Editora Abysmo cria revista digital para sentir o pulso aos efeitos da pandemia
“Torpor. Passos de voluptuosa dança na travagem brusca”. Assim se chama a nova revista digital gratuita criada sob a chancela da Abysmo e com direcção editorial de João Paulo Cotrim, jornalista, escritor e fundador da editora.
Pedro Durães
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“Torpor. Passos de voluptuosa dança na travagem brusca”. Assim se chama a nova revista digital gratuita criada sob a chancela da Abysmo e com direcção editorial de João Paulo Cotrim, jornalista, escritor e fundador da editora. A publicação, que conta com imagem gráfica de José Teófilo Duarte, promete ser “um espaço de ensaio”, sendo que “nasce assumida e marcadamente durante a crise pandémica e pretende captar o efeito que a mesma, e o respectivo confinamento, teve e terá tanto nas artes como na vida”. Entre os colaboradores da revista estão nomes como Alberto Pimenta, António de Castro Caeiro, António Jorge Gonçalves, Nuno Saraiva, Rita Taborda Duarte, Inês Fonseca Santos, João Fazenda, Sérgio Godinho, Filipe Homem Fonseca ou António Mega Ferreira, entre outros, com a publicação a dar espaço a artistas plásticos, pintores, ilustradores, fotógrafos, escritores, psicanalistas, divulgadores científicos, ensaístas, jornalistas, poetas, tradutores, designers, produtores, no fundo “criadores de toda a espécie”.
“Tendo a Abysmo autores variados e de grande dinamismo, vários deles sem qualquer pudor no uso das redes para ensaio de novas formas de contar ou meio de publicação, apercebemo-nos cedo na crise pandémica que não haviam parado de produzir de muitos modos: poemas, contos, pensamento, desenho, pintura, humor, muitas vezes misturando os vários géneros e linguagens. Ou o seu trabalho tinha sido apanhado pela quarentena ou tentavam capturar o ar dos tempos, como se estivessem a pensar alto”, enquadra João Paulo Cotrim, prosseguindo que, “de par com os autores da casa, um sem número de amigos ia comentando e produzindo e jogando nas redes, pelo que se afigurava urgente não perder no fluxo aquilo que era bastante mais que espuma dos dias”. “A estes juntaram-se depois outros com trabalhos inéditos ou feitos propositadamente”, conclui.
“Entendendo a Abysmo o trabalho de edição como a tentativa de retirar ao caos o que se consiga de sentido, no caso, de partir da dispersão atómica das redes para uma montar arquitectura de nexos próxima da publicação, de um quase livro, desafiámos os nossos parceiros de outra aventuras, o atelier DDLX, para fazer uma revista digital, que será site e pdf, ou seja online e offline, experimentando, afinal, este jogo entre dentro e fora, entre a ligação ao mundo e o recolhimento íntimo que só a leitura permite. Acabou sendo uma sacudidela no torpor”, explica o fundador da editora sobre o projecto que arranca esta quarta-feira no site da editora e contará com uma versão em PDF disponível a partir do próximo dia 25 de Maio.