A coragem de quem dá a cara e o sangue para batalhar um preconceito
‘O Cartaz HIV Positivo’ (na foto), da Ogilvy Brasil para o Grupo de Incentivo à Vida, é a campanha que Gabriel Mendes gostaria de ter feito, e a ‘Popota (2018)’, para o Continente, é a que mais gostou de fazer. O diretor de arte sénior da Judas explica as razões das escolhas, na rubrica do M&P Como É Que Não Me Lembrei Disto?

Daniel Monteiro Rahman
O que pode ler na edição 979 do M&P
iServices inaugura nova sede regional no Porto com Academia de Formação Técnica
Tarifas de Trump obrigam Temu e Shein a cortar no investimento publicitário
M&P 979: Publicidade minimalista + ‘Gamer’ Dio Rods vence no Instagram + Opinião de João Paulo Luz, Paula Cosme Pinto e Hélder Pombinho
Zendaya vive aventura intergaláctica em campanha da On
HoneyGuide comunica rebranding do hotel Forte de Gaia
Turismo de Portugal atrai festivaleiros com campanha da Dentsu
Dior anuncia Ashley Park como nova embaixadora
OpenAI cria rede social para competir com o X
Publicidade digital deve ser relevante, não intrusiva e acrescentar valor
Qual é a campanha que gostaria de ter feito?
É muito fácil ser repetitivo ao responder a esta pergunta citando umas das várias campanhas multipremiadas que habitam o nosso subconsciente. Mas no topo da minha lista de referências está a campanha ‘O Cartaz HIV Positivo’, da Ogilvy Brasil.
Quais são as razões dessa escolha?
Adoro esta ideia por vários motivos, mas o maior talvez seja o facto de ser uma daquelas ideias difíceis de reproduzir. É praticamente impossível ficar indiferente a um cartaz com a inscrição ‘Portador de HIV’, pelo menos até a campanha desconstruir este preconceito e revelar que isto deveria ser algo perfeitamente normal.
O que é que lhe chamou mais a atenção, o texto, a imagem, o protagonista ou outro aspeto da campanha?
Mais do que o ‘copy’ e o ‘craft’, a coragem. Por se tratar de um tema preconceituoso e de combate à desinformação, sem um grupo de pessoas corajosas, esta ideia nunca teria visto a luz do dia. Dos criativos que tiveram a coragem de apresentar esta ideia aos diretores criativos; dos diretores criativos que a aprovaram; dos parceiros que se envolveram na produção; e, sobretudo, das pessoas que deram a cara – e o sangue – em prol da causa.
Esta campanha inspirou-o a nível criativo?
Bastante. Sobretudo, mantendo acesa a chama sobre como o nosso trabalho pode mudar alguns comportamentos, ou, no mínimo, fazer as pessoas pensar sobre os mesmos.
Qual é a campanha que fez que mais o concretizou profissionalmente?
Não foi a mais recente nem a mais premiada, mas ter feito a campanha da Popota de 2018, para o Continente, foi, sem dúvida, muito especial. Para além da honra de criar para uma celebridade tão marcante para o Natal dos portugueses e de ter trabalhado com pessoas de quem gosto muito, foi mágico ir buscar o meu filho ao colégio e vê-lo orgulhoso a contar que o pai havia feito aquilo.
Como é que chegou a esta ideia e avançou para a execução?
Todos nós já tivemos aquela curiosidade de espreitar um embrulho para saber o que está lá dentro. Foi a partir deste ‘insight’ que idealizámos uma criança curiosa para entrar no mundo dos brinquedos e conhecer a Popota.
Para isso, foi necessário filmar várias cenas com recurso a efeitos 3D e, apesar das aparências, com os parceiros certos e pessoas talentosas envolvidas, o processo acabou por ser bastante fluido e o resultado excelente. Hoje, seis anos depois, o vídeo no YouTube conta com quase meio milhão de visualizações.
O que é que faz quando não tem ideias?
Tento fazer qualquer outra coisa que não esteja relacionada com o problema. Depois, quando regresso ao problema, parece que tenho um novo problema, mas com um prazo mais curto. A minha terapeuta agradece.
Ficha técnicaCampanha ‘O Cartaz HIV Positivo’ |
Ficha técnicaCampanha ‘Popota’ |