Estudo da Deloitte revela: jovens valorizam cada vez mais flexibilidade laboral
Os jovens portugueses valorizam cada vez mais a flexibilidade laboral e o equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho, a par das tendências mundiais. É o que revela o […]

Sandra Xavier
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Os jovens portugueses valorizam cada vez mais a flexibilidade laboral e o equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho, a par das tendências mundiais. É o que revela o 2023 Gen Z and Millennial Survey, inquérito realizado a jovens de todo o mundo, incluindo Portugal, pela Deloitte.
Focado na experiência dos inquiridos no local de trabalho e nas atitudes em relação ao mundo que os rodeia, o estudo divulga que, apesar das organizações registarem alguns progressos nos últimos anos, novos desafios estão a surgir e a afetar a capacidade da geração Z e dos Millennials de planear o seu futuro.
A pesquisa revela que quase metade dos jovens portugueses está numa modalidade de trabalho híbrido ou remoto, e muitos afirmam que considerariam procurar um novo trabalho caso o seu empregador tornasse a presença obrigatória.
A flexibilidade é, de resto, um dos principais elementos para os portugueses, com cerca de um quarto dos inquiridos – 25% da geração Z e 26% dos Millennials – a afirmar que permitir o trabalho remoto para os colaboradores que assim o desejem seria uma boa medida das organizações para fomentar a flexibilidade e equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho.
A nível global, 54% da geração Z e 59% dos Millennials acredita que o trabalho híbrido é positivo para a sua saúde mental, com muitos a apontarem benefícios como mais tempo livre para estar com amigos e família, tratar de responsabilidades fora do trabalho e ocupar o tempo com hobbies, e reduzir o custo em transportes.
Mas também surgem algumas preocupações: 18% da geração Z e 15% dos Millennials sentem-se excluídos ou prejudicados pelas chefias a favor de colegas que passam mais tempo em regime presencial, e preocupa-os que o modelo híbrido ou remoto possa limitar a sua carreira, porque 14% acredita que pode tornar mais difícil estabelecer uma relação com colegas.
De acordo com a pesquisa, quase metade dos jovens portugueses – 39% da geração Z e 44% dos Millennials – são a favor da semana de trabalho de quatro dias, percentagens “ligeiramente” superiores à média dos jovens a nível global.
Principais preocupações
As preocupações quanto ao custo de vida crescente afetam os jovens dos vários países incluídos no estudo, com mais de metade a acreditar que será muito difícil ou impossível constituírem uma família ou comprarem casa própria.
Cerca de metade vive “de ordenado em ordenado” e tem receio de não conseguir fazer face a todas as despesas – 53% da geração Z e 51% dos Millennials portugueses -, números em linha com as tendências globais: 51% da geração Z e 27% dos Millennials.
44% da geração Z e 31% dos Millennials portugueses têm um segundo trabalho, e apesar de a principal razão ser económica, muitos, conclui a pesquisa, “fazem-no porque desejam prosseguir uma paixão ou passatempo além do seu trabalho principal.”
As ocupações mais comuns em trabalhos esporádicos são a entrega de refeições ou aplicações de partilha de boleias (23% e 11%), gaming profissional (23% e 8%), trabalho em retalho ou restauração (21% e 8%) e treino desportivo (16% e 10%).
Stress e burnout
Apesar de se registarem algumas melhorias, os níveis de stress e burnout ou esgotamento continuam altos entre a geração Z e os Millennials. Cerca de 46% da geração Z e 39% dos Millennials globais afirmam sentir-se stressados, em termos globais, durante grande parte do tempo ou mesmo todo o tempo Em Portugal, os números aumentam ligeiramente: 49% para a geração Z e 43% para os Millennials. Entre as preocupações que contribuem para esta sensação estão a saúde mental, o futuro financeiro a longo prazo, a saúde e bem-estar da família e as finanças do dia-a-dia.
Em Portugal, 46% da geração Z e 39% dos Millennials afirmam sentir-se “muito stressado e em esgotamento devido à intensidade das suas obrigações profissionais, valores ligeiramente mais baixos do que os 52% da geração Z e 49% dos Millennials que afirmam sentir-se em esgotamento a nível global. Em ambos os casos, os valores representam uma subida desde o ano passado”.
A crise climática é outra preocupação destas gerações, mas, segundo o estudo,” aspetos financeiros estão a impedi- los de priorizar a sustentabilidade.”
Para Diogo Santos, partner da Deloitte, “este estudo é um retrato nítido sobre duas gerações que são o presente e o futuro, e que irão liderar tendências que já estão a transformar a sociedade e o mundo do trabalho. As conclusões constituem importantes ingredientes para as empresas configurarem novas estratégias de atração e retenção de talento, adaptando-se assim às especificidades destas novas gerações que representarão a maioria da força de trabalho já em 2025.”
A 22ª edição do 2023 Gen Z and Millennial Survey conta com respostas de mais de 22 mil inquiridos em 44 países, incluindo 400 em Portugal, 200 dos quais pertencem à geração Z e 200 aos Millennials.
O inquérito reflete as respostas de 14.483 pessoas da geração Z e 8.373 Millennials (22.856 inquiridos no total), de 44 países da América do Norte, América Latina América do Norte, América Latina, Europa Ocidental, Europa Oriental, Médio Oriente, África e Ásia-Pacífico. O inquérito foi realizado através de uma entrevista do tipo auto preenchimento. O trabalho de campo foi concluído entre 29 de novembro de 2022 e 25 de dezembro de 2022. Para além do inquérito, em março de 2023, foram realizadas entrevistas qualitativas com 60 Gen Zs e Millennials do Brasil, Alemanha, Índia, Japão, Reino Unido e EUA. Tal como definido no estudo, os inquiridos da geração Z nasceram entre janeiro de 1995 e dezembro de 2004 e os inquiridos da geração Millennial nasceram entre janeiro de 1983 e dezembro de 1994.