permite-nos adquirir competências com um nível de profundidade e extensão impossível de obter de outra forma.

Atualmente, somos 460 pessoas a trabalhar numa única agência. Temos uma das maiores equipas criativas em Portugal, bem como as maiores equipas de ‘accounts’, de estratégia, de tecnologia, de ‘e-commerce’, de automação de marketing e de marketing de performance. Queremos continuar a crescer, sendo que pretendemos duplicar o volume de negócios da agência até 2030.

Que implicações terá esse objetivo em termos de recursos humanos, ferramentas e estrutura da agência?

Não conseguimos duplicar o que fazemos sem alterar o modelo operativo da agência, que assenta cada vez mais nas ferramentas de inteligência artificial (IA) que fazem parte do WPP Open e já são fundamentais para tudo o que fazemos. Somos o escritório europeu com o melhor nível de adoção de ferramentas de IA, o que nos coloca na melhor posição para crescer mais rapidamente e realizar um trabalho de maior qualidade do que qualquer outro escritório europeu.

Pretendemos ter recursos cada vez mais qualificados, seniores e autónomos, numa organização cada vez mais descentralizada, que delega nas equipas e lideranças intermédias a capacidade de decisão. Procuramos um talento muito específico, com muita ambição e competência nas carreiras, bem como experiência de trabalho no estrangeiro ou com educação multicultural. Um talento que também tem de ser diversificado.

Em que sentido?

Temos pessoas de 24 nacionalidades, falamos cerca de 17 línguas e trabalhamos para 13 mercados internacionais, nomeadamente Austrália, Nova Zelândia, Áustria, Suécia, Dinamarca, Estados Unidos, Inglaterra, Espanha, Suíça, Quénia e Arábia Saudita, entre outros.

A VML Portugal é uma verdadeira fusão cultural de recursos. A nossa própria identidade reflete isso mesmo. Somos uma agência internacional, alegre, fácil de trabalhar, eficiente, talentosa e com muita capacidade de intervenção junto de grandes clientes.

Quanto é que estão a investir em ferramentas de transformação e IA, entre outras?

A nível mundial, o grupo WPP anunciou que no desenvolvimento de ferramentas de IA está a investir 300 milhões de dólares (€276 milhões) por ano. A nível local, o investimento consiste em capacitar os recursos humanos para a utilização das ferramentas do WPP Open.

Estas abrangem a totalidade da cadeia de valor, desde a identificação de audiências e a definição de ‘insights’, que permitem criar melhores ‘briefings’, até à multiplicação de ‘assets’, ‘dynamic content optimization’ e ligação entre planos de meios e planos de conteúdos. Esta automatização liberta energia, recursos, atenção e investimento para aquilo que é fundamental: aumentar o valor na fase inicial da cadeia de valor.

Que estratégia vão implementar para fazer crescer o negócio em áreas chave, como a transformação de marketing, o comércio eletrónico e a criatividade?

A estratégia de crescimento da VML assenta em três pilares. O primeiro é ampliar aquilo que fazemos melhor do que qualquer outro escritório da VML no mundo: ‘branding’, ‘purpose-driven marketing’ e ‘business-to-business’.

Lideramos as relações de comunicação e marketing das organizações das Nações Unidas, como a UNICEF, a NFPA e a OMS, entre outras, e temos a maior operação para a Microsoft dentro da rede VML. Aliás, se isolássemos a operação da Micrsoft numa agência, tornar-se-ia uma grande agência no mercado nacional, só com um cliente.

O segundo pilar é a expansão da nossa área de ‘ecommerce’, com foco em duas vertentes: ‘design & build’ e ‘run & operate’. Contamos com cerca de 140 pessoas nesta área em Portugal e pretendemos duplicar essa capacidade até 2030, reforçando a aposta em ‘marketing effectiveness & intelligence’.

O terceiro pilar é o ‘scale of marketing businesses’, onde criamos equipas dedicadas para resolver problemas complexos de clientes internacionais. Através da competitividade dos nossos preços, conseguimos colocar equipas dedicadas a clientes.

Um exemplo é a coordenação, a partir de Lisboa, do ‘shopper marketing’ da The Coca-Cola Company na Europa. Este apoio a grandes marcas vai impulsionar o crescimento da nossa operação, prevendo-se um aumento significativo da equipa nos próximos anos.

Vão investir em outras áreas, além das que refere?

Mais do que investir em novas unidades de negócio, é gerir a energia que colocamos em cada uma das áreas que referi e a forma como articulamos a complementaridade com outras competências que já existem dentro do grupo WPP.

Não faz sentido duplicarmos essas ‘capabilities’ dentro da VML. Mas no que se refere ao ‘branding’, estamos a explorar novas áreas, como a implementação de inteligência generativa, garantindo que as marcas são consideradas na criação de ‘assets’, ideias e textos. Também investimos em ‘branding’ experiencial, cruzando eventos, marca e comunicação.

‘Social media’ é outra área importante, sobretudo o ‘social commerce’, na qual vamos acelerar a dimensão, o número de pessoas e as competências, à medida que os clientes o fizerem. Em 2024, esta foi uma das áreas de maior crescimento da agência, liderada por Tito Santana e Mafalda Coelho, cujo trabalho tem sido amplamente reconhecido pelos clientes.

Crescimento acelerado por contas internacionais

Quanto é que representam as contas estrangeiras face às nacionais em termos de crescimento?

O mercado internacional representa atualmente cerca de 55% do volume de negócios da agência e deverá crescer para 70% a 75% até 2030. É importante salientar que o crescimento com contas locais continua, mas a um ritmo mais lento do que o internacional, devido à maturidade do mercado. Somos a agência número um em investimento de media local, o que limita as avenidas de crescimento nesta área.

Como é que atraem e conquistam clientes e contas estrangeiras?

É preciso fazer um bom trabalho todos os dias. Temos de fazer um trabalho do qual as pessoas falem positivamente, pois os clientes são a nossa maior força de venda e os nossos maiores embaixadores. Foi assim que conquistámos a conta do Tony Blair Institute.

Uma pessoa que tinha trabalhado connosco num projeto da UNICEF foi para o Tony Blair Institute e, assim que chegou, pegou no telefone e disse: ‘temos de fazer exatamente o mesmo que fizemos na UNICEF’. Isto acontece cada vez mais, com oportunidades que surgem diretamente.

Além disso, temos outros dois grandes motores de crescimento: os nossos gestores de contas globais – que confiam na nossa qualidade e a transmitem aos clientes -, e a nossa capacidade e visibilidade criativa, com projetos como o Euro 2024 e o Euro 2028, que reforçam a credibilidade da agência.

Uma das coisas que aprendemos, eu incluído, é a desmistificar o que é feito lá fora e deixar de ter medo de enfrentar ou agarrar as oportunidades que existem. A nossa equipa tem um critério de exigência alto e, se continuarmos assim, seremos uma referência não só para os clientes, mas também para os profissionais que aqui trabalham. Estamos determinados a fazer coisas que valham a pena; caso contrário, mais vale irmos vender gin tónicos para a praia.

Que desafios podem surgir ao trabalhar com clientes fora de Portugal?

Ao contrário do que acontece em Portugal, onde as estruturas são piramidais e as decisões são mais diretas, com clientes internacionais lidamos com processos longos, estruturas matriciais e múltiplos níveis de aprovação, o que exige uma adaptação à complexidade organizacional.

Temos clientes nos Estados Unidos, mas com equipas na Índia e nós a gerirmos tudo o que está no meio. É complexo. Outro desafio é a formalidade das relações. As reuniões requerem preparação, agendas, registos e ‘follow-ups’ rigorosos, o que implica um período de adaptação para os novos colaboradores.

Criámos um sistema em que as pessoas passam três a seis meses em missões temporárias, antes de assumirem funções permanentes, e isso ajuda-nos a prepará-las para lidar com estes desafios. Apesar disso, temos a confiança e a certeza de que, em termos de maturidade, somos definitivamente um dos países mais competitivos neste aspeto.

Quais são os principais clientes e projetos para fora que têm em mãos?

Temos seis clientes globais com os quais interagimos diretamente e de forma aprofundada. A Microsoft, o Tony Blair Institute, a The Coca-Cola Company, a Philip Morris International, a Amazon e as organizações das Nações Unidas, que consideramos como um único cliente, pois são geridas pela mesma equipa.

Também estamos a acrescentar agora mais três clientes, que ainda não posso adiantar quem são, mas que atuam em áreas mais clássicas, como B2C e bens de consumo rápido.

A nível nacional e internacional, em que concursos estão a participar?

Estamos envolvidos em três concursos a nível nacional, nenhum foi oficialmente comunicado. Contudo, confesso que vejo os concursos de forma menos transformadora do que via anteriormente. Atualmente, há poucos casos em que um concurso, por si só, revoluciona uma agência. Claro que existem exceções, como a EDP e a Galp, entre outras, que representam contas volumosas e exigem grandes equipas.

O que realmente gera impacto são as relações construídas ao longo do tempo, e conseguimos estabelecer melhores relações com os clientes quando essa relação é construída desde a base e não apenas ganha. É isso que permite transformar verdadeiramente as marcas, algo que temos feito com a Vodafone e, mais recentemente, com a Wells.

A renovação da Wells só foi possível graças a um trabalho colaborativo e integrado entre as nossas equipas. O segredo para construir grandes marcas está cada vez mais na criação de relações sólidas, alinhadas numa estratégia profunda e partilhada. É fundamental não só para garantir a criatividade, mas também para assegurar a efetividade de toda a transformação da marca.

A campanha de Natal da Coca-Cola nos Estados Unidos, criada apenas com IA, foi alvo de controvérsia. Qual é o equilíbrio entre tecnologia e criatividade e como é que lidam com estes obstáculos, enquanto agência que quer adotar cada vez mais estas tecnologias?

Quando surge uma nova ferramenta, cria-se uma confusão entre aquilo que ela pode fazer e a finalidade para a qual é utilizada. Enquanto o trabalho criativo for notícia apenas por ter sido desenvolvido com IA, isso indica que ainda não atingimos a maturidade na sua utilização.

