APCT: Expresso resiste num ano em que a imprensa foi fustigada pela pandemia
Os números do mais recente relatório da APCT, relativos aos totais de 2020, não deixam dúvidas quanto à extensão dos danos infligidos pelo contexto pandémico na venda de jornais. Correio da Manhã, Jornal de Notícias e Público, os três diários generalistas auditados, venderam em média, e no seu conjunto, menos 29.902 exemplares por edição no último ano, o que representa uma queda na ordem dos 23,1%.
Pedro Durães
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Num ano em que todos os títulos de informação geral registam quebras na ordem dos dois dígitos, a maioria deles sofrendo quedas acima dos 20% na circulação impressa paga, o Expresso foi aquele que melhor resistiu ao impacto provocado pela pandemia. O semanário da Impresa fecha as contas de 2020 com a circulação impressa paga a diminuir apenas 0,13% face a 2019, além de ser o único generalista a registar um crescimento nas vendas em banca (+1,7%).
Os números do mais recente relatório da APCT, relativos aos totais de 2020, não deixam dúvidas quanto à extensão dos danos infligidos pelo contexto pandémico na venda de jornais. Correio da Manhã, Jornal de Notícias e Público, os três diários generalistas auditados, venderam em média, e no seu conjunto, menos 29.902 exemplares por edição no último ano, o que representa uma queda na ordem dos 23,1% relativamente à circulação impressa paga registada no ano anterior.
Valor que compara com a quebra de 7,9% sofrida de 2018 para 2019, traduzindo um agravamento da tendência descendente dos últimos anos, com as restrições à circulação forçadas pela pandemia a fazerem crescer as assinaturas, quase sempre de forma insuficiente para compensar as perdas, e reforçando igualmente a tendência de crescimento da circulação digital paga na generalidade dos títulos. Em alguns deles, casos do Público, Expresso e Diário de Notícias, com expressividade suficiente para equilibrar o saldo final da circulação paga.
Analisando o desempenho de cada um dos títulos, o Correio da Manhã mantém o estatuto de jornal com maior circulação impressa paga no mercado português, com uma média de 58.165 exemplares vendidos por edição em 2020. Números que reflectem o forte impacto provocado pela pandemia nas vendas do diário da Cofina, que em 2019 apresentava uma circulação impressa paga de 72.846 exemplares, o que significa que o título vendeu, em média, menos 14.681 exemplares por edição, uma quebra na ordem dos 20,2%.
No mesmo sentido, o Jornal de Notícias desce de uma média de 39.307 exemplares vendidos por edição em 2019 para uma média de circulação impressa paga de 28.172 exemplares, uma quebra de 28,3% que faz com que o título do Global Media Group encerre um ano pela primeira vez abaixo da fasquia dos 30 mil exemplares vendidos por edição. Também o Público regista quebras na ordem dos 23,6%, descendo de circulação impressa paga de 17.323 exemplares regista em 2019 para os 13.237 no último ano.
É entre os semanários que surge a excepção a este quadro de quebras a dois dígitos. Embora nenhum dos títulos generalistas publicados em Portugal – diários, semanários ou newsmagazines – tenha sido capaz de contrariar a tendência descendente, o Expresso acabou por revelar uma reacção distinta à chegada da pandemia ao ver a sua circulação impressa paga crescer a partir de Março e vendendo sempre mais exemplares por edição entre os meses de Abril e Dezembro, com excepção do mês de Outubro, na comparação com os números que apresentava no primeiro trimestre.
Após ter vendido, em média, 54.648 e 53.577 exemplares por edição nos meses de Janeiro e Fevereiro, respectivamente, o semanário da Impresa regista em Março uma circulação impressa paga de 54.330 exemplares, subindo em Abril, primeiro mês completo de Estado de Emergência, para os 56.565 exemplares e chegando a atingir um pico, em Julho, com 63.270 exemplares vendidos, em média, por edição. No último mês do ano, a circulação impressa paga estava nos 59.642 exemplares. Uma reacção que explica o facto de o semanário da Impresa registar uma diminuição da sua circulação impressa paga face a 2019 muito abaixo da quebra do mercado (-0,13%), fechando o ano com uma média de 56.606 exemplares em comparação com 56.677 no ano anterior, correspondendo a menos 71 exemplares vendidos, em media, por edição.
