Vale a pena ter assinaturas digitais?
Num ano o número de assinaturas digitais em Portugal aumentou mais de 300 por cento.
Ana Marcela
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Num ano o número de assinaturas digitais em Portugal aumentou mais de 300 por cento. O número surpreende pela positiva, mas a verdade é que falamos de um volume ainda diminuto de títulos monitorizados pela Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação (APCT) que disponibilizam essa oferta aos seus leitores: dos 186 títulos inscritos, apenas 25 apresentam números neste item, perfazendo um total global de 2.987 assinaturas digitais. Valores ainda incipientes, mas que para Pedro Ferreira, coordenador-geral do Publico.pt, único diário nacional generalista com assinaturas digitais, “constitui um bom indicador para o futuro, que nos motivou a procurar melhorar os nossos produtos de assinatura”. “A taxa de crescimento é muito interessante, apesar do valor absoluto e do peso no global das vendas ser ainda residual”, comenta por seu turno Pedro Araújo e Sá.
“Estes números reflectem a preocupação dos meios em oferecer soluções que permitam a rentabilização dos conteúdos digitais através do pagamento no acesso à informação e entretenimento”, acrescenta o administrador da Cofina com o pelouro do online.
Para este crescimento contribuiu de forma determinante a decisão da Impresa Publishing de avançar, no Verão do ano passado, com a disponibilização de assinaturas online para as diversas publicações da unidade de imprensa do grupo de Francisco Pinto Balsemão que contribui com 1.721 exemplares para o bolo. “Muito positivo” é como José Carlos Lourenço classifica o balanço desta iniciativa. “O projecto foi perspectivado em duas fases”, diz. “Num primeiro momento, lançar uma primeira versão da ferramenta que no essencial permitia, com algumas funcionalidades digitais, ter acesso aos conteúdos, tal como podem ser vistos nas versões em papel”, descreve o administrador-executivo da Impresa Publishing. “Nesta etapa preocupamos-nos sobretudo em ganhar ‘time to market’ – ou seja, afirmar uma posição em torno dos conteúdos pagos – e ganhar experiência com os primeiros meses de utilização da solução”, acrescenta, adiantando que o grupo está prestes a lançar-se numa nova fase que, explica, “passa por proporcionar aos nossos leitores e aos nossos anunciantes uma verdadeira experiência multimédia”. José Carlos Lourenço não avança, “para já”, mais informação, assegurando que “vai ser mais uma evolução muito interessante neste percurso iniciado o ano passado”. O grupo propunha duas possibilidades de assinatura, uma anual (com descontos em relação ao preço de capa entre os 43 e os 72 por cento) e de três números (com 28 a 57 por cento de descontos), esta última dirigida aos leitores que se ausentam do país por curtos períodos de tempo. “A maior parte do volume de vendas fez-se em torno de assinaturas anuais, essencialmente subscritas por pessoas a viver no estrangeiro – temos assinantes em todos os continentes, desde a Europa aos Estados Unidos, em África (nos PALOP) mas igualmente em locais tão remotos como a Malásia ou o Japão”, diz. Mas com apenas o Expresso a assinalar volumes de assinaturas digitais acima dos mil exemplares e uma série de títulos a registar, por vezes, na ordem das unidades, os resultados obtidos justificam o investimento realizado? “É necessário precisar que esses valores médios anuais foram realizados em menos de 6 meses, pelo que extrapolados para um ano de velocidade cruzeiro são mais significativos”, começa por referir José Carlos Lourenço. “Os resultados estão no intervalo de expectativas que formulámos para este primeiro ano do projecto, focado na necessidade de testar e aprender com a experiência.
Estamos agora prontos para dar um salto significativo”, acrescenta. Em todo o caso, reforça, “o resultado do investimento, mesmo que não houvesse qualquer crescimento em perspectiva nos próximos tempos, o que não é de todo o caso, seria totalmente recuperado no primeiro ano do projecto, o que não deixa de constituir uma extraordinária taxa de retorno”.
Também Pedro Ferreira acredita que os números do Público “justificam certamente” o investimento realizado, e que o título da Sonaecom quer melhorar “a qualidade e diversidade dos serviços propostos, inovando sempre”, o que se espelha, refere a título de exemplo, na disponibilização do diário no Kindle, da Amazon. Mais, “muito brevemente” o diário vai apresentar um novo produto que combina a “flexibilidade e funcionalidade da web cruzada com o look & feel e experiência de leitura papel”. “Procuramos assim criar um produto que satisfaça ao mesmo tempo o assinante web e o assinante PDF, unificando o produto mas conferindo-lhe maior funcionalidade e interactividade”, justifica. Uma mudança com impacto na “estrutura de preço”, mas que passa principalmente por permitir “diversos modelos de assinatura consoante a preferência do assinante no que toca a suplementos e cadernos”.
Na Cofina apenas o Jornal de Negócios e o Record apresentam soluções e-paper, tendo no ano passado obtido uma e cinco assinaturas, respectivamente. A “experiência proporcionada pelos suportes até agora disponíveis limitava-se a reproduzir, com limitações, o modelo de visualização em papel, sem acrescentar nenhuma vantagem”, refere Pedro Araújo e Sá. “Por este motivo, o negócio tem sido residual e de nicho, justificado por barreiras geográficas ou físicas no acesso ao papel. Com os novos suportes que têm começado a surgir no mercado esta realidade poderá alterar-se no curto prazo, através da sua massificação e do enriquecimento da experiência proporcionada com a produção de conteúdos especificamente para este efeito”, acredita.
A decisão de avançar para a oferta de assinatura online não é exclusiva dos grandes grupos ou títulos nacionais. Também títulos regionais apostaram neste serviço. É o caso do diário As Beiras que no passado registava 37 assinaturas. “É prematuro exigir um balanço dos resultados obtidos. No caso do diário As Beiras o investimento que se tem realizado vai no sentido da maximização das potencialidades das novas tecnologias”, comenta Bruno Vale, coordenador de marketing. A experiência do título regional traz dados interessantes sobre um target inesperado. O jornal, afiança Bruno Vale, “tem registado crescimento no segmento das assinaturas online, com perfis de utilização bastante centrados nas agências de clipping”, diz.