Atualmente, vários projetos com IA servem apenas para demonstrar a tecnologia, sem uma relevância real. Em vez de se discutir se uma campanha foi boa ou não, discute-se se foi feita com IA, desviando o foco do que realmente importa: o impacto e a criatividade.

Como diz a Sara Soares, a nossa diretora criativa executiva, quem inventou a guitarra elétrica não inventou o ‘rock & roll’. Portanto, quem inventou a IA não vai inventar a publicidade feita com IA. Cabe-nos a nós utilizá-la da melhor forma. E não tenho dúvidas de que, daqui a dois, três ou quatro anos, ninguém estará a debater se algo foi ou não feito com IA. Esta tecnologia será apenas parte do processo criativo.

Indústria marcada por fusões

Como avalia o impacto das fusões que têm marcado as agências?

A lógica das fusões faz todo sentido num mundo onde os clientes valorizam cada vez mais a simplicidade e a integração de competências. O grupo WPP tinha um número excessivo de ‘networks’ e era essencial reduzir a complexidade, não apenas a visível, mas também a interna, por exemplo, a coordenação de contas e sistemas.

Nos últimos cinco anos, o grupo tem vindo a caminhar para a simplificação, o que se traduz em mais valor para os clientes. Em Portugal, esta estratégia resultou num modelo claro e eficiente.

Faz todo o sentido, por exemplo, continuarmos a ter duas agências criativas, pois a diversidade é essencial à criatividade. A VML e a Bar Ogilvy têm identidades distintas: nenhuma é melhor ou pior, são apenas diferentes. O foco continuará a ser a colaboração integrada entre as várias agências do WPP, maximizando o valor entregue aos clientes.

No que consiste essa integração?

O objetivo é oferecer soluções simples e integradas, para que os clientes não tenham de lidar com a complexidade. Recentemente, numa conversa com um cliente com quem estamos a negociar uma colaboração, percebi que ele trabalha com cinco agências diferentes para um único projeto.

Isso significa cinco equipas, cinco contactos e cinco abordagens distintas. Nesse caso, uma simples reunião de ‘briefing’ pode envolver 12 a 14 pessoas, cada uma com a sua visão.

A realidade é que o ecossistema do marketing e da comunicação se tornou demasiado complexo para os clientes gerirem sozinhos. Cabe-nos, enquanto agência, assumir essa complexidade internamente e simplificar os processos para os clientes. A integração das equipas e a utilização de sistemas como o WPP Open permitem-nos chegar aos clientes de forma mais eficiente e coordenada.

Qual é o impacto dessas fusões, a nível da criatividade e da rentabilidade?

O feedback dos nossos clientes após a fusão tem sido extremamente positivo. Tínhamos dois departamentos criativos relativamente pequenos, mas com identidades distintas. Agora, conseguimos mobilizar equipas muito maiores para responder a desafios estratégicos.

Se um cliente precisa de uma solução criativa, podemos ter seis duplas a trabalhar em simultâneo, o que não era possível anteriormente. Isso concede aos clientes um poder criativo muito maior, desde que haja capacidade financeira para o investimento.

Alguns clientes podem sentir a perda do romantismo de trabalhar com uma pequena agência independente, mas a realidade é que não somos essa pequena agência; somos um dos maiores departamentos criativos de Portugal. Temos diversidade de talento, com seis diretores criativos e uma diretora criativa executiva, o que nos permite oferecer múltiplas abordagens para cada desafio.

E a nível da rentabilidade?

Quanto maior formos, mais fácil será obtermos rentabilidade. O grupo é atualmente mais rentável do que era há quatro ou cinco anos, porque simplificámos bastante a nossa operação. Não apenas do ponto de vista dos custos estruturais, que são diluídos, mas também porque conseguimos um modelo operativo bastante mais eficiente e simples, que acrescenta mais valor aos clientes e que é mais fácil de rentabilizar, que é o que nos interessa.

Quais foram os desafios da integração das agências que resultam na VML Portugal?

Tratavam-se de duas agências bastante diferentes. A VMLY&R, bastante marcada criativamente pela Judite Mota, que fez um trabalho extraordinário na integração das duas agências e como diretora criativa executiva da VML durante o ano de concretização da fusão, e a Wunderman Thompson, que tinha uma identidade cultural mais internacional, com muita diversidade em termos de ferramentas, tecnologia, dados e CRM, e uma equipa criativa com quatro diretores criativos.

O que conseguimos fazer ao fundi-las foi crescer sem perder grande coisa. Temos uma equipa extraordinariamente motivada e que se identifica com a identidade da VML. As pessoas têm orgulho em trabalhar aqui e naquilo que queremos ser: um dos escritórios mais inspiradores da ‘network’. A fusão correu muito bem para ambas as agências, a ponto de pensarmos porque é que não fizemos isto mais cedo.

Houve obstáculos?

No início, qualquer fusão suscita receios. As pessoas preocupam-se com o seu trabalho e as duplicações suscitam sempre atenção. No entanto, numa equipa de 200 pessoas, conseguimos evitar grandes duplicidades. Claro que algumas áreas deixaram de fazer sentido, como a pequena equipa de media que a VMLY&R tinha, já que o grupo WPP tem agências de excelência nessa área.

Felizmente, conseguimos evitar um impacto emocional negativo, como acontece em algumas fusões em que há cortes drásticos de 20% ou 30%. Isso porque se tratou de uma fusão entre duas organizações em crescimento: a Wunderman Thompson estava a expandir-se e a VMLY&R também se encontrava estável. Quando as agências estão a crescer, a fusão tende a ser mais fácil. Se a fusão acontecer quando as agências estão a perder dinheiro e o objetivo é poupar, o processo pode ser traumático.

Em ano de fusão, contratámos mais colaboradores do que em qualquer outro ano dos últimos cinco, com 45 novas contratações. Após uma fusão, é necessário algum tempo para criarmos uma identidade única, sem as subidentidades de cada agência. No entanto, ficámos muito felizes quando chegámos à festa de Natal e vimos o impacto da fusão. Percebemos que tínhamos agora uma mega-agência. Só então considero que o processo de fusão foi concluído de facto.

Como é que a saída da Judite Mota afeta a estratégia criativa da agência?

A saída da Judite é sempre uma perda por tudo aquilo que a Judite é. A Judite esteve no grupo durante quase 30 anos. É, obviamente, uma perda para qualquer agência. Por outro lado, ficámos a ganhar muito com a entrada da Sara Soares, que é uma diretora criativa executiva extraordinária.

A Sara traz-nos a experiência e a profundidade internacional de que precisamos para continuar a crescer. Aceitou o desafio e, dois meses depois, não tenho dúvidas de que, pelo trabalho que as equipas têm estado a fazer e pelos resultados para os clientes, já é e continuará a ser uma diretora criativa executiva extraordinária.

A crescer 17% em 2024

Quanto cresceu e faturou a VML em 2024?

Em 2024, a nossa faturação aumentou 17%. Não posso adiantar valores, mas posso referir que as duas agências consolidadas (Wunderman Thompson e VMLY&R) cresceram, em média, 12% ao ano nos últimos cinco anos.

Qual é o peso da VML na faturação total do WPP em Portugal?

Não posso divulgar as percentagens do grupo, mas posso dizer que somos a segunda maior agência do grupo nesse sentido. Com um total de 460 pessoas, somos quase metade do número total de pessoas que trabalham no grupo WPP em Portugal. Acima de nós está apenas o GroupM.

Quais foram os clientes que mais contribuíram para o crescimento e faturação da agência em 2024?

Os clientes internacionais, como a Microsoft, a The Coca-Cola Company, o Tony Blair Institute, a Philip Morris, a Amazon e as organizações das Nações Unidas, foram os que mais contribuíram. Crescemos bastante com o Santander e com a Wells. A Vodafone não cresceu, tendo ficado estável, e os restantes clientes têm estado mais ou menos estáveis em Portugal.

Quais foram os acontecimentos e campanhas mais marcantes para a VML em 2024?

O trabalho que realizámos para a Vodafone, tanto a nível da marca como do âmbito comercial, é extraordinariamente aprofundado. A campanha de Natal da Vodafone é sempre a mais aguardada. Todos os outros anúncios de Natal são emitidos e, depois, há o da Vodafone, que é sempre o que todos querem ver.

Um dos projetos de que mais me orgulho, e no qual estive envolvido desde o início na relação com o cliente, é o que fizemos para a Wells. A campanha ‘Não Fica Bem’ teve o poder de transformar profundamente uma marca que, anteriormente, era distante e pouco conectada com as pessoas, especialmente com as mulheres.

Hoje, a marca é algo com a qual qualquer mulher se orgulha de se identificar, o que é um privilégio. A campanha de Black Friday da Leroy Merlin foi, pelo contrário, um trabalho leve e bem-humorado, mas que trouxe resultados extraordinários para o cliente, o que também é muito importante.

Pessoalmente, o projeto de que mais me orgulho é o trabalho que estamos a fazer para um consórcio liderado pela Unicef. Estamos a combater a desinformação sobre a vacinação contra a poliomielite em regiões onde a doença ainda é endémica, como o Quénia, o Corno de África, a República Centro-Africana, o Afeganistão e o Paquistão.

Foi um ano bom em termos de prémios?

Conquistámos o prémio de Agência Criativa do Ano nos Prémios Eficácia, onde ainda obtivemos três Ouros, quatro Pratas e três Bronzes. Nos Prémios CCP, ganhámos um Ouro, duas Pratas e sete Bronzes. Infelizmente, não ganhámos em Cannes, mas diria que quase todo o trabalho de 2024 não foi a concurso.

Na prática só o trabalho feito até março/abril é que conseguiu entrar nesse concurso. Portanto, os grandes concursos criativos começam agora com o trabalho de 2024 e temos muita esperança para esses trabalhos.

Quais são as perspetivas de crescimento e os próximos projetos da VML em 2025?

Continuamos a prever um crescimento de 15% ao ano. Perspetivamos sucesso criativo, que é algo em que estamos focados, e receber o reconhecimento do mercado, porque às vezes falta o reconhecimento. Não há uma categoria para avaliar o trabalho que temos feito com a Vodafone e a Wells, entre outras. É um trabalho de consistência de marca, e até agora não havia uma categoria para isso. Pela primeira vez já existe, em Cannes.

