Ricardo Tomé, director coordenador da Media Capital Digital e docente na Católica Lisbon School of Business and Economics
O futuro do vídeo hoje
Serão a marca e a infra-estrutura tecnológica hoje tão preponderantes quanto o conteúdo?
Pedro Durães
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Novembro está a ser um mês rico em lançamentos de SVOD. Primeiro a Apple TV+ e depois a Disney+. Ainda que este último tenha sido lançado com imensos problemas de infraestrutura (no dia do lançamento foram muitos os que nem sequer conseguiram aceder ao mesmo), já a Apple ofereceu aos seus clientes de novos equipamentos um ano de acesso grátis. Ok. Então e agora?
O futuro do vídeo chegou. Mas não será sereno.
À Disney compete conseguir o que a Apple conseguiu num piscar de olhos (no dia 1 estar disponível e acessível a centenas de milhões de utilizadores – pelo iPhone, Apple TV ou MacBook): ou seja – escala na distribuição, algo que à Disney levará meses! Já à Apple compete conseguir em dois anos o que a Disney tem desde o dia 1: conteúdo, conteúdo, conteúdo. Séries, filmes e documentários. Para miúdos e graúdos. Mas com os previstos 4 mil milhões de dólares/ano, parece que está no bom caminho.
E à volta?
No YouTube continua a privilegiar-se o micro-conteúdo, em AVOD, mas agora com fortíssimas restrições na publicidade endereçada a crianças abaixo dos 13 anos e cada vez com maior escrutínio mesmo acima dessa faixa etária. No Facebook as novidades são poucas; o Watch continua ‘empatado’ sem nada que o faça mexer e o IGTV oscila entre o laboratório e o “desconheço, não vejo”, no ecossistema do Instagram.
E nas Telcos?
Sem dúvida aqui ergue-se nova equação.
Querem as mesmas ser o agregador de soluções de SVOD, para que o utilizador use a box como ‘hub’ de acesso primordial, com pesquisa e navegação entre os vários serviços? Ou, pelo contrário, manter distantes estes OTT, que só rompem com o ecossistema de negócio evidenciando ainda mais que basta uma ligação à internet e questionando os ‘pacotes’ 3-em-1 e 4-em-1?
No MIPCOM deste ano os estudos mais recentes e partilhados apontavam para médias de 15 minutos para os utilizadores entrarem, encontrarem e decidirem num SVOD o que ver – entre a hesitação, incerteza, navegação, verificação da lista pessoal, etc.
Ao mesmo tempo, o Netflix prepara-se para lançar as colecções, ou seja, títulos curados por especialistas para fazer face ao problema da oferta sem fim. Na Apple Music e no Spotify já temos estações de rádio e podcasts, pois que o pedido de muitos foi de simplesmente ter acesso aos curadores, aos que simplificam, organizam a nossa vida e a descomplicam, que nem todos conseguem ter tempo e paciência para criar e organizar uma bela playlist de música, antes preferindo a selecção das estações de rádio.
Daqui a mais alguns meses hesitaremos dizer onde está aquela série que não é exclusiva e recente, não sabendo mais onde a encontrar por entre os seis ou sete SVOD e AVOD disponíveis…
Não deixa de ser curioso, num mundo onde outrora bastava “ligar a televisão e escolher o canal”, hoje poder ser tão confuso encontrar algo de interessante para ver. Serão a marca e a infra-estrutura tecnológica hoje tão preponderantes quanto o conteúdo? Brand + Content + Tech are King?
O futuro não quer dizer que tenha de ser muito diferente. As televisões locais devem saber reservar-se a esse papel de castelo seguro, de rostos, temas e curadoria que fala de nós e da nossa realidade local e nos simplifica a vida e nos sabe informar e entreter com qualidade. Têm agora, como se vê, de saber resolver a distribuição e a experiência multiplataforma, bem como manter acesa a chama da sua marca. Em vez de olhar para a “audiência”, olhar para o seus “clientes”, os seus “seguidores” os seus “fãs”.
Ah, é verdade – e para o modelo de negócio. Raios. Falta ainda esse pequeno pormenor…
Artigo de opinião assinado por Ricardo Tomé, director coordenador da Media Capital Digital