Se os fãs não são convincentes, o melhor é falar com os ‘haters’
‘Mayo Haters’ (na foto), da Gut para a NotCo, é a campanha que João Chicau gostaria de ter feito. O trabalho para as redes sociais da Vodafone é o que o mais gostou de fazer, revela o redator da Uzina, na rubrica Como É Que Não Me Lembrei Disto?

Daniel Monteiro Rahman
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Qual é a campanha que gostaria de ter feito?
A ‘Mayo Haters’, que quase me tornou vegano. Mentira, adoro tanto um bom bitoque como esta campanha da NotCo, mas deu-me gozo ver uma marca a usar argumentos como “isto é nojento” a seu favor.

João Chicau, redator da Uzina
Quais são as razões da escolha?
Há várias, a começar pelo tom cómico e divertido, mas principalmente por ser, mais do que um anúncio, uma peça de ‘content’. Não vemos este filme como um ‘spot’ de televisão, mas como um dos vídeos dos FineBrothers, na ‘golden age’ do YouTube. Quando o vi, senti-me o Chicau de 16 anos a ver um ‘Kids React’, pela primeira vez.
O que é que lhe chamou mais a atenção, o texto, a imagem, o protagonista ou outro aspeto da campanha?
Bato palmas a quem decidiu ir buscar um dos formatos mais empoeirados da internet, os ‘reaction videos’, e o virou do avesso para mostrar que a maionese ‘vegan’ pode saber exatamente igual a maionese de verdade. Isto, misturado com as expressões faciais destes ‘haters’ de maionese à beira do vómito, foi a receita perfeita para me convencer de que, o que quer que esteja naquele frasco, sabe exatamente igual à maionese real que tenho no frigorífico.
Esta campanha inspirou-o a nível criativo? Em quê e de que formas?
Acima de tudo mostrou-me que é possível reciclar uma fórmula gasta, se lhe soubermos dar a volta, mas também que se os nossos fãs não são convincentes o suficiente para nos venderem, o melhor é falarmos com os nossos ‘haters’.
Qual é a campanha que fez que mais o concretizou profissionalmente?
Ainda sou muito júnior naquilo que faço. Talvez por isso, o projeto de que mais me orgulho nem é uma campanha, mas o trabalho que fiz para as redes sociais da Vodafone, ao longo dos últimos três anos e meio. Poder chegar ao trabalho todos os dias com um “vi isto no TikTok” e ‘memes’ novos para usar como inspiração, certamente deu um quentinho ao meu lado geração Z, ‘chronically online’.
Como é que chegou a esta ideia e avançou para a execução?
Trabalhar em redes sociais é estar num constante malabarismo de ideias e ter de escolher as que se encaixam com o nosso cliente, na altura certa. No meu caso, a maior parte delas vinham de referências que encontrava nas minhas horas de ‘scroll’ no Instagram, TikTok ou no falecido Twitter. Outras, de ‘insights’ de consumidor como “tenho 15 mil fotos do meu gato na galeria” ou “‘Game of Thrones’ era a melhor série de sempre até a destruírem na última temporada”.
O que é que faz quando não tem ideias?
Adorava poder colar aqui uma fórmula matemática ou um ‘prompt’ do ChatGPT, mas a parte chata das ideias é que raramente vêm duas do mesmo sítio. Por isso, normalmente começo por pesquisar ‘cases’ de outras campanhas. Não há nada como aprender com o que já foi feito. Depois, um ‘scroll’ no TikTok, que é uma mina de ouro de ‘insights’, que passa ao lado de muita gente. Por último, e a meu ver o mais eficaz de todos: conversar. Seja com quem está mesmo ao meu lado ou a uma chamada de distância, é quase sempre uma conversa que me desbloqueia uma ideia.
Ficha técnica |
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