Rita Amzalak, Managing Partner da Havas Media Portugal
O futuro das marcas é meaningful
Longe vão os dias em que os consumidores eram recetores mais passivos de mensagens publicitárias. Os consumidores estão agora mais ávidos, analisam as marcas com um olhar perspicaz e os […]
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Longe vão os dias em que os consumidores eram recetores mais passivos de mensagens publicitárias. Os consumidores estão agora mais ávidos, analisam as marcas com um olhar perspicaz e os seus níveis de exigência atingiram um novo patamar.
Capacitados com níveis de informação e conhecimento sem precedentes, os consumidores parecem colocar um fim à era da retórica vazia, para dar lugar a uma exigência crescente por autenticidade e confiança, onde as marcas enfrentam agora um desafio acrescido de estarem sob um escrutínio público contínuo em prol de serem mais transparentes nos seus compromissos e intenções.
Mas acreditamos, contudo, que é exatamente nos grandes desafios que se encontram as maiores oportunidades. Se os consumidores anseiam por marcas genuínas e humanas, com as quais possam construir ligações emocionais para além da utilização dos seus produtos e serviços, aquelas que conseguirem corresponder a estas expectativas e demonstrar que o seu propósito vai além do lucro, serão recompensadas.
Na Havas Media, aspiramos não só a ser relevantes para o mercado e a continuar a investir na inovação, mas também a mantermo-nos focados em acrescentar valor às marcas. O nosso principal objetivo é precisamente ajudá-las a estabelecer um posicionamento mais meaningful, permitindo-lhes ter um impacto positivo e proporcionar algo maior não só aos seus consumidores, mas também à comunidade.
Quando falamos em ser meaningful, tomando como ponto de vista as marcas, falamos também em manter a eficiência e o alinhamento com os objetivos de negócio, mas fazê-lo de forma ética. Falamos no valor que está por detrás dos seus produtos e serviços, mas também na essência do que são as marcas e do que as suporta em termos de missão e visão.
De forma geral, a ideia de que as preocupações das marcas deviam estender-se apenas às dores e necessidades dos consumidores, procurando solucionar exclusivamente os desafios funcionais do seu dia a dia, é um pensamento que já não é compatível com a evolução do que hoje se espera das marcas. Com anos de experiência e sabedoria, são já muitas as marcas, num mercado altamente competitivo, que estão a fazer este caminho.
À medida que se intensificam as atenções a nível mundial sobre as questões sociais e ambientais, e os consumidores estão mais informados e socialmente conscientes do que nunca, os estudos dizem-nos que se espera ainda mais das marcas e que a sua abordagem seja igualmente mais consciente e envolvente. É neste contexto que a dimensão coletiva, aquilo que as marcas fazem pelo bem maior e acrescentam à comunidade, é altamente valorizado e recompensado pelas pessoas, nas suas escolhas e recomendação de marcas.
As marcas que estão a fazer estas promessas, devem agora estar preparadas não só para seguirem os seus programas de lealdade para com as pessoas, mas também para partilharem os seus esforços tangíveis no sentido de uma mudança positiva. Uma estratégia significativa envolve alinhar os valores corporativos com ações genuínas, criando uma relação simbiótica entre a marca e o consumidor que transcende as meras transações.
Nesta era de hiperconsciência, as pessoas querem sentir que as marcas partilham das suas dores e necessidades de uma forma mais abrangente. Acima disso, as pessoas querem estar confiantes de que não estão apenas a comprar produtos, mas simultaneamente a investir em ideologias e a apoiar os negócios que estão ativamente a tomar medidas para fazer parte da solução. Temas como a crise climática, as desigualdades sociais, crises políticas e outras questões globais, estão a ser muito sentidos e a impactar a vida das pessoas, e por isso, espera-se o contributo das marcas e o exemplo, adotando práticas e envolvendo a comunidade na procura de um maior equilíbrio e impacto positivo.
No centro desta mudança estará o reconhecimento de que as marcas não são entidades isoladas, mas sim partes integrantes de um ecossistema social e ambiental mais vasto? Será esta empatia a chave para uma maior confiança nas marcas e para que não nos seja indiferente se muitas delas desaparecerem da nossa vida?
O futuro parece ser mais promissor para as marcas que integrem autenticamente esta dimensão coletiva no seu ADN, criando não apenas produtos, mas assumindo um legado de impacto positivo.
O consumidor está mais consciente e esta não será apenas mais uma tendência passageira, mas sim uma força motriz que esperamos contribuir para uma mudança maior.
Por: Rita Amzalak, Managing Partner da Havas Media Portugal