Quanto aos próximos projetos, queremos continuar a apostar nas áreas que nos distinguem internacionalmente, aumentar a presença nesses projetos, trabalhar com as melhores marcas portuguesas em várias áreas, desde a criatividade ao ‘ecommerce’. Estamos empenhados em fazer isso porque acreditamos que estamos aqui para desenvolver as pessoas que trabalham connosco e gerar alguma rentabilidade ao acionista.

Criatividade portuguesa tem de se virar para o mar

Quais são as oportunidades que antevê no mercado publicitário nacional?

Em termos de oportunidades, é levar o nosso talento ao palco internacional para ser cada vez mais reconhecido. Este ano, em Cannes, fiquei a par de uma coisa, a existência da Associação de Criativos da Holanda. O meu sonho é que um dia houvesse em Cannes uma entidade semelhante que congregasse os anunciantes e os criativos portugueses, a defender o nosso potencial criativo global.

É possível esse sonho concretizar-se?

Acredito que sim. É uma oportunidade extraordinária para todas as agências do mercado. Não só as internacionais, que obviamente podem ter mais alguma facilidade de acesso, mas também as agências independentes. Como diria Agostinho da Silva, temos de nos virar para o mar. Temos tido sucesso e acho que este é o momento da criatividade portuguesa se virar para o mar.

E os desafios?

A questão da escala e da rentabilidade. É difícil ver que os nossos clientes não querem necessariamente fazer menos – até acho que querem fazer mais -, mas têm de dividir os orçamentos por cada vez mais áreas, o que significa que o orçamento de cada agência é mais pequeno, mas estas são cada vez maiores. Se pensarmos no volume dos orçamentos de comunicação de há dez anos, por exemplo, eram muito maiores.

Não é porque os nossos clientes queiram necessariamente, mas porque é a realidade dos negócios atualmente em Portugal. Marcas e grupos de consumidores mais pequenos significam orçamentos mais reduzidos. Porém, isso cria desafios à própria existência e sobrevivência de algumas agências. Esse é o desafio.

 

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Dita Agência reforça equipa com duas novas diretoras

Patrícia Fernandes (na foto, à esq.) assume a direção de talentos, enquanto que Joana Almeida (à dir.) lidera a direção comercial da agência, que resulta da reestruturação e do rebranding da Milenar

A Dita Agência, agência de marketing digital que resulta da reestruturação e do rebranding da Milenar, acaba de reforçar a equipa com a contratação de duas novas diretoras. Patrícia Fernandes regressa à organização, onde esteve entre 2014 e 2022, para assumir a direção de talentos. Joana Almeida, que também tinha passado pela Milenar, volta à agência para liderar a direção comercial.

“Esta dupla, pela sua experiência e ‘know-how’, são uma ‘bazuca’ e a personalização do verdadeiro poder feminino”, afirma Mariana de Figueiredo, diretora-geral da Dita Agência, citada em comunicado de imprensa.

Licenciada em ciências da comunicação pela Universidade Independente, Patrícia Fernandes passa, ao longo da carreira, pela Face Models, pela Trend Alert, pela Meio Termo e pela Twenty One.

Joana Almeida, com um percurso de duas décadas na área comercial, integra, ao longo da atividade profissional, grupos como o AC Consulting, a Cofina Media (atual Medialivre) e o Braver Group. “Vivemos um momento de transformação, onde o ‘integrated marketing’ é a chave para as marcas se conectarem de forma eficaz com os seus consumidores”, refere a diretora comercial da agência, no documento.

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Rádio Comercial mantém a liderança

Em termos de grupos, a Bauer Media Audio Portugal, que detém a Rádio Comercial, a M80, a Cidade FM, a Smooth FM e a Batida FM, lidera, com um alcance semanal de 54,4%, de acordo com o estudo Bareme Rádio da Marktest

A Rádio Comercial continua a ser a estação de rádio mais ouvida em Portugal, com um alcance semanal de 39,2%, uma audiência acumulada de véspera de 21,1% e um ‘share’ de audiência de 26,3%, de acordo com a segunda vaga de 2025 do estudo Bareme Rádio da Marktest, relativo ao período entre 6 de Janeiro e 27 de Abril.

Em segundo lugar, encontra-se a RFM, desta vez com um ‘reach’ semanal de 36,8%, uma audiência acumulada de véspera de 17,3% e um ‘share’ de audiência de 21,4%. A terceira posição é ocupada pela M80, que regista um alcance semanal de 20%, uma audiência acumulada de véspera de 8% e uma quota de audiência de 9,6%.

Na quarta posição surge a Rádio Renascença, com um ‘reach’ semanal de 16,9%, uma audiência acumulada de véspera de 6,2% e um ‘share’ de audiência de 5,8%. A Cidade FM é a novidade no top 5, ao substituir a Antena 1 como a quinta rádio mais ouvida, com um alcance semanal de 11,7%, uma audiência acumulada de véspera de 4,8% e um ‘share’ de audiência de 4,2%.

No que diz respeito aos grupos, a Bauer Media Audio Portugal, que detém a Rádio Comercial, a M80, a Cidade FM, a Smooth FM e a Batida FM, lidera novamente, com um alcance semanal de 54,4%, uma audiência acumulada de véspera de 31% e um ‘share’ de audiência de 41,5%.

O Grupo Renascença Multimédia, proprietário da RFM, da Rádio Renascença e da Mega Hits, mantém a segunda posição, com um ‘reach’ semanal de 50,1%, uma audiência acumulada de véspera de 24% e um ‘share’ de audiência de 29,2%.

A RTP figura outra vez no terceiro lugar de grupos, com um alcance semanal de 15,4%, uma audiência acumulada de véspera de 8,1% e um ‘share’ de audiência de 9,5%, obtidos pelos programas da Antena 1, Antena 2 e Antena 3, num universo de 8,59 milhões de ouvintes.

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Disney reforça oferta programática e estreia nova plataforma de streaming

A nova plataforma de streaming da ESPN vai contar com anúncios dinâmicos baseados em IA, adaptados a diferentes públicos, de acordo com Rita Ferro, presidente de publicidade global da Disney

Rita Ferro, presidente de publicidade global da Disney, anuncia no Javits Center, em Nova Iorque, novos formatos publicitários e novas ferramentas para ajudar os anunciantes a maximizar os investimentos em media. A Disney estreia ainda uma nova plataforma de streaming da ESPN, com o mesmo nome, prevista para ser lançada no outono, e que inclui anúncios dinâmicos.

Para ajudar as marcas a aumentar a escala do marketing multiplataformas, a empresa lança a ferramenta Disney Experience Composer, que permite aos anunciantes ajustarem a criatividade com recurso a dados em tempo real. Já para os anunciantes que precisam de adaptar estratégias com base em dados atualizados, a Disney lança várias ferramentas: Disney Compass, que permite acompanhar o desempenho das campanhas publicitárias em tempo real, a Disney Select AI Engine, que prevê segmentos de audiência para otimizar as campanhas, e os anúncios interativos Pause Plus, em que utilizadores interagem com conteúdos dinâmicos.

A Disney também está a expandir a parceria com a Kerv.ai, empresa de tecnologia publicitária que alimenta os formatos de anúncios compráveis, como códigos QR digitalizáveis e carrosséis de produtos, para melhor servir os anunciantes. Esta expansão permitirá que as marcas que compram através da plataforma de compra de anúncios “self-service” da Disney, o Disney Campaign Manager, ativem os formatos interativos.

“A Disney continua a aumentar as capacidades de anúncios em streaming, concentrando-se no desempenho, bem como na expansão de acordos programáticos flexíveis, que registam um crescimento exponencial entre os marketers no último ano”, declara Jamie Power, vice-presidente de vendas da Disney Advertising, à Ad Age.

Streaming da ESPN com anúncios dinâmicos

A nova plataforma de streaming da ESPN vai contar com anúncios dinâmicos baseados em IA, adaptados a diferentes públicos, juntamente com a compra programática em tempo real. “O serviço incluirá uma combinação de anúncios lineares e inventário exclusivo da ‘connected TV'”, revela Rita Ferro, acrescentando que “isso dará à Disney mais flexibilidade à medida que os direitos das ligas desportivas e a tecnologia evoluem, possibilitando uma melhor segmentação dos anúncios em todas as plataformas”.

A Disney lança o serviço com o objetivo de reunir todos os conteúdos da ESPN, que atinge cerca de 200 milhões de espectadores mensais,  num único local, para que os consumidores não necessitem de recorrer a diferentes canais e subscrições para assistir a partidas em direto e aos conteúdos da ESPN. A plataforma vai estar disponível nos Estados Unidos por 29,99 dólares por mês – ou 35,99 dólares como parte de um pacote que inclui a Disney+ e a Hulu – e vai disponibilizar acesso em direto a todos os canais e programas da ESPN, bem como aos conteúdos da ESPN+.

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Dentsu Creative Iberia ganha Bronze nos Clios Awards 2025

A campanha ‘Drawn To Equality’ (na foto), criada para a Visa, vence na categoria Print. A FCB New York é a agência do ano e a Ogilvy a melhor rede. A Heineken conquista o galardão de anunciante do ano

A campanha ‘Drawn To Equality’, concebida pela Dentsu Creative Iberia para a Visa, é distinguida com um Bronze nos Clios Awards 2025.

Com direção criativa executiva de Ivo Purvis, redação de Diogo Stilwell, direção de arte de João Mescas e ilustrações de Luis Afonso, foi desenvolvida para o jornal A Bola e apresenta uma personagem feminina na tira de banda desenhada Barba e Cabelo, que a publicação desportiva apresenta diariamente. Vence na categoria Print (Branded Entertainment & Content).

A campanha ‘Look For Freedom’, da Havas Worldwide Portugal, que estava em ‘shortlist’ na categoria Use of Fashion & Beauty (Fashion & Beauty), não vence nenhum prémio.

A FCB New York é a Agência do Ano e a Ogilvy é a Rede do Ano, enquanto a Prettybird é a Produtora do Ano e a Serviceplan Germany Agência Independente do Ano.

