Entre as fake news e um modelo de negócio em crise (com vídeo)
O problema das fake news levantou questões sobre a credibilidade das redes sociais e abriu uma oportunidade de (re)afirmação para os media tradicionais. Só que um modelo de negócio em crise coloca em causa a capacidade para a aproveitar
Pedro Durães
Acne assina campanha da CIN que promove as duas áreas responsáveis por 40% da faturação global da empresa (com vídeos)
Prémios de Marketing M&P’23: ‘É uma menina’ vence Grande Prémio, Dentsu Creative é Agência Criativa do Ano, Mindshare é Agência de Meios do Ano e António Fuzeta da Ponte é Marketeer do Ano
Só 41% dos consumidores é que optam por marcas sustentáveis
O que pode ler na edição 955 do M&P
Toys ‘R’ Us entrega comunicação e eventos à 17.Com
Santa Casa põe a concurso conta de €20,85 milhões
Já são conhecidos os 14 representantes portugueses no Young Lions
Futebolista Rafael Leão protagoniza adaptação portuguesa da nova campanha global da Adidas (com vídeo)
O problema das fake news levantou questões sobre a credibilidade das redes sociais e abriu uma oportunidade de (re)afirmação para os media tradicionais. Só que um modelo de negócio em crise coloca em causa a capacidade para a aproveitar
O papel do jornalismo não está em causa, talvez esteja inclusivamente mais claro agora do que alguma vez esteve nos últimos anos, sendo tanto mais preponderante quanto os meios de comunicação social sejam capazes de ocupar aquele o que foi o seu espaço de sempre, o escrutínio de poderes aliado à credibilidade, e tenham a coragem de se afastar da deriva norteada pelo clickbait nas redes sociais e que levou a comprometer a qualidade da informação produzida. Estas são algumas das ideias-chave sobre o futuro dos media e do jornlismo que ficou do debate “Jornalismo, fake news e credibilidade dos media”, promovido pelo M&P no âmbito do Dia da Comunicação com a participação de António Costa, publisher do Eco, Fernando Esteves, director do Polígrafo, Paula Ferreira, chefe de redacção do Jornal de Notícias, Sofia Moura, directora coordenadora de brand content & entertainment da SIC, e Vítor Cunha, administrador e accionista da JLM&A.
“Quer os jornais mais antigos quer os novos estão a encontrar o seu posicionamento, estão a encontrar formas de serem fontes de informação credivel”, afirma o publisher do Eco, garantindo que “não está em causa o nosso papel e será tanto maior quanto maior for a nossa capacidade de escrutinio de todos os poderes”. “As fake news trazem também uma oportunidade para os media”, considera.
Prova disso mesmo é o nascimento do Polígrafo, o primeiro projecto jornalístico focado na verificação de factos. Nas palavras do fundador e director, Fernando Esteves, “o grande desafio para a comunicação social nos dias de hoje é a diferenciação entre aquilo que é realidade e aquilo que é ficção” já que “a maioria da informação consumida nos chega a partir das redes sociais e essas redes não têm triagem jornalistica, há muita manipulação, as pessoas tomam qualquer informação por verdadeira e isso cria uma sociedade mais desinformada”. “Os media perderam capacidade para verificar aquilo que se diz e isso gera uma espécie de embriaguez intelectual, uma incapacidade para tomar boas decisões, uma opinião pública fragilizada, e abre espaço a alternativas simplistas como o Bolsonaro ou Trump”, explica Fernando Esteves, que deixa o alerta: “Sem intermediação jornalística, este é um grande perigo que corremos.”
Já Paula Ferreira não tem dúvidas de que “não está no horizonte o fim do jornalismo, longe disso”, até porque “a essência do jornalismo não mudou, as plataformas é que mudaram”. Mas, acredita a chefe de redacção do Jornal de Notícias, “os jornais em papel não vão acabar, se calhar não vão ficar todos mas alguns sim”, embora considera que, no final do dia, “o mais importante é o jornalismo, a plataforma é indiferente, só que é preciso encontrar um modelo de negócio, o erro foi dar tudo de graça”.
“Sempre que há uma evolução tecnológica esta discussão surge, mas acredito que há espaço para o papel ao nível das publicações mais premium”, concorda Vítor Cunha. Para o administrador da consultora de comunicação JLM&A, ele próprio ex-jornalista, pelo meio de toda esta cruzada contra as fake news e contra figuras que atacam os media, coloca-se o problema adicional de que “há meios com muita tradição que se estão a afundar com esta tendência de fazer campanha, de insistir constantemente no mesmo assunto, caso é o caso do The New York Times contra Trump”. “Os meios que quiserem persistir têm de apostar na qualidade, as marcas nascem e morrem, mas quem tiver uma boa gestão e um produto com qualidade tem condições para ser bem sucedido, o mercado publicitário está a crescer, o dinheiro está aí, pode é estar a mudar de uns meios para outros”, refere Vítor Cunha, garantindo que “não será por falta de investimento que os meios poderão desaparecer mas porque não estão a perceber bem o que lhes está acontecer”. Veja o vídeo completo do debate.