Um viveiro criativo no Porto
Numa área tão competitiva como a do audiovisual e das indústrias criativas, muitos projectos de empresas não saem do papel, condenadas à nascença pela falta de apoios.
Pedro Durães
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Numa área tão competitiva como a do audiovisual e das indústrias criativas, muitos projectos de empresas não saem do papel, condenadas à nascença pela falta de apoios. Estando fora da capital, o mar de dificuldades torna-se mais encrespado. Para evitar que isso aconteça, surgiu no Porto um projecto que lança o anzol à pesca dos melhores projectos, dos empreendedores mais criativos, para os levar para um ambiente propício ao seu desenvolvimento. “A incubadora de negócios criativos Aquário de Som e Imagem surgiu da necessidade de dar resposta a um conjunto muito significativo de solicitações informais de apoio a projectos empresariais levados a cabo por antigos alunos do curso de Som e Imagem da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa”, explica ao M&P Álvaro Barbosa, responsável pelo Aquário, que acrescenta que o objectivo deste projecto passa por fomentar o empreendedorismo. “O trabalho da incubadora visa intervir e acompanhar a transição das ideias aos negócios, proporcionando apoio a alunos e antigos alunos da Escola das Artes ao nível de aconselhamento e acompanhamento estratégico e técnico”, detalha. Álvaro Barbosa sublinha que o apoio começa, desde logo, no percurso académico com iniciativas que visam impulsionar e desenvolver o empreendedorismo. No que respeita à incubação empresarial, “o acompanhamento dos projectos seleccionados passa pela componente de estratégia empresarial, ao nível de planos de negócios e de financiamento ou de angariação de clientes, e pela componente técnico-científica ao nível de acesso a infra-estruturas e aconselhamento especializado na área da criatividade digital”.
O projecto, que existe desde o ano lectivo de 2008, já analisou dezenas de propostas empresariais. Daí, o anzol trouxe até ao Aquário sete empresas que estão agora activas no mercado, “sendo que duas já saíram da incubação, e outros cinco projectos em fase de pré-incubação”. “Atendendo à escala do mercado no Norte de Portugal e o universo de alunos da Escola das Artes consideramos estes números um excelente indicador”, sublinha Álvaro Barbosa, que traça as expectativas que tem para este projecto: “A incubadora Aquário de Som e Imagem tem como perspectiva integrar um projecto de maior abrangência e abertura à comunidade externa, o Centro de Criatividade Digital (CCD), que está em apreciação para ser apoiado por fundos do programa ON2 e constituirá o projecto âncora do cluster das Indústrias Criativas do Norte de Portugal.” O responsável adianta que, para lá da incubação empresarial, este projecto vai constituir o “Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes (CITAR), um centro de produção de conteúdos audiovisuais digitais equipado com infra-estruturas tecnológicas de última geração e um pólo de desenvolvimento de projectos experimentais com empresas já afirmadas no mercado”, uma situação que, acredita, trará “condições únicas para transferência de conhecimento e inovação nos negócios criativos”.
Os projectos
“Sem o Aquário não teríamos tido a oportunidade de ter um escritório como temos. No momento em que dávamos os primeiros passos e ainda com ideias pouco certas de como criar e gerir uma nova empresa, o Aquário deu-nos todo o apoio possível e imaginável, desde logístico, espaço até ao material para filmagens”, aponta Ana Sofia Pereira, uma das sócias da Cimbalino Filmes, produtora nascida a partir desta incubadora e focada nas áreas da cenografia virtual, projecção publicitária em fachadas, publicidade online, realização de vídeos promocionais e institucionais e filmagem de eventos. Segundo Ana Sofia Pereira, o apoio não fica por aqui: “Tivemos também a oportunidade de usufruir do apoio de um consultor que, nestas lides de criação de empresas e de angariação de clientes, tem sido fundamental para nos ajudar a crescer e a aprender o que é de facto ter uma empresa”. “A inclusão no Aquário tem a vantagem objectiva de diminuir custos de arranque numa fase em que a empresa se está a consolidar”, começa por referir Gonçalo Cruz, um dos fundadores da Jump Willy, uma empresa que junta a pós-produção de imagem e a pós-produção de som sob o mesmo tecto e que “surgiu por se considerar que é possível a criação de um pólo de pós-produção de referência a partir do Porto para o mundo”. Para além disso, o responsável desta empresa que se dedica à animação 3D, motion graphics, design de som e composição musical, em especial para mercados de publicidade e cinema, destaca “o intercâmbio com o meio académico e empresarial que aumenta as possibilidades de notoriedade, troca de contactos, troca de recursos e valências e até maior acesso a novostalentos”. A Jump Willy é já um caso de sucesso, com ano e meio de actividade, tendo avançado para um processo de internacionalização com a abertura de representação em três países europeus. Para José Cordeiro, responsável da Bydas, outro projecto lançado através da incubadora dedicado aos meios digitais e new media, “estar no Aquário é estar num meio onde reconhecem o nosso valor, onde sabem do nosso trajecto profissional, onde o trajecto académico está presente para toda a gente e é o meio onde estão as pessoas que nós confiamos”. Mas para este empreendedor, uma das grandes vantagens desta incubadora encontra-se ao nível da gestão e na influência que isso tem no posicionamento da agência: “Do ponto de vista de gestão é uma grande opção uma vez que podemos usufruir de tempo para investigar e desenvolver melhor os nossos produtos e serviços, sempre na tentativa de os tornar mais diferenciadores do que a concorrência. Este tempo permite-nos evitar recorrer desde o início da actividade da empresa à agressividade comercial”. “A Bydas é uma agência de publicidade para a internet. Tentamos desenvolver a nossa actividade com particular incidência no marketing nas redes sociais, onde a agência se pretende afirmar como referência no mercado interno”, refere José Cordeiro, que, tais como os responsáveis das outras empresas formadas com a ajuda da incubadora, não vê entraves ao sucesso por não estar na capital. “Rapidamente percebemos que havia uma concentração enorme de produtoras e de meios em Lisboa. Sendo nós todos do Norte, especificamente do Porto, achámos que o melhor seria conseguir manter-nos por cá, o que não é nada fácil nesta área, e eventualmente criar o nosso espaço, a nossa própria empresa, já que não havia muitas por onde escolher”, lamenta Ana Sofia Pereira. Um cenário que o Aquário espera mudar, criando um pólo criativo na Invicta.