A Heineken conquista o galardão de Anunciante do Ano numa edição em que são entregues 39 Grandes Prémios, a agências de Espanha, Japão, Nova Zelândia, Brasil, Itália, Países Baixos, França, Coreia do Sul, Alemanha, Reino Unido, Índia, China, Canadá e Estados Unidos.

Um deles é atribuído a ‘Magnetic Stories’, na categoria Audio (Branded Entertainment & Content). Desenvolvida a partir de um projeto-piloto da CUF, a campanha, com criatividade da agência norte-americana Area 23/IPG Health Company e produção da produtora portuguesa Bro Cinema, transforma os sons das ressonâncias magnéticas em histórias para crianças em audiolivros, com narrativas criadas pelos escritores Mariana Jones e João Pedro Mésseder e testemunhos de crianças e pais portugueses.

‘Magnetic Stories’, que estava nomeada para oito categorias, vence seis, conquistando, além do Grande Prémio, dois Ouros (Specific Target Audience e Experience/Activation), uma Prata (Audio/Innovation) e dois Bronzes (Sound Design e Creativity/Storytelling).

O Clio Breakthrough Award desta edição, que distingue a VML com 94 prémios, foi entregue a Jools Lebron. A ‘tiktoker’ norte-americana, que fica conhecida por usar a expressão ‘demure’ em vídeos que viralizam no TikTok em 2024, atraiu a atenção de marcas como a Verizon, a Elf Cosmetics, a Taco Bell e a Lenovo, com as quais estabeleceu parcerias comerciais.

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Com a iServices dê valor aos equipamentos que já não usa!

A iServices lançou uma campanha que convida os clientes a darem uma nova vida aos seus equipamentos usados, ao Apple Watch que precisa de ser trocado ou ao telemóvel que está esquecido numa gaveta.

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Através do Programa de Retomas é possível entregar iPhones, Apple Watch e Smartphone Samsung e receber um valor para descontar na compra de um recondicionado iServices.

Além de permitir um alívio no custo de aquisição de um novo dispositivo, este programa promove a economia circular e reforça o compromisso da marca com a sustentabilidade. Todos os equipamentos entregues para retoma serão testados, limpos e preparados cuidadosamente para depois voltarem ao mercado, assegurando a qualidade e a fiabilidade que caracteriza os recondicionados da iServices.

O valor da retoma varia consoante o modelo e o estado do equipamento, podendo chegar até 819,29€. É possível fazer uma estimativa no simulador online, no entanto o equipamento terá sempre que ser avaliado numa das lojas físicas da iServices, gratuitamente e sem compromisso.

Quando entregar um equipamento para retoma será atribuído um valor que vai reduzir no custo de compra de um recondicionado iServices. Optar por um recondicionado permite-lhe beneficiar de um preço mais acessível, ser mais amigo do ambiente e na iServices tem uma garantia de 3 anos e apoio na rede nacional de lojas da marca.

Com esta nova campanha, a iServices reforça a sua missão de tornar a tecnologia mais acessível, consciente e sustentável para todos. Dê valor ao que já não usa. Entregue o seu iPhone antigo, Apple Watch ou telemóvel Samsung para comprar um recondicionado a um preço ainda melhor com o Programa de Retomas iServices

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‘Retail media’ é o canal que mais cresce em investimento publicitário até 2027

A ‘connected TV’ e as redes sociais seguem a tendência, com as previsões de gastos nestes canais a subirem a dois dígitos. As plataformas de vídeo e áudio crescem de forma constante, enquanto as redes sociais e os videojogos mantêm-se estáveis

O ‘retail media’ é o canal que vai registar o maior aumento em termos de investimento publicitário nos Estados Unidos, até 2027, segundo o estudo Fastest-Growing Digital Segments 2025-2027 da eMarketer. A ‘connected TV’ e as redes sociais seguem a tendência, prevendo-se que os gastos nestes canais aumentem a taxas de dois dígitos, à medida que as marcas se despedem dos formatos tradicionais e investem em canais mais dinâmicos e mensuráveis.

O ‘retail media’ será o principal motor de crescimento, com um aumento de 15,8% do investimento publicitário, para 81,5 milhões de dólares (€72,9 milhões), até 2027, seguido da ‘connected TV’, com um incremento de 13%, para 42,7 milhões de dólares (€38,2 milhões), e das redes sociais, com um crescimento de 12,3%, para 129,8 milhões de dólares (€116,1 milhões).

De acordo com a análise, as plataformas de vídeo e áudio devem crescer de forma constante, enquanto as redes sociais e os videojogos se mantêm estáveis, com o estudo a salientar a tendência de transição para canais digitais mais dinâmicos.

As pessoas vão passar mais tempo em plataformas de ‘connected TV’ e prevê-se que o tempo médio diário neste canal aumente de duas horas e 29 minutos para duas horas e 37 minutos até 2026, o que corresponde a um crescimento anual projetado de 5,6%. A utilização de telemóveis, no entanto, vai crescer a um ritmo mais lento de 1,1%, atingindo as quatro horas e seis minutos de consumo diário.

Principais intervenientes e plataformas de nicho

A Google, a Meta e a Amazon vão continuar a dominar o mercado, mas as plataformas de nicho e de média dimensão são as que vão registar o maior crescimento em termos de utilizadores e de quota de mercado, segundo a eMarketer. Espera-se que o Reddit, a Peacock e o iHeartRadio liderem este crescimento. O Reddit, por exemplo, prevê um crescimento de 6,5% na sua base de utilizadores, passando de 65,5 milhões para 74,3 milhões em 2027.

Redes sociais como TikTok, Instagram, LinkedIn e Snapchat também devem registar um crescimento do número de utilizadores, embora a um ritmo mais lento. As previsões apontam para que o TikTok atinja 127,4 milhões de utilizadores, enquanto o Instagram chegará aos 159,8 milhões.

O Walmart, o TikTok e o Reddit destacam-se como as empresas que lideram o crescimento do investimento publicitário. O Walmart vai aumentar os gastos em 21,9%, para 7,4 milhões de dólares (€6,6 milhões), enquanto o TikTok vai crescer 21,3%, para 21,7 milhões de dólares (€19,4 milhões). No caso do Reddit, o investimento em publicidade aumenta 20,5%, para 1,7 milhões de dólares (€1,5 milhões).

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TikTok compromete-se com integridade da plataforma nas eleições portuguesas

Com o lançamento do Centro Eleitoral, dedicado ao fornecimento de informação verificada aos utilizadores, o TikTok pretende contribuir para a liberdade de expressão, salvaguardando um ambiente digital seguro e fidedigno

No contexto das próximas eleições portuguesas, o TikTok anuncia um conjunto de medidas com o objetivo de proteger a integridade da plataforma e promover uma participação cívica informada. A iniciativa integra-se na estratégia global da rede social para garantir uma expressão segura e autêntica durante momentos eleitorais.

No âmbito da iniciativa, o Tik Tok lança o Centro Eleitoral, espaço dedicado ao fornecimento de informação verificada aos utilizadores. Este ‘hub’ inclui recursos oficiais da Comissão Eleitoral, datas relevantes e orientações para identificar conteúdos potencialmente enganadores. Para reforçar a transparência, o TikTok começa a rotular conteúdos e resultados de pesquisa relacionados com as eleições, direcionando os utilizadores para o Centro Eleitoral.

Entre os dias 14 e 27 de abril, a plataforma avança com várias ações em território nacional. No total, remove cerca de 275 peças de conteúdo por violação das políticas de integridade cívica, desinformação ou uso de inteligência artificial, com uma taxa de remoção proativa superior a 98%, antes de qualquer denúncia por parte de utilizadores.

No mesmo período, o TikTok evita proativamente mais de 1,4 milhões de gostos falsos e cerca de 942 mil pedidos de seguidores falsos, tendo ainda bloqueado a criação de mais de 7400 contas de spam em Portugal. Foram igualmente eliminadas mais de 45 mil contas falsas, 390 mil gostos falsos e 26 mil seguidores artificiais.

Segundo a plataforma, em nota de imprensa, equipas especializadas da plataforma mantêm um acompanhamento ativo de potenciais tentativas de interferência externa e operações de influência dissimuladas. Até à data, não é identificada qualquer ação deste tipo especificamente dirigida às eleições em Portugal.

A nível internacional, o TikTok lança ainda o ‘Hub’ Global de Integridade Eleitoral, onde disponibiliza informação sobre as medidas implementadas em diferentes países no contexto eleitoral. “As eleições representam momentos-chave de envolvimento cívico e, nesse sentido, o TikTok reforça o compromisso com a liberdade de expressão, salvaguardando simultaneamente um ambiente digital seguro e baseado em informação fidedigna”, refere o TikTok no comunicado.

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“É preciso ter a ambição de ser mais original e menos atual”

Com as três agências (BBDO, TBWA e DDB), “crescemos quase 400% em faturação, entre 2012 e 2025. Vínhamos de uma base muito baixa, mas 400% são 400%, não são 40%”, diz Rui Silva (na foto), CEO e COO do Omnicom Advertising Group (OAG), em entrevista ao M&P

Catarina Nunes

A cultura de insatisfação da BBDO é herdada da vivência física na agência – “está colada às paredes, junta com a tinta” – e é muito importante no ciclo que Rui Silva reinicia, primeiro como CCO das três agências criativas do grupo Omnicom (BBDO, TBWA e DDB), em 2012, e depois como CEO, em 2013.

Em entrevista exclusiva ao M&P, Rui Silva fala sobre a nova ‘holding’ global Omnicom Advertising Group, que tutela as agências criativas e está a funcionar desde janeiro, e garante que “estamos numa fase de crescimento criativo e esse barómetro vai continuar a ser utilizado”.

Além da abordagem aos prémios e à criatividade, o impacto das taxas impostas pelos Estados Unidos, da fusão entre os grupos Omnicom e IPG e da inteligência artificial são outros dos temas abordados.

A BBDO é a Agência Criativa do Ano nos Prémios Marketing M&P’24. Estão com um maior interesse em trabalhar para prémios?
Existe sempre, quando o trabalho assim o determina. Os prémios são um instrumento de motivação de equipas, interna e externamente, de reconhecimento e um barómetro do que andamos a fazer.

