Micro-pagamentos para apoiar quem cria conteúdos
Dois projectos portugueses, uma revista online dedicada à cultura e uma rede social de curadoria de conteúdos, conseguiram financiamento de 100 mil euros para implementar um sistema de micro-pagamentos Um […]
Rui Oliveira Marques
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Dois projectos portugueses, uma revista online dedicada à cultura e uma rede social de curadoria de conteúdos, conseguiram financiamento de 100 mil euros para implementar um sistema de micro-pagamentos
Um projecto de jornalismo independente e uma startup de curadoria de conteúdos obtiveram bolsas para implementar sistemas de monetização para micro-pagamentos que pretendem facilitar o envolvimento da comunidade no apoio a quem cria conteúdos. Os apoios foram atribuídos pelo Grant For The Web. Trata-se de um fundo de 100 milhões de dólares, que integra a Interledger Foundation, destinado ao fomento de protocolos e padrões de monetização de conteúdo web abertos e inclusivos.
A revista cultural multimédia Interruptor ficou com uma bolsa de 27 mil euros (33 mil dólares), mas no caso da plataforma Kult.pt o valor ultrapassou os 81 mil euros (97 mil dólares). A Interruptor irá agora desenvolver e implementar o padrão Web Monetization e o protocolo Interledger. “São tecnologias experimentais de monetização de conteúdo online que tentam fugir à lógica actual de rastreamento invasivo na navegação web”, explica ao M&P Rute Correia, directora da Interruptor. “O protocolo Web Monetization permite que sites consigam gerar receita através dos seus leitores sem que seja necessário activar uma subscrição, utilizar plataformas de terceiros ou ter publicidade. Já o protocolo Interledger permite microtransacções neste processo, abrindo portas à monetização em tempo real. Tanto o protocolo Interledger como o padrão Web Monetization são tecnologias abertas. Estão ambas numa fase muito inicial de desenvolvimento, sendo utilizadas, sobretudo, por outros projectos que também receberam fundos do Grant For The Web”, acrescenta a mesma responsável.
Fundada em Setembro de 2020, a Interruptor apresenta-se como uma revista multimédia independente dedicada à cultura, com uma aposta no jornalismo de dados, em podcasts e formatos longos. “Está planeado termos a tecnologia implementada até à segunda metade do mês de Julho. A partir daí, vamos disponibilizar as novas funcionalidades a cada dois meses. Tendo em conta que somos um meio quase de nicho, muito recente e ainda a conquistar público, ainda estamos a experimentar várias possibilidades”, refere Rute Correia, sublinhando que, “embora seja um objectivo ainda um pouco fora de alcance, agrada-nos a ideia de termos nos nossos leitores e ouvintes a principal fonte de receita, seja através de assinaturas ou donativos, como é o caso actual, seja através de soluções mais leves como esta da tecnologia Web Monetization. Acreditamos que a versatilidade de opções pode ser fundamental no momento de apoiar um determinado projecto porque nem todos têm a mesma disponibilidade financeira, nem as mesmas possibilidades de compromisso a médio ou longo prazo”. O processo de integração da tecnologia será documentado num novo blogue tecnológico associado à Interruptor. Caberá também à revista organizar eventos de partilha e de capacitação de outros meios de comunicação social para a utilização destas tecnologias.
A Kult, incubada na UPTEC do Porto e participante no programa Startup Voucher, apresenta-se como a primeira plataforma social voltada exclusivamente para a descoberta de conteúdos culturais como filmes, séries, músicas, podcasts e, em breve, livros, através da curadoria humana. A partir de uma galeria digital é possível salvar e organizar esses conteúdos. “O nosso objectivo é dar voz às pessoas para que digam o que vale a pena assistir, ouvir e ler. Além disso, a inovação está também no modelo de negócio disruptivo, que procura a monetização de curadores e criadores de conteúdo independentes e que será possível com o Grant For The Web”, avança Patrick Rahy, CEO e co-fundador da Kult.
A plataforma Kult vai agora usar a tecnologia Web Monetization para permitir pagamentos peer-to-peer entre os utilizadores, começando em quantias a partir dos 0,0001 dólares. Será possível “monetizar curadores de conteúdos, que poderão cobrar para que outros utilizadores acedam às suas curadorias exclusivas, assim como permitir a doação de fãs para curadores e criadores de conteúdo”. Será ainda possível monetizar criadores independentes, nomeadamente podcasters e músicos, que “poderão fazer upload de áudio para o Kult e cobrar micro-pagamentos por cada segundo escutado pelo utilizador”, prossegue Patrick Rahy. Estas três formas de monetização serão implementadas entre Setembro e Dezembro de 2021. O CEO da startup acredita que a tecnologia Web Monetization permitirá “a valorização de curadores e criadores independentes de conteúdo no Kult, através de um sistema de gratificação entre pessoas”. “Os micro-pagamentos entre pessoas já estavam previstos desde o nascimento do Kult, só não tínhamos na época a tecnologia ideal – por isso o Grant For The Web foi o match perfeito”, aponta.