A revista Blue Travel regressa às bancas no próximo dia 8, com duas capas, passando a estar disponível online, a 27, através de um site que marca a estreia do título no digital. Está também a ser preparado um programa de televisão e um programa de rádio.
“É um projeto ambicioso. Foram dois anos de trabalho intenso”, relata ao M&P Nuno Guedes Vaz Pires, fundador da Essência Company, a editora que recupera o título. Publicada entre 2003 e 2011, a Blue Travel volta com uma edição bimestral, dirigida por José João Santos, editada por Célia Lourenço e produzida por uma equipa de cerca de 20 profissionais. O projeto gráfico, desenvolvido internamente, é coordenado pelo designer João Oliveira.
Além do turismo e da gastronomia, a revista também vai, através de uma estratégia omnicanal, acompanhar a atualidade cultural e as tendências de ‘lifestyle’, design, artesanato e arquitetura. “Avançamos em contraciclo, numa altura em que estão a surgir muitos projetos ligados ao turismo em Portugal que precisam de meios para serem divulgados e, numa altura em que desaparecem títulos relevantes, procuramos ocupar esse espaço”, salienta.
A versão digital da Blue Travel só vai ser comercializada na plataforma digital que a Essência Company está a desenvolver, não estando disponível em quiosques digitais. “Também vamos vender nesse espaço produtos resultantes de parcerias com marcas”, revela Nuno Guedes Vaz Pires.
A apresentação pública do novo título da Essência Company, que publica a Revista de Vinhos em Portugal e a revista Gula no Brasil, teve lugar a 4 de fevereiro, no Porto, numa conferência sobre turismo. A organização de eventos é outra das ambições da publicação. “Temos a ambição de criar uma comunidade para potenciar a marca”, sublinha o ‘publisher’.
24 Horas converte-se em portal informativo
O regresso da Blue Travel acontece numa altura em que o jornal 24 Horas também se prepara para voltar ao ativo. O título, que pertence ao empresário José Paulo Fafe, ex-presidente do Conselho de Administração do Global Media Group e antigo jornalista do Expresso, da Grande Reportagem, da Sábado e do Tal&Qual, vai surgir renovado, com um novo grafismo e um novo posicionamento.
“Vai ser um portal de notícias e entretenimento. Há alguma inspiração do título original, como a irreverência, mas vamos ter diferenças. O 24 Horas, onde estive na década de 1990, na secção de internacional, era assumidamente um tabloide e nesta nova versão, exclusivamente digital, não o será”, avança ao M&P Ana Cáceres Monteiro, que assume a direção-geral da publicação.
As instalações do jornal generalista e multiplataforma, que terá uma equipa de cerca de 20 pessoas, estão a ser remodeladas, em Algés, onde está a ser construído um estúdio. “O objetivo é comunicarmos com todos os públicos, com uma forte componente audiovisual, concorrendo com todos os meios que existem no mercado, ainda no primeiro semestre deste ano”, esclarece.
Publicado entre 1998 e 2010, o 24 Horas regressa numa altura em que o panorama mediático português vive dias agitados. “É preciso muita coragem para investir em media em Portugal, mas achamos que existe mercado e, por isso, vamos ter uma abordagem inovadora e ousada”, refere Ana Cáceres Monteiro. O título regressa pelas mãos de seis investidores, portugueses e estrangeiros, que serão divulgados aquando da apresentação pública do projeto, ainda sem data.
O Independente ainda sem data
A aposta no vídeo marca também o regresso do jornal O Independente, também previsto para 2025, apesar de ter estado parado nos últimos meses. Inicialmente anunciado para abril do ano passado, o projeto foi sendo adiado, com o economista Pedro Melo, que ia investir no título com a empresária Inês Serra Lopes, a abandonar o projeto no verão.
“Ainda não tenho uma data concreta para o relançamento, mas a essência inicial do projeto mantém-se. Vai é ser muito mais pequeno do que eu idealizava, porque o financiamento que consegui ficou aquém do que esperava”, explica ao M&P Inês Serra Lopes, a última diretora da publicação, descontinuada em 2006.
A ambição é modernizar o título, que nos tempos áureos marcou a agenda política. “Pretendo fazer um jornal online, recuperando uma parte da tradição do jornalismo e de reportagem de O Independente, virado para um público mais jovem que, normalmente, não consome jornais”, esclarece Inês Serra Lopes, ciente das dificuldades de investir em media no panorama atual.
“Esta coisa de começar jornais é uma aventura, sobretudo num país onde os media estão como estão. Na verdade, estão assim no mundo todo, mas em Portugal há menos pessoas a ler”, alega a empresária, que, em 2023, adquiriu o título. A designação O Independente ficou disponível após a conclusão do processo de insolvência da Independente Global, empresa que o detinha anteriormente, em 2022.