Mas não é um objetivo, é uma consequência. Estamos numa fase de crescimento criativo e esse barómetro vai continuar a ser utilizado.

A BBDO tem estado menos no circuito dos prémios. É por não ter inscrito trabalhos ou por não ter ganho?
Vem da natureza do trabalho e da tipologia de campanhas que estamos a fazer. Existem campanhas que são mais estratégicas e há também uma maior aceitação da criatividade como um elemento de sucesso do negócio.

É um diálogo que temos feito com clientes importantes e esse passo também se dá na transformação das marcas e na natureza do trabalho que fazemos com elas. A BBDO é historicamente uma agência que sempre foi extremamente premiada e houve de facto um hiato, que nos apressámos a parar.

Teve a ver com a relação e o entendimento da criatividade com os clientes?
É o contexto. Esse processo aconteceu durante épocas em que as campanhas eram mais táticas. Estamos a falar de clientes que têm um enorme peso na sociedade de consumo portuguesa e uma necessidade de ‘abanar a agulha’ rapidamente, sempre que se comunica. Isso pode ser feito de uma forma mais tática ou mais estratégica.

Qual é a diferença entre uma e outra?
Tem a ver com a influência da marca ser mais como promotora do discurso dentro do setor ou de estar numa posição mais reativa às mudanças contextuais, tentando adaptar o que auscultamos que está a acontecer no momento, em vez de criar uma tendência. Agora estamos a trabalhar num âmbito com maior impacto na sociedade.

Rui Silva, CEO e CCO do Omnicom Advertising Group (OAG) e redator publicitário, revela que ainda ‘põe a mão na massa’ em campanhas. “A minha forma de pensar é em ‘headlines'” FOTO FRAME IT

É uma contracorrente a ideia de que o consumidor está no centro e que as marcas têm de o seguir?
O consumidor está sempre no centro. Quando falo em impacto social tem a ver com o facto de respeitarmos o consumidor, antes de mais, como um consumidor de media, de entretenimento, e não como consumidor de produto.

A diferença é quando temos a perspetiva de dar algo mais do que apenas um produto ou um serviço, enquanto a nossa comunicação é consumida, ao mesmo tempo que somos mais sugestivos do que informativos.

Isso é transversal a todos os clientes ou é mais comum em perfis como o da McDonald’s, com quem ganham também o Grande Prémio nos Prémios Marketing M&P?
Trabalhamos a McDonald’s há dez anos, a disrupção da comunicação tem cerca de três anos e foi uma decisão tomada com o cliente.

Haverá ‘guidelines’ internacionais sobre o tom da McDonald’s, mas Portugal vai mais além na disrupção?
Em Portugal estamos bem, mas no início de um processo e a McDonald’s, globalmente, tem essa ambição. Temos a sorte de ter talento nas equipas e, sobretudo, estamos muito alinhados uns com os outros.

A assinatura ‘Tu Mereces Mac’ é só do mercado português ou há declinações em outros mercados que estejam a utilizá-la?
Essa é uma das campanhas que foi levada a nível global e que está à espera de aprovação internacional, se os mercados assim o desejarem.

Houve outras campanhas criadas em Portugal que tenham ido para fora?
Sim, da McDonald’s e de outros clientes. É bom termos o privilégio de relembrar que a periferia só existe na nossa cabeça. Culturalmente sentimo-nos periféricos e é um engano. Devemos lembrar-nos mais vezes das capacidades que temos.

Porquê?
Estamos encostados ao Atlântico e a Espanha. Não estamos no centro da Europa nem ao lado de Nova Iorque.

O talento e a capacidade de trabalho existem em Portugal, como em qualquer geografia?
Com certeza, têm é de ser nutridos.

Como é que se faz essa nutrição, sem estar encostado a Nova Iorque?
O estar em latitudes diferentes não muda nada. Há criativos que acham que se emigrassem iam conseguir provar o seu valor, mas todos os sítios do mundo padecem das mesmas questões. A comunicação é um fenómeno entre pessoas, que têm todas mais ou menos as mesmas agendas.

Isso nutre-se de várias formas. Primeiro, as pessoas têm de ter paixão e querer contar histórias, e, por outro lado, têm de ter um contrato consigo mesmas, não um contrato apenas com a agência. Ou seja, importante mesmo é o contrato das pessoas com o seu talento e com a vontade de demonstrarem aquilo que têm.

O que é que diz o contrato que as pessoas devem ter com elas próprias?
As pessoas devem ter um contrato com elas mesmas de que são capazes de fazer melhor e de ser originais, em vez de atuais. Esta é uma grande questão da nossa ‘periferia’.

É preciso ter a ambição de ser mais original e menos atual. Passamos a vida – e eu incluo-me – com a questão meio congénita de demonstrar que estamos a par daquilo que está a acontecer, em vez de querer agir sobre aquilo que acontece. Esta é a parte da ambição em que é preciso dar o salto.Quem tem essa chama, chega lá. Mas é preciso querer agir sobre a tendência em vez de a seguir.

Como é que isso se consegue com a pressão para acompanhar o atual, em que o digital cria a tendência do momento?
As tendências começam porque há uma coisa que não foi feita antes e que as pessoas passam a seguir, tornando-se uma tendência. É um efeito bola de neve, mas a moeda das redes sociais é o interesse, é assim que se faz a transação.
Se existir dissonância, qualquer coisa é o ponto na folha branca para onde se olha. É onde o texto começa e as pessoas são envolvidas na história, mas é preciso querer criar a narrativa.

Criar é uma coisa que dói, custa muito. Custa menos se utilizamos clichês e ferramentas que conhecemos do nosso ‘métier’, para fazermos ‘campanhas tipo aquela campanha’. Ter cultura publicitária ajuda, mas não basta.
Se existe essa angústia para criar e conceber algo que não foi feito antes, é natural que nesse processo, quando temos três ou quatro ideias, achemos que alguma daquelas já está boa.

Se calhar até falamos com o diretor criativo para ver se alguma das coisas que são precisas já lá estão, para evitar ainda mais a angústia do prolongamento até a coisa nascer, mas é preciso esta resiliência. Quando há um gozo no sofrimento, as coisas começam a acontecer, mas demoram.

É preciso haver clientes interessados no resultado desse processo e que não estejam à procura da campanha ‘by the book’, do atual?
É um diálogo entre a agência, o cliente e o consumidor. Nunca se vai conseguir alterar aquilo que se está a fazer com um cliente, se não se alimentar este discurso de coisas boas.

Por mais coisas que sejam chumbadas, o segredo é fazer mais e não nos desiludirmos porque há uma ou dez campanhas grandes e ótimas que ficaram na gaveta. Porque quem na génese tem essa capacidade, vai tê-la outra vez.
Há pessoas que são intrinsecamente criativas e às vezes esmorecem, mas não vale a pena. O talento nutre-se não deixando as pessoas esmorecer, elogiando a próxima ideia e ‘soft skills’, como a resiliência e a leveza no processo.

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Os criativos-estrela estão mais esbatidos do que nos anos 90, mas o ego dos publicitários continua a interferir no trabalho?
Claro que sim, todas as pessoas têm egos com perfis diferentes e é preciso saber lidar com eles. Não fazemos publicidade de autor, mas promovemos autores de publicidade. Se as pessoas querem pôr o seu talento para serem autores de publicidade para outrem, e servir os clientes e a nossa reputação, vai tudo correr bem e podem ser estrelas. Não podem é trabalhar para si.

A McDonald’s é um dos clientes da BBDO que tem permitido ir mais além nas campanhas. Com que outros clientes estão a fazer um caminho semelhante?
Com quase todos, nomeadamente com o Novo Banco, o Pingo Doce, a CUF, a Delta e a Água das Pedras. Todos eles têm coisas interessantes para acontecer nos próximos tempos.

São clientes com os quais tenham tido campanhas premiadas no ano passado ou este ano?
Todos os clientes que estavam a concurso nos Prémios M&P foram premiados, o que é um bom sintoma. Significa que do lado de quem está a fazer a campanha existe uma cultura mais premiável e que o foco e ambição que se colocam no trabalho são os mesmos para outro cliente ou marca.

Que outros prémios é que têm ganho?
O ano passado tivemos todos os prémios nacionais, desde os Prémios Eficácia, ao Festival do CCP. Temos de dar um passo para alguma premiação internacional e temos um ou outro trabalho que podem competir, e que vão a Cannes, como a McDonald’s, em que as campanhas são escolhidas em parceria com a TBWA global.
Na nossa ‘pool’ estão algumas coisas de Portugal, mas não quero revelar peças específicas, mas uma delas é para o lançamento do produto mais importante dos últimos anos da McDonald’s, o Big Arch, que foi feito pela primeira vez em Portugal, e outras são para a Fundação Ronald McDonald.

Está a falar em TBWA, mas no caso da McDonald’s as campanhas são assinadas TBWA/BBDO. Com outros clientes também há esta dupla assinatura?
Utilizamos TBWA/BBDO porque partilhamos recursos, uma vez que não temos nenhum cliente de conflito.

O que muda com esse modelo de agências?
Antes de haver a holding Omnicom Advertising Group (OAG), que tutela as agências criativas do grupo Omnicom, uma das agências locais podia ficar responsável pelo reporte à ‘network’, em caso de haver algum tipo de junção de equipas ou partilha de recursos.

O que está a acontecer agora é que o reporte é feito não à ‘network’, mas à OAG. A nível internacional, tudo se mantém igual, com as três empresas com as três marcas. A diferença é que existem menos degraus intermédios entre os centros de decisão, dentro das agências locais e a holding. Há menos entropia.

Internacionalmente, a TBWA e a BBDO continuam a operar de forma separada?
Já não é assim em alguns países que estão a seguir o nosso modelo. Assim conseguimos ter pessoas de muita qualidade a trabalhar a McDonald’s e outras contas da BBDO, sendo que a conta da McDonald’s tem uma coordenação dependente da ‘network’. Portugal foi o primeiro país em que o grupo testou o modelo de partilha de recursos, ao ponto em que nós o fazemos.

