A reputação da Lusófona vista por um canudo
“A Lusófona sairá fragilizada. Tal condição poderá significar menos alunos, já no próximo ano lectivo, mas também um certo estigma ou menor valorização no futuro em ser formado nesta universidade”, refere Renato Póvoas, em artigo de opinião
Rui Oliveira Marques
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Artigo de opinião da responsabilidade de Renato Póvoas (managing partner da Guess What Public Relations e autor do blogue e livro Relações Públicas Sem Croquete)
Baseado apenas na minha própria percepção, diria que até ao passado dia 3 de Julho, dia em que surgiu o caso “Lusófona” através da entrevista de Miguel Relvas ao jornal “i” – isto apesar da primeira referência nos media ter surgido no dia 7 de Junho no jornal “O Crime” -, a Universidade Lusófona gozava de uma imagem pública positiva. Recorde-se que o Grupo Lusófona é um dos maiores grupos privados de ensino superior com 45 mil alunos em Portugal e no estrangeiro, nomeadamente em Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Brasil.
Com este episódio a universidade viu-se envolvida num ruidoso caso mediático que tem afectado o bom nome da instituição. Independentemente do desfecho de toda a situação e do que se venha a apurar, a Lusófona, enquanto instituição de ensino de referência, sairá fragilizada. Tal condição poderá significar menos alunos, já no próximo ano lectivo, mas também um certo estigma ou menor valorização no futuro em ser formado nesta universidade.
Se por um lado podemos dizer que a Lusófona é apenas um meio para atingir Miguel Relvas, com o objectivo de o descredibilizar publicamente e o afastar do actual elenco governativo, por outro salienta-se por parte desta universidade o tardio e cabal esclarecimento de todas as informações vindas a público nos últimos dias. Ao contrário da Política, onde infelizmente, escasseiam os exemplos de boa reputação sem que isso tenha consequências negativas directas, na Educação a reputação é um importante activo das instituições que deve ser valorizado, construído e defendido para que haja viabilidade financeira. A este nível não podem existir silêncios nem “não-assuntos”.
Em todo este caso a Lusófona cometeu vários erros. A começar na reacção aos factos tornados públicos. No momento em que escrevo este artigo – 9 de Julho, a universidade ainda não disponibilizou publicamente o processo. Ao contrário do que estava previsto, e sem justificação aparente, ainda não foi esta manhã que se ficaram a conhecer todos os pormenores da licenciatura de Miguel Relvas, embora já tenham passado 6 dias desde que o caso foi divulgado pelo jornal “i”.
Com a notícia do jornal “O Crime” a 7 de Junho e pela evolução do assunto nas redes sociais nas semanas seguintes, seria expectável que a Lusófona tivesse mais preparada para a actual situação de crise do que efectivamente está. Parece-me que a universidade não valorizou estes sinais o que torna a sua gestão neste momento mais problemática. A evolução do processo mediático tem demonstrado também que a postura meramente reactiva da instituição não é suficiente para reverter o curso dos acontecimentos.
Para além da rapidez, transparência e assertividade nos esclarecimentos prestados pela Lusófona, a universidade não tem conseguido mobilizar outros agentes na sua defesa, algo bastante utilizado e importante em processos deste género. Os que têm vindo a público têm-se mostrado bastante críticos a todo este caso, desde as associações de antigos alunos que exigiram uma auditoria externa aos restantes 89 processos que receberam créditos pela experiência profissional até às declarações do presidente da Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado que referiu: «casos como este não conheço, a não ser este, sinceramente».
É urgente que a Universidade Lusófona esclareça rapidamente tudo o que haja a esclarecer, sem qualquer tipo de reservas. Não deverá existir qualquer secretismo e toda a opinião pública deverá conhecer em detalhe o que foi feito para creditar a experiência profissional de Miguel Relvas. Numa segunda fase deverá colocar em marcha um plano de marketing de crise de forma a tornar a actual situação numa oportunidade para atingir os seus objectivos estratégicos.