Jeff Bezos acaba com apoio do The Washington Post a políticos. Assinantes e redação reagem
Num artigo de opinião no jornal que detém, Jeff Bezos (na foto) argumenta que toma a decisão para evitar uma “perceção de parcialidade”, preocupado com a perda de confiança nos media tradicionais. Com isto, o The Washington Post já perdeu 200 mil assinantes e elementos da equipa editorial

Daniel Monteiro Rahman
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Num artigo de opinião no jornal de que é proprietário, Jeff Bezos defende a decisão de o The Washington Post não apoiar Kamala Harris, na corrida às eleições presidenciais norte-americanas, que a opõe a Donald Trump, para não criar uma “perceção de parcialidade”. A decisão está não só a chocar a equipa editorial do jornal e a provocar conflitos na redação, como leva à demissão de membros do conselho editorial e à perda de 200 mil assinantes.
Na coluna que escreve, Jeff Bezos argumenta que toma a decisão por estar preocupado com o facto de as pessoas terem perdido a confiança nos meios de comunicação social tradicionais, nos Estados Unidos, e estarem a obter notícias através das redes sociais e de podcasts, tornando-as vulneráveis à desinformação. “A maioria das pessoas acredita que os meios de comunicação social são parciais. Quem não vê isso está a prestar pouca atenção à realidade e quem luta contra a realidade, perde”, lê-se no artigo de Jeff Bezos, no The Washington Post.
O que está em causa no jornal detido pelo bilionário, que é também dono da Amazon, é que o The Washington Post apoia e defende, desde 1976, todos os candidatos democratas que se candidatam à Casa Branca. É sobretudo conhecido por ter desvendado o Caso Watergate, que derruba o presidente republicano Richard Nixon, em 1972.
Este ano não seria exceção, com dois jornalistas do The Washington Post a garantirem, em artigos de opinião assinados no jornal, que o conselho editorial já teria redigido um texto de apoio a Kamala Harris, quando Jeff Bezos proíbe a sua publicação. “Os apoios presidenciais não fazem nada para fazer pender a balança de uma eleição. Nenhum eleitor indeciso na Pensilvânia vai dizer: ‘vou optar pelo apoio do jornal A’. Nenhum. O que os apoios presidenciais realmente fazem é criar uma perceção de parcialidade. Uma perceção de não-independência. Acabar com eles é uma decisão de princípio e é a decisão correta”, enfatiza Jeff Bezos.
Face à decisão e sobreposição à equipa editorial, cerca de 20 colunistas do The Washington Post assinaram uma declaração conjunta, em que sustentam que a decisão foi “um abandono das convicções editoriais fundamentais do jornal que amamos”. Um dos editores principais do jornal, Robert Kagan, demitiu-se, assim como dois colunistas, e outros poderão seguir-se.
Numa entrevista à CBC, Marty Baron, antigo editor do jornal, criticou a decisão, considerando-a uma mancha no bom historial de Jeff Bezos, que apoiou o The Washington Post no seu jornalismo, tendo o jornal divulgado várias reportagens sobre Donald Trump e o seu círculo. “Jeff Bezos apoiou-nos até ao fim. Sofreu muita pressão de Donald Trump, o ex-presidente até ameaçou a sua empresa, a Amazon, e ele não cedeu em nada. Vejo este desenvolvimento como uma cedência à pressão de Donald Trump”, argumenta.
Soube-se, entretanto, que executivos da Blue Origin, empresa de Jeff Bezos, estiveram reunidos com Donald Trump horas antes do anúncio desta proibição. O bilionário nega, no artigo de opinião, que interesses comerciais tenham motivado a sua decisão e afirma que a reunião de negócios que ocorreu foi uma mera coincidência.