Há também a anulação de uma marca multinacional fortíssima, que era a TBWA?
Com certeza e essa é uma questão. Mas temos acesso à coordenação na ‘network’ e estamos como TBWA nas reuniões diárias. É um privilégio ter acesso a várias culturas do universo Omnicom e percebermos as nuances de coordenação entre a cultura da BBDO, da TBWA e da DDB.

A BBDO fortaleceu-se e ganhou visibilidade com a TBWA?
Sem dúvida, sendo que a TBWA em Portugal tem a McDonald’s e a Mundicenter como clientes de coordenação, e vamos ver até quando é que assim será. Neste momento, por motivos de qualidade de trabalho e racionalidade de gestão, faz todo o sentido, porque não há conflito entre os clientes, somos mais ou menos complementares.

Quais são clientes da DDB a nível nacional?
Tem clientes globais que trabalha cá, como o grupo Volkswagen e SIVA, com as marcas Volkswagen, Seat e Cupra. Tem a Iqos, da Phillip Morris, e outros clientes a nível local, que trabalha mais na área de ‘branding’.

A DDB nasce com um ‘core’ no ‘branding’ e tem uma grande capacidade para chegar às outras disciplinas todas, por acumulação de camadas acima desse trabalho.

A nível global, a DDB é reconhecida pela criatividade, com um histórico de campanhas com muitos Leões em Cannes. Perdeu esse rasgo?
Certo. Quando digo ‘branding’, não é apenas o ‘branding’, mas há um lado forte nessa área. A DDB nunca se assumiu em Portugal como uma agência com esse perfil [criativo]. Há mais de 20 anos que não é assim.

Qual é a campanha da DDB que se destaca nos últimos tempos?
Seguramente a da Olá, dos gelados que falam, e a campanha Galp-Continente, no ano passado. Às vezes são campanhas promocionais, táticas, mas que são relevantes em termos do negócio do cliente. Não são campanhas posicionantes, há um percurso a fazer.

Qual é o balanço do impacto em Portugal da consolidação das agências criativas no Omnicom Advertising Group, anunciada em agosto de 2024 e efetivada em janeiro?
Os primeiros impactos e com benefícios imediatos para os clientes são a partilha de ferramentas e de boas práticas. O que é mais notável é a rapidez com que as pessoas compreendem que há um benefício comum nesta partilha de informação.

Como é que fica a confidencialidade quando há três equipas de três agências com clientes que podem ser concorrentes entre eles?
Não funciona assim. Existe em Portugal absoluta confidencialidade e sigilo entre a BBDO e a DDB. Na BBDO trabalhamos com a Mercedes-Benz e a informação que temos é absolutamente sigilosa. Com a Volkswagen na DDB é a mesma coisa.

Há um ‘hub’ de criativos das três agências a responder ao mesmo ‘briefing’?
Não. Neste momento, as agências não estão consolidadas. O que se fez foi retirar alguns dos cargos de chefia intermédia, entre as equipas e o grupo.

Há também uma vertente de poupança em recursos humanos?
Com certeza, é um sinal dos tempos. Não diria que é uma poupança, mas um alocar de recursos. Investir, por exemplo, no desenvolvimento de todas estas ferramentas com inteligência artificial (IA) são investimentos de enormíssimo valor e as agências têm de se preparar.

Qual é o peso da IA na criatividade nas três agências da Omnicom em Portugal?
Vou falar de criatividade no sentido de ter ideias e um raciocínio original. O que a IA traz é como ferramenta para ganhar tempo para aperfeiçoar o raciocínio e a ideia, dentro do cronograma criativo que tem prazos limitados.
A forma de demonstrar como é que essa ideia funciona, como é que se visualiza e se constrói uma história a partir daí, acontece agora numa fração do tempo.

Redução do tempo e também dos recursos?
Sim, porque os redatores e os diretores de arte podem estar investidos na função do criativo, que é pensar, e menos investidos nas tarefas de cada uma das funções, que é escrever ou visualizar as campanhas.

A IA pode ser um ‘tiro no pé’ para as agências, com o cliente a querer pagar menos por algo que demora menos tempo com menos pessoas?
Não demoramos menos tempo com menos pessoas, nem me parece que seja essa a questão. A IA é uma ferramenta como o Photoshop. É a mesma coisa que no início dos anos 2000 me perguntarem se era preciso menos tempo para ilustrar. É exatamente a mesma coisa com a IA.

Neste momento, a IA existe como uma ferramenta interna de gestão processual, não é um ativo de produção nem tem existência na rua.

Tem impacto e existência no cliente e no trabalho com ele?
Tem, sobretudo na qualidade das ideias que chegam ao cliente. O prazo para as ideias mantém-se o mesmo. Temos mais tempo para ficarmos angustiados e isso, geralmente, dá melhores ideias ao cliente. A IA ainda está nessa fase e o próximo passo será tornar-se também uma ferramenta de execução.

Ferramenta no sentido de replicar o que é a execução feita por um humano?
Ao nível do raciocínio, isso não vai acontecer, mas como uma ferramenta para ‘espremer’ o nosso raciocínio, isso, sem dúvida. Os avanços que estão a acontecer são absolutamente notáveis. Quando se tornar comercialmente viável, para que toda a indústria utilize a IA, não sei em que ponto é que estaremos nem o que a IA será capaz de fazer.

O valor de uma agência está ligado à sua visão e capacidade criativa, mas agora há um foco na comunicação das ferramentas tecnológicas de que dispõem. Qual é o valor que uma agência terá no futuro?
O valor está onde não está nada disso. Está na capacidade de acrescentar, de criar uma coisa que não existia, e fazê-lo dentro dos critérios que são necessários para entregar valor a um cliente ou marca.

É preciso sensibilidade, inteligência e um compromisso com o raciocínio original, sem querer imitar. A IA funciona com tudo o que já existe, não com o que não há e que se alimenta da angústia.

O cliente valoriza e está disponível para pagar isso, em vez de ter o ‘recozinhado’ que a IA entrega?
Os clientes devem estar disponíveis para pagar o que é relevante e faz a diferença para as marcas. E a originalidade acrescenta valor, é o que é memorável.

A IA, à maneira dela, consegue ser original?
Não consegue nem sei se vai conseguir. É uma coisa que estamos a descobrir, é muito difícil ser-se original. A originalidade vem de cantos muito diferentes e longínquos, dentro dos dois hemisférios cerebrais. Não sei exatamente de onde é que vêm coisas que não existiam antes, essa centelha, mas sei que é uma qualidade humana.
Nos anos 90 havia criativos-estrela porque tinham uma centelha, perante a necessidade de dizer a mesma coisa de outra forma.

A IA será capaz de aprender e mimetizar esse caminho que a mente humana faz?
Neste momento, não. Uma coisa é uma campanha feita com IA outra coisa é uma campanha feita por IA. Feitas pela IA, não vi. Feitas com IA, há coisas super interessantes. Gera imagens incríveis e pode gerar textos, que neste momento não são tão incríveis, porque articular a palavra é mais difícil. Existe o subtexto, aquilo que é sugerido, e é muito difícil fazê-lo se não se tiver sentimentos, porque é aí que se trespassa a emoção.

A nível das agências criativas do Omnicom, a abordagem à IA que tem vindo promover é de uso ativo ou como coadjuvante?
Ainda é como coadjuvante, mas a Ommicom está a fazer um sistema proprietário, em colaboração com uma grande multinacional da área, e essa utilização irá ser mais transversal.
As pessoas podem utilizar a IA como ferramenta de desenvolvimento pessoal, mas não é uma ferramenta para fazer o trabalho por elas.

Essa é uma posição pessoal ou do grupo Omnicom?
Existem enormíssimas questões a nível da IA com os direitos de autor, que por motivos óbvios não podem ser utilizados do ponto de vista artístico ou de expressão. Não é uma perspetiva minha.

O que está em causa é a utilização com objetivos comerciais?
Obviamente. Temos de dominar uma ferramenta que ainda não está disponível para a prática comercial – um dia estará -, como dominamos a escrita e o Photoshop.

Fará sentido que as campanhas que venham a ser feitas por IA sejam declaradas como tal e inscritas nos festivais com essa indicação?
Se o jogo for limpo e a IA estiver na ficha técnica, não tem nenhum problema. Se esconderem da ficha técnica que foi feita por IA, não deve ser aceite a concurso.

Nesse caso, a quem será atribuída a direção criativa?
Provavelmente será o ‘prompter’, que é um cargo que já está a ganhar relevância. Quando existir uma utilização comercial da IA, o ‘prompter’ será uma das funções que vai aparecer na publicidade e na comunicação em geral.

Nas agências criativas do Omnicom já tem pessoas com essa função?
Não temos, mas temos muitas pessoas com esse interesse, porque é aí que está o encantamento, que vem do facto de a máquina responder aos nossos estímulos e dar-nos um resultado. Há qualquer coisa na nossa psicologia que fica encantada ao ver o que surge e como a máquina nos obedece.

É um salto quântico em relação ao que existia há 20 anos, por exemplo, com o Photoshop. Não é sequer uma revolução entre a revolução digital e a revolução industrial. Não sei fazer essas previsões, mas do ponto de vista humano, da forma como nos ligamos emocionalmente a esse produto da nossa imaginação, que descrevemos e a máquina cumpre, o processo é mais ou menos igual no tipo de emoções que nos vai gerar.

No tipo de trabalho e produto que isso vai criar, que é muito mais perigoso, é que estamos num campeonato muito diferente, em que as regras estão por escrever.

Qual é a sua perspetiva sobre o que será produzido?
Do ponto de vista do que é produzível com a entidade artificial, vivemos tempos desafiantes enquanto espécie. A nossa convivência, a socialização, a forma como percecionamos o mundo e os factos estão a ser questionados muito rapidamente.

Somos muitas vezes ultrapassados pelos acontecimentos e a IA vem acelerar esse processo. É um processo que as redes sociais já começaram e a IA vai acelerar.

Há uma pressão dos clientes para que a IA esteja mais nas campanhas?
Não necessariamente. Ferramentas são ferramentas. Falar em IA não faz de nós modernos nem mais entendedores daquilo que ela é. Ainda somos todos aprendizes e o importante é testar a ferramenta e aprendermos a utilizá-la, para quando ela for utilizável. Não é para a utilizar como uma medalha ao peito.

