Londres continua com um fulgor invejável
Artigo de opinião de Senhor Ricardo. O criativo esteve quase seis anos em Londres na Crispin Porter + Bogusky e na Digitas LBI. Em 2017 regressou a Lisboa tendo entretanto passado pela BBDO, O Escritório e Jack the Maker
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Uma das coisas que aprendi com os britânicos, enquanto vivi em Londres, foi não dizer mal de Sua Majestade e não queixar-me do clima da ilha. Eles até o podem fazer, mas são eles e não os estrangeiros. São extremamente orgulhosos de tudo o que faz parte do mundo britânico, incluindo as suas nuvens cinzentas e o facto de conviverem com elas grande parte do ano.
Mas em Junho de 2016, surgiu uma nuvem que se tornou um verdadeiro incómodo. É uma gigantesca nuvem negra que paira diariamente sobre as suas cabeças, carregada de incertezas em relação ao futuro, chamada Brexit e que preocupa cada vez mais, todas as indústrias, nomeadamente a criativa.
Desde o dia seguinte ao resultado do referendo, que Londres tem tido uma grande preocupação em garantir que continua a ser o mercado criativo mais atractivo para as grandes marcas globais mas também para o talento. Existe um conceito que não se quer perder, de que “Talent attracts talent” e que fez com Londres seja a cidade que, no mundo, tem a maior diversidade de profissionais a trabalharem na indústria criativa.
Lembro-me de que no primeiro dia em que o Brexit já era real, houve uma video-conferência de emergência na agência, de modo a explicarem as possíveis implicações do resultado no mercado e no grupo do qual fazíamos parte, mas acima de tudo para passarem a mensagem de que nenhum estrangeiro estaria em risco, só pelo facto de não ter nacionalidade britânica.
Passaram três anos e três meses desde essa reunião e muita coisa mudou, ao mesmo tempo que ficou praticamente quase tudo na mesma, em relação à indústria criativa em Londres. A cidade continua a criar e a produzir grande parte do trabalho (real e não ‘fantasmas’) de referência, para qualquer criativo em qualquer parte do mundo, e continua regularmente a conquistar prémios nos principais festivais internacionais de publicidade com esse mesmo trabalho.
É um mercado que continuou a crescer em termos de investimento, apesar de toda a instabilidade política, social e económica que surgiu com o Brexit. Só em 2018 houve um investimento de 23.6 mil milhões de libras e as previsões para um cenário de ‘Hard Brexit’ são à volta de 22.5 mil milhões de libras, encerrando uma década de crescimento. Para haver uma base de comparação, o investimento publicitário do mercado português, em 2018, foi pouco mais de 610 milhões de euros, cerca de 540 milhões de libras.
Aquele que é o pior dos cenários para os britânicos, seria um cenário de sonho para o mercado português ou para muitos outros mercados publicitários. Desde o resultado do referendo que algumas coisas podem ter mudado para pior, numa cidade vibrante e multicultural como Londres mas a verdade é que o seu mercado criativo continua com um fulgor invejável ao nível de qualidade de trabalho e financeiro. E enquanto assim continuar, não há nuvem negra que esmoreça a ambição que muitos criativos estrangeiros continuam a ter, de trabalhar em Londres.
Artigo de opinião de Senhor Ricardo. O criativo esteve quase seis anos em Londres na Crispin Porter + Bogusky e na Digitas LBI. Em 2017 regressou a Lisboa tendo entretanto passado pela BBDO, O Escritório e Jack the Maker