Já o Diário de Notícias, apesar de ter tido vários meses com maior volume de vendas em banca este ano, regista no total do ano uma média de 3.564 exemplares vendidos por edição, o que traduz uma quebra na ordem dos 34% relativamente à circulação impressa paga obtida em 2019 pelo título do Global Media Group, que entretanto regressou ao formato diário desde o passado dia 29 de Dezembro. Esse foi, aliás, o mês com melhores números para o título que passou a ser dirigido por Rosália Amorim na recta final do ano, ao registar uma média de 4.457 exemplares vendidos por edição em Dezembro, o valor mais alto do ano.
Entre as newsmagazines as quebras rondam os 17,6%. A Sábado segura a liderança do segmento, vendendo uma média de 30.815 exemplares por edição, que comparam com 38.566 exemplares vendidos em 2019 (-20,1%). A Visão regista uma média de circulação impressa paga nos 30.278 exemplares, que comparam com 35.574 exemplares no período homólogo (-14,9%).
Analisando isoladamente as vendas em banca, o Expresso volta a surgir em contra-ciclo, sendo o único título de informação geral a ver aumentar as suas vendas num ano em que a generalidade dos títulos regista igualmente uma perda de expressão nas bancas, agravada pelas restrições à circulação e pelo encerramento de alguns pontos de venda em virtude do contexto pandémico. O semanário da Impresa regista uma subida de 1,7% nas vendas em banca. Em sentido contrário, com quebras na ordem dos dois dígitos, estão o Jornal de Notícias (-25,4%), o Correio da Manhã (-20,6%), o Diário de Notícias (-17,8%), o Público (-17,3), a Visão (-17,25%) e a Sábado (-12,1%).
Digital reforça tendência de crescimento
A tendência de crescimento que vem sendo trilhada pela generalidade dos títulos no digital terá sido, em sentido contrário, impulsionada pela pandemia, com a circulação digital paga a beneficiar das restrições de circulação e necessidade de consumo de informação no contexto que vivemos, levando várias publicações a registar crescimentos de dois e até três dígitos.
O Expresso reforça o estatuto de líder no digital ao ver a sua circulação digital paga disparar para os 42.403 em 2020 face aos 27.688 registados em 2019, um crescimento de 53,2%. O semanário da Impresa registava uma circulação digital paga de 33.842 em Fevereiro, último mês antes da chegada da pandemia, subindo para os 37.545 logo em Março. Em Dezembro situava-se nos 44.944.
O Público, que permanece na segunda posição no digital, encerrou o ano com uma circulação digital de 34.696, que compara com os 23.956 registados em Fevereiro. Entre 2019 e 2020, o diário da Sonaecom quase duplicou a circulação digital paga, passando de uma média de 18.855 em 2019 para os 31.192 no último ano, números que traduzem um incremento de 96,7%.
Seguem-se o Jornal de Notícias, com 7.273 (+40,4%), o Diário de Notícias, com 3.519 (+113,8%) e o Correio da Manhã, com 1.623 (+1,8%). Entre as newsmagazines, a Visão assumiu a liderança do segmento no digital ao ver a sua circulação digital paga disparar 64,2%, encerrando o ano nos 2.711, enquanto a Sábado, detida pela Cofina, registou uma quebra de 29%, para os 1.358, sendo ultrapassada pela publicação da Trust in News.
No entanto, o crescimento generalizado da circulação digital paga só em alguns casos se revelou capaz de compensar as quebras registadas na circulação impressa. Público, Expresso e Diário de Notícias são os únicos títulos de informação geral a registar saldo positivo, com crescimentos igualmente ao nível da circulação total paga. O Expresso, que lidera na soma da circulação impressa paga e da circulação digital paga, com 99.009, regista assim um crescimento de 17,4% na circulação total paga registada no último ano face aos números alcançados em 2019 (84.365).
O Público regista um balanço positivo, passando de uma circulação total paga de 33.178 para os 44.429, um crescimento na ordem dos 33,9%. Já o Diário de Notícias, que passa dos 7.045 para os 7.083, regista um saldo ligeiramente positivo, suficiente para estancar a quebra na circulação impressa (+0,5%). Com saldo negativo ficam o Correio da Manhã, com 59.788 (-19,7%) e o Jornal de Notícias, com 35.445 (-20,3%). Nas newsmagazines, também com saldo negativo, a Visão passa a liderar com 32.989 (-11,4), seguida pela Sábado, com 32.173 (-20,5%).