Conheci muitos criativos – e se calhar fui um deles – que não queriam fazer coisas com Photoshop, queriam fazer coisas em Photoshop, porque a tendência era fazer coisas em Photoshop. Às vezes, a ferramenta torna-se o fim último, o que é perigoso e tonto porque não é o que nos vai dar maior ligação com os consumidores e com os nossos concidadãos. Vai ser o que fizermos com isso. O isso em si é só uma forma de parecemos modernos, não é uma forma de sermos modernos.

 

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Em cima dessas incógnitas, há agora a incógnita das taxas aduaneiras dos Estados Unidos. Já são uma preocupação para os clientes das agências do OAG?
Diria que não, de uma forma oficial, mas embora não exista nenhum tipo de consequências neste momento, somos todos espectadores e presumo que toda gente esteja a auscultar o que está a acontecer e a preparar-se internamente para alguma necessidade que venha a acontecer, que seja mais premente.

Já houve alguma conversa no sentido de os vossos clientes quererem conselhos para o que pode vir a seguir?
Não, neste momento.

Haverá uma tentação ou desejo de os clientes passarem para as agências o custo adicional do aumento das taxas?
Não sei dizer a quem é que esse custo irá ser passado. Em último caso, será a todos nós, enquanto consumidores, e depois aos atores intermédios, em toda a escala económica.

Nas agências irá significar o encurtamento das margens?
Eventualmente. Não sei fazer essa futurologia, mas vai ter impacto, que será transversal às agências, aos clientes e aos consumidores, ninguém está isento.

Na apresentação de resultados financeiros do primeiro trimestre, divulgados em meados de abril, John Wren, CEO do grupo Omnicom, disse que não está preocupado com a perda de clientes, derivada do impacto das tarifas. Tem essa preocupação com os clientes em Portugal?
Para já, não, porque acredito que somos um valor acrescentado para os clientes com quem trabalhamos e tenho confiança nessa relação.

Quais são os clientes que saíram e entraram, desde janeiro?
Não saiu nenhum e entrou o Novo Banco, em janeiro, e a Zurich em março.

A nível das agências criativas do Omnicom, a abordagem à IA que tem vindo promover é de uso ativo ou como coadjuvante?
Ainda é como coadjuvante, mas a Ommicom está a fazer um sistema proprietário, em colaboração com uma grande multinacional da área, e essa utilização irá ser mais transversal.
As pessoas podem utilizar a IA como ferramenta de desenvolvimento pessoal, mas não é uma ferramenta para fazer o trabalho por elas.

Essa é uma posição pessoal ou do grupo Omnicom?
Existem enormíssimas questões a nível da IA com os direitos de autor, que por motivos óbvios não podem ser utilizados do ponto de vista artístico ou de expressão. Não é uma perspetiva minha.

O que está em causa é a utilização com objetivos comerciais?
Obviamente. Temos de dominar uma ferramenta que ainda não está disponível para a prática comercial – um dia estará -, como dominamos a escrita e o Photoshop.

Fará sentido que as campanhas que venham a ser feitas por IA sejam declaradas como tal e inscritas nos festivais com essa indicação?
Se o jogo for limpo e a IA estiver na ficha técnica, não tem nenhum problema. Se esconderem da ficha técnica que foi feita por IA, não deve ser aceite a concurso.

Nesse caso, a quem será atribuída a direção criativa?
Provavelmente será o ‘prompter’, que é um cargo que já está a ganhar relevância. Quando existir uma utilização comercial da IA, o ‘prompter’ será uma das funções que vai aparecer na publicidade e na comunicação em geral.

Nas agências criativas do Omnicom já tem pessoas com essa função?
Não temos, mas temos muitas pessoas com esse interesse, porque é aí que está o encantamento, que vem do facto de a máquina responder aos nossos estímulos e dar-nos um resultado. Há qualquer coisa na nossa psicologia que fica encantada ao ver o que surge e como a máquina nos obedece.

É um salto quântico em relação ao que existia há 20 anos, por exemplo, com o Photoshop. Não é sequer uma revolução entre a revolução digital e a revolução industrial. Não sei fazer essas previsões, mas do ponto de vista humano, da forma como nos ligamos emocionalmente a esse produto da nossa imaginação, que descrevemos e a máquina cumpre, o processo é mais ou menos igual no tipo de emoções que nos vai gerar.

No tipo de trabalho e produto que isso vai criar, que é muito mais perigoso, é que estamos num campeonato muito diferente, em que as regras estão por escrever.

Qual é a sua perspetiva sobre o que será produzido?
Do ponto de vista do que é produzível com a entidade artificial, vivemos tempos desafiantes enquanto espécie. A nossa convivência, a socialização, a forma como percecionamos o mundo e os factos estão a ser questionados muito rapidamente.

Somos muitas vezes ultrapassados pelos acontecimentos e a IA vem acelerar esse processo. É um processo que as redes sociais já começaram e a IA vai acelerar.

Há uma pressão dos clientes para que a IA esteja mais nas campanhas?
Não necessariamente. Ferramentas são ferramentas. Falar em IA não faz de nós modernos nem mais entendedores daquilo que ela é. Ainda somos todos aprendizes e o importante é testar a ferramenta e aprendermos a utilizá-la, para quando ela for utilizável. Não é para a utilizar como uma medalha ao peito.

Conheci muitos criativos – e se calhar fui um deles – que não queriam fazer coisas com Photoshop, queriam fazer coisas em Photoshop, porque a tendência era fazer coisas em Photoshop. Às vezes, a ferramenta torna-se o fim último, o que é perigoso e tonto porque não é o que nos vai dar maior ligação com os consumidores e com os nossos concidadãos. Vai ser o que fizermos com isso. O isso em si é só uma forma de parecemos modernos, não é uma forma de sermos modernos.

Em cima dessas incógnitas, há agora a incógnita das taxas aduaneiras dos Estados Unidos. Já são uma preocupação para os clientes das agências do OAG?
Diria que não, de uma forma oficial, mas embora não exista nenhum tipo de consequências neste momento, somos todos espectadores e presumo que toda gente esteja a auscultar o que está a acontecer e a preparar-se internamente para alguma necessidade que venha a acontecer, que seja mais premente.

Já houve alguma conversa no sentido de os vossos clientes quererem conselhos para o que pode vir a seguir?
Não, neste momento.

Haverá uma tentação ou desejo de os clientes passarem para as agências o custo adicional do aumento das taxas?
Não sei dizer a quem é que esse custo irá ser passado. Em último caso, será a todos nós, enquanto consumidores, e depois aos atores intermédios, em toda a escala económica.

Nas agências irá significar o encurtamento das margens?
Eventualmente. Não sei fazer essa futurologia, mas vai ter impacto, que será transversal às agências, aos clientes e aos consumidores, ninguém está isento.

Na apresentação de resultados financeiros do primeiro trimestre, divulgados em meados de abril, John Wren, CEO do grupo Omnicom, disse que não está preocupado com a perda de clientes, derivada do impacto das tarifas. Tem essa preocupação com os clientes em Portugal?
Para já, não, porque acredito que somos um valor acrescentado para os clientes com quem trabalhamos e tenho confiança nessa relação.

Quais são os clientes que saíram e entraram, desde janeiro?
Não saiu nenhum e entrou o Novo Banco, em janeiro, e a Zurich em março.

Em termos globais no primeiro trimestre, o grupo cresce 3,4% para 3,69 mil milhões de dólares, com a publicidade e a media juntas a terem o maior crescimento, 7,2%. Quais são os resultados em Portugal?
Não quero divulgar os números, mas estamos numa curva de crescimento há sete anos consecutivos, a subir perto de 5% a 10% todos os anos.

Em 2015 – quando foi instituído em Portugal este modelo de integração da TBWA e da BBDO, no apoio à McDonald’s, e a DDB como unidade autónoma – éramos cerca de 60 pessoas e hoje somos 140.

O modelo rentabilizou toda a estrutura, triplicámos em volume de negócios e do número de colaboradores.

Para ter mais funcionários e clientes é preciso gastar mais dinheiro. Como é que está a rentabilidade?
Obviamente. Mantemos uma taxa de rentabilidade que nos permite continuar a ter uma voz ativa junto dos acionistas para investir, como temos de investir em Portugal, e o acionista está a investir, nomeadamente nas pessoas.

Isso é quantificável, quanto é que o grupo Omnicom está a investir em Portugal em 2025?
Não necessariamente, não existe um grosso para um investimento. O importante é que existe a disponibilidade para investir. Os grandes investimentos estruturais, seja em IA ou nas bases de dados, etc, são recursos que utilizamos globalmente.

O importante é que cada um dos escritórios seja um negócio suficientemente saudável, para que o seu contributo para a ‘network’ seja reconhecido na hora de investir no que traz dividendos, que geralmente são as pessoas.

Referiu crescimentos em Portugal de 5% a 10%, nos últimos sete anos. Em 2024 e no primeiro trimestre de 2025, qual foi o aumento do volume de negócios?
Em 2024, o aumento do volume de negócios foi de cerca de 5% e no primeiro trimestre estamos a crescer cerca de 3% 5%.

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Como é que o desfecho das tarifas poderá impactar os investimentos em marketing e publicidade?
É natural que afete toda a lógica de investimentos no consumo e, por aí, por toda a cadeia de valor. A partir do momento em que há uma quebra na confiança e no poder de compra do consumidor, existe uma reação em cadeia.
O que podemos fazer é sermos a agência resiliente e sólida, que somos, com capacidade para absorver algum do impacto, mas tudo depende de qual for o impacto.

Quando fala em agência, fala enquanto BBDO?
Falo enquanto grupo, porque estamos cá uns para os outros e temos os mesmos acionistas.

Ainda faz campanhas ou só dá as aprovações finais?
Somos uma equipa muito horizontal e toda a gente pode dar uma opinião, embora nem toda a gente o faça, não sei se por deferência ou inaptidão. A decisão final não é necessariamente minha, mas tem sempre a minha anuência.
Se não for um caso de vida ou morte, ou que vá prejudicar a reputação da agência ou os resultados do cliente, não tenho a mínima questão em votar vencido, em nome de uma equipa que respeito e a quem reconheço absoluta competência. Em última instância, sou sempre o responsável, mas no final não tem de ser a minha opinião.

Mas ‘põe a mão na massa’ no desenvolvimento dos anúncios?
‘Ponho a mão na massa’, porque a minha forma de pensar é em ‘headlines’, mesmo que nem sempre as coisas levem esse formato. Quando assisto à passagem de um ‘briefing’ criativo ou estou a acompanhar o desenvolvimento da estratégia, é inevitável ter os meus raciocínios e ir impregnando o trabalho com a minha sensibilidade.

Vem da criatividade e acumula dois cargos de gestão de topo, CEO e COO. Como é que gere os vários ‘chapéus’ em termos de tempo?
A função de gerir a agência não é abstrata. Há um coletivo para ser gerido, o todo do que fazemos, que se alimenta de emoções e de informações, e é muito importante gerir o que essa entidade está a produzir e o que é que cada um dos seus ‘eus’ está a fazer.

Há alguns clientes que acompanhe?
Todos, de forma mais ou menos transversal. Acompanho muito de perto os clientes maiores e, mesmo não estando em todas as apresentações, conheço o trabalho que está a ser apresentado.
Os clientes que fazem menos coisas são importantes de acompanhar precisamente porque fazem menos coisas e, logo, essas coisas são extremamente importantes. É a parte boa, para mim é um gozo.

“O sucesso desta equipa foi forjado nas
dificuldades dos anos que vivemos”

Vão ter outra turbulência com a fusão com o IPG, que já foi aprovada pelas entidades reguladoras da União Europeia. Qual é o significado desta aprovação para o Omnicom em Portugal?
Ainda não temos nenhuma informação concreta. Presumo que as decisões do Omnicom vão ser tomadas mercado a mercado. É uma operação gigante e presumo que vá ser implementada priorizando mercados. Portugal não é uma preocupação para o Omnicom, por bons motivos. Somos uma empresa sólida, resiliente e em crescimento.

Mas no primeiro trimestre está a crescer abaixo do grupo?
Não necessariamente. Nos últimos dez anos crescemos quase 400% em faturação, entre 2012 e 2025, graças aos clientes que conquistámos, aos que não perdemos, às pessoas que fomos contratando e às soluções que fomos construindo.

Vinham de uma base muito baixa?
Vínhamos de uma base muito baixa, mas 400% são 400%, não são 40%. Estou a falar das três agências consolidadas, BBDO, TBWA e DDB.

Significa mais clientes ou ‘fees’ mais elevados?
Significa mais clientes. O sucesso desta equipa foi forjado nas dificuldades dos anos que vivemos, na saída da crise financeira do ‘subprime’ e das dívidas soberanas, que abalaram muitíssimo o mercado. Depois, nas agências houve também uma mudança de geração e o impacto da pandemia.

O que é que encontra quando assume funções, primeiro como CCO das três agências, em 2012, e depois como CEO, em 2013?
Encontrei uma agência num período muito difícil, tinha poucos clientes, eram mais do que os suficientes e menos do que os necessários.

Agora temos 20 e tal clientes, nessa altura tínhamos três ou quatro – e numa situação destas todos são importantes -, mas havia dois que foram estruturantes, o Banco Espírito Santo (BES) e a Mercedes-Benz Portugal. Ajudaram não só a mudar a agência como a vida de centenas de pessoas que por aqui passaram, que vieram para cá e encontraram o sítio onde se cumpriram.

Como é que faz para reerguer as agências?
Foi um processo que levou à instalação deste modelo por parte da Omnicom, de assumirmos a gestão da DDB e dar-lhe um papel dentro do grupo, definindo o seu posicionamento e forma de estar.

A mesma coisa na BBDO, uma agência dominante no mercado, com uma gestão e liderança icónicas, que também tinham saído. Foi um momento refundador da agência.

Uma das coisas muito importantes que se manteve foi a BBDO ter sido sempre uma escola. Falo muito da BBDO porque foi um membro agregador deste movimento. Tem uma cultura de paixão pela qualidade, em que não confundimos aquilo que é com aquilo que deve ser. Aquilo que é, é o que é, mas nunca deixamos de ter em perspetiva aquilo que pode e deve ser.

Esta cultura de insatisfação herdámos por vivências aqui, está colada às paredes, junta com a tinta, e a BBDO foi muito importante para reiniciarmos o ciclo, baseados na inquestionável qualidade do trabalho e no orgulho que todos devem ter naquilo que o outro está a fazer ao lado.

 

Sobre o autorCatarina Nunes

Catarina Nunes

Diretora do Meios&Publicidade
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Pika promove IA como escape do mundo em ruínas

A mensagem do anúncio (na foto), realizado por Marie Schuller da RSA Films, é que se a IA e as redes sociais precipitam o fim do mundo, mais vale aproveitá-las . “Queríamos que a peça desafiasse a quem se destina a IA e o que as pessoas podem fazer com ela”, diz Demi Guo, CEO da Pika

Se a inteligência artificial (IA) e as redes sociais estão a precipitar o fim do mundo, mais vale aproveitá-las. Esta é a mensagem do filme publicitário de dois minutos da Pika, startup norte-americana de IA, no qual uma mulher vive no conforto da sua bolha de criação de outras realidades através da IA, enquanto o mundo ao redor se transforma num cenário apocalíptico.

O anúncio, realizado por Marie Schuller da RSA Films e desenvolvido pela equipa criativa da Pika, apresenta a IA como um refúgio sereno do caos do mundo real. Os primeiros 40 segundos do filme mostram a protagonista a brincar com a IA, colocando a cara de um pato na sua escova de dentes, dando a si própria uma mão de lagosta e brincando com uma versão animada do seu gato.

A cena é leve e inofensiva até que a câmara revela um cenário desolador, pós-apocalíptico, do lado de fora da janela. Vê-se uma bandeira dos Estados Unidos tombada, linhas eléctricas derrubadas, fogos a arder e o contorno inconfundível de um esqueleto.

A protagonista, porém, não parece importar-se. No final do anúncio, encontra-se totalmente absorvida pelo telemóvel, enquanto uma bola de fogo se dirige para a Terra. Pouco antes do impacto, a cena inverte-se: a esfera flamejante transforma-se num desenho animado (cortesia da Pika). ‘Tudo é terrível. Não, não é!’, lê-se no ecrã, seguido do mote: ‘A realidade é opcional’.

A publicidade com base na IA tem sido frequentemente recebida com reações negativas, pelo receio de que possa vir a substituir a criatividade humana, mas acredita que a mistura de produção tradicional e de efeitos melhorados vá impressionar o público, por apresentar uma outra perspetiva.

“Queríamos que a peça desafiasse a quem se destina a IA e o que as pessoas podem fazer com ela”, argumenta Demi Guo, CEO da Pika, acrescentando que “ao contrário de muitos concorrentes, concentramo-nos nos criadores sociais do quotidiano e queríamos que as possibilidades criativas da nossa plataforma fossem igualmente evidentes, com a facilidade de utilização”.

Sobre o autorDaniel Monteiro Rahman

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41% das empresas portuguesas já usam inteligência artificial

94% das empresas que incorporam a IA na atividade reportam um aumento médio de receita de 30%, com 77% a registarem melhorias na produtividade, segundo o estudo da AWS com a Strand Partners

Em 2024, 96 mil empresas portuguesas adotaram a inteligência artificial (IA) pela primeira vez, o que corresponde a 41% do total de empresas do país e um crescimento de 17% face a 2023. “São cerca de 12 novas adoções por hora”, avança o estudo ‘Desbloquear as Ambições de Portugal sobre Inteligência Artificial (IA) na Década Digital em 2025’, da Amazon Web Services (AWS) com a Strand Partners.

De acordo com o relatório, 94% das empresas que incorporam a IA na atividade reportam um aumento médio de receita na ordem dos 30%, com 77% a registarem melhorias relevantes na produtividade. O estudo revela que 62% das organizações empresariais são startups e que 65% das pequenas e médias empresas (PME) ainda estão em níveis básicos de adoção da IA.

Segundo a análise, o investimento em tecnologia digital cresce 61% no último ano, uma diferença de dez pontos percentuais face à média europeia, que não vai além dos 51%. “O ritmo acelerado de adoção de tecnologias digitais, principalmente de IA, poderá libertar €61 mil milhões para a economia portuguesa, caso se mantenha a esta velocidade”, refere o relatório.

“Portugal tem tudo para se destacar como líder europeu na adoção de IA. Estamos empenhados em impulsionar este futuro e ajudar o tecido empresarial, de todas as dimensões, a transformar ambição em inovação”, defende André Rodrigues, diretor de tecnologia da filial da AWS Sul da Europa e França, citado em comunicado de imprensa.

71% das empresas têm dificuldade em contratar profissionais especializados

A adoção de IA em Portugal não ocorre, porém, à mesma velocidade em todo o país. Segundo o estudo, apenas 11% das grandes empresas usam a tecnologia de forma transformadora e só 19% têm uma estratégia global de IA. A falta de competências digitais dos colaboradores é apontada por 42% das empresas como uma das barreiras à implementação.

71% dos empregadores portugueses admitem dificuldade em contratar profissionais com as competências adequadas e em retê-los nas empresas. A média europeia é de 44%. “Muitas empresas estão dispostas a oferecer prémios e aumentos salariais — em média 41% — a candidatos com fortes competências nesta área”, salienta a análise.

O investimento inicial é outro dos obstáculos à adoção de IA, com 34% das companhias a apontarem os custos como uma barreira, enquanto que 21% referem a falta de clareza sobre o retorno do investimento como obstáculo. A incerteza regulatória também demove mais de um terço das mil empresas nacionais e dos mil portugueses inquiridos para o estudo, com 37% das organizações empresariais a hesitarem na implementação por não saberem com o que podem vir a contar.

“Para ultrapassar as barreiras à adoção que ainda existem em Portugal, é necessária a cooperação digital entre empresas e governantes, para impulsionar as competências digitais entre os colaboradores tecnológicos e não tecnológicos e para desenvolver uma estrutura regulamentar que atenue os riscos e incentive a inovação”, recomenda